25.12.2014 Views

Circuitos de Corrente Alternada (CA) - DEMAR

Circuitos de Corrente Alternada (CA) - DEMAR

Circuitos de Corrente Alternada (CA) - DEMAR

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>Circuitos</strong> <strong>de</strong> <strong>Corrente</strong> <strong>Alternada</strong> (<strong>CA</strong>)<br />

<strong>Circuitos</strong> resistivos e capacitivos<br />

Introdução<br />

Neste capítulo, faremos a análise <strong>de</strong> circuitos <strong>de</strong> corrente alternada (abreviado por <strong>CA</strong><br />

ou AC, em inglês), que são os circuitos constituídos por componentes alimentados por fontes<br />

<strong>de</strong> tensão ou corrente alternada.<br />

Em contraste com a corrente contínua CC, que tem amplitu<strong>de</strong> constante, a corrente<br />

alternada <strong>CA</strong> tem amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do tempo. Na maioria dos casos segue a forma <strong>de</strong><br />

uma onda senoidal ou harmônica. Na sua origem, o sinal senoidal é produzido no gerador<br />

elétrico através da movimentação <strong>de</strong> uma bobina <strong>de</strong> cobre <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um campo magnético,<br />

causando a indução <strong>de</strong> uma tensão <strong>CA</strong>. A freqüência é <strong>de</strong> 60 ciclos/s (Hz), po<strong>de</strong>ndo existir<br />

também sistemas <strong>de</strong> geração em 50 Hz. À partir da tensão <strong>CA</strong> são obtidas os outros tipos <strong>de</strong><br />

tensões/correntes elétricas que, doravante serão <strong>de</strong>notados por sinais.<br />

Tipos <strong>de</strong> Sinais<br />

Genericamente, além da tensão/corrente senoidal, mostrada no item (a) da Fig. 1,<br />

outras formas <strong>de</strong> sinais <strong>de</strong> tensão/corrente <strong>CA</strong> <strong>de</strong> aplicação em circuitos eletrônicos po<strong>de</strong>m ser<br />

<strong>de</strong>scritos como sinais variantes no tempo.<br />

(a)<br />

(b)<br />

(c)<br />

(d)<br />

Fig. 1 Tipos <strong>de</strong> sinais variantes no tempo: (a) senoidal ou harmônico, (b) <strong>de</strong>grau, (c) impulso<br />

e (d) rampa.<br />

<strong>Circuitos</strong> <strong>de</strong> corrente alternada 1


Sinal Senoidal<br />

O sinal senoidal, também conhecido por sinal harmônico, é freqüentemente<br />

encontrado em sinais <strong>de</strong> alimentação <strong>de</strong> energia, por causa das características do sistema <strong>de</strong><br />

geração e transmissão <strong>de</strong> energia elétrica. Uma onda senoidal com amplitu<strong>de</strong> e freqüência<br />

característicos são as informações que um sinal senoidal possui. A Fig. 2 apresenta um sinal<br />

<strong>de</strong> tensão senoidal, com amplitu<strong>de</strong> V p e período T. A relação entre o período T e a freqüência<br />

f é <strong>de</strong>terminado pela expressão:<br />

1<br />

f = (1)<br />

T<br />

Por questão <strong>de</strong> normalização, <strong>de</strong>fine-se a freqüência angular ω como:<br />

ω = 2 πf<br />

(2)<br />

V<br />

V p<br />

0<br />

0<br />

π<br />

2<br />

π<br />

3 π 2 π<br />

2<br />

ω t<br />

-V p<br />

T = período<br />

Fig. 2 Sinal senoidal<br />

Um sinal <strong>de</strong> tensão senoidal (conforme convenção da Fig. 2) po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>scrito pela<br />

expressão:<br />

V = Vp sen ωt<br />

(3)<br />

Uma outra quantida<strong>de</strong> que está relacionada com o tipo <strong>de</strong> sinal senoidal é o ângulo <strong>de</strong><br />

fase, que correspon<strong>de</strong> à diferença na escala <strong>de</strong> tempo entre duas ondas senoidais <strong>de</strong> mesma<br />

freqüência, como mostra a Fig. 3.<br />

Se consi<strong>de</strong>rarmos o ângulo <strong>de</strong> fase φ na equação da tensão senoidal, resulta:<br />

V = Vp sen( ωt<br />

+ φ)<br />

(4)<br />

<strong>Circuitos</strong> <strong>de</strong> corrente alternada 2


V<br />

V 1 V 2<br />

0<br />

ω t<br />

φ<br />

Fig. 3 Ângulo <strong>de</strong> fase φ entre dois sinais <strong>de</strong> tensão <strong>de</strong> mesma freqüência.<br />

Forma Complexa <strong>de</strong> Representação da Onda Senoidal<br />

Por questão <strong>de</strong> conveniência, a representação matemática da equação (4) po<strong>de</strong> ser<br />

ampliada para a forma complexa:<br />

V = V e<br />

p<br />

j( ωt+φ)<br />

= V [cos( ωt<br />

+ φ)<br />

+ jsen( ωt<br />

+ φ)]<br />

p<br />

(5)<br />

na qual j = −1<br />

.<br />

Diagrama Fasorial<br />

A representação gráfica <strong>de</strong> sinais senoidais <strong>de</strong> mesma freqüência com diferença <strong>de</strong><br />

fase é feita através do diagrama <strong>de</strong> Argand, utilizado para representar quantida<strong>de</strong>s numéricas<br />

do conjunto dos números complexos.<br />

Im {V}<br />

| V |sen φ<br />

V | |<br />

0<br />

φ<br />

- φ<br />

| V | cos φ<br />

Re {V}<br />

- | V | sen φ<br />

| V |<br />

Fig. 4 Diagrama fasorial<br />

representando no plano<br />

complexo as componentes<br />

real (Re) e imaginária (Im) da<br />

tensão harmônica V.<br />

<strong>Circuitos</strong> <strong>de</strong> corrente alternada 3


Circuito Resistivo <strong>CA</strong><br />

i<br />

V<br />

S<br />

R<br />

Fig. 5 Circuito resistivo<br />

Sendo a tensão <strong>de</strong> alimentação expressa como:<br />

V<br />

S<br />

= V sen ωt<br />

p<br />

ao aplicar a lei <strong>de</strong> Ohm ao resistor, V = Ri, resulta:<br />

VS<br />

i =<br />

R<br />

Vp<br />

= sen ωt<br />

R<br />

A potência, calculada pela expressão P = Vi, fornece a seguinte expressão:<br />

P = V i<br />

p<br />

p<br />

pela qual, como sen 2 ωt ≥ 0, a potência instantânea P(t) será sempre ≥ 0, como mostra o<br />

gráfico da potência da Fig. 6.<br />

Da Matemática, temos a relação:<br />

1<br />

sen 2 x =<br />

2<br />

sen<br />

2<br />

ωt<br />

( 1−<br />

cos2x)<br />

<strong>de</strong> on<strong>de</strong> se conclui que a forma da potência instantânea terá uma freqüência dobrada em<br />

relação às freqüências da tensão e corrente instantâneas e, inversamente, o período da<br />

potência será meta<strong>de</strong> do período da tensão e da corrente instantâneas, como po<strong>de</strong> ser<br />

observado nos gráficos da Fig. 6.<br />

<strong>Circuitos</strong> <strong>de</strong> corrente alternada 4


V S<br />

V p<br />

0<br />

0<br />

__ π π 3__<br />

π 2π<br />

5__<br />

π 3π<br />

7__<br />

π 4π<br />

2<br />

2<br />

2<br />

2<br />

9__<br />

π 5π<br />

2<br />

ω t<br />

-V p<br />

i<br />

V p / R<br />

0<br />

0 __ π<br />

2<br />

π<br />

3__<br />

π 2π<br />

5__<br />

π 3π<br />

7__<br />

π 4π<br />

9__<br />

π 5π<br />

2<br />

2<br />

2<br />

2<br />

ω t<br />

-V p / R<br />

P<br />

V p<br />

i p<br />

V p<br />

i p ____<br />

2<br />

0<br />

0<br />

__ π π 3__<br />

π 2π<br />

5__<br />

π 3π<br />

7__<br />

π 4π<br />

2<br />

2<br />

2<br />

2<br />

9__<br />

π 5π<br />

2<br />

ω t<br />

Fig. 6 Diagramas <strong>de</strong> tensão, corrente e potência versus tempo para o circuito resistivo puro.<br />

