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universidade do sul de santa catarina juliana melek bublitz ... - Unisul

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15<br />

Nesse caso entram em função os esquecimentos, os quais na AD são comumente<br />

chama<strong>do</strong>s <strong>de</strong> esquecimento número 1 e esquecimento número 2.<br />

O esquecimento número 1 é o que dá conta <strong>do</strong> fato <strong>de</strong> que o sujeito falante não po<strong>de</strong>,<br />

por <strong>de</strong>finição, se encontrar no exterior da formação discursiva que o <strong>do</strong>mina. [...]<br />

Pelo esquecimento número 1 é que tem a ilusão <strong>de</strong> ser a origem <strong>do</strong> que diz. O<br />

esquecimento número 1 é chama<strong>do</strong> <strong>de</strong> esquecimento i<strong>de</strong>ológico e é inconsciente. É<br />

da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> constituição <strong>do</strong> sujeito e <strong>do</strong> senti<strong>do</strong>. O esquecimento número 2 é da<br />

or<strong>de</strong>m da formulação. O sujeito esquece que há outros senti<strong>do</strong>s possíveis. [...] Ele<br />

produz a impressão da realida<strong>de</strong> <strong>do</strong> pensamento, como se houvesse uma relação<br />

termo a termo entre o que digo, o que penso e a realida<strong>de</strong> a que me refiro<br />

(ORLANDI, 2006a, p. 21).<br />

O discurso então, como diz Orlandi (2010), nos dá a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> curso, da palavra em<br />

movimento, on<strong>de</strong> é possível observar o homem falan<strong>do</strong>. O discurso passa a ser um objeto<br />

complexo <strong>de</strong> análise, pois é nele que o sujeito materializa a língua(gem) através <strong>do</strong> texto<br />

expressan<strong>do</strong> posições i<strong>de</strong>ológicas. Conforme Fernan<strong>de</strong>s (2008, p. 16), retoman<strong>do</strong> uma lição<br />

<strong>de</strong> Pêcheux, “as palavras tem senti<strong>do</strong> em conformida<strong>de</strong> com as formações i<strong>de</strong>ológicas em que<br />

os sujeitos (interlocutores) se inscrevem”. Desta forma, as palavras têm senti<strong>do</strong> no contexto<br />

em que o sujeito esteja inseri<strong>do</strong>. Estas serão interpretadas <strong>de</strong> forma diferente, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

quem estará interagin<strong>do</strong> no discurso, pois i<strong>de</strong>ologias serão manifestadas através <strong>de</strong> diferentes<br />

posicionamentos na fala ou na escrita.<br />

Para Orlandi (2010, p. 21), “o discurso é efeito <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>s entre locutores”, ou<br />

seja, a interpretação <strong>do</strong> que foi dito está relacionada, como dito anteriormente, não somente<br />

com a questão i<strong>de</strong>ológica <strong>do</strong>s participantes <strong>do</strong> discurso, mas também com o contexto, o qual<br />

está interliga<strong>do</strong> ao discurso. Neste caso, trata-se <strong>do</strong> que Orlandi (2010) chama <strong>de</strong> condições<br />

<strong>de</strong> produção, das quais fazem parte o contexto amplo (contexto sócio-histórico, i<strong>de</strong>ológico) ou<br />

imediato (circunstâncias da enunciação) e ainda, a memória discursiva e o interdiscurso. No<br />

momento da sua formulação o discurso fará senti<strong>do</strong> pela junção <strong>do</strong> que está sen<strong>do</strong> dito aqui e<br />

agora com o contexto sócio-histórico, i<strong>de</strong>ológico.<br />

De acor<strong>do</strong> com Pêcheux (1997), o discurso se dá pelo processo <strong>de</strong> interpelação <strong>do</strong><br />

sujeito na i<strong>de</strong>ologia, a qual produz senti<strong>do</strong> nas palavras pela evidência, ou seja, elas terão<br />

senti<strong>do</strong> pela posição i<strong>de</strong>ológica <strong>do</strong>s sujeitos na formação discursiva, pelo interdiscurso, em<br />

que o discurso é produzi<strong>do</strong>.<br />

Po<strong>de</strong>mos agora precisar que a interpelação <strong>do</strong> indivíduo em sujeito <strong>de</strong> seu discurso<br />

se efetua pela i<strong>de</strong>ntificação (<strong>do</strong> sujeito) com a formação discursiva que o <strong>do</strong>mina<br />

(isto é, na qual ele é constituí<strong>do</strong> como sujeito): essa i<strong>de</strong>ntificação, funda<strong>do</strong>ra da<br />

unida<strong>de</strong> (imaginária) <strong>do</strong> sujeito, apóia-se no fato <strong>de</strong> que os elementos <strong>do</strong><br />

interdiscurso (sob sua dupla forma [...] enquanto “pré-construí<strong>do</strong> e “processo <strong>de</strong>

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