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Outubro, 2011 - International Braz J Urol

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Recuperação de Espermatozóides para Reprodução Assistida<br />

ma (8,12,13). No caso de uma gravidez com sucesso<br />

obtida em homens com azoospermia relacionada ao<br />

cromossoma Y, a prole do sexo masculino também<br />

apresentará a mesma deleção de seu pai, com alto<br />

risco de infertilidade masculina. Em homens com<br />

ANO e SK, encontram-se espermatozóides em aproximadamente<br />

50% dos casos de exploração testicular<br />

e taxas de gravidez com ICSI variando entre 30<br />

e 50% (18). Foi demonstrado que as crianças assim<br />

concebidas apresentam cariótipo normal, porque as<br />

células germinativas dos homens com SK são euplóides,<br />

46 XY, e portanto podem formar gametas<br />

normais, haplóides (47).<br />

A importância do tratamento clínico e cirúrgico<br />

anterior à recuperação de espermatozóides<br />

em homens com ANO foi recentemente enfatizada.<br />

Sugeriu-se que o tratamento de varicoceles clínicas<br />

antes da recuperação cirúrgica de espermatozóides<br />

aumentou significativamente as chances de coleta<br />

de espermatozóides testiculares através de micro-<br />

-TESE em homens com ANO e varicoceles clínicas<br />

(48). Nesse estudo, as taxas de recuperação foram<br />

de 53% e 30% nos homens tratados e não tratados,<br />

respectivamente (odds ratio (OR): 2,63; intervalo de<br />

confiança (CI) 95% de 1,05-6,60, p = 0,03). O tratamento<br />

clínico (inibidores de aromatase, clomifeno<br />

ou gonadotropina coriônica humana) antes da micro-<br />

-TESE também mostrou melhoria das taxas de recuperação<br />

de espermatozóides em homens com síndrome<br />

de Klinefelter que responderam à medicação,<br />

mostrando aumento do nível sérico de testosterona<br />

superior a 100 ng/dL em relação ao valor basal (49).<br />

A recuperação de espermatozóides pode ser<br />

realizada no dia anterior ou no próprio dia da coleta<br />

de oócitos. Prefere-se o uso de espermatozóides a<br />

fresco para ICSI, pois o processo de congelamento-<br />

-descongelamento dos espermatozóides colhidos<br />

cirurgicamente de homens com ANO apresentam<br />

capacidade reprodutiva significativamente reduzida<br />

(50,51). De acordo com os poucos dados atualmente<br />

disponíveis, sugeriu-se que a técnica de recuperação<br />

de espermatozóides por si só não tem impacto nas<br />

taxas de sucesso de ICSI em ANO (23). Entretanto,<br />

ao se utilizar espermatozóides testiculares colhidos<br />

em homens com ANO, as taxas de ICSI apresentam<br />

menor taxa de fertilização por oócito injetado,<br />

assim como menor taxa de gravidez e de parto, em<br />

comparação com espermatozóides ejaculados ou colhidos<br />

em epidídimos ou testículos de homens com<br />

AO (24,38,52) (Tabela 3). Tais diferenças podem ser<br />

explicadas pelo fato dos espermatozóides testiculares<br />

de homens com espermatogênese gravemente<br />

prejudicada têm maior tendência de apresentar deficiências<br />

relacionadas aos centríolos e ao material genético,<br />

que no final afetam a capacidade do gameta<br />

masculino em ativar o óvulo e provocar a formação<br />

e desenvolvimento de um zigoto normal e de um embrião<br />

viável (53).<br />

É ainda pouco conhecido o risco de malformações<br />

congênitas, infertilidade e outras doenças em<br />

crianças concebidas em ICSI através de espermatozóides<br />

coletados cirurgicamente. As técnicas de reprodução<br />

assistida (FIV ou ICSI), como um todo, estão<br />

associadas a gestação múltipla e risco elevado de alterações<br />

congênitas, em relação à taxa de malformações<br />

de crianças concebidas naturalmente (taxa de 1-4%)<br />

(54). ICSI, em especial, apresenta maior risco de alterações<br />

endócrinas assim como de defeitos epigenéticos<br />

(54,55). Apesar do risco absoluto de qualquer uma<br />

destas condições ser baixo (54,56), os dados atuais são<br />

limitados e portanto recomenda-se o seguimento rigoroso<br />

dos grupos bem definidos de crianças nascidas<br />

através de ICSI e espermatozóides ejaculados, ICSI e<br />

espermatozóides epididimários e ICSI e espermatozóides<br />

testiculares, assim como de um grupo controle de<br />

crianças naturalmente concebidas.<br />

CONCLUSÕES<br />

Os objetivos da recuperação dos espermatozóides<br />

são o de obter espermatozóides da melhor<br />

qualidade possível e em número adequado para uso<br />

imediato e/ou criopreservação em potencial, minimizando<br />

as lesões ao trato reprodutivo. A produção de<br />

espermatozóides é normal e os gametas podem ser<br />

facilmente recuperados nos epidídimos e testículos<br />

em casos de azoospermia obstrutiva.<br />

Na AO, a escolha do método de recuperação<br />

e local de coleta deve ser baseada nas preferências<br />

e experiência pessoal, já que não existem evidências<br />

que apoiem uma ou outra técnica percutânea<br />

ou microcirúrgica, no testículo ou no epidídimo, em<br />

termos de resultados da recuperação e das técnicas<br />

de reprodução assistida. Ao contrário, a produção de<br />

espermatozóides pode estar gravemente prejudicada<br />

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