26.11.2014 Views

MAPA DO TRABALHO INFORMAL

MAPA DO TRABALHO INFORMAL

MAPA DO TRABALHO INFORMAL

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>MAPA</strong> <strong>DO</strong> <strong>TRABALHO</strong> <strong>INFORMAL</strong><br />

44<br />

dispõe de menos de R$ 500,00 e isso acaba<br />

implicando maior freqüência nas compras.<br />

Entre os entrevistados, somente três disseram<br />

que realizam compras a prazo, todos os outros<br />

pagam à vista.<br />

Ao fim de um mês de trabalho, o ganho médio<br />

entre os vendedores em ponto fixo é de R$<br />

927,00, mas com uma grande distância entre o<br />

menor rendimento, que é de R$ 150,00 e o<br />

maior, de R$ 4.000,00.<br />

Em média, os vendedores entrevistados estão<br />

há 11 anos nessa atividade e consideram a<br />

situação hoje pior que há um ano: “Antes as<br />

pessoas do comércio de rua conseguiam comprar<br />

carro, hoje não”, disse um entrevistado.<br />

Para muitos deles “as vendas caíram bastante”.<br />

Entre os motivos para a queda nas vendas<br />

eles apontam o desemprego como a causa principal:<br />

“Com a falta de emprego, as pessoas<br />

compram menos”, disse um deles. “Hoje existe<br />

mais concorrência e menos compradores”,<br />

disse outro entrevistado.<br />

A grande maioria dos entrevistados afirmou<br />

que começou a trabalhar como camelô porque<br />

ficou desempregada e precisava trabalhar: “Fui<br />

mandado embora. Com 43 anos de idade, não<br />

tinha outra opção”, disse um deles. Alguns,<br />

entretanto, viram essa atividade como uma<br />

oportunidade de “ganhar mais”.<br />

Uma trabalhadora de 83 anos de idade, que<br />

está há 42 anos trabalhando como vendedora<br />

em ponto fixo, diz que quando começou “não<br />

tinha emprego”. Outra entrevistada, com 23<br />

anos de idade e atuando há menos de um ano<br />

nessa atividade, também afirmou que “não conseguia<br />

arrumar outro emprego”. Atuando há<br />

seis anos como camelô, um trabalhador de 42<br />

anos de idade afirmou que, quando começou,<br />

preferia o emprego anterior, “mas agora não<br />

dá mais”. Ele foi inspetor de qualidade em uma<br />

metalúrgica durante 19 anos.<br />

Praticamente todos os entrevistados tiveram<br />

alguma experiência como trabalhador assalariado,<br />

tendo sido mencionadas diversas<br />

profissões exercidas antes do ingresso na<br />

informalidade: vendedor, balconista, servente,<br />

vigia, empregado doméstico, costureira e<br />

bordadeira, sapateiro, eletricista etc. Somente<br />

um entrevistado nunca passou por essa experiência.<br />

Cinco deles foram demitidos, outros<br />

cinco demitiram-se por considerar baixo o salário<br />

que recebiam. Falência e mudança de<br />

empresas também foram citados como motivos<br />

de saída do último emprego.<br />

Apesar de existirem, entre os entrevistados,<br />

seis pessoas com mais de 15 anos de contribuição<br />

para a Previdência Social, hoje nenhum<br />

deles é contribuinte. Sete entrevistados não<br />

souberam explicar por quê; outros seis declararam<br />

que não têm condições de pagar. Um entrevistado<br />

disse que “não confia na política<br />

existente no país”; outro, que “tem coisa mais<br />

importante para pagar”; e outro, ainda, afirmou<br />

que “não vale a pena pagar”. A grande<br />

maioria dos entrevistados espera sobreviver<br />

trabalhando durante a velhice. “Espero trabalhar<br />

até quando for possível”, disse um deles.<br />

Outro afirmou que “está nas mãos de Deus,<br />

porque não tem emprego para os filhos”. Dois<br />

entrevistados esperam ainda pagar a Previdência<br />

para ter uma aposentadoria.<br />

Quando impedidos de trabalhar por causa de<br />

doença ou acidente, os vendedores entrevistados<br />

ou recebem a ajuda de algum membro da<br />

família ou o negócio fica parado – “não monta<br />

a barraca” – e, nesse caso, o prejuízo é irremediável.<br />

Quando têm dificuldades financeiras,<br />

normalmente os entrevistados recorrem a parentes<br />

ou a amigos. Três entrevistados disseram<br />

que recorrem a Deus, dois disseram que<br />

não têm a quem recorrer, e um citou a figura<br />

do agiota.<br />

Trabalhando na rua, sete entre os 17 entrevistados<br />

presenciaram ou foram vítimas de violências,<br />

roubo ou assalto em seus locais de trabalho.<br />

Onze deles estiveram envolvidos ou presenciaram<br />

conflitos com a fiscalização municipal<br />

e/ou com a guarda municipal, incluindo<br />

a apreensão de mercadorias e a retirada dos<br />

ambulantes da área onde trabalhavam.<br />

Quando perguntados sobre o que esperam<br />

do poder público, a maioria dos entrevistados<br />

disse querer a “regulamentação do comércio<br />

ambulante”. Outros declararam ainda que, além<br />

da regulamentação, “os ambulantes precisam<br />

de locais decentes para trabalhar”.<br />

Finalmente, entre os entrevistados, a grande<br />

maioria declarou que não participa de qualquer<br />

tipo de associação, embora três tenham afirmado<br />

que participam de um sindicato ou associação<br />

profissional da categoria.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!