Concretismo e Utopia: a vanguarda artística nos anos 50 Profª. Msc ...
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Declarações como esta refletem uma completa sintonia do grupo com o<br />
pensamento construtivista e com o neoplasticismo do holandês Piet Mondrian (1872-1944),<br />
que acreditava no dia em que a sociedade não mais precisaria da arte, pois se a arte<br />
construtivista estivesse inserida na cidade através da arquitetura, todos estariam vivendo<br />
dentro de uma grande obra de arte democrática que privilegiaria o aspecto coletivo e não as<br />
individualidades. O Grupo Frente causou polêmicas primeiramente por representar a arte<br />
concreta e também por ser um grupo heterogêneo que reunia poéticas diversas sem abandonar<br />
o caráter racionalista, pois estava inserido num país mergulhado no otimismo da<br />
industrialização. O fato é que o Grupo Frente incomodou tanto os críticos acadêmicos quanto<br />
os concretistas paulistas de caráter ortodoxo, como foi o caso do Grupo Ruptura.<br />
Arte e Indústria<br />
A <strong>vanguarda</strong> concretista tinha um interesse em estabelecer um vínculo entre arte e<br />
indústria, em dar à arte um sentido social mais nítido, um caráter funcional ou mesmo<br />
educativo. Outros artistas que compartilhavam deste pensamento passaram a integrar o Grupo<br />
Frente ou mesmo a participar das exposições de maneira esporádica. Foi assim na quarta<br />
exposição, realizada na Companhia Siderúrgica Nacional, quando o artista plástico argentino<br />
Tomás Maldonado participou da comitiva. Este artista havia estudado na Escola Superior da<br />
Forma em Ulm (Alemanha) e era autor do projeto original da Escola Superior de Desenho<br />
Industrial do Rio de Janeiro, que foi criada em 1962.<br />
Nessa época, os integrantes do Grupo Frente desenvolveram experimentos<br />
técnicos e materiais que foram inovadores e que acentuaram ainda mais o seu caráter<br />
vanguardista: Lygia Pape fez jóias e aprofundou-se na xilogravura, explorando elementos<br />
bidimensionais; Abraham Palatnik projetou móveis industriais e foi o criador do primeiro<br />
aparelho cinecromático em 1949, surpreendendo os curadores na I Bienal Internacional de<br />
São Paulo em 1951, onde recebeu a Menção Honrosa do júri por este trabalho; Lygia Clark<br />
levou suas idéias de linhas e superfícies orgânicas à arquitetura e às esculturas-objeto, que<br />
podiam ser manipuladas pelas pessoas, como na famosa série Bichos ; João José da Silva<br />
Costa e Vincent Ibberson desde cedo se aproximaram das estruturas geométricas; Aloísio<br />
Carvão elaborava sua obra em estruturas óticas, construindo formas vazadas com ritmos<br />
lineares e espirais; Ivan Serpa elaborou colagens com papel de seda colorido em camadas