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Alimentação infantil: bases fisiológicas - IBFAN Brasil

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Fatores de saúde que podem interferir na amamentação<br />

os substitutos encorajam o crescimento de patógenos<br />

intestinais. Nenhuma destas conseqüências é desejável<br />

para bebê já exposto ao risco.<br />

Abscesso mamário. Abscesso mamário é uma<br />

complicação possível da mastite que ocorre com<br />

probabilidade maior quando se interrompe abruptamente<br />

a amamentação. 21,22 Deve-se amamentar da mama não<br />

infectada, ordenhando suavemente a infectada até que<br />

ela possa novamente ser oferecida ao bebê.<br />

Infecções urinárias. Infecção bacteriana é freqüente<br />

no puerpério e seu tratamento não oferece problemas ao<br />

bebê. A amamentação deve ser mantida.<br />

Tuberculose. Tuberculose ativa deve ser investigada<br />

e tratada na gestação, eliminando o perigo de infectar o<br />

bebê após o nascimento. Por isso os contatos também<br />

devem ser investigados, e se necessário, tratados. Quando<br />

se descobre mãe com infecção bacterioscopicamente<br />

positiva somente após o parto, há risco de infecção para<br />

o infante, não pela amamentação mas pelo contato<br />

íntimo, característica muito benéfica em outras<br />

circunstâncias. A mãe deve ser tratada, de preferência<br />

com esquema curto (pelo menos 3 drogas nos dois<br />

primeiros meses de tratamento) 23 tornando-se não<br />

infectante logo depois. O bebê deve receber dose<br />

profilática de isoniazida por 6 a 12 meses (10mg/kg de<br />

peso em dose única diária). 24 Também se recomenda<br />

vacinar o bebê com BCG. 23 Manter a amamentação é<br />

ainda mais importante, pois tuberculose na mãe,<br />

diagnosticada após o parto, ocorre mais freqüentemente<br />

entre mulheres de grupos sócio-econômicos<br />

desprestigiados, que vivem em ambientes pobres. Nestas<br />

circunstâncias, não amamentar o bebê representa risco<br />

adicional desnecessário. Ademais, do ponto de vista<br />

essencialmente prático, pode ser impossível separar mãe<br />

e bebê no geralmente limitado espaço das moradias destas<br />

mulheres.<br />

Infecções virais. Doenças virais comuns como<br />

rubéola, varicela, sarampo e caxumba, apesar de raras,<br />

podem ser observadas em lactantes. A caxumba pode<br />

causar mastite muito dolorosa, para a qual não há remédio<br />

a não ser continuar amamentação e tempo. 25 Por ocasião<br />

do diagnóstico o bebê já terá tido todas as oportunidades<br />

de se infectar ou se imunizar, não havendo razão para<br />

isolá-lo da mãe ou cessar a amamentação. Ao contrário,<br />

as propriedades antiinfecciosas específicas do leite<br />

materno protegem o bebê que, embora infectado, na<br />

maior parte das vezes não desenvolverá a doença.<br />

Outras infecções virais também merecem uma breve<br />

discussão.<br />

Citomegalovírus. Infecção intra-uterina por<br />

Citomegalovírus (CMV) é causa freqüente de anomalia<br />

congênita. A infecção, porém, não é perigosa para o bebê<br />

após o nascimento. Proporção considerável de mães<br />

saudáveis (14% em estudo americano) tem CMV na<br />

secreção vaginal. Seus bebês se infectam no parto, mas<br />

não desenvolvem nenhuma patologia. 26 O CMV (e<br />

anticorpo específico) é igualmente secretado pela mãe<br />

no leite e saliva, infectando inevitavelmente o bebê, de<br />

novo sem conseqüências adversas. 27,28 A descoberta<br />

de CMV em lactante não constitui, portanto, razão para<br />

parar de amamentar, ao contrário, leite materno é<br />

considerado a forma primária de imunização contra<br />

virose. Embora bebês artificialmente alimentados sejam<br />

infectados menos freqüentemente do que os<br />

amamentados, as conseqüências para eles são mais<br />

sérias. 29<br />

Herpes simples. Infecção do recém-nascido com<br />

vírus herpes humano α (1 ou 2), resultando doença grave<br />

ocorre na passagem pelo canal de parto de mãe com<br />

lesões ativas de herpes genital. Se as lesões são detectadas<br />

a tempo, isto é, no início do trabalho de parto, é indicada<br />

cesariana. 30 Nestas circunstâncias o leite não é infectivo,<br />

não havendo razão para não amamentar. Cuidados<br />

redobrados de higiene todavia são necessários no<br />

manuseio do bebê, para impedir que a infecção se espalhe<br />

das mãos, boca e roupa da mãe. Parceiros sexuais devem<br />

evitar contato boca-seio na vigência de lesões herpéticas<br />

orais ativas. Lesões na mama devem ser cobertas durante<br />

a amamentação.<br />

Hepatite B. A possibilidade de mãe ativamente<br />

infectada ou portadora de vírus da hepatite B transmitilo<br />

ao recém-nascido pela amamentação não pode ser<br />

excluída. Mas o bebê já foi exposto ao risco maior de<br />

infecção através do sangue materno, fluido amniótico e<br />

secreções vaginais durante o nascimento. 31 Ademais,<br />

em áreas de alta endemicidade, com grande prevalência<br />

de portadores sãos, a exposição ambiental é tão freqüente,<br />

que evitar a amamentação protege pouco contra hepatite<br />

B, enquanto expõe o infante aos riscos, muito maiores,<br />

de outras infecções. 32 Estudos ingleses, onde a<br />

prevalência da doença é baixa, demonstram que a<br />

amamentação não aumenta a taxa de infecção entre<br />

bebês. 32 Nos Estados Unidos, cuja prevalência de<br />

portadores é menos de 1% da população total, a<br />

Academia Americana de Pediatria recomenda<br />

administração de globulina hiper imune à hepatite B a<br />

bebês de lactantes portadoras. 33 Assim, face às inúmeras<br />

vantagens do leite humano e do risco negligenciável de<br />

transmissão de vírus da hepatite B por esta via, mães<br />

ativamente infectadas ou portadoras da maior parte do<br />

mundo devem ser encorajadas a amamentar<br />

exclusivamente, pois um estudo relata que o clearance<br />

de antígeno da hepatite B é muito maior neles. 34<br />

Vírus da imunodeficiência humana (HIV). Vírus da<br />

imunodeficiência humana tem sido cultivado no leite de<br />

mães infectadas 35 e há vários relatos de bebês que<br />

35

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