A potência média P m é calculada pela fórmula:<br />

<strong>de</strong> modo que a potência média do circuito resistivo vale<br />

T<br />

1<br />

P<br />

m<br />

= ∫ P(t) dt<br />

(7)<br />

T<br />

0<br />

2π<br />

1<br />

2<br />

Pm = Vpi<br />

p<br />

sen ωt.dωt<br />

=<br />

2π<br />

∫<br />

0<br />

V i<br />

p<br />

2<br />

p<br />

Na forma complexa,<br />

V<br />

jωt<br />

S<br />

= Vpe<br />

, obtendo-se a partir da lei <strong>de</strong> Ohm:<br />

<strong>Circuitos</strong> <strong>de</strong> corrente alternada 5


VS<br />

i =<br />

R<br />

Vp<br />

= e<br />

R<br />

j ω t<br />

=<br />

i<br />

p<br />

e<br />

jωt<br />

<strong>de</strong> modo que o resistor como elemento <strong>de</strong> circuito <strong>CA</strong> não introduz <strong>de</strong>fasagem entre a tensão<br />

e a corrente. A Fig. 6 mostra que as curvas <strong>de</strong> tensão e corrente para o resistor estão em fase,<br />

isto é, φ = 0. A Fig. 7 apresenta o diagrama fasorial para a tensão e a corrente.<br />

i<br />

V<br />

Fig. 7 Fasores representando a tensão e a corrente sobre o resistor.<br />

Capacitância<br />

A capacitância elétrica é a medida da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> armazenamento <strong>de</strong> cargas<br />

elétricas por um dispositivo (Fig. 8) e é <strong>de</strong>finida pela equação:<br />

na qual:<br />

ε – permitivida<strong>de</strong> elétrica do meio material entre as placas (C/V.cm)<br />

d – distância entre as placas do capacitor (cm)<br />

A - área da placa (cm 2 )<br />

A<br />

C = ε<br />

(8)<br />

d<br />

A<br />

d<br />

Fig. 8 Placas planas paralelas para o cálculo da capacitância.<br />

Para materiais isolantes, também chamado <strong>de</strong> materiais dielétricos, a permitivida<strong>de</strong> é<br />

expressa em termos da permitivida<strong>de</strong> no vácuo ε 0 (= 8,854.10 -12 C/V.m) multiplicada pela<br />

constante dielétrica do material κ:<br />

ε = ε0 κ<br />

(9)<br />

A constante dielétrica κ também é chamada permissivida<strong>de</strong> relativa ε r .<br />

A Tabela 1 apresenta a constante dielétrica e a rigi<strong>de</strong>z dielétrica, que é a medida da<br />

tensão elétrica que um material isolante é capaz <strong>de</strong> suportar sem conduzir corrente, para<br />

diversos materiais isolantes.<br />

<strong>Circuitos</strong> <strong>de</strong> corrente alternada 6


TABELA 1 – Constante dielétrica e rigi<strong>de</strong>z dielétrica para alguns materiais isolantes<br />

Material<br />

Alumina Al 2 O 3 (99,9%)<br />

Alumina (99,5%)<br />

Berília BeO (99,5%)<br />

Cordierita<br />

Nylon 66 reforçado com 33%<br />

<strong>de</strong> fibra <strong>de</strong> vidro (seco)<br />

Nylon 66 reforçado com fibra<br />

<strong>de</strong> vidro (50% umida<strong>de</strong>)<br />

Poliéster<br />

Constante dielétrica<br />

κ<br />

10,1<br />

9,8<br />

6,7<br />

4,1-5,3<br />

3,7<br />

7,8<br />

3,6<br />

Rigi<strong>de</strong>z dielétrica<br />

(kV/mm)<br />

9,1<br />

9,5<br />

10,2<br />

2,4-7,9<br />

20,5<br />

17,3<br />

21,7<br />

A unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> capacitância no SI é o farad (F), geralmente sendo utilizado frações<br />

<strong>de</strong>sta quantida<strong>de</strong> como µF (10 -6 F), nF (10 -9 F) e até pF (10 -12 F).<br />

Capacitores<br />

Capacitores são disponíveis em diversos tipos e valores. O valor da capacitância é<br />

<strong>de</strong>terminado pela constante dielétrica do material, da sua espessura e da área dos eletrodos. As<br />

técnicas construtivas também diferem, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do material dielétrico empregado. A Fig. 9<br />

apresenta alguns arranjos construtivos empregados na fabricação <strong>de</strong> capacitores.<br />

METAL<br />

DIELÉTRICO<br />

DIELÉTRICO<br />

FOLHA<br />

METÁLI<strong>CA</strong><br />

DIELÉTRICO<br />

Fig. 9 Arranjos construtivos para capacitores<br />

As simbologias utilizadas para representar esquematicamente os capacitores estão<br />

mostradas na Fig. 10.<br />

<strong>Circuitos</strong> <strong>de</strong> corrente alternada 7


- +<br />

- +<br />

Fig. 10 Símbolos para o capacitor.<br />

A Fig. 11 apresenta os principais tipos <strong>de</strong> capacitores comerciais e a Tabela 2 lista as<br />

suas proprieda<strong>de</strong>s. Os maiores valores <strong>de</strong> capacitância são aqueles para os capacitores<br />

eletrolíticos<br />

ADVERTÊNCIA<br />

Risco <strong>de</strong><br />

explosão !<br />

Capacitores eletrolíticos não po<strong>de</strong>m ser<br />

ligados com terminais <strong>de</strong> polarida<strong>de</strong><br />

invertida, sob risco <strong>de</strong> explodirem !<br />

Fig. 11 Tipos <strong>de</strong> capacitores<br />

<strong>Circuitos</strong> <strong>de</strong> corrente alternada 8


TABELA 2 – Proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> capacitores comerciais<br />

Tipo Material dielétrico Faixa <strong>de</strong> capacitância Tensão máxima<br />

Variável ar 5 a 500 pF 500 V<br />

Cerâmico Titanato <strong>de</strong> bário 1000 pF a 1 µF 2000 V<br />

Óleo Papel com óleo 0,01 a 1 µF 10000 V<br />

Mica Mica 100 a 5000 pF 10000 V<br />

Filme<br />

Eletrolítico<br />

- Tântalo<br />

- Alumínio<br />

Chip<br />

Mylar, Teflon,<br />

poliestireno,<br />

policarbonato<br />

0,01 a 50 µF 1000 V<br />

Óxido <strong>de</strong> tântalo<br />

Óxido <strong>de</strong> alumínio<br />

0,01 a 3000 µF<br />

0,1 a 100000 µF<br />

*<br />

*<br />

cerâmica<br />

* A máxima tensão que po<strong>de</strong> ser aplicada a um capacitor eletrolítico <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do valor da capacitância. Por<br />

exemplo, para 100.000 µF, uma tensão <strong>de</strong> 3 V po<strong>de</strong> danificar o capacitor, enquanto que para 100 µF, o<br />

mesmo tipo <strong>de</strong> capacitor po<strong>de</strong> suportar 400 V.<br />

Internamente, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da sua construção, o capacitor apresenta resistências e<br />

indutâncias, que interferem no comportamento do capacitor em função da freqüência <strong>de</strong><br />

trabalho. A Fig. 13 apresenta o circuito equivalente real <strong>de</strong> um capacitor, no qual as<br />

resistências representam a fuga <strong>de</strong> corrente, isto é, a perda <strong>de</strong> carga por caminhos <strong>de</strong> baixa<br />

resistência no interior e na superfície do capacitor, e a indutância L representa a variação da<br />

corrente <strong>de</strong> fuga. Como a capacitância e a corrente <strong>de</strong> fuga são diretamente proporcionais à<br />

área do capacitor, a resistência R P é inversamente proporcional à capacitância. Os fabricantes<br />

geralmente classificam seus capacitores pelo produto <strong>de</strong> R P e C, em unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ohms ×<br />

farads ou megohms × microfarads. Se convertermos o produto à unida<strong>de</strong> básica, veremos que,<br />

