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Alimentação infantil: bases fisiológicas - IBFAN Brasil

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Lactação<br />

conseguir alimentar-se por bicos artificiais, que se associa<br />

à hipóxia e bradicardia em prematuros. 29 Os reflexos<br />

podem, todavia, ser fracos ou ausentes em prematuros<br />

extremos, de muito baixo peso (ver cap.5) ou em bebês<br />

doentes. Dano cerebral, anomalias congênitas, infecções<br />

generalizadas (septicemia) e icterícia grave também<br />

podem causar dificuldades de alimentação. Anomalias<br />

como lábio leporino ou fissura palatina (ver cap.3) trazem<br />

desafios específicos, dependendo da interação entre a<br />

anomalia e a mama da mãe. As causas mais comuns de<br />

diminuição dos reflexos são porém de origem<br />

iatrogênica: sedação ou analgesia obstétrica (ver cap. 1<br />

e 3) e interferência no processo de aprendizado no<br />

puerpério, pois as ações instintivas do bebê precisam<br />

ser consolidadas em comportamento aprendido. Uso de<br />

objetos orais como bicos ou chupetas no período neonatal<br />

pode condicionar o bebê a ações orais diferentes,<br />

inadequadas à amamentação.<br />

Os reflexos lactacionais são particularmente<br />

responsivos a mudanças da freqüência, duração e<br />

adequação da amamentação. No puerpério precoce, para<br />

iniciar a amamentação com sucesso, deve-se permitir<br />

que os neonatos mamem na primeira hora de vida,<br />

quando tanto seus reflexos quanto a sensibilidade<br />

materna a estímulos tácteis do mamilo e aréola são mais<br />

pronunciados. Para manter a amamentação com sucesso<br />

devem ser eliminados, na medida do possível, fatores<br />

que diminuam a duração, eficiência e freqüência da<br />

sucção do infante. 30 Estes fatores incluem limitação do<br />

tempo de mamada, horários fixos, posicionamento<br />

inadequado, uso de objetos orais e fornecimento de<br />

líquidos como água, soluções açucaradas, chás, leites e<br />

outros produtos vegetais. Dar a fórmula não apenas<br />

diminui o apetite do bebê para leite materno como<br />

também aumenta o risco de infecções e alergias. 31<br />

Idealmente, mães e bebês devem ficar em contato cutâneo<br />

íntimo logo após parto normal sem uso de drogas.<br />

Estudos suecos recentes mostraram que a separação da<br />

mãe e a analgesia de parto 32 foram os fatores mais<br />

associados a dificuldades de mamar. Depois do contato<br />

precoce, deve-se encorajar as mães a amamentarem seus<br />

bebês por tanto tempo e tantas vezes quanto eles queiram.<br />

Mamadas muito longas ou trauma no mamilo indicam<br />

necessidade de ajuda. 33,34 O uso de cremes, loções,<br />

sprays e outras aplicações nos mamilos doloridos têm<br />

pouco fundamento comprovado e podem apenas criar<br />

problemas adicionais, potencializando os riscos de<br />

trauma. 35 (ver anexo 1).<br />

Cessação<br />

A secreção de leite continua por algum tempo após<br />

o bebê parar de mamar. Normalmente a lactação<br />

continuará em cada mama enquanto dela se retire leite.<br />

À medida que o volume de leite produzido diminui sua<br />

composição se altera - geralmente apresentando teores<br />

maiores de gorduras, sódio e imunoglobulinas e níveis<br />

menores de lactose. 36 Embora a maioria das fêmeas<br />

mamíferas “sequem” em 5 dias após a última mamada, a<br />

involução leva em média 40 dias nas mulheres. Dentro<br />

deste período é relativamente fácil restabelecer<br />

amamentação plena se a criança voltar a mamar<br />

freqüentemente. Em muitas sociedades crianças recémdesmamadas<br />

revertem para amamentação plena quando<br />

ameaçadas por doenças e assim a involução gradual tem<br />

vantagens óbvias para bebê e mãe. No desmame abrupto,<br />

em 2 dias a concentração de imunoglobulina e<br />

lactoferrina atinge níveis normais, deixando neste ínterim<br />

a mama vulnerável a infecções. Este é, sem dúvida, um<br />

dos fatores que explica a maior incidência de abscessos<br />

na mama afetada de mulheres com mastite que param de<br />

amamentar (ver cap.3).<br />

Como discutido anteriormente, depois do período<br />

inicial, as mamas ficam sob controle autócrino e é o<br />

aumento da concentração de peptídios inibidores no<br />

tecido glandular que causa a parada da secreção de leite.<br />

Assim a conduta adotada para iniciação da lactação e<br />

tratamento da mastite são particularmente importantes.<br />

Sempre que práticas não fisiológicas impedem a remoção<br />

eficiente de leite, a secreção diminuirá. No começo,<br />

praticamente todas as mães produzem mais leite do que<br />

seus infantes conseguem consumir. Em nenhum<br />

momento da primeira semana de lactação deve-se<br />

permitir que as mamas fiquem excessivamente cheias,<br />

distendidas ou encaroçadas. Deve-se ensinar às mães<br />

como vigiar a formação de nódulos (especialmente nas<br />

axilas e margens das mamas); como reconhecer o<br />

aumento da obstrução do fluxo e aliviá-la através de<br />

ordenha manual delicada ou outros meios. Se não se<br />

alivia a obstrução, lóbulos inteiros de tecido mamário<br />

podem parar de secretar, como acontece em lesões<br />

permanentes como cicatrizes resultantes de queimaduras<br />

ou cirurgia reconstrutiva. (Na maioria das mães com<br />

cirurgia recomenda-se teste de lactação cuidadosamente<br />

supervisionado, pois muitos lóbulos podem ainda ter<br />

condutos que permitam lactação total ou parcial).<br />

Felizmente a diminuição da secreção é provisória em<br />

puérperas normais se o bebê continuar a mamar e se a<br />

mãe não suplementar com alimentos artificiais. A<br />

produção de leite parece ser mais sensível ao estímulo<br />

da sucção e do volume removido nas primeiras semanas,<br />

embora em todos os estágios aumento de sucção resultará<br />

em produção aumentada de leite em aproximadamente<br />

48 horas. 37<br />

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