M:\EDITORA\EDITORA 2009\EDITORA - Unama

More documents

Recommendations

Info

$C:\ARQUIVO DE TRABALHO 2010\EDI - Unama$




72 No item dos processos de disciplina, o exame manifesta a sujeição dos que são percebidos como objetos e a objetivação dos que se sujeitam. 16 O exame se encontra no centro vital da disciplina, objetivando-se pela concomitância entre a visibilidade dos sujeitos e a invisibilidade da disciplina. Na analítica foucaultiana, o exame põe em funcionamento relações de poder que permitem obter saber com o exame, o indivíduo passa a fazer parte de uma relação triangular fundamental no interior do poder disciplinar; isto é, ele é efeito e objeto do poder e do saber. 17 Foucault nos mostra que a vigilância do panóptico, a disciplina e o exame, entre outros dispositivos disciplinares funcionais, operam como um laboratório de poder, proporcionando um aumento de saber em todas as manipulações e atuações. Esses dispositivos disciplinares, sem exceção, integraram a sociedade disciplinar do século pretérito e continuam no presente século, atualizando e incrementando as suas formas e modus operandi. 6 CONSIDERAÇÕES O conceito de poder é o pano de fundo das análises empreendidas por Michel Foucault. Para esse autor, como se observou nos argumentos que ficaram para trás, o poder não é algo que se possa possuir, que se possa represar. Com efeito, as sociedades não se dividem entre os que têm e os que não têm poder. Podese dizer que poder se exerce ou se pratica. 16 (16) Idem. 17 Idem, Ibidem, p.171: “Finalmente, o exame está no centro dos processos que constituem o indivíduo como efeito e objeto de poder, como efeito e objeto de saber. É ele que, combinando vigilância hierárquica e sanção normalizadora, realiza as grandes funções disciplinares de repartição e classificação, de extração máxima das forças e do tempo, de acumulação genética contínua, de composição ótima das aptidões.” Segundo Foucault, o poder não existe como hipóstase ou mônada, pois se encontra entre os sujeitos são relações e práticas de poder. O poder circula, o poder constitui, o poder identifica, o poder sujeita. Para Foucault, ao contrário das teses dos marxistas, como as althusserianas - segundo as quais todo poder emana do Estado para os Aparelhos Ideológicos - há as chamadas redes microfísicas do poder, em que encontramos estruturas que se intercruzam sem jamais se anularem. “De modo geral, penso que é preciso ver como as grandes estratégias de poder se incrustam, encontram suas condições de exercício em micro-relações de poder. Mas sempre há também movimentos de retorno, que fazem com que estratégias que coordenam as relações de poder produzam efeitos novos e avancem sobre domínios que, até o momento, não estavam concernidos” (FOUCAULT, 1989, 249). Assim, o poder é retirado do exclusivo campo político para ser instalado no cotidiano das pessoas, onde realmente acontece e se constitui como forma da existência. É nas relações que ocorrem nos quadros da vida que, na interface do poder, abre-se espaço para o exercício da resistência. Portanto, na perspectiva de Foucault não existem dominantes e dominados, porém, sujeitos que se constituem enquanto detentores de formas e estratégias de poder. Foucault mostra-se contrário à concepção do poder do senso comum. Para as massas, o poder é uma propriedade de poucos, tem uma localização e tem um aspecto negativo (dominação). Seria fácil imaginar: o poder é vertical. Uma pirâmide cujo topo exerce poder sobre a base. O mesmo poderia se dizer sobre o Estado. Porém, em Foucault, essas formulações não encontram mais qualquer fundamento no mundo das relações entre sujeito que são constituídos a partir de modos tecnológicos de poder. O poder está em todo canto! Movendo Idéias, Belém, v. 13, n. 2, p. 59-73, nov. 2008