1volt<br />

1coulomb<br />

1 ohm×<br />

1 farad =<br />

⋅ = 1 segundo<br />

1coulomb / segundo 1volt<br />

A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>finida pelo produto R P C é <strong>de</strong>nominado tempo <strong>de</strong> fuga <strong>de</strong> corrente do<br />

capacitor; quanto maior o seu valor, melhor será a capacida<strong>de</strong> do capacitor armazenar a carga.<br />

A Tabela 3 apresenta os valores <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong> fuga para diversos materiais dielétricos<br />

comumente empregados na confecção <strong>de</strong> capacitores comerciais.<br />

I L<br />

R<br />

S<br />

V CC<br />

C<br />

L<br />

C<br />

R<br />

P<br />

Fig.13 Circuito equivalente do capacitor<br />

<strong>Circuitos</strong> <strong>de</strong> corrente alternada 9


TABELA 3 – Tempos <strong>de</strong> fuga <strong>de</strong> corrente para alguns materiais dielétricos<br />

Material MΩ × µF (25 o C)<br />

Teflon<br />

2.10 6<br />

Poliestireno<br />

1.10 6<br />

Policarbonato<br />

2.10 5<br />

Mylar<br />

1.10 5<br />

Vidro<br />

1.10 3 a 1.10 5<br />

Mica<br />

1.10 3 a 1.10 5<br />

Papel<br />

1.10 3 a 1.10 5<br />

Cerâmica<br />

1.10 3 a 1.10 5<br />

Eletrolítico<br />

10 a 1000<br />

Analisando-se os valores da Tabela 3, po<strong>de</strong>-se concluir que um capacitor <strong>de</strong><br />

poliestireno é muito superior ao capacitor <strong>de</strong> papel, com base nos valores <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong> fuga.<br />

Naturalmente, o custo do capacitor é diretamente proporcional ao tempo <strong>de</strong> fuga, como<br />

também ao valor da capacitância.<br />

Análise <strong>de</strong> circuito com capacitor i<strong>de</strong>al<br />

Um circuito contendo uma fonte <strong>de</strong> tensão senoidal acoplado a um capacitor i<strong>de</strong>al, isto<br />

é, que contém somente capacitância, é mostrado na Fig. 14.<br />

i<br />

V<br />

S<br />

C<br />

Fig. 14 Circuito com capacitor i<strong>de</strong>al<br />

Sendo a tensão <strong>de</strong> alimentação expressa como<br />

V<br />

S<br />

= V sen ωt<br />

e sabendo que a<br />

equação que relaciona a tensão V com a carga do capacitor q na forma q = CV, vem que:<br />

i =<br />

dq<br />

dt<br />

=<br />

dV<br />

C<br />

dt<br />

=<br />

d<br />

C<br />

dt<br />

V sen ωt<br />

= ωCV<br />

cosωt<br />

o<br />

Mas, cosω<br />

t = sen( ωt<br />

+ 90 ) , <strong>de</strong> mod que po<strong>de</strong>mos re-escrever a equação para a corrente<br />

instantânea como:<br />

i(t) = ωCVp<br />

sen( ωt<br />

+ 90<br />

p<br />

o<br />

)<br />

p<br />

p<br />

<strong>Circuitos</strong> <strong>de</strong> corrente alternada 10


Dessa expressão, po<strong>de</strong>-se observar que a corrente está “adiantada” 90 o em relação à<br />

tensão e o ângulo <strong>de</strong> fase φ = 90 o .<br />

A potência, calculada pela expressão P = Vi, fornece a seguinte expressão:<br />

P = ωCV<br />

2<br />

p<br />

1<br />

sen ωt.cosωt<br />

= ωCV<br />

2<br />

2<br />

p<br />

sen 2ωt<br />

A Fig. 15 mostra as formas <strong>de</strong> onda para a tensão, corrente e potência para o circuito<br />

capacitivo puro. Po<strong>de</strong>-se observar novamente que a forma <strong>de</strong> onda da potência instantânea<br />

tem uma freqüência que é o dobro da freqüência da tensão e corrente instantâneas.<br />

V S<br />

V p<br />

0<br />

0<br />

__ π π 3__<br />

π 2π<br />

5__<br />

π 3π<br />

7__<br />

π 4π<br />

2<br />

2<br />

2<br />

2<br />

9__<br />

π 5π<br />

2<br />

ω t<br />

-V p<br />

i<br />

ωCV p<br />

0<br />

0 __ π<br />

2<br />

π<br />

3__<br />

π 2π<br />

5__<br />

π 3π<br />

7__<br />

π 4π<br />

9__<br />

π 5π<br />

2<br />

2<br />

2<br />

2<br />

ω t<br />

-ωCV p<br />

P<br />

2<br />

ωCV<br />

____ p<br />

2<br />

0<br />

0<br />

__ π π 3__<br />

π 2π<br />

5__<br />

π 3π<br />

7__<br />

π 4π<br />

2<br />

2<br />

2<br />

2<br />

9__<br />

π 5π<br />

2<br />

ω t<br />

2<br />

ωCV<br />

____ p<br />

2<br />

Fig. 15 Diagramas <strong>de</strong> tensão, corrente e potência versus tempo para o circuito capacitivo.<br />

<strong>Circuitos</strong> <strong>de</strong> corrente alternada 11


A potência média po<strong>de</strong> ser calculada para meio ciclo (neste caso, π/2), a partir da<br />

equação<br />

T / 2<br />

π / 2<br />

1<br />

1 1 2<br />

2<br />

P<br />

m<br />

= P(t).dt<br />

CVp<br />

sen 2 t.dt 2fCVp<br />

T / 2<br />

∫ = ω ω =<br />

π / 2<br />

∫<br />

.<br />

2<br />

0<br />

0<br />

Na forma complexa, sendo a tensão expressa como<br />

<strong>de</strong>terminada pela equação<br />

i = CdV / dt<br />

, obtém-se:<br />

V<br />

S<br />

jωt<br />

= Vpe<br />

e sendo a corrente<br />

Na forma inversa,<br />

i =<br />

d<br />

C<br />

dt<br />

V e<br />

p<br />

V S<br />

jωt<br />

= jωCV e<br />

p<br />

jωt<br />

1 j<br />

= i = − i<br />

jωC<br />

ωC<br />

= jωCV<br />

S<br />

Esta equação mostra a vantagem <strong>de</strong> se adotar a forma complexa, pelo fato <strong>de</strong> explicitar<br />

a relação algébrica da tensão com a corrente por uma constante <strong>de</strong> proporcionalida<strong>de</strong> –j/ωC,<br />

tal como a lei <strong>de</strong> Ohm expressa a relação da tensão com a corrente com a resistência como<br />

constante <strong>de</strong> proporcionalida<strong>de</strong> para circuitos resistivos. De fato, a constante –j/ωC é<br />

fisicamente análoga à resistência, e é <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> impedância capacitiva Z C e tem<br />

dimensão <strong>de</strong> resistência (ohm):<br />

Z C<br />

j<br />

= − (Ω)<br />

ωC<br />

A Fig. 16 apresenta a representação gráfica dos fasores <strong>de</strong> tensão e corrente para o<br />

capacitor, com ângulo <strong>de</strong> fase φ = 90 o .<br />

i<br />

φ = 90 o<br />

V<br />

Fig. 16 Fasores representando a tensão e a corrente sobre o capacitor.<br />

Uma outra forma <strong>de</strong> representar os fasores é a chamada forma polar, pela qual a tensão<br />

V S é apresentada com o seu valor eficaz V ef e o ângulo <strong>de</strong> fase φ como:<br />

V V ∠φ<br />

(10)<br />

S<br />

= ef<br />

O valor eficaz V ef ou valor quadrático médio (rms – root mean square) <strong>de</strong> uma<br />

quantida<strong>de</strong> V S é <strong>de</strong>finido pela expressão:<br />

<strong>Circuitos</strong> <strong>de</strong> corrente alternada 12


T<br />

1 2<br />

V<br />

ef<br />

= Vrms<br />

= ∫ Vs<br />

dt<br />

(11)<br />

T<br />

Para uma tensão senoidal V S = V p sen ωt, o valor eficaz po<strong>de</strong> ser calculado como:<br />

