universidade do sul de santa catarina juliana melek bublitz ... - Unisul
universidade do sul de santa catarina juliana melek bublitz ... - Unisul
universidade do sul de santa catarina juliana melek bublitz ... - Unisul
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
37<br />
2.5 AUTORIA<br />
O sujeito (noção já apresentada anteriormente), visto como um ser social, afeta<strong>do</strong><br />
pela i<strong>de</strong>ologia, será aborda<strong>do</strong> agora como autor.<br />
Diríamos que o autor é a função que o eu assume enquanto produtor <strong>de</strong> linguagem.<br />
Sen<strong>do</strong> a dimensão discursiva <strong>do</strong> sujeito que está mais <strong>de</strong>terminada pela relação com<br />
a exteriorida<strong>de</strong> (contexto sócio-histórico), ela está mais submetida às regras das<br />
instituições. Nela são mais visíveis os procedimentos disciplinares (ORLANDI,<br />
1996b, p. 77).<br />
Assim, para que o sujeito exerça seu papel <strong>de</strong> autor, este <strong>de</strong>ve utilizar-se <strong>do</strong>s<br />
conhecimentos que regem a linguagem, bem como as formas <strong>do</strong> discurso, posicionan<strong>do</strong>-se no<br />
contexto histórico-social, com a responsabilida<strong>de</strong> sobre aquilo que diz, <strong>de</strong> maneira que possa<br />
fazer com que o texto produza um efeito <strong>de</strong> individualida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> a “sua marca”, fazen<strong>do</strong><br />
uso da linguagem para representar e fazer parte <strong>do</strong> seu contexto histórico. Assim, a forma<br />
como o sujeito, na posição/função autoral, escolhe suas palavras, a forma como organiza o seu<br />
texto para expressar através da linguagem a sua forma <strong>de</strong> ver o mun<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> contexto em<br />
que está inseri<strong>do</strong> no momento da produção, faz parte da formação da sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> como<br />
autor, pelo processo <strong>de</strong> autoria (ORLANDI, 1996b, p. 78-81).<br />
Foucault (2006), em O que é um autor, faz ainda uma relação <strong>do</strong> nome <strong>do</strong> autor<br />
ao nome próprio <strong>do</strong> sujeito que escreve seu texto, no que se refere ao seu funcionamento,<br />
porém com efeitos diferentes (PFEIFFER, 1995, p. 47). A autora explica esta relação<br />
observan<strong>do</strong> que, quan<strong>do</strong> tratamos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrições físicas ou históricas, estas não farão diferença<br />
ao nos referirmos ao autor se estivermos tratan<strong>do</strong> <strong>de</strong> seu nome próprio, ou, a pessoa em si.<br />
Porém, se trocarmos uma obra com o nome <strong>do</strong> autor que não seja o autor <strong>de</strong>sta, aí sim o nome<br />
fará diferença. Assim, o senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> nome <strong>do</strong> autor “manifesta a instauração <strong>de</strong> um certo<br />
conjunto <strong>de</strong> discursos e refere-se ao estatuto <strong>de</strong>sses discursos no interior <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> e<br />
uma cultura” (FOUCAULT, 2006, p. 46). Desta forma, o nome <strong>de</strong> um autor não se resume na<br />
i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong> sujeito como um ser ou indivíduo: o seu nome manifesta em seus textos a sua<br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, o seu mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> ser.<br />
Pfeiffer (1995, p. 46) aponta ainda Foucault para explicar que o autor não é<br />
trata<strong>do</strong> como um indivíduo único e sim como a forma como ele agrupa textos dispersos na<br />
formulação <strong>do</strong> seu, dan<strong>do</strong> a ilusão <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> a partir da dispersão. Essa dispersão é