REFERÊNCIAS ARAÚJO, Inês Lacerda. Foucault e a crítica do sujeito: Curitiba: Ed. UFPr, 2001. Bíblia Sagrada. Edição Pastoral. Paulus, 2001. DELEUZE, Gilles. Foucault. São Paulo: Brasiliense, 1985. ERIBON, Didier. Michel Foucault - 1926-1984. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. EIZIRIK, Maise Faeman: Michel Foucault: um pensador do presente. Ijuí: Ed. Unijuí, 2002. FOUCAULT, Michel. Resumo dos cursos do Collège de France (1970-1982). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1997. ______. Vigiar e punir. Petrópolis: Ed. Vozes, 1988. ______. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Ed. Graal, 1989ª. ______. História da Sexualidade I - a vontade de saber. 2. ed. Rio de Janeiro: Ed. Graal, 1989b. ______. L’ impossible prison, recherches sur le systeme pénitentiaire au XIX siècle. Paris: Éd. du Seuil, 1980. FOUCAULT, Michel. Em defesa do saber. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 2000. ______. Ditos e escritos IV. Rio de Janeiro: Ed. Forense Universitária, 2003. ______. A verdade e as formas jurídicas. Rio de Janeiro: Cadernos da PUC/RJ, 1979. ______. Os anormais. São Paulo: Martins Fontes, 2000. FONSECA, Marcio Alves da. Michel Foucault e o direito. São Paulo: Ed. Max Limonad, 2002. HOBBES, Thomas. Leviatã. São Paulo: Ícone, 2000. LOCKE, John. Segundo tratado sobre o governo civil. São Paulo: Martins Fontes, 2002. MONTESQUIEU. O espírito das leis. Brasília: Ed. Universidade de Brasília, 1995. NADER, Paulo. Filosofia do direito. Rio de Janeiro: Forense, 1998. RABINOW, P. & DREYFUS, H. Michel Foucault: uma trajetória filosófica. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995. 73 Movendo Idéias, Belém, v. 13, n. 2, p. 59-73, nov. 2008
Page 1 and 2:
MOVENDO IDÉIAS REVISTA DO CENTRO D
Page 3:
SUMÁRIO EDITORIAL ................
Page 7:
ELECCIONES Y DERECHO FUNDAMENTAL A
Page 10 and 11:
10 Las uniones homoafectivas, térm
Page 12 and 13:
12 2.3 LA MORAL Y EL PENSAMIENTO DE
Page 14 and 15:
14 Los homosexuales tienen todas la
Page 16 and 17:
16 del texto constitucional, se ide
Page 18 and 19:
18 cesión de protección jurídica
Page 20 and 21:
20 3.2.5 Decisiones Administrativas
Page 22 and 23: 22 Traços, Belém, v. 10, n. 21, p
Page 26 and 27: 26 Apesar dos problemas de violaç
Page 28 and 29: 28 O valor r ij , também conhecido
Page 30 and 31: 30 9 APLICAÇÃO Um conjunto de dad
Page 32 and 33: Tabela 6: Resultado da Função Dis
Page 36 and 37: 36 reforço das funções de superv
Page 38 and 39: Pós-Graduação Lato e Stricto Sen
Page 40 and 41: O novo modelo de gestão da educaç
Page 42 and 43: Aprender a conhecer Aprender a ser
Page 48 and 49: 48 No entanto, não se deve general
Page 50 and 51: 50 que será analisada tal películ
Page 52 and 53: 52 de uma substância. É a geraç
Page 54 and 55: 54 época em que até mesmo um enco
Page 56 and 57: 56 toda a diferença no final. Cont
Page 62 and 63: 62 4 Sujeição e obediência, eis
Page 64 and 65: 64 - Analisar o poder na extremidad
Page 66 and 67: 66 tre quem sabe e não sabe, em ca
Page 68 and 69: 68 teorias tradicionais, isto é, o
Page 70 and 71: E continua: “A disciplina não po
Page 75 and 76: COOPERAÇÃO CHINA-ÁFRICA 75 Renan
Page 77 and 78: COOPERAÇÃO CHINA - ÁFRICA 1 Rena
Page 79 and 80: A RPC também assumiu a responsabil
Page 81 and 82: chinesa, no Sistema Internacional,
Page 83 and 84: DEMARCAÇÃO DE TERRAS INDÍGENAS N
Page 85 and 86: DEMARCAÇÃO DE TERRAS INDÍGENAS N
Page 87 and 88: lece a partir da cosmogonia 4 dos a
Page 89 and 90: Amazônia, o aumento populacional v
Page 91 and 92: encontrar uma flutuação populacio
Page 93 and 94: Pará, mediante de projetos do Inst
Page 95 and 96: Um caso emblemático é o da Nova Z
Page 97 and 98: IMPLICAÇÕES PROCESSUAIS DA NOVA D
Page 99 and 100: IMPLICAÇÕES PROCESSUAIS DA NOVA D
Page 101 and 102: É possível, ainda, segundo Didier
Page 103 and 104: dier, (2007), entendem pela não ob
Page 105 and 106: ou qualquer dos alienantes anterior
Page 107 and 108: autor da ação não há relação
Page 109 and 110: A CONTABILIDADE COMO UMA FERRAMENTA
Page 111 and 112: A CONTABILIDADE COMO UMA FERRAMENTA
Page 113 and 114: 2 TEORIA DE BASE 2.1 PROTOCOLO DE K
Page 115 and 116: ) Projetos Não-Florestais: são pr
Page 117 and 118: Bolsas de Carbono a) CCX - Bolsa do
Page 119 and 120: apoiar, conservar, manter e protege
Page 121 and 122: sentam benefícios econômicos futu
Page 123 and 124:
Depreende-se que há opiniões dive
Page 125 and 126:
LIBORIO, Ivan Torquato. Mercado de
Page 127 and 128:
AGENDA 21 GLOBAL: um estudo acadêm
Page 129 and 130:
AGENDA 21 GLOBAL: um estudo acadêm
Page 131 and 132:
de entre os fatores sociais e ambie
Page 133 and 134:
cursos naturais como importante pr
Page 135 and 136:
as Livres, Aquecimento Global, Flor
Page 137 and 138:
Atividade/Caso Abordagem Reflexos D
Page 139 and 140:
tir agilidade e eficácia na puniç
Page 141 and 142:
ende 3.581 Km2, o que equivale a 42
Page 143:
143
show all

M:\EDITORA\EDITORA 2009\EDITORA - Unama

Create successful ePaper yourself

Delete template?

Save as template?