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MAPA DO TRABALHO INFORMAL

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es informais em grande parte anseiam por<br />

empregos regulares (como deixa claro o Estudo<br />

de Casos da pesquisa) e sua presença latente<br />

no mercado de trabalho debilita o poder de<br />

barganha e a capacidade de luta das organizações<br />

sindicais. Quanto mais eles se organizarem,<br />

tanto mais reforçarão a luta dos assalariados<br />

formais por melhores salários e condições<br />

de trabalho. Convém lembrar que as cooperativas<br />

competem com as empresas capitalistas<br />

e, se estas pagam melhor seus trabalhadores,<br />

o ganho dos cooperadores sobe na mesma<br />

proporção, pois o preço no mercado é sempre<br />

regulado pelo custo médio do trabalho.<br />

É, no entanto, difícil reunir trabalhadores que<br />

atuam isoladamente e em competição entre si<br />

em cooperativas, pois estas requerem profundos<br />

laços de confiança mútua e solidariedade<br />

entre os companheiros. A cooperativa de trabalhadores<br />

é uma organização autogestionária,<br />

em que cada sócio é proprietário de uma cota<br />

igual do capital e tem direito a um voto na assembléia,<br />

em que todas as decisões importantes<br />

são tomadas e na qual são eleitos os diretores<br />

e demais encarregados da administração.<br />

A dificuldade provavelmente reside no<br />

receio do trabalhador de abrir mão de sua autonomia<br />

para compartilhar o destino de outros,<br />

de cujo caráter e integridade ele não tem<br />

provas. Este receio é superado, no entanto, se<br />

alguma cooperativa puder ser formada e o seu<br />

êxito demonstrar que trabalhadores informais<br />

são capazes de criar empreendimentos competitivos<br />

no mercado e que remuneram o<br />

trabalho melhor e de modo mais sistemático<br />

do que a atividade individual. A experiência<br />

nacional e internacional indica que a<br />

organização cooperativa requer apoio<br />

constante, ao menos em sua fase inicial, para<br />

ajudar os novos cooperadores a ganhar cultura<br />

solidária e capacitação gerencial.<br />

É aqui que a solidariedade dos sindicatos<br />

com os trabalhadores informais tem um vasto<br />

campo prático de aplicação. Hoje em dia já há<br />

várias organizações que se dedicam a apoiar<br />

cooperativas de trabalhadores, como a<br />

ANTEAG (Associação Nacional dos Trabalhadores<br />

em Empresas de Autogestão e Participação<br />

Acionária), o MST (Movimento dos<br />

Trabalhadores Rurais Sem Terra), as Incubadoras<br />

Universitárias de Cooperativas<br />

Populares e a Agência de Desenvolvimento<br />

Solidário da CUT. Seria importante os sindicatos<br />

se engajarem nesta luta – vários já o<br />

fizeram –, estreitando os laços entre o<br />

trabalho formal e o informal e forjando assim<br />

uma frente unida contra a hegemonia<br />

exploradora do grande capital.<br />

A dimensão do trabalho informal na América Latina e no Brasil<br />

Kjeld A. Jakobsen<br />

Secretário de Relações Internacionais da CUT<br />

kjeld@cut.org.br<br />

O termo “setor informal” foi cunhado pela<br />

Organização Internacional do Trabalho (OIT)<br />

e utilizado pela primeira vez nos relatórios sobre<br />

Gana e Quênia, elaborados no âmbito do<br />

Programa Mundial de Emprego, em 1972. Uma<br />

das principais conclusões alcançadas nestes relatórios<br />

foi que o problema social mais importante<br />

naqueles países não era o desemprego,<br />

mas sim a existência de um grande número de<br />

“trabalhadores pobres”, ocupados em produzir<br />

bens e serviços sem que suas atividades<br />

estivessem reconhecidas, registradas, protegidas<br />

ou regulamentadas pelas autoridades públicas.<br />

Posteriormente, outros termos passaram a ser<br />

utilizados para identificar as ocupações informais,<br />

como “setor não-estruturado”, “setor nãoorganizado”<br />

ou “setor não-protegido”, revelando<br />

a existência de divergências conceituais para<br />

a definição dessas ocupações. Da mesma forma<br />

que há nuanças na tentativa de definição<br />

do setor informal, também existem visões diferenciadas<br />

sobre a origem e o papel do setor<br />

informal na economia.<br />

Segundo o Programa Regional de Emprego<br />

para a América Latina e Caribe (PREALC) da<br />

OIT, o setor informal é composto por pequenas<br />

atividades urbanas, geradoras de renda, que<br />

13 <strong>MAPA</strong> <strong>DO</strong> <strong>TRABALHO</strong> <strong>INFORMAL</strong>

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