Outubro, 2011 - International Braz J Urol
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<strong>Urol</strong>ogia Clínica<br />
<strong>International</strong> <strong>Braz</strong> J <strong>Urol</strong><br />
Vol. 37 (5): 39-44, Setembro - <strong>Outubro</strong>, <strong>2011</strong><br />
Extrofia vesical: mulheres reconstruídas que obtiveram gravidez<br />
normal e deram a luz a bebês normais<br />
Amílcar Martins Giron, Carlo Camargo Passerotti, Hiep Nguyen, José Arnaldo Shiomi da<br />
Cruz, Miguel Srougi<br />
Departamento de <strong>Urol</strong>ogia (AMG, CCP, JSC, MS), Faculdade de Medicina da Universidade de São<br />
Paulo (FMUSP), São Paulo, Brasil e Departamento de <strong>Urol</strong>ogia (CCP, HN), Children’s Hospital<br />
Boston, Boston, Massachusetts<br />
RESUMO<br />
Objetivo: A extrofia vesical (EV) é um defeito de linha média anterior que origina uma série de malformações<br />
geniturinárias e musculares e que demanda intervenção cirúrgica para correção. As mulheres com extrofia vesical são<br />
férteis e capazes de terem filhos sem esta doença. O objetivo deste estudo é o de avaliar a função sexual e qualidade de<br />
vida de mulheres tratadas da EV.<br />
Materiais e métodos: todas as pacientes em nossa instituição tratadas para EV entre 1987 e 2007 foram solicitados a<br />
responder um questionário sobre sua qualidade de vida e gravidez.<br />
Resultados: Catorze mulheres foram submetidas ao tratamento da EV e obtiveram 22 gestações durante o período de<br />
estudo. Destas, 17 gravidezes (77,2%) resultaram em bebês sadios, enquanto quatro (18,1%) apresentaram aborto<br />
espontâneo devido a prolapso genital e houve um caso (4,7%) de morte devido a pneumopatia uma semana após o<br />
parto. Também houve um caso (5,8%) de parto prematuro sem maiores repercussões. Durante a gravidez, três pacientes<br />
(21,4%) apresentaram infecção do trato urinário e uma paciente (7,14%) apresentou retenção urinária. Após o parto, três<br />
pacientes (21,4%) apresentaram incontinência urinária temporária e sete pacientes (50%) apresentaram prolapso genital.<br />
Todas as pacientes confirmaram ter atingido a continência urinária , uma vida sexual normal e gestações normais. Todas<br />
as pacientes casaram-se e engravidaram em uma idade superior a da população em geral.<br />
Conclusões: EV é uma condição grave que necessita assistência médica e familiar. Mesmo assim, é possível que as<br />
portadoras desta condição tenham um estilo de vida satisfatório e produtivo.<br />
Palavras-chave: extrofia vesical; resultados; mulheres; gravidez<br />
INTRODUÇÃO<br />
A extrofia vesical (EV) é um defeito anterior<br />
de linha média, com expressão variável, envolvendo<br />
a parede abdominal infra-umbilical, incluindo<br />
a pelve, trato urinário e genitália externa, resultando<br />
em exposição do trato urinário distal na parede<br />
abdominal externa (1). Sua incidência varia de<br />
1:30.000 -1:50.000 nascidos vivos, sendo 2,8 vezes<br />
mais frequente no sexo masculino e 1,7 vezes mais<br />
frequentes em indivíduos brancos (2-4). Há risco de<br />
recidiva de 0,5-3,0% em famílias com um indivíduo<br />
afetado. Este valor representa um pequeno número<br />
de recidivas, mas quando comparado ao da população<br />
não afetada, é de 200-800 vezes superior (1). Até<br />
o momento, não foi identificado um fator etiológico,<br />
genético ou não genético; entretanto, estão começando<br />
a ser identificadas algumas regiões cromossômicas<br />
casualmente relacionadas à extrofia vesical (5).<br />
A abordagem de pacientes com EV é um<br />
desafio enorme para a <strong>Urol</strong>ogia Pediátrica. Além<br />
do fechamento satisfatório da parede abdominal,<br />
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