Mar-Abr - Sociedade Brasileira de Oftalmologia
Mar-Abr - Sociedade Brasileira de Oftalmologia
Mar-Abr - Sociedade Brasileira de Oftalmologia
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
90<br />
Sakata ML, Sakata VM, Arana J, Guerra DR, Teixeira S, Sakata K<br />
Figura 1 - Imagem <strong>de</strong> UBM <strong>de</strong>monstrando achados compatív eis com<br />
o mecanismo da íris em plateau – ausência <strong>de</strong> sulco ciliar, processos<br />
ciliares, suficientemen te anteriorizado s (neste olho), corroborand o<br />
para a presença <strong>de</strong> um ângulo irido-corneano estreito. A localização<br />
do esporão escleral está indicado pela seta<br />
argônio foi realizada em dois <strong>de</strong>stes olhos. Medicações<br />
hipotensoras tópicas foram associadas conforme a necessida<strong>de</strong><br />
clínica <strong>de</strong> controle da PIO em cada caso.<br />
Foi observado na gonioscopia que três dos nove<br />
olhos do segundo grupo já apresentavam SAP na primeira<br />
consulta, antes da realização das iri<strong>de</strong>ctomias. Durante<br />
o tempo <strong>de</strong> seguimento, nenhum olho apresentou crise<br />
congestiva.Três dos olhos que não apresentavam SAP na<br />
primeira consulta evoluíram com a formação <strong>de</strong> SAP: 2<br />
olhos sob uso irregular <strong>de</strong> pilocarpina e 1 olho submetido<br />
à iridoplastia periférica e em uso regular <strong>de</strong> pilocarpina<br />
(segundo relatado pelos pacientes).Três olhos não evoluíram<br />
com formação <strong>de</strong> SAP durante o tempo <strong>de</strong> seguimento<br />
– 2 olhos em uso regular <strong>de</strong> pilocarpina (segundo<br />
relato dos pacientes) e 1 olho submetido à iridoplastia<br />
periférica. Dois olhos do segundo grupo foram submetidos<br />
à trabeculectomia <strong>de</strong>vido a <strong>de</strong>scontrole da PIO, sendo<br />
que um <strong>de</strong>les foi submetido à cirurgia combinada. A<br />
média da profundida<strong>de</strong> da câmara anterior dos olhos segundo<br />
grupo foi <strong>de</strong> 2.20 + 0.39 cm.<br />
DISCUSSÃO<br />
Este estudo observou que <strong>de</strong>ntre os 17 casos <strong>de</strong><br />
síndrome <strong>de</strong> íris em plateau avaliados, 8 <strong>de</strong>les se apresentaram<br />
em GA. Mesmo com iri<strong>de</strong>ctomia patente, 6<br />
dos 8 olhos apresentaram crise congestiva recidiva e os<br />
outros 2 olhos apresentaram teste provocativo <strong>de</strong> prono<br />
posição em quarto escuro positivo. Estes 8 pacientes foram<br />
diagnosticados segundo os critérios <strong>de</strong>ste estudo,<br />
como casos <strong>de</strong> síndrome da íris em plateau completa.<br />
Nove dos <strong>de</strong>zessete olhos não apresentaram nenhum<br />
Figura 2 - Desenho ilustrativo , <strong>de</strong>monstrando o sinal em “S” ou sinal<br />
da dupla corcova. Na figura A, observa-se um olho com mecanismo da<br />
íris em plateau. Na figura B, observ a-se o mesmo olho durante a<br />
gonioscopia <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ntação. Partindo da parte central, a íris se<br />
posterioriza assumindo o contorno do cristalino para logo após, voltar<br />
a se anteriorizar, assumindo o contorno dos processos ciliares<br />
anteriorizados<br />
episódio <strong>de</strong> glaucoma agudo durante o período avaliado.<br />
Entretanto, <strong>de</strong>vido aos achados observados nos exames<br />
<strong>de</strong> gonioscopia e UBM, estes 9 olhos foram diagnosticados<br />
como possíveis casos <strong>de</strong> síndrome da íris em<br />
plateau incompleta.<br />
Na maioria das vezes, o tratamento <strong>de</strong> casos <strong>de</strong><br />
glaucoma agudo envolve o uso <strong>de</strong> drogas hipotensoras<br />
(tópicas e/ou sistêmicas), seguidas pelo uso <strong>de</strong> pilocarpina<br />
e realizando-se finalmente a iri<strong>de</strong>ctomia a laser. Esta<br />
conduta é efetiva em tratar a crise congestiva<br />
<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ada por um bloqueio <strong>de</strong> pupila ou pelo mecanismo<br />
<strong>de</strong> íris em plateau. Contudo, é importante lembrar<br />
que a realização <strong>de</strong> uma iri<strong>de</strong>ctomia não garante a presença<br />
<strong>de</strong> um ângulo aberto. A presença <strong>de</strong> uma<br />
iri<strong>de</strong>ctomia patente significa somente a eliminação do<br />
componente <strong>de</strong> bloqueio pupilar. Outros mecanismos<br />
(como o da íris em plateau) não são alterados pela realização<br />
<strong>de</strong>ste procedimento e, <strong>de</strong>ssa maneira, po<strong>de</strong>m ser<br />
responsáveis pela manutenção <strong>de</strong> um ângulo estreito<br />
após iri<strong>de</strong>ctomia 13-17 . Dessa maneira, todos os olhos com<br />
ângulos oclusíveis (que apresentaram glaucoma agudo<br />
ou não) sempre <strong>de</strong>vem ser submetidos à nova gonioscopia<br />
após a iri<strong>de</strong>ctomia, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> verificar o grau<br />
<strong>de</strong> abertura do ângulo e investigar a presença <strong>de</strong> outros<br />
possíveis mecanismos envolvidos no processo <strong>de</strong> fechamento<br />
angular – íris plateau, facomórfico, presença <strong>de</strong><br />
sinéquias anteriores periféricas extensas.<br />
Estudos prévios <strong>de</strong>monstraram que o componente<br />
<strong>de</strong> bloqueio pupilar está presente na gran<strong>de</strong> maioria<br />
dos olhos que apresentam o mecanismo <strong>de</strong> íris em<br />
plateau. 17 Por esse motivo, a presença do mecanismo <strong>de</strong><br />
íris em plateau <strong>de</strong>ve ser confirmada após a iri<strong>de</strong>ctomia<br />
Rev Bras Oftalmol. 2006; 65 (2): 87-93