Alimentação infantil: bases fisiológicas - IBFAN Brasil
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Pré-natal e puerpério imediato<br />
1. Pré-natal e puerpério imediato<br />
O estado nutricional da mãe durante a gestação tem implicações importantes tanto para sua saúde quanto para<br />
sua capacidade de produzir leite e amamentar bebê sadio. O conhecimento científico sobre nutrição adequada<br />
na gravidez é, todavia, incompleto e ainda há considerável controvérsia sobre a quantidade extra de energia<br />
necessária. A ingestão nutricional habitual da mulher deve aumentar na gestação para atender a demanda<br />
crescente sua e do feto em desenvolvimento. Energia adicional é necessária devido ao aumento do metabolismo<br />
basal, maior custo da atividade física e deposição de gordura como reserva energética. Também aumentam as<br />
necessidades de proteínas, vitaminas e minerais, embora a quantidade exata dos dois últimos, ainda seja tema<br />
de debate. Além de cálcio, fósforo e ferro, a mãe fornece quantidades consideráveis de proteínas e gorduras<br />
para o crescimento fetal. Metabolismo e fluxo sangüíneo placentários, fenômenos inter-relacionados, são fatores<br />
críticos no desenvolvimento fetal.<br />
As demandas nutricionais do recém-nascido saudável variam de acordo com peso, idade gestacional, velocidade<br />
de crescimento, bem como com fatores ambientais. Recomendações para alguns componentes podem ser<br />
derivados da composição média do leite humano precoce e das quantidades consumidas no puerpério normal<br />
de bebês maduros e saudáveis. A necessidade de água relaciona-se ao consumo calórico, atividade, velocidade<br />
de crescimento e temperatura ambiente. Perda de 5 a 8% do peso é comum nos primeiros dias em recémnascidos<br />
maduros, mas bebês com desnutrição intra-uterina perdem pouco ou nenhum peso.<br />
O processo dinâmico da interação mãe-bebê desde as primeiras horas de vida está intimamente ligado ao<br />
sucesso da amamentação precoce. Se adiado, o vínculo pode ser mais demorado e difícil de ser conseguido.<br />
Contato íntimo entre mãe e filho imediatamente após o nascimento também ajuda o bebê a se adaptar ao novo<br />
meio ambiente não estéril. Medicamentos interferem no estabelecimento do vínculo e da amamentação e só<br />
devem ser administrados se e quando necessários e seus efeitos avaliados. Em geral, bebês novos, especialmente<br />
recém-nascidos têm intervalos irregulares de alimentação. Por inúmeras razões, aconselha-se alimentá-los<br />
sempre que indiquem esta necessidade.<br />
Introdução<br />
O enfoque dual deste capítulo - atender a necessidade<br />
nutricional do feto com custo mínimo para a mãe e<br />
assegurar interação mãe-filho imediata e adequada no<br />
puerpério pode parecer disparatado à primeira vista.<br />
Todavia, como ficará claro, estes aspectos estão<br />
intimamente relacionados, críticos que são na promoção<br />
da saúde materna e <strong>infantil</strong>. A primeira influencia o<br />
resultado da gestação, protegendo o estado nutricional<br />
da mãe, enquanto a segunda é o fator preponderante para<br />
o início e estabelecimento bem sucedido da<br />
amamentação. Nos primeiros 12 meses de vida, período<br />
coberto por este e demais capítulos, estes temas<br />
representam os primeiros passos do recém-nascido no<br />
caminho de uma vida produtiva e saudável.<br />
Aspectos nutricionais<br />
Custo energético da gestação<br />
O estado nutricional da mãe na gestação tem<br />
implicações importantes na sua saúde e capacidade de<br />
produzir e amamentar bebê saudável. O saber sobre o<br />
que seja nutrição adequada na gestação é incompleto e<br />
ainda há controvérsias sobre a ingestão energética<br />
necessária à gestante. 1 Por exemplo, não se sabe o<br />
suficiente sobre alterações metabólicas na gravidez,<br />
quando ocorrem, quando são armazenados energia e<br />
nutrientes para o feto em crescimento, nem quando o<br />
útero, mamas, sangue e outros fluidos corpóreos sofrem<br />
transformações. Também não está claro como a gestante,<br />
regulando a atividade física, compensa a crescente<br />
necessidade de energia e aumento do metabolismo basal.<br />
Ao comparar as recomendações alimentares de países<br />
industrializados com a situação das gestantes nos países<br />
em desenvolvimento, 2 percebe-se o quanto a pesquisa<br />
neste campo está incompleta.<br />
Resultados de estudos longitudinais recentes, usando<br />
métodos mais diretos, começam a ser publicados, como<br />
o estudo multicêntrico na Gâmbia, Holanda, Filipinas,<br />
Escócia e Tailândia que mostrou que os custos<br />
energéticos da gestação não são satisfeitos por ingestão<br />
equivalente de energia. Os pesquisadores concluíram que<br />
a recomendação da Consulta Conjunta de especialistas<br />
FAO/OMS/ UNU, 1981, para as gestantes aumentarem<br />
a ingestão alimentar para proporcionar excedente de 1MJ<br />
(240kcal)/dia 3 e a recomendação escocesa de 1987 de<br />
excedente de 1,2MJ (285kcal)/dia 4 para populações<br />
saudáveis de países industrializados não são realistas.<br />
Nas Filipinas os dados sugerem que o produto<br />
gestacional pode ser bem sucedido apesar de aumento<br />
marginal na ingestão energética, 5 enquanto, no Gabão,<br />
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