0<br />

V<br />

ef<br />

2π<br />

1<br />

= V<br />

2π<br />

∫<br />

0<br />

2<br />

p<br />

sen<br />

2<br />

ωtdt<br />

=<br />

V<br />

p<br />

2<br />

≅ 0,707V<br />

p<br />

Para efeito <strong>de</strong> comparação, vamos calcular o valor médio da tensão, V m , calculado<br />

sobre meio-ciclo:<br />

V<br />

m<br />

T<br />

2<br />

π<br />

2 1<br />

= VSdt<br />

T<br />

∫ =<br />

π∫<br />

0<br />

0<br />

2Vp<br />

Vp<br />

sen ωt<br />

=<br />

π<br />

≅ 0,637V<br />

p<br />

Assim, a relação entre os valores <strong>de</strong> pico V p , o valor eficaz V ef e o valor médio V m ,<br />

para uma função senoidal, é:<br />

V = 1,414V = 1,571V<br />

p<br />

ef<br />

m<br />

O diagrama da Fig. 17 ilustra a comparação entre os valores característicos <strong>de</strong> uma<br />

onda senoidal.<br />

V<br />

V p<br />

0,707 V p<br />

0,637 V p<br />

V p Vpp<br />

V V<br />

m ef<br />

0<br />

ω t<br />

-V p<br />

Fig. 17 Relações entre os valores característicos para uma onda senoidal.<br />

Circuito RC série<br />

Faremos agora a análise <strong>de</strong> circuitos contendo um resistor em série com um capacitor,<br />

conforme mostra a Fig. 18.<br />

<strong>Circuitos</strong> <strong>de</strong> corrente alternada 13


R<br />

V i<br />

Fig. 18 Circuito RC em série<br />

+<br />

-<br />

i<br />

C<br />

Depen<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong> on<strong>de</strong> será conectado o terminal <strong>de</strong> saída da tensão, o circuito RC série<br />

recebe o nome <strong>de</strong> circuito RC integrador ou diferenciador, ou então, respectivamente, circuito<br />

filtro passa-baixa e circuito filtro passa-alta.<br />

Circuito RC Integrador<br />

Na forma esquemática mais conveniente.<br />

V<br />

i<br />

R<br />

i<br />

C<br />

V<br />

o<br />

Fig. 19 Circuito RC esquemático<br />

Aplicando a lei <strong>de</strong> Kirchhoff ao circuito da Fig. 19:<br />

na qual:<br />

e<br />

V i<br />

= Ri + q / C<br />

(12)<br />

i = dq / dt<br />

(13)<br />

V o<br />

= q / C<br />

(14)<br />

Re-escrevendo (12) na forma diferencial:<br />

dq q Vi<br />

+ =<br />

(15)<br />

dt RC R<br />

Esta equação diferencial possui soluções <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes da função V i , que analisaremos<br />

para os principais casos.<br />

<strong>Circuitos</strong> <strong>de</strong> corrente alternada 14


Resposta ao Degrau<br />

Consi<strong>de</strong>remos a função V i como a função <strong>de</strong>grau, <strong>de</strong>finida matematicamente como:<br />

⎧ 0,<br />

t ≤ 0<br />

Vi = ⎨<br />

(16)<br />

⎩V<br />

S , t > 0<br />

o que representa uma excitação constante V 0 a partir do instante inicial t = 0. O gráfico da<br />

Fig. 20 apresenta a função <strong>de</strong>grau.<br />

Vi<br />

V<br />

S<br />

0 t = 0<br />

t<br />

Fig. 20 Gráfico da função <strong>de</strong>grau<br />

Em t = 0, a carga acumulada no capacitor é igual a zero e a equação diferencial po<strong>de</strong><br />

ser integrada como:<br />

q<br />

dq 1<br />

=<br />

∫ ( CV − q ) RC<br />

0<br />

S<br />

t<br />

∫<br />

0<br />

dt<br />

(17)<br />

A solução da integral da equação (6) é dada por:<br />

que, rearranjada em termos <strong>de</strong> q(t), resulta em:<br />

t<br />

− q t<br />

n( CVS<br />

− q)<br />

0 = RC<br />

(18)<br />

S<br />

0<br />

−t<br />

/ RC<br />

( − e )<br />

q( t ) = V C 1 (19)<br />

A corrente i é calculada a partir da <strong>de</strong>rivada <strong>de</strong> (19), <strong>de</strong> modo que:<br />

dq V S −t<br />

/ RC<br />

i = = e<br />

(20)<br />

dt R<br />

De (19) também po<strong>de</strong>-se calcular a tensão V o :<br />

V<br />

o<br />

−t<br />

/ RC<br />

( − e )<br />

q<br />

= = VS<br />

1 (21)<br />

C<br />

<strong>Circuitos</strong> <strong>de</strong> corrente alternada 15


O termo exponencial apresenta o <strong>de</strong>nominador RC, cuja dimensão é <strong>de</strong> tempo. O<br />

produto RC representa a constante <strong>de</strong> tempo para o circuito resistor-capacitor e significa o<br />

tempo que um capacitor leva para atingir 0,632V S (= 1 - 1/e) da tensão em regime<br />

estacionário durante o carregamento. Se o circuito estiver <strong>de</strong>scarregando, a constante <strong>de</strong><br />

tempo RC representa o tempo que leva para a tensão atingir 36,8% do seu valor inicial.<br />

As Figuras 21 e 22 apresentam as curvas <strong>de</strong> tensão e corrente em função do tempo<br />

normalizado pela constante RC, durante o carregamento do capacitor. Se consi<strong>de</strong>rarmos V 0<br />

como a tensão em regime estacionário (para t → ∞), na Fig. 21, para t = RC, o valor da tensão<br />

normalizada será V/V 0 = 0,632; para t = 2RC, V/V 0 = 0,865, isto é, a tensão será 86,5% da<br />

tensão V 0 ; em t = 3RC, V/V 0 = 0,95; em t = 4RC, V/V 0 = 0,982 e em t = 5RC, V/V 0 = 0,993,<br />

isto é, a tensão terá atingido 99,3% do valor estacionário.<br />

1,0<br />

Tensão normalizada V/V 0<br />

0,8<br />

0,632<br />

0,6<br />

0,4<br />

0,2<br />

0,0<br />

0 1 2 3 4 5 6 7<br />

tempo em constante RC (s)<br />

Fig. 21 Curva <strong>de</strong> tensão em função do tempo para o circuito RC integrador.<br />

1,0<br />

<strong>Corrente</strong> normalizada, i/i 0<br />

0,8<br />

0,6<br />

0,4<br />

0,368<br />

0,2<br />

0,0<br />

0 1 2 3 4 5 6 7<br />

tempo em constante RC (s)<br />

Fig. 22 Curva da corrente em função do tempo para o circuito série RC.<br />

<strong>Circuitos</strong> <strong>de</strong> corrente alternada 16


Filtro Passa-Baixa (Resposta Senoidal)<br />

Como visto anteriormente, a resposta <strong>de</strong> um circuito RC à excitação senoidal produz<br />

um sinal <strong>de</strong> tensão <strong>de</strong>fasado 90 o em relação à corrente. Se aplicarmos a análise na forma<br />

fasorial, teremos a impedância:<br />

Z = R + jX C<br />

(22)<br />

na qual, para um circuito RC<br />

X C<br />

= −1 / ωC<br />

é <strong>de</strong>nominada reatância capacitiva, <strong>de</strong> modo que<br />

Z<br />

j<br />

= R −<br />

(23)<br />

ωC<br />

Em notação polar,<br />

Z = | Z | ∠ − arctg (| X C | / R ) = | Z | ∠ − arctg ( 1 / ωRC ) (24)<br />

2<br />

2<br />

2<br />

na qual | Z | = R + 1/<br />

ω C é chamada amplitu<strong>de</strong> da impedância. Sendo a tensão <strong>de</strong><br />

excitação dada por:<br />

i V ef<br />

na qual V ef é o valor da tensão <strong>de</strong> excitação eficaz.<br />

A corrente é calculada por:<br />

o<br />

V = ∠0<br />

(25)<br />

Vi<br />

I =<br />

Z<br />

o<br />

V1 ∠0<br />

=<br />

(26)<br />

| Z | ∠ − arctg (| X | / R )<br />

C<br />

na qual as equações (24) e (25) foram usadas. Re-escrevendo a equação (26) na forma polar:<br />

