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O CONSTRUTIVISMO PIAGETIANO DIANTE DE ... - Unifra

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conhecimento avança gradativamente, na medida que a inteligência avança por construções<br />

sucessivas, e tudo isso tendo como fonte a ação.<br />

Esse avanço não é linear. As novas informações, novos conhecimentos não são<br />

simplesmente somados ao que se tem até então, mas modificam a estrutura presente, visando um<br />

equilíbrio cada vez mais estável.<br />

Na realidade, a inteligência se constrói por etapas de equilibração sucessivas, de modo<br />

que o trabalho começa, em cada uma delas, por uma reconstrução do que já se tinha<br />

adquirido na etapa precedente, mas sob uma forma mais restrita [...] a inteligência procede<br />

assim de maneira não-linear [...]. (PIAGET apud SEBER, 1997; P.78)<br />

Os gêmeos não acompanhavam os conteúdos escolares relativos à série que estavam – 2º<br />

Ano – por lhes faltar aquisições prévias. A inteligência procede de maneira não-linear, entretanto<br />

não há descontinuidade entre a sucessão das construções, existe uma regularidade seqüencial nas<br />

conquistas da inteligência; assim sendo os meninos precisavam ainda passar por etapas de<br />

construção prévias para que suas estruturas cognitivas fossem capazes de lidar adequadamente com<br />

as aprendizagens que a escola requeria. A inteligência, desse ponto de vista, é uma construção<br />

contínua das estruturas.<br />

Segundo Seber, a criança/aluno “[...] só tem condições de realizar aquilo que sua<br />

organização intelectual permite, ou seja, um estímulo qualquer só modifica uma conduta se estiver<br />

integrado, assimilado à organização intelectual.” (SEBER, 1997, p.110). Essa afirmação explica, em<br />

grande parte, aquilo que pude vivenciar no trabalho realizado na escola com aos alunos, porque o<br />

que lhes era “ensinado” em sala de aula não era “aprendido”; os estímulos oferecidos não<br />

condiziam com a estrutura de pensamento deles.<br />

Depois de ter detectado tal fato, percebi que a intervenção deveria visar a construção da<br />

estrutura de pensamento operatório – estrutura condizente com as aprendizagens que o meio escolar<br />

requer das crianças. As operações – o pensamento operatório – são construídas a partir da ação, são<br />

ações interiorizadas.<br />

Chamaremos “operações” ações interiorizadas, quer dizer, executadas não mais material,<br />

mas interior e simbolicamente, e ações que podem ser combinadas de todas as maneiras;<br />

em particular, que podem ser invertidas, que são reversíveis [...] Ora, essas ações que<br />

constituem o pensamento, essas ações interiorizadas, é necessário aprender primeiramente<br />

a executá-las materialmente; elas exigem primeiramente todo um sistema de ações<br />

efetivas, de ações materiais [...] para em seguida [a criança] ser capaz de construí-las em<br />

pensamento. (PIAGET apud SEBER, 1997, p.162-163)<br />

Busquei ao longo da intervenção fazer exatamente o que Piaget afirmou acima: que os<br />

meninos executassem materialmente ações a fim de interiorizá-las, transformando-as em operações,<br />

ações reversíveis. Percebi que na ausência dessas operações torna-se difícil a construção de<br />

determinadas noções de conteúdos escolares.<br />

Acreditando na possibilidade das crianças superarem desafios é que propus atividades que

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