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A MEMÓRIA DEVORADORA NA POESIA DE ARNALDO ANTUNES

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Anais Eletrônicos do IV Seminário Nacional Literatura e Cultura<br />

São Cristóvão/SE: GELIC/UFS, V. 4, 3 e 4 de maio de 2012. ISSN: 2175-4128<br />

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recortadas da cidade, tais como placas e peças publicitárias, deslocadas de seus<br />

contextos. Não é explicitado o nome da cidade que corresponde a cada fotografia, o<br />

que desloca a imagem de um contexto específico e transfere-a para um espaço<br />

imaginário, só existente como construto poético, ficção, deixando, portanto, livre ao<br />

receptor estabelecer relações entre imagens e espaços urbanos que pertencem a sua<br />

própria memória. Outro deslocamento ocorre no uso do título “Cartões Postais”, que<br />

usualmente remete à relação turística entre um sujeito em deslocamento por um<br />

espaço (de) outro, e apresenta imagens de monumentos, assumindo um estatuto de<br />

peça publicitária das belezas da cidade. No entanto, neste livro, essa apropriação se<br />

dá, muitas vezes, de modo irônico, pois as imagens são de lugares pouco celebrados,<br />

de lugares que não figuram nos cartões postais tradicionais, tais como becos, lixeiras,<br />

vitrines, estradas.<br />

Um dos poemas assume uma dimensão explicitamente irônica e intertextual e<br />

resgata a memória de procedimentos poéticos da tradição brasileira. Trata-se do<br />

poema sem título (2010, p. 149), que traz a foto de uma caçamba cheia de lixo, na qual<br />

se lê o nome “DIVINO” pintado em letras maiúsculas, ao lado do vocábulo<br />

“caçamba” e de um número de telefone.

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