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universidade do sul de santa catarina juliana melek bublitz ... - Unisul

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27<br />

2.2.5 Heterogeneida<strong>de</strong>(s) enunciativa(s)<br />

Como vimos anteriormente, para que um discurso seja constituí<strong>do</strong>, é necessário<br />

que o sujeito refira-se ao que já foi dito, submeten<strong>do</strong>-se aos esquecimentos um e <strong>do</strong>is<br />

<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s por Pêcheux. Ou seja, no momento <strong>de</strong> sua formulação o sujeito “pensa” que<br />

está produzin<strong>do</strong> algo novo e ao mesmo tempo “pensa” que aquele enuncia<strong>do</strong> só po<strong>de</strong> ser dito<br />

daquela maneira. Neste caso, o que é exterior ao sujeito e ao discurso exerce influência para a<br />

formação <strong>de</strong> ambos, pois é a partir <strong>de</strong> quem é este sujeito, a sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, <strong>do</strong> lugar que ele<br />

ocupa e a i<strong>de</strong>ologia é que constituirá o seu discurso.<br />

No que diz respeito a esta pesquisa, buscaremos relacionar esse exterior que forma<br />

o sujeito aluno como futuro profissional <strong>de</strong> administração e o discurso que ele produz,<br />

materializa<strong>do</strong> em texto, manifesta<strong>do</strong> (ou não) em algum grau na autoria.<br />

Com relação à exteriorida<strong>de</strong> que <strong>de</strong>termina o sujeito e seu discurso, Authier-<br />

Revuz (1990) trabalha com a heterogeneida<strong>de</strong>, classifican<strong>do</strong>-a como heterogeneida<strong>de</strong><br />

mostrada e heterogeneida<strong>de</strong> constitutiva. Para a autora, “num <strong>do</strong>mínio como o da enunciação,<br />

o exterior inevitavelmente retorna implicitamente ao interior da <strong>de</strong>scrição e isto sob a forma<br />

“natural” <strong>de</strong> reprodução, na análise, das evidências vivenciadas pelos sujeitos falantes quanto<br />

a sua ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> linguagem” (p. 25). Neste caso, o outro se encontra presente no discurso <strong>de</strong><br />

forma natural. A autora classifica a heterogeneida<strong>de</strong> mostrada como marcada e não marcada.<br />

Neste conjunto <strong>de</strong> formas marcadas, distingo aquelas que mostram o lugar <strong>do</strong> outro<br />

<strong>de</strong> forma unívoca (discurso direto, aspas, itálicos, incisos <strong>de</strong> glosas) e aquelas não<br />

marcadas on<strong>de</strong> o outro é da<strong>do</strong> a reconhecer sem marcação unívoca (discurso indireto<br />

livre, ironia, pastiche, imitação,...) (AUTHIER-REVUZ, 1990, p. 36, nota 2).<br />

No caso da heterogeneida<strong>de</strong> constitutiva <strong>do</strong> sujeito e <strong>de</strong> seu discurso, Authier-<br />

Revuz (1990) trata da constituição <strong>do</strong> sujeito apoiada em Freud: não como “uma entida<strong>de</strong><br />

homogênea exterior à linguagem, mas o re<strong>sul</strong>ta<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma estrutura complexa, efeito da<br />

linguagem” (p. 28); e o discurso como produto <strong>do</strong> interdiscurso, sen<strong>do</strong> forma<strong>do</strong> pelo exterior,<br />

pelos outros discursos “não como ambiente que permite extrair halos conotativos a partir <strong>de</strong><br />

um nó <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>, mas como um “centro” exterior constitutivo, aquele <strong>do</strong> já dito, com o que<br />

se tece, inevitavelmente, a trama mesma <strong>do</strong> discurso” (p. 27) – conforme explica Authier-<br />

Revuz a partir <strong>de</strong> Bakhtin, que é fonte <strong>de</strong> inspiração para a autora quanto à heterogeneida<strong>de</strong>.

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