universidade do sul de santa catarina juliana melek bublitz ... - Unisul
universidade do sul de santa catarina juliana melek bublitz ... - Unisul
universidade do sul de santa catarina juliana melek bublitz ... - Unisul
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
21<br />
relacionam para projetar implícita ou explicitamente a subjetivida<strong>de</strong> <strong>do</strong> autor nos<br />
gêneros discursivos pertencentes a esta comunida<strong>de</strong> científica.<br />
O DA, em relação ao DP e o DC, é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> o mais polêmico, pois, ao mesmo<br />
tempo que o aluno tem a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ingressar no meio científico, tentan<strong>do</strong> fazer com<br />
que seu trabalho seja reconheci<strong>do</strong>, e assim “praticar” a autoria em seus escritos, <strong>de</strong>verá seguir<br />
critérios rigorosos na sua construção, como: impessoalida<strong>de</strong>, objetivida<strong>de</strong>, clareza, precisão,<br />
coerência, concisão e simplicida<strong>de</strong>. Estes critérios são aplica<strong>do</strong>s nos diversos gêneros textuais<br />
que serão produzi<strong>do</strong>s durante a vida acadêmica e são normatiza<strong>do</strong>s pela comunida<strong>de</strong><br />
discursiva 1 a que pertence (CARIOCA, 2007). De acor<strong>do</strong> com Andra<strong>de</strong> (2008, p. 40), o<br />
processo <strong>de</strong> criação escrita é regula<strong>do</strong> pela vertente cultural, “que se refere aos mo<strong>de</strong>los<br />
instituí<strong>do</strong>s socialmente”, e que “é responsável por normatizar os mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> dizer”. É nesse<br />
senti<strong>do</strong> que as regras da ABNT (Associação Brasileira <strong>de</strong> Normas e Técnicas) são a<strong>do</strong>tadas e<br />
seguidas nas Universida<strong>de</strong>s.<br />
Como explica Botelho (2009, p. 7), a linguagem acadêmica é consi<strong>de</strong>rada também<br />
como linguagem técnico-científica, e para que tenha legitimida<strong>de</strong> e seja reconhecida no meio<br />
científico, não po<strong>de</strong> haver duplo senti<strong>do</strong> ou ser ambígua. Por este motivo procura-se seguir as<br />
recomendações da ABNT, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que “se apresentem textos escritos em terceira pessoa <strong>do</strong><br />
singular, parágrafos curtos, objetivida<strong>de</strong>, clareza e concisão”. Outra questão está relacionada<br />
ao aspecto léxico da linguagem acadêmica, pois “contribui para a caracterização <strong>do</strong> texto <strong>de</strong><br />
uma área <strong>do</strong> conhecimento específica [...] Assim, a especificida<strong>de</strong> tanto gera reconhecimento<br />
científico como cria um isolamento das produções escritas acadêmicas, já que os termos<br />
utiliza<strong>do</strong>s referem-se às áreas específicas <strong>do</strong> conhecimento”.<br />
Outro ponto a ser observa<strong>do</strong> no DA, no que se refere à escolha das palavras, é o<br />
senti<strong>do</strong> não apenas para aproximar as áreas <strong>do</strong> conhecimento, mas também para i<strong>de</strong>ntificar a<br />
posição <strong>do</strong> sujeito como escritor <strong>de</strong> seu texto. Po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>stacar, no caso <strong>de</strong>sta pesquisa, a<br />
utilização da voz passiva e a utilização <strong>de</strong> modaliza<strong>do</strong>res. Segun<strong>do</strong> Pedrosa (2005), o uso da<br />
voz passiva “permite a omissão <strong>do</strong> agente por ser irrelevante, por ser evi<strong>de</strong>nte por si mesmo<br />
ou por ser <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong>, mas, também, a omissão po<strong>de</strong> ter razões políticas ou i<strong>de</strong>ológicas, a<br />
1 Enten<strong>de</strong>mos por comunida<strong>de</strong> discursiva, aqui, grupos sociais que produzem e gerem discursos com certas<br />
características, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que os mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> organização <strong>do</strong>s sujeitos e seus discursos são inseparáveis, e as<br />
“<strong>do</strong>utrinas” são inseparáveis das instituições que as fazem emergir. A noção po<strong>de</strong> se aplicar a qualquer<br />
comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação restrita organizada em torno da produção discursiva, por exemplo a jornalística,<br />
a jurídica, a científica (V. CHARAUDEAU; MAINGUENEAU, 2002). Supõe-se que comunida<strong>de</strong>s<br />
discursivas se formam a partir <strong>de</strong> certas práticas sociais/discursivas, com instrumentos, normas, valores,<br />
atitu<strong>de</strong>s comuns.