Vef<br />

I = ∠arctg(|<br />

X C | / R )<br />

(27)<br />

| Z |<br />

A impedância do capacitor é <strong>de</strong>finida como:<br />

1 o<br />

ZC<br />

= ∠ − 90<br />

(28)<br />

ωC<br />

pela qual, po<strong>de</strong>mos calcular a tensão <strong>de</strong> saída V out como:<br />

o<br />

[ | X ∠ − ]<br />

⎡Vef<br />

⎤<br />

Vo = IZC<br />

= ⎢ ∠arctg(|<br />

X C | / R ) ⎥ ⋅ C | 90<br />

⎣|<br />

Z |<br />

⎦<br />

<strong>Circuitos</strong> <strong>de</strong> corrente alternada 17


| X C |Vef<br />

o<br />

= ∠ − 90 + arctg (| X C | / R )<br />

(29)<br />

| Z |<br />

Resumindo, a amplitu<strong>de</strong> da tensão <strong>de</strong> saída é:<br />

e o ãngulo <strong>de</strong> fase φ:<br />

Vef<br />

| X C |<br />

Vo =<br />

| Z |<br />

(30)<br />

o ⎛ 1 ⎞<br />

φ = −90 + arctg ⎜ ⎟<br />

⎝ ωRC<br />

⎠<br />

(31)<br />

Para analisarmos a resposta do circuito RC à excitação senoidal é conveniente<br />

expressarmos a razão entre a amplitu<strong>de</strong> da tensão <strong>de</strong> saída V out e a amplitu<strong>de</strong> da tensão <strong>de</strong><br />

entrada V in :<br />

V<br />

V<br />

o<br />

i<br />

=<br />

R<br />

1<br />

ωC<br />

1<br />

=<br />

2<br />

2 2 2<br />

+ ω R C +<br />

2 2<br />

ω<br />

C<br />

1<br />

1<br />

(32)<br />

Esta razão é <strong>de</strong>nominada ganho <strong>de</strong> tensão do circuito e é utilizada para avaliar o<br />

<strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> circuitos. Tomando-se os valores R = 1 kΩ e C = 1 µF, foram calculados os<br />

valores mostrados na Tabela 4. O gráfico do ângulo <strong>de</strong> fase φ versus a freqüência angular ω é<br />

mostrada na Fig. 23, enquanto que a Fig. 24 apresenta o gráfico do ganho <strong>de</strong> tensão versus ω.<br />

Este circuito, com estas características, é chamado filtro passa-baixa, porque ele <strong>de</strong>ixa passar<br />

sinais <strong>de</strong> baixa freqüência com pequena ou nenhuma atenuação. À medida que a freqüência, a<br />

atenuação aumenta consi<strong>de</strong>ravelmente.<br />

TABELA 4 Resposta em freqüência para o filtro passa-baixa.<br />

R = 1 kΩ, C = 1 µF<br />

ω (rad/s) f (Hz) log ω φ (graus) V o /V i log(V o /V i )<br />

1 0,16 0 -0,06 1 0,00000<br />

10 1,6 1 -0,57 0,99995 -0,00002<br />

100 15,9 2 -5,71 0,99504 -0,00216<br />

200 31,8 2,3 -11,31 0,98058 -0,00852<br />

1000 159,2 3 -45,00 0,70711 -0,15051<br />

10000 1591,5 4 -84,29 0,0995 -1,00216<br />

50000 7957,7 4,7 -88,85 0,0200 -1,69906<br />

100000 15915,5 5 -89,48 0,0100 -2,00002<br />

500000 79577,5 5,7 -89,89 0,0020 -2,69897<br />

1000000 159154,9 6 -89,94 0,0010 -3,00000<br />

<strong>Circuitos</strong> <strong>de</strong> corrente alternada 18


0<br />

-10<br />

Ângulo <strong>de</strong> fase, φ (graus)<br />

-20<br />

-30<br />

-40<br />

-50<br />

-60<br />

-70<br />

-80<br />

-90<br />

0 1 2 3 4 5 6<br />

log ω<br />

Fig. 23 Ângulo <strong>de</strong> fase versus freqüência angular para o filtro passa-baixa.<br />

0<br />

log ω C<br />

= 3<br />

-1<br />

-1<br />

log(V o<br />

/V i<br />

)<br />

-2<br />

-2<br />

-3<br />

-3<br />

0 1 2 3 4 5 6<br />

log ω<br />

Fig. 24 Ganho <strong>de</strong> tensão versus freqüência angular para o filtro passa-baixa.<br />

A freqüência na qual R = |X C | é chamada freqüência <strong>de</strong> corte, f C :<br />

f C<br />

1<br />

= (33)<br />

2πRC<br />

Para o circuito analisado, f C = 159,2 Hz<br />

Circuito RC Diferenciador<br />

O circuito RC série também po<strong>de</strong> ser utilizado como circuito diferenciador,<br />

arranjando-se o resistor e o capacitor segundo o esquema ilustrado na Fig. 25.<br />

<strong>Circuitos</strong> <strong>de</strong> corrente alternada 19


C<br />

V<br />

i<br />

V<br />

o<br />

i<br />

R<br />

Fig. 25 Circuito RC diferenciador<br />

Neste circuito, a tensão V o é <strong>de</strong>terminada pela tensão sobre o resistor:<br />

V o = Ri<br />

(34)<br />

Se consi<strong>de</strong>rarmos o estímulo da função <strong>de</strong>grau, a equação (15) combinada com a<br />

equação (16) resultará em:<br />

V<br />

o<br />

S<br />

−t<br />

/ RC<br />

= V e<br />

(35)<br />

que correspon<strong>de</strong> a um <strong>de</strong>caimento exponencial da tensão com o incremento <strong>de</strong> tensão do<br />

<strong>de</strong>grau. Observe que este comportamento é o inverso do circuito integrador, calculado na<br />

equação (21). A Fig. 26 apresenta o gráfico da curva <strong>de</strong> tensão V o em função do tempo<br />

normalizado para o circuito diferenciador.<br />

1,0<br />

0,8<br />

Tensão normalizada V/V 0<br />

0,6<br />

0,4<br />

0,2<br />

0,0<br />

0 1 2 3 4 5 6 7<br />

tempo em constante RC (s)<br />

Fig. 26 Curva <strong>de</strong> tensão em função do tempo para o circuito RC diferenciador.<br />

Filtro Passa-Alta (Resposta Senoidal)<br />

O circuito da Fig. 25 também é utilizado como filtro passa-alta, isto é, um filtro que<br />

atenua os sinais <strong>de</strong> baixa freqüência. Para este circuito, a tensão V out , calculada sobre o<br />

resistor em notação fasorial polar, é <strong>de</strong>scrita por:<br />

<strong>Circuitos</strong> <strong>de</strong> corrente alternada 20


o<br />

[ R∠<br />

]<br />

⎡Vef<br />

⎤<br />

Vo<br />

= IR = ⎢ ∠arctg(|<br />

X C | / R ) ⎥ ⋅ 0<br />

⎣|<br />

Z |<br />

⎦<br />

VS<br />

R<br />

= ∠arctg(|<br />

X C | / R )<br />

(36)<br />

| Z |<br />

A amplitu<strong>de</strong> do ganho é expressa como:<br />

V<br />

V<br />

o<br />

i<br />

=<br />

R<br />

R<br />

=<br />

ωRC<br />

2 1 2 2 2<br />

+ ω R C +<br />

2 2<br />

ω<br />

C<br />

1<br />

(37)<br />

e o ãngulo <strong>de</strong> fase φ:<br />

⎛|<br />

X<br />

φ = arctg ⎜<br />

⎝ R<br />

| ⎞ ⎛ ⎞<br />

⎟ = arctg ⎜ ⎟<br />

⎠ ⎝ ωRC<br />

⎠<br />

C 1<br />

(38)<br />

A freqüência <strong>de</strong> corte é a mesma para o circuito integrador, ou seja<br />

f C<br />

= 1 / 2πRC<br />

=<br />

159 Hz. A resposta do filtro passa-alta para R = 1 kΩ e C = 1 µF está apresentado na<br />

Tabela 5, enquanto que as curvas <strong>de</strong> resposta em freqüência do ganho <strong>de</strong> tensão e do ângulo<br />

<strong>de</strong> fase estão mostradas, respectivamente, nas Figuras 27 e 28.<br />

