20.11.2014 Views

A MEMÓRIA DEVORADORA NA POESIA DE ARNALDO ANTUNES

A MEMÓRIA DEVORADORA NA POESIA DE ARNALDO ANTUNES

A MEMÓRIA DEVORADORA NA POESIA DE ARNALDO ANTUNES

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Anais Eletrônicos do IV Seminário Nacional Literatura e Cultura<br />

São Cristóvão/SE: GELIC/UFS, V. 4, 3 e 4 de maio de 2012. ISSN: 2175-4128<br />

7<br />

Por seu turno, o poema leminskiano filia-se a uma longa rede de textos que<br />

citam a Bíblia, especificamente o Eclesiastes (1 :9), “O que foi, será, o que se fez, se<br />

tornará a fazer: nada há de novo debaixo do sol”.<br />

Novo e ovo estabelecem uma relação semântica e sonora – indicada de modo<br />

direto nos dois versos finais da terceira estrofe, “e de n/ovo” – muito pertinente à<br />

poética de Antunes, que se pauta pela reordenação do anteriormente<br />

lido/produzido, em busca de novos arranjos, de novas possibilidades de leitura e<br />

elaboração. Similar à imagem do ovo, há uma circularidade no poema (também na<br />

memória? Na escrita que retoma/retorna?) entre o primeiro verso “galinha, ovo” e o<br />

último: “galinha, corvo”. É possível ver ainda, neste último verso, uma citação de<br />

Edgar Allan Poe e seu famosíssimo poema “O corvo” (1999, p. 60). Todas essas<br />

referências, quando associadas, parecem compor imagens de memória, escrita,<br />

leitura, atadas em uma cadeia associativa na qual a poesia de Antunes se produz.<br />

O volume n.d.a. está dividido em três seções. Na primeira, cujo título é<br />

homônimo ao livro, aparecem poemas verbais e visuais. A segunda parte, intitulada<br />

“Cartões Postais”, concentra 37 fotos em preto e branco tiradas por Antunes, ao<br />

longo de dez anos, em diversas cidades brasileiras e estrangeiras: São Paulo, Buenos<br />

Aires, Lisboa. A terceira, “Nada de D<strong>NA</strong>”, fez parte anteriormente do livro Como é<br />

que Chama o Nome Disso, de 2006, e foi publicada, novamente, nesta obra.<br />

Nossa análise se concentrará agora na seção “Cartões postais”, que incorpora,<br />

ao corpo do livro, partes do corpo urbano e tece as suas páginas com cenas

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!