20.11.2014 Views

A MEMÓRIA DEVORADORA NA POESIA DE ARNALDO ANTUNES

A MEMÓRIA DEVORADORA NA POESIA DE ARNALDO ANTUNES

A MEMÓRIA DEVORADORA NA POESIA DE ARNALDO ANTUNES

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Anais Eletrônicos do IV Seminário Nacional Literatura e Cultura<br />

São Cristóvão/SE: GELIC/UFS, V. 4, 3 e 4 de maio de 2012. ISSN: 2175-4128<br />

3<br />

registro escrito mais remoto em português data do século XIII (CUNHA, 1982, p.<br />

469). Já Antenor Nascentes afirma que memorare chegou até nós via espanhol antigo,<br />

a partir de membrar, outro termo cujo registro escrito remonta, também,<br />

ao século<br />

XIII (1932, p. 456).<br />

A memória é aqui pensada a partir de Jacques Le Goff (2003), como atividade<br />

metonímica que ordena e relê os vestígios do vivido. Nesse mesmo texto, o historiador<br />

francês lembra-nos da relação entre memória e poesia tecida desde a Antiguidade<br />

grega:<br />

Os gregos da época arcaica fizeram da memória uma deusa, Mnemosine. É a<br />

mãe das nove musas, que ela procriou no decurso de nove noites passadas<br />

com Zeus. Lembra aos homens a recordação dos heróis e de seus altos feitos,<br />

preside a poesia lírica. O poeta é, pois, um homem possuído pela memória, o<br />

aedo é um adivinho do passado, como o adivinho o é do futuro. (2003, p.<br />

433)<br />

Não há espaço aqui para ampla discussão sobre o conceito de memória.<br />

Fizemos este rápido percurso apenas para situar as relações entre as acepções<br />

escolhidas e a poesia de Arnaldo Antunes, pensada aqui como derivada de uma<br />

escrita que se faz em diálogo com variada e vasta memória de leituras, tanto de<br />

textos consagrados de diversas tradições, quanto de escritas urbanas, elaboradas fora<br />

do espaço restrito do cânone, que é, por excelência, o que deve ser lembrado e

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!