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universidade do sul de santa catarina juliana melek bublitz ... - Unisul

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ligação com outros discursos é formada inconscientemente: “o sujeito tem a ilusão <strong>de</strong><br />

controlar os senti<strong>do</strong>s <strong>de</strong> seus dizeres” (FERNANDES, 2008, p. 31). A heterogeneida<strong>de</strong><br />

marcada é a que inscreve <strong>de</strong> forma explícita ou implícita o discurso <strong>do</strong> outro. Assim, po<strong>de</strong>mos<br />

dizer que essa heterogeneida<strong>de</strong> é apresentada no discurso como “uma dispersão <strong>de</strong> textos e o<br />

texto é uma dispersão <strong>do</strong> sujeito” (ORLANDI, 2008a, p. 53). Existe um atravessamento no<br />

texto, causa<strong>do</strong> pelas várias posições <strong>do</strong> sujeito, as quais são representadas por enuncia<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

formações discursivas diferentes causan<strong>do</strong> confronto entre eles (ORLANDI, 2008a).<br />

A diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> representações é organizada <strong>de</strong> forma individual por cada<br />

sujeito, o qual é responsável pela unida<strong>de</strong> e coerência daquilo que diz, realizada pela função<br />

autor, <strong>do</strong> qual se exige, ainda, clareza, conhecimento das regras textuais, originalida<strong>de</strong>,<br />

relevância, e entre outras coisas, unida<strong>de</strong>, não-contradição, progressão e duração <strong>de</strong> seu<br />

discurso, ou seja, uma organização da dispersão (ORLANDI, 2010, p 75-76). “É a relação <strong>do</strong><br />

sujeito com o texto, <strong>de</strong>ste com o discurso, e a inserção <strong>do</strong> discurso em uma formação<br />

discursiva <strong>de</strong>terminada que produz a impressão da unida<strong>de</strong>, a transparência, em suma, a<br />

completu<strong>de</strong> <strong>do</strong> seu dizer” (ORLANDI, 2008a, p. 57).<br />

Esse efeito <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> é o re<strong>sul</strong>ta<strong>do</strong> que a formação discursiva recebe quan<strong>do</strong><br />

sujeitos com formações i<strong>de</strong>ológicas afins se reconhecem e conseguem atribuir o “mesmo”<br />

senti<strong>do</strong> às palavras que po<strong>de</strong>riam ter outra interpretação se estivessem formuladas em outro<br />

discurso. A unida<strong>de</strong> <strong>do</strong> texto é formada pelo agrupamento <strong>do</strong>s discursos que possuem o<br />

mesmo senti<strong>do</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma formação discursiva, dan<strong>do</strong> coerência ao texto.<br />

Conforme Gallo (2001), o autor consegue uma negociação com a exteriorida<strong>de</strong><br />

social, o “outro”, dan<strong>do</strong> uma forma <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> ao seu texto, sen<strong>do</strong> responsável pela<br />

organização <strong>do</strong> senti<strong>do</strong> que seu texto produz.<br />

É importante acrescentar que, para a AD, a exteriorida<strong>de</strong> é pensada como to<strong>do</strong> o<br />

espaço da produção <strong>do</strong> texto, ou seja, o espaço discursivo, as relações com outros textos e<br />

discursos, o que permite o efeito <strong>de</strong> fechamento <strong>do</strong> texto, existin<strong>do</strong> um atravessamento <strong>do</strong><br />

interdiscurso. Para que o autor produza seu texto, para obter unida<strong>de</strong>, é indispensável o<br />

contato com a exteriorida<strong>de</strong>. Assim o sujeito exerce a função <strong>de</strong> autor, fazen<strong>do</strong> o uso <strong>do</strong> já<br />

dito, <strong>de</strong> outras vozes e outros discursos que a seu mo<strong>do</strong>, organize criativamente e <strong>de</strong> maneira<br />

individual esse conjunto <strong>de</strong> dizeres para formar o seu próprio texto. E esse novo texto, cria<strong>do</strong><br />

a partir <strong>de</strong> outros, com um novo senti<strong>do</strong>, refletirá o processo <strong>de</strong> autoria. Segun<strong>do</strong> Gallo<br />

(2001), “esses são os elementos que caracterizam a autoria: a singularida<strong>de</strong> e o fechamento, o<br />

primeiro garanti<strong>do</strong> pela diferença, e o segun<strong>do</strong> pelo repetível”.

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