Observar que as curvas para o filtro passa-alta são imagens invertidas das curvas para<br />

o filtro passa-baixa. A interseção das curvas <strong>de</strong> ganho <strong>de</strong> tensão com o eixo x conduz ao<br />

mesmo valor da freqüência <strong>de</strong> corte f C , como tinhamos observado no cálculo analítico. Isto<br />

significa que o dimensionamento <strong>de</strong> um filtro RC passa-baixa ou passa-alta po<strong>de</strong> ser feita<br />

simplesmente conhecendo-se os valores <strong>de</strong> R e C.<br />

Consi<strong>de</strong>re a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> inserir um filtro passa-baixa em série com um filtro<br />

passa-alta, como ilustrado na Fig. 29. Depen<strong>de</strong>ndo dos valores <strong>de</strong> resistência e capacitância<br />

empregado nos dois filtros, po<strong>de</strong>mos estabelecer uma faixa <strong>de</strong> freqüências na qual o sinal <strong>de</strong><br />

saída será levemente atenuado e fora <strong>de</strong>ssa faixa o sinal será fortemente atenuado. A este tipo<br />

<strong>de</strong> filtro dá-se o nome <strong>de</strong> filtro passa-faixa ou filtro passa-banda.<br />

TABELA 5 Resposta em freqüência para o filtro passa-alta.<br />

R = 1 kΩ, C = 1 µF<br />

ω (rad/s) f (Hz) log ω φ (graus) V o /V i log(V o /V i )<br />

1 0,16 0 89,94 0,001 -3,00000<br />

10 1,6 1 89,43 0,010 -2,00002<br />

100 15,9 2 84,29 0,0995 -1,00216<br />

200 31,8 2,3 78,69 0,1961 -0,70749<br />

1000 159,2 3 45,00 0,7071 -0,15051<br />

10000 1591,5 4 5,71 0,9950 -0,00216<br />

50000 7957,7 4,7 1,15 0,9998 -0,00008<br />

100000 15915,5 5 0,57 0,99995 -0,00002<br />

500000 79577,5 5,7 0,11 1,00000 0<br />

1000000 159154,9 6 0,06 1,00000 0<br />

<strong>Circuitos</strong> <strong>de</strong> corrente alternada 21


0<br />

log ω C<br />

= 3<br />

-1<br />

-1<br />

log(V o<br />

/V i<br />

)<br />

-2<br />

-2<br />

-3<br />

-3<br />

0 1 2 3 4 5 6<br />

log ω<br />

Fig. 27 Ganho <strong>de</strong> tensão versus freqüência angular para o filtro passa-alta.<br />

90<br />

80<br />

Ângulo <strong>de</strong> fase, φ (graus)<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

0 1 2 3 4 5 6<br />

log ω<br />

Fig. 28 Ângulo <strong>de</strong> fase versus freqüência angular para o filtro passa-alta.<br />

Filtro Passa-Banda (Resposta Senoidal)<br />

Se combinarmos um circuito RC passa-baixa em série com um circuito RC passa-alta,<br />

teremos um circuito RC que <strong>de</strong>sempenha o papel <strong>de</strong> um filtro passa-banda, conforme mostra<br />

a Fig. 29. A característica <strong>de</strong> um filtro passa-banda é o <strong>de</strong> atenuar a amplitu<strong>de</strong> do sinal cuja<br />

freqüência esteja fora da banda passante, isto é, das freqüências que estejam abaixo da<br />

freqüência <strong>de</strong> atenuação do circuito do filtro passa-alta e acima da freqüência <strong>de</strong> atenuação do<br />

circuito do filtro passa-baixa.<br />

<strong>Circuitos</strong> <strong>de</strong> corrente alternada 22


R<br />

C<br />

V in<br />

V out<br />

C<br />

R<br />

Fig. 29 Circuito do filtro passa-banda.<br />

<strong>Circuitos</strong> <strong>de</strong> <strong>Corrente</strong> <strong>Alternada</strong><br />

<strong>Circuitos</strong> indutivos<br />

Indutância<br />

A indutância elétrica é a medida da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> armazenamento <strong>de</strong> corrente elétrica<br />

por um dispositivo, geralmente com formato <strong>de</strong> bobina (Fig. 30), conhecido também como<br />

indutor. A indutância é <strong>de</strong>finida pela equação:<br />

na qual:<br />

L = φ<br />

(40)<br />

i<br />

L – indutância da bobina (henry = H)<br />

φ – fluxo magnético que atravessa a área interna da bobina (Wb = T.m 2 )<br />

i – corrente que percorre as espiras da bobina (A)<br />

Indução magnética<br />

→<br />

B<br />

i<br />

i<br />

Linhas <strong>de</strong> fluxo magnético<br />

Fig. 30 Esquema do indutor.<br />

<strong>Circuitos</strong> <strong>de</strong> corrente alternada 23


A equação (40) é válida para indutores com núcleo <strong>de</strong> ar, para os quais a<br />

permeabilida<strong>de</strong> magnética é constante e igual a µ 0 = 4π.10 -7 T.m/A. No caso <strong>de</strong> indutores com<br />

núcleo magnético, a indutância é calculada a partir da <strong>de</strong>rivada do fluxo pela corrente:<br />

dφ<br />

L = (41)<br />

di<br />

O elemento <strong>de</strong> circuito indutor opera sob a ação <strong>de</strong> corrente ou tensão variável, que<br />

produzem um campo magnético variável<br />

(a)<br />

(b)<br />

Fig. 31 Símbolos para o indutor (a) com núcleo <strong>de</strong> ar e (b) com núcleo <strong>de</strong> ferro.<br />

A equação (41) po<strong>de</strong> se re-escrita como:<br />

<strong>de</strong> modo que,<br />

dφ<br />

dt<br />

L = ⋅<br />

(42)<br />

dt di<br />

d φ di = L<br />

dt dt<br />

(43)<br />

Sabendo-se pela lei <strong>de</strong> Faraday do Eletromagnetismo que a variação <strong>de</strong> fluxo no<br />

tempo induz uma diferença <strong>de</strong> potencial V no circuito elétrico, a equação (43) po<strong>de</strong> ser escrita<br />

como:<br />

di<br />

V = L<br />

(44)<br />

dt<br />

A potência <strong>de</strong> um circuito contendo um indutor po<strong>de</strong> ser calculada como:<br />

2<br />

di 1 di<br />

P = Vi = Li = L<br />

(45)<br />

dt 2 dt<br />

A energia armazenada na forma <strong>de</strong> campo magnético no indutor po<strong>de</strong> ser calculada<br />

tomando-se a corrente i = 0 em t = 0 até a corrente i no instante t qualquer:<br />

t<br />

i<br />

di<br />

1 2<br />

E = Li dt = Li di = Li<br />

(46)<br />

∫ dt ∫ 2<br />

0<br />

0<br />

<strong>Circuitos</strong> <strong>de</strong> corrente alternada 24


Transformador <strong>de</strong> tensão<br />

O transformador é um elemento <strong>de</strong> circuito constituído por dois indutores acoplados<br />

magneticamente por um núcleo <strong>de</strong> material ferromagnético, através do qual a energia <strong>de</strong> um<br />

indutor é transferido a outro. As suas principais aplicações são para a elevação ou redução da<br />

tensão ou corrente, com mínima dissipação <strong>de</strong> energia por envolver prioritariamente campo<br />

magnético (campo não-dissipativo). Para as aplicações eletrotécnicas (50/60 Hz), geralmente<br />

o núcleo é <strong>de</strong> ferro puro ou <strong>de</strong> ligas <strong>de</strong> ferro, especialmente <strong>de</strong> Fe-Si por apresentar baixas<br />

perdas histeréticas. Para aplicações em altas freqüências o núcleo é constituído <strong>de</strong> material <strong>de</strong><br />

alta resistivida<strong>de</strong> elétrica, como os ferritas, <strong>de</strong> modo a minimizar as perdas por correntes<br />

parasitas.<br />

A Fig. 32 mostra os símbolos do transformador com núcleo <strong>de</strong> ar e com núcleo <strong>de</strong><br />

ferro.<br />

Fig. 12<br />

(a)<br />

Símbolo para o transformador (a) com núcleo <strong>de</strong> ar e (b) com núcleo <strong>de</strong> ferro.<br />

(b)<br />

Devido à importância <strong>de</strong> transformadores em circuitos eletrônicos e <strong>de</strong><br />

instrumentação, faremos o cálculo das relações entre tensão e corrente para um transformador.<br />

Um transformador é um dispositivo magnetoelétrico constituído por dois enrolamentos<br />

