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Concretismo e Utopia: a vanguarda artística nos anos 50 Profª. Msc ...

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esquematismo dogmático e pela aproximação com a matemática, principalmente onde o<br />

geometrismo obedece ao serialismo.<br />

Ao elaborar um manifesto, o Grupo Ruptura colocou em confronto as duas<br />

tendências do concretismo brasileiro. Tal confronto aconteceu durante a I Exposição Nacional<br />

de Arte Concreta, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 1956. A repercussão dessa<br />

exposição se deu principalmente pelas primeiras expectativas da poesia concreta que eram<br />

trazidas ao público e que causaram grandes impactos. O debate entre o concretismo paulista e<br />

o carioca ficou ainda mais acirrado.<br />

A ortodoxia e o dogmatismo no cumprimento da teoria formal que fundamentava<br />

a racionalidade e a objetividade do <strong>Concretismo</strong>, segundo o Grupo Ruptura, excluía a<br />

representação figurativa em todos os níveis, buscando eliminar a subjetividade e a expressão<br />

pessoal. Tais características tiveram conseqüências precisas na produção plástica: a forma<br />

geométrica é essencial e a ela estão subordinados os demais elementos pictóricos como o uso<br />

subjetivo das cores. A forma deveria ser seriada e implicava numa idéia rítmico-linear de<br />

movimento.<br />

Já o Grupo Frente mostrava uma preocupação pictórica no uso da cor e da<br />

matéria, explorando aspectos subjetivos, líricos e deixando fluir muitas vezes a expressão<br />

pessoal. Isto gerou grande polêmica entre os artistas paulistas e cariocas, pois o Grupo<br />

Ruptura exigia um posicionamento do Grupo Frente perante alguns problemas básicos da<br />

estética concretista, que não permitia o uso subjetivo da cor. Para Waldemar Cordeiro era<br />

necessário denunciar «os equívocos teóricos» do Grupo Frente, para reconduzi-los às questões<br />

fundamentais do <strong>Concretismo</strong>.<br />

A denúncia destacava a preponderância da experiência sobre a teoria, a<br />

compreensão da obra como expressão e não como produto, o que comprometia sua<br />

objetividade. Segundo esta visão de Waldemar Cordeiro, o Grupo Frente não teria<br />

compreendido os princípios do concretismo, e o fato de trabalhar com formas geométricas não<br />

era suficiente para que pudesse integrar o movimento concreto.<br />

Este embate teórico serviu para consolidar ainda mais a posição do grupo carioca,<br />

que defendia os princípios concretistas sem impedir a livre expressão figurativa. As<br />

discussões atingiram os níveis da crítica, numa série de artigos publicados no Jornal do Brasil<br />

e no O Estado de São Paulo, onde Mário Pedrosa, Ferreira Gullar, Roberto Pontual e Jayme<br />

Maurício escreviam defendendo as posições antidogmáticas do Grupo Frente. Mário Pedrosa<br />

alertava os artistas para que a <strong>vanguarda</strong> não se tornasse «acadêmica e rígida». Ferreira Gullar

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