Alimentação infantil: bases fisiológicas - IBFAN Brasil
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Fatores de saúde que podem interferir na amamentação<br />
ser eliminada da dieta destes bebês, eles não podem ser<br />
alimentados com leite humano nem nenhum outro,<br />
incluindo substitutos habituais. São necessárias fórmulas<br />
especiais, baseadas em leite isento de lactose ou fórmulas<br />
de soja. Alguns bebês se beneficiam usando leite humano<br />
com lactose hidrolisada. 3 Felizmente a doença é rara e a<br />
prevalência varia entre 1/20.000 e 1/200.000 bebês (0,5<br />
a 5/100.000 hab) 4 em países industrializados.<br />
Fenilcetonúria. Condição caracterizada por falha do<br />
metabolismo do aminoácido fenil-alanina devido à<br />
ausência da enzima fenil-hidroxilase no fígado. Sua<br />
manisfestação clínica mais séria é retardo mental<br />
moderado a grave. O diagnóstico pode ser feito logo<br />
após o nascimento através de teste, rotineiro em muitos<br />
países. As manifestações clínicas são evitadas usando<br />
dieta com baixa concentração de fenil-alanina. Leite<br />
humano tem baixa concentração deste aminoácido, muito<br />
menor que leite de vaca. Assim, bebês com fenilcetonúria<br />
podem ser amamentados monitorando-se a concentração<br />
de fenil-alanina no sangue. Se o nível sanguíneo alcançar<br />
concentrações perigosas, o leite materno deve ser<br />
suplementado por fórmula especial de baixa<br />
concentração 5,6 de fenil-alanina. A prevalência nos<br />
países industrializados varia entre 1/5000 e 1/100.000<br />
crianças. (1 a 20/100 000 da população). 7<br />
Síndrome do xarope de bordo. Doença devida a<br />
defeito no metabolismo dos aminoácidos de cadeia<br />
ramificada valina, leucina e isoleucina, componentes<br />
normais das proteínas naturais. A deficiência enzimática<br />
específica ainda não está bem identificada,<br />
caracterizando-se pelo odor típico de xarope de bordo<br />
da urina, recusa da alimentação, vômito, acidose<br />
metabólica e deterioração neurológica e mental<br />
progressiva. Foram desenvolvidas fórmulas sintéticas<br />
especiais, com baixo teor dos aminoácidos não tolerados<br />
para alimentar estas crianças, embora o prognóstico seja<br />
freqüentemente sombrio. 8 Como na fenilcetonúria, leite<br />
materno pode ser combinado a outros produtos sendo,<br />
portanto, possível amamentação parcial. 6 A doença, fatal<br />
no primeiro mês se não tratada, é muito rara, com<br />
prevalência de cerca de 1/200.000 infantes (0,5/100.000<br />
da população). 9<br />
Lábio leporino e fissura palatina. Infantes com lábio<br />
leporino ou fissura palatina podem ter dificuldades para<br />
criar a pressão negativa necessária para mamar ou<br />
ordenhar leite da mama pela compressão do mamilo<br />
contra o pálato (ver cap. 2). A gravidade depende da<br />
extensão da lesão e da protractibilidade da mama. A<br />
maioria dos bebês com lábio leporino e pálato intacto<br />
conseguem mamar e suas mães aprendem rapidamente<br />
a ajudá-los, fechando com o seio a fenda entre boca e<br />
nariz; a protractibilidade do tecido mamário determina<br />
a extensão em que isto ocorre. Para estas crianças a<br />
amamentação pode, de fato, ser mais fácil do que a<br />
mamadeira, pois a mama ejeta leite ativamente (ver cap.<br />
2) e a mãe pode ordenhá-lo à medida que o bebê se<br />
alimenta. Esforço muito maior será preciso para extrair<br />
leite da mamadeira, a menos que o orifício do bico seja<br />
grande ou ele seja ejetado de mamadeira especial.<br />
Substituto antigênico do leite materno pode, todavia,<br />
trazer problemas em caso de aspiração.<br />
Como no lábio leporino, a possibilidade de mamar<br />
com fissura palatina depende de seu tamanho. Se pequena<br />
e unilateral, a mãe pode ser capaz de posicionar a mama<br />
de forma a possibilitar amamentação que mesmo assim,<br />
pode não ser muito eficiente, caso em que a lactação<br />
tende a diminuir. Nestas circunstâncias, deixar o bebê<br />
sugar a mama e depois ordenhar o leite manualmente<br />
satisfará as necessidades nutricionais do infante e ajudará<br />
a manter a lactação.<br />
Em má formação bilateral extensa tanto a<br />
amamentação quanto a alimentação por bico artificial<br />
podem ser impossíveis, sendo necessário usar colher,<br />
xícara pequena, seringa ou instrumento similar para<br />
alimentar o bebê. Um sistema suplementar de<br />
alimentação também pode ser o uso de tubo fino,<br />
colocado ao lado do mamilo, que libere leite materno<br />
previamente ordenhado enquanto o bebê mama no peito.<br />
O problema da fissura palatina é menos escolher<br />
entre leite materno ou substituto do que resolver a<br />
incapacidade de sugar que este bebê tem. O alimento de<br />
escolha continua sendo leite materno, pelas vantagens<br />
nutricionais e imunológicas e a manutenção da lactação<br />
é essencial para que os bebês possam mamar<br />
normalmente quando o defeito for corrigido. Na verdade<br />
a alta incidência de otites e defeitos da linguagem neste<br />
grupo sugere ser preferível que só recebam leite materno,<br />
evitando, o quanto possível, proteínas antigênicas e<br />
atividade oro-facial associada a alimentação artificial.<br />
Resultados melhores são documentados em bebês<br />
amamentados que nos alimentados artificialmente. 10 A<br />
incidência do lábio leporino é da ordem de 1/1.000 e da<br />
fissura palatina 1/2.500 bebês (respectivamente 1 e 0,4/<br />
1.000 habitantes). 11<br />
Situações associadas à saúde materna<br />
Insuficiência lactacional. Insuficiência lactacional<br />
significa incapacidade de a mãe produzir quantidades<br />
significantes de leite após dar a luz, devendo ser<br />
diferenciada da “falta de leite percebida”, a ser discutida<br />
posteriormente. Insuficiência lactacional é uma das<br />
razões mais freqüentemente apontadas pelas mães para<br />
não amamentar; parece ocorrer quase exclusivamente em<br />
países industrializados e grupos sócio-econômicos mais<br />
elevados das áreas urbanas de países em<br />
desenvolvimento. Todavia, a maioria das mulheres em<br />
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