O CONSTRUTIVISMO PIAGETIANO DIANTE DE ... - Unifra
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turno oposto ao de aula, no período de outubro a dezembro de 2007. O trabalho fundamentou-se nos<br />
princípios construtivistas, tendo em Piaget a principal referência. Esse modo de ver a criança a<br />
percebe como sujeito ativo na construção do conhecimento.<br />
A criança compreende o mundo agindo sobre ele, sua inteligência progride na interação com<br />
o mundo dos objetos e das relações pessoais. Para compreender como ocorre aprendizagem<br />
primeiramente é preciso concebê-la como uma construção, como resultado da ação. O sujeito<br />
constrói conhecimento agindo sobre o mundo, e nessa ação sobre o mundo vai construíndosse a si<br />
mesmo. “O sujeito constitui-se constituindo o mundo” (BECKER, 2003, p.28).<br />
Se o sujeito constitui-se a partir de suas ações, o conhecimento seria resultado da interação<br />
entre sujeito e objeto. Na sua ação sobre o objeto o sujeito busca o alimento de sua transformação,<br />
busca o conhecimento. Entender como se dá essa construção do sujeito e do conhecimento é<br />
importante para nos darmos conta do quão importante é proporcionar à criança inúmeras<br />
possibilidades de ação, de interação com o mundo, e não pretendermos que ela aprenda por mera<br />
instrução oral. Isso porque antes do desenvolvimento das operações formais – no estágio operatório<br />
formal, a partir de aproximadamente 11-12 anos – o conhecimento só pode ser construído a partir<br />
da experiência com objetos significativos, ele não pode ser adquirido de representações (por<br />
exemplo, palavras faladas e escritas) dos objetos e eventos. Assim, é ilógico exigir que a criança,<br />
que ainda não atingiu o pensamento formal, aprenda por mera instrução oral; ela precisa ser<br />
construtora ativa e não receptora passiva de conhecimento.<br />
Piaget dedicou grande parte de seus estudos a explicar essa construção, a explicar como os<br />
sujeitos passam de um estado de menor conhecimento a um estado de maior conhecimento. Quatro<br />
fatores influenciam esse desenvolvimento mental: maturação, experiência ativa com o meio físico,<br />
interação social e equilibração. Porém Piaget parece dar ênfase ao fator de equilíbrio, que<br />
coordenaria os demais fatores. O equilíbrio é um fator interno, espécie de auto-regulação.<br />
A ênfase no equilíbrio transparece quando Piaget diz que o desenvolvimento é um processo<br />
de equilibração progressiva, passagem contínua de um estado para outro de maior equilíbrio. Este<br />
equilíbrio progressivo explica a construção das estruturas cognitivas que caracterizam os sucessivos<br />
estágios de desenvolvimento, nos quais cada estrutura assegura um equilíbrio mais estável que a<br />
estrutura precedente.<br />
Na perspectiva construtivista, herdamos um organismo formado por uma série de estruturas<br />
biológicas e neurológicas que vão dar lugar ao surgimento de certas estruturas mentais. As<br />
estruturas mentais vão sendo construídas e reorganizadas sucessivamente no decorrer do<br />
processo de maturação biológica, à medida que a criança interage com o meio dos objetos e<br />
seu ambiente social. Assim, patamares cada vez mais elevados de organização vão sendo<br />
atingidos por estas estruturas, que se concretizam sob a forma de desempenhos específicos,<br />
em situações concretas dadas. (FERREIRA, 1993, p.24)<br />
Vemos nas palavras de Ferreira como os fatores do desenvolvimento – maturação, interação