60 Traços, Belém, v. 10, n. 21, p. 51-68, jun. 2008
A FACE INSUSPEITA DO PODER: um estudo sobre a analítica do poder em Michel Foucault Ronald Valentim Gomes Sampaio* RESUMO A presente análise consiste na elaboração pontuada do projeto foucaultiano da analítica do poder em sua fase genealógica, buscando identificar um conteúdo específico e inominado que não se confunde com as categorias do poder da soberania e disciplinar. O argumento central propõe identificar um conceito foucaultiano de poder, cujo conteúdo, depurado da idéia de repressão e de lei, o torna produtivo, positivo e emancipatório. Palavras-chave: Poder. Disciplinar. Controle. Vigilância. Política. Governamentalidade. Bio- Poder. Bio-Política. 1 INTRODUÇÃO As formas tradicionais de análise do poder 1 e suas estruturas componentes e afins, ainda, são as mesmas desde o século XVII, vinculando-se ao Estado (soberano) toda a manifestação do “potesta” (poder) e, nele, somente nele, encontram legitimidade. Juridicamente pensado, o poder é essencialmente uno (único), sua divisão ou repartição existe apenas para viabilizar o seu exercício, sua atuação sobre os destinatários dele mesmo 2 . Os exercentes do poder recebem a investidura legal para exercêlo em nome e em função do Estado, portanto, sempre realizando continuamente um objetivo que não é pessoal, mas, unitário, orgânico. Em termos de organização ou arquitetônica do poder, os teóricos propõem modelos e interpretações que visam perpetuar a tese clássica do poder uno, indissolúvel, intransferível e impessoal. Teses como a desconcentração e a descentralização do poder, do poder função etc., tecnologias da governamentalidade na terminologia foucaultiana respeitam as mesmas linhas fundamentais da teoria do poder. A razão de ser da teoria clássica ou da teoria recorrente é exibir o poder como uma realização necessária, agregadora e desinteressada; o poder deve ser visto como fundamento da ordem política indisponível, nele não há interesse egoístico, intenção própria ou realização material! Está acima das intenções ou desejos humanos. Nessa construção do ideal da ordem, a obra foucaultiana detecta a formação do sujeito, conceito que perpassa toda obra do pensador. O quadro descrito perfaz a essência do poder soberano, do poder do rei ou Estado-Leviatã 3 . 61 * Professor de Filosofia e Filosofia do Direito. Mestrando em Psicanálise (UFPA). Professor da <strong>Unama</strong>. 1 Trata-se da visão negativa do poder, isto é, o poder é a repressão, proibição etc. É criticando essa visão que Foucault constrói uma genealogia do poder. 2 A visão tripartida do poder remonta a Aristóteles (Política), mas consagra-se nas obras de John Locke (Segundo tratado sobre o Governo Civil) e Montesquieu (Espírito das Leis). 3 O Leviatã designa a obra política mais importante de Thomas Hobbes. O título é alusivo ao monstro fenício com olhos espalhados por todo o corpo e detentor de um poder descomunal. Traços, Belém, v. 13, n. 2, p. 59-73, nov. 2008
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