(um primário, o outro secundário) conectados magnéticamente pelo núcleo <strong>de</strong> material<br />

magnético, conforme mostra a Fig. 33.<br />

A C<br />

: Área <strong>de</strong> seção transversal do núcleo<br />

i 1<br />

i 2<br />

N<br />

V V<br />

1<br />

2<br />

2<br />

Primário<br />

Secundário<br />

N<br />

1<br />

: Número <strong>de</strong> espiras<br />

: Comprimento do circuito magnético<br />

C<br />

Fig. 33 Transformador com núcleo <strong>de</strong> ferro.<br />

Para o cálculo das relações <strong>de</strong> tensão e corrente no transformador, consi<strong>de</strong>remos<br />

inicialmente a lei <strong>de</strong> Ampère:<br />

<strong>Circuitos</strong> <strong>de</strong> corrente alternada 25


¢ ¢<br />

H ⋅ d = i<br />

∫ ¡<br />

C<br />

(47)<br />

Admitindo H constante em £ C , então o campo magnético produzido pelo indutor 1<br />

po<strong>de</strong> ser calculado à partir da integral <strong>de</strong> (47) como sendo:<br />

N1i1<br />

H = (48)<br />

C<br />

£<br />

O fluxo magnético induzido no núcleo <strong>de</strong> ferro é dado por:<br />

φ = B .A = µ H.A C<br />

(49)<br />

O fluxo magnético produzido pelo indutor 1:<br />

µ N i A<br />

φ = 11<br />

C<br />

(50)<br />

£ C<br />

Derivando o fluxo no tempo:<br />

dφ<br />

µ N A di<br />

= 1 C ⋅ 1<br />

dt C dt<br />

£<br />

(51)<br />

<strong>de</strong> modo que:<br />

di 1 = C<br />

dt µ<br />

£<br />

N1AC<br />

dφ<br />

⋅<br />

dt<br />

(52)<br />

Se consi<strong>de</strong>rarmos a resistência elétrica do condutor <strong>de</strong>sprezível, então:<br />

di<br />

V = L⋅<br />

1<br />

1<br />

dt<br />

= L ⋅<br />

£ C<br />

µ N1AC<br />

dφ<br />

⋅<br />

dt<br />

(53)<br />

Consi<strong>de</strong>rando que a indutância <strong>de</strong> um torói<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser calculada como:<br />

2<br />

µ N A<br />

L = C<br />

(54)<br />

C<br />

£<br />

que, substituindo em (53), resulta na equação:<br />

<strong>Circuitos</strong> <strong>de</strong> corrente alternada 26


dφ<br />

V 1 = N 1 ⋅<br />

(55)<br />

dt<br />

Embora esta equação tenha sido calculada para um núcleo toroidal, ela po<strong>de</strong> ser<br />

generalizada para qualquer geometria <strong>de</strong> núcleo, contanto que o fluxo enlaçado pelo núcleo<br />

não sofra espraiamento e seja constante em C .<br />

A tensão induzida no indutor 2 será gerada pela variação do fluxo magnético dφ/dt no<br />

circuito magnético. Para calculá-la, vamos utilizar a lei <strong>de</strong> Faraday.<br />

∫<br />

m<br />

dφ<br />

E ⋅ d =<br />

(56)<br />

¢ dt<br />

¡ ¢<br />

on<strong>de</strong> m é o comprimento <strong>de</strong> uma espira no circuito 2.<br />

Consi<strong>de</strong>rando que o circuito magnético possui elevada permeabilida<strong>de</strong>, ou seja,<br />

dφ d d<br />

φ1 = φ2<br />

= φ e, consequentemente, 1 φ φ<br />

= 2 =<br />

dt dt dt<br />

, <strong>de</strong> modo que:<br />

ou seja,<br />

N<br />

dφ<br />

E ⋅ d = V = N ⋅<br />

∫ 2 2<br />

(57)<br />

¢ dt<br />

2 ¡ ¢<br />

m<br />

dφ<br />

V 2 = N 2 ⋅<br />

(58)<br />

dt<br />

À partir das equações (55) e (58), po<strong>de</strong>mos escrever a relação entre as tensões V 2 e V 1 :<br />

V 2 N =<br />

2<br />

(60)<br />

V1<br />

N1<br />

Para o cálculo da relação entre as correntes i 2 e i 1 ., po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar que o fluxo<br />

nos dois indutores é aproximadamente idêntico, <strong>de</strong> modo que:<br />

da qual vem que:<br />

ou seja:<br />

µ N1 i1<br />

AC<br />

µ N 2i2<br />

AC<br />

=<br />

(61)<br />

C<br />

C<br />

N 1i1<br />

= N2i2<br />

(62)<br />

i2<br />

N1<br />

=<br />

i1<br />

N 2<br />

(63)<br />

<strong>Circuitos</strong> <strong>de</strong> corrente alternada 27


As equações (60) e (63) são empregadas para o cálculo <strong>de</strong> um transformador i<strong>de</strong>al, isto<br />

é, um transformador para o qual:<br />

(a) O fluxo da bobina secundária é totalmente enlaçado pelo fluxo na bobina primária;<br />

(b) Não há perdas no ferro e nem nos condutores;<br />

(c) O núcleo não está saturado e a sua permeabilida<strong>de</strong> magnética é linear com relação ao<br />

campo magnético H.<br />

Po<strong>de</strong>mos observar que quando o número <strong>de</strong> espiras no primário é maior do que no<br />

secundário, o transformador abaixa a tensão e eleva a corrente no secundário e vice-versa.<br />

<strong>Circuitos</strong> RL<br />

O elemento <strong>de</strong> circuito indutor é comumente empregado juntamente com o resistor<br />

como filtro para sinais <strong>de</strong> alta freqüência em analogia com os circuitos RC e também na<br />

mo<strong>de</strong>lagem <strong>de</strong> circuitos <strong>de</strong> potência como motores , geradores e transformadores, acoplados a<br />

cargas resistivas.<br />

R<br />

V i<br />

L<br />

i<br />

Fig. 34<br />

Circuito RL em série<br />

A equação que <strong>de</strong>screve o circuito da Fig. 34 po<strong>de</strong> ser expressa como:<br />

di<br />

Ri + L = V i<br />

(64)<br />

dt<br />

Para obtermos a solução da equação diferencial ordinária (64), vamos estabelecer dois<br />

tipos <strong>de</strong> estímulo em V i : a função <strong>de</strong>grau e a função senoidal. Enquanto no primeiro tipo <strong>de</strong><br />

estímulo vamos resolver analiticamente (64), no segundo tipo, o tratamento será o mesmo<br />

aplicado para o circuito RC senoidal, isto é, solução por fasores.<br />

Resposta do circuito RL série ao <strong>de</strong>grau.<br />

Novamente, consi<strong>de</strong>remos a função V i como<br />

matematicamente como:<br />

a função <strong>de</strong>grau, <strong>de</strong>finida<br />

<strong>Circuitos</strong> <strong>de</strong> corrente alternada 28


⎧ 0, t ≤ 0<br />

Vi = ⎨<br />

(65)<br />

⎩VS<br />

, t > 0<br />

o que representa uma excitação constante V 0 a partir do instante inicial t = 0. O gráfico da<br />

Fig. 35 apresenta a função <strong>de</strong>grau.<br />

Vi<br />

V<br />

S<br />

0 t = 0<br />

t<br />

Fig. 35<br />

Gráfico da função <strong>de</strong>grau<br />

Em t = 0, a corrente aplicada ao circuito é armazenada no indutor na forma <strong>de</strong> campo<br />

magnético, em analogia à carga acumulada no capacitor no circuito RC. A equação diferencial<br />

(64) po<strong>de</strong> ser integrada por separação <strong>de</strong> variáveis, como:<br />

cuja solução é dada por:<br />

na qual:<br />

i<br />

∫ di =<br />

∫<br />

⎛ Vs<br />

⎞<br />

⎜<br />

0 ⎝ R<br />

− i⎟<br />

⎠<br />

t<br />

0<br />

−t<br />

/ τ<br />

( 1 − e )<br />

R<br />

L<br />

dt<br />

(66)<br />

Vs<br />

i =<br />

(67)<br />

R<br />

L<br />

τ =<br />

(68)<br />

R<br />

é a constante <strong>de</strong> tempo do circuito RL. A tensão sobre o indutor é calculada a partir da<br />

equação:<br />

di<br />

dt<br />

− / τ<br />

V = =<br />

t<br />

L<br />

L VSe<br />

(69)<br />

As Figuras 36 e 37 apresentam as curvas <strong>de</strong> corrente normalizada (i/i 0 , on<strong>de</strong> i 0 = V S /R)<br />

e <strong>de</strong> tensão sobre o indutor normalizada (V L /V S ) versus tempo normalizado (t/τ). A resposta<br />

do circuito RL é semelhante à do circuito RC para um estímulo na forma <strong>de</strong>grau. Entretanto,<br />

algumas diferenças cumpre enfatizar: primeiro, a corrente vai <strong>de</strong> zero até o valor em regime,<br />

pois quando a tensão <strong>de</strong>grau é aplicada, i = 0 e di/dt = máximo; segundo, a força eletromotriz<br />

induzida sobre o indutor (V L ) é alta no início mas, à medida que V L diminui, a corrente<br />

aumenta e, concomitantemente, di/dt <strong>de</strong>cresce (pois, V L = Ldi/dt). Ambas as curvas<br />

apresentam comportamento exponencial (crescimento na corrente e <strong>de</strong>caimento na tensão).<br />

<strong>Circuitos</strong> <strong>de</strong> corrente alternada 29


No circuito RL, a constante <strong>de</strong> tempo τ = L/R <strong>de</strong>termina a taxa <strong>de</strong> crescimento e <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>caimento da curva exponencial, <strong>de</strong> maneira análoga à constante τ = RC no circuito RC.<br />

1,0<br />

0,8<br />

<strong>Corrente</strong> normalizada, i/i 0<br />

0,6<br />

0,4<br />

0,2<br />

0,0<br />

0 1 2 3 4 5 6 7<br />

tempo em constante τ = L/R<br />

Fig. 36 Curva <strong>de</strong> corrente normalizada em função do tempo t/τ para o circuito RL em série.<br />

1,0<br />

Tensão normalizada, V L<br />

/V S<br />

0,8<br />

0,6<br />

0,4<br />

0,2<br />

0,0<br />

0 1 2 3 4 5 6 7<br />

tempo em constante τ = L/R<br />

Fig. 37 Curva <strong>de</strong> tensão normalizada sobre o indutor para o circuito RL em série.<br />

Resposta do circuito RL série à excitação senoidal.<br />

O circuito RL comporta-se como um circuito divisor <strong>de</strong> tensão <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da<br />

freqüência. Para uma corrente <strong>de</strong> excitação senoidal (i L = i 0 sen ωt), a tensão V L sobre o<br />

indutor aumenta com a freqüência, pois:<br />

<strong>Circuitos</strong> <strong>de</strong> corrente alternada 30


V<br />

di<br />

o<br />

= L = ωLi<br />

0<br />

cosωt<br />

= ωLi<br />

0<br />

sen( ωt<br />

90 )<br />

(70)<br />

dt<br />

L<br />

+<br />

Esta equação estabelece que a tensão está adiantada 90 o em relação à corrente. Este<br />

comportamento é exatamente o oposto ao do circuito capacitivo, no qual a tensão está<br />

atrasada 90 o em relação à corrente.<br />

A reatância indutiva X L é <strong>de</strong>finida como:<br />

X L<br />

= ωL<br />

(71)<br />

A impedância <strong>de</strong> um indutor i<strong>de</strong>al é expressa como:<br />

Z<br />

L<br />

= jX = jωL<br />

(72)<br />

L<br />

que é representado em notação fasorial como:<br />

Z<br />

L<br />

90<br />

o<br />

= X<br />

L∠<br />

(73)<br />

Para um circuito RL em série, po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>senvolver as expressões para o ganho <strong>de</strong><br />

tensão e para o ângulo <strong>de</strong> fase <strong>de</strong> maneira análoga ao circuito RC. Se o fasor <strong>de</strong> tensão V in for<br />

expresso como:<br />

e a impedância do circuito RL como:<br />

V<br />

o<br />

in<br />

= V1∠0<br />

2 2<br />

Z = R + jX = R + X ∠arctg(X<br />

/ R)<br />

(74)<br />

L<br />

L<br />

L<br />

Aplicando a expressão:<br />

V<br />

V = ZI ⇒ I = , resulta:<br />

Z<br />

V1 I = ∠ − arctg(X<br />

L<br />

/ R)<br />

(75)<br />

2 2<br />

R + X<br />

L<br />

Como no circuito RC em série, a tensão <strong>de</strong> saída no circuito RL po<strong>de</strong> ser lida <strong>de</strong> duas<br />

formas distintas: sobre o resistor (circuito integrador) e sobre o indutor (circuito<br />

diferenciador), conforme mostrado na Fig. 38.<br />

<strong>Circuitos</strong> <strong>de</strong> corrente alternada 31


V<br />

in<br />

L<br />

V<br />

out<br />

V<br />

in<br />

R<br />

V<br />

out<br />

i<br />

R<br />

i<br />

L<br />

(a)<br />

Fig.38<br />

Circuito RL (a) integrador e (b) diferenciador.<br />

(b)<br />

Quando a tensão é lida sobre o resistor, o ganho <strong>de</strong> tensão do circuito é dado por:<br />

V<br />

V<br />

R<br />

in<br />

R R<br />

R<br />

= = ∠ − arctg(X<br />

L<br />

/ R) =<br />

∠ − arctg( ωL / R) (76)<br />

Z<br />

2 2<br />

2 2 2<br />

R + X<br />

R + ω L<br />

L<br />

A amplitu<strong>de</strong> do ganho é calculada como:<br />

e o ângulo <strong>de</strong> fase por:<br />

V<br />

V<br />

R<br />

in<br />

R<br />

= (77)<br />

2 2 2<br />

R + ω L<br />

φ = −arctg(<br />

ωL / R)<br />

(78)<br />

Quando a tensão é lida sobre o indutor, o ganho <strong>de</strong> tensão se torna:<br />

V<br />

V<br />

L<br />

in<br />

ZL<br />

X<br />

L<br />

o<br />

ωL<br />

o<br />

= = ∠90<br />

− arctg(X<br />

L<br />

/ R) =<br />

∠90<br />

− arctg( ωL / R) (79)<br />

Z<br />

2 2<br />

2 2 2<br />

R + X<br />

R + ω L<br />

L<br />

A amplitu<strong>de</strong> do ganho é calculada como:<br />

e o ângulo <strong>de</strong> fase por:<br />

V<br />

V<br />

L<br />

in<br />

=<br />

ωL<br />

(80)<br />

2 2 2<br />

R + ω L<br />

φ = 90 o − arctg( ωL / R)<br />

(81)<br />

A potência consumida num indutor i<strong>de</strong>al é zero porque, como no caso do capacitor, o<br />

ângulo <strong>de</strong> fase entre a tensão e a corrente é <strong>de</strong> 90 º . Para um indutor real, a potência consumida<br />

é calculada a partir da resistência elétrica do fio utilizado no enrolamento da bobina.<br />

<strong>Circuitos</strong> <strong>de</strong> corrente alternada 32


Como a reatância indutiva é <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da freqüência e como um indutor real possui<br />

resistência, uma proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>nominada fator <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> Q <strong>de</strong> um indutor é <strong>de</strong>finida e é<br />

expressa como:<br />

X<br />

L<br />

Q = (82)<br />

R<br />

Quanto maior o fator <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> para uma dada freqüência, menor será a resistência<br />

elétrica da bobina.<br />

<strong>Circuitos</strong> LC<br />

Os circuitos LC são comumente empregados em filtros <strong>de</strong> alta freqüência e também<br />

em circuitos sintonizados, principalmente em transmissão <strong>de</strong> sinais <strong>de</strong> rádio-freqüência. Eles<br />

apresentam como principal característica a ressonância, isto é, a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> amplificar um<br />

sinal a uma dada freqüência <strong>de</strong> sintonia, daí o fato <strong>de</strong> serem largamente utilizados em<br />

circuitos <strong>de</strong> recepção <strong>de</strong> sinais <strong>de</strong> rádio, nos quais os sinais fora da freqüência <strong>de</strong> ressonância<br />

são filtrados e o sinal na freqüência <strong>de</strong> ressonância é ampliado.<br />

Existem dois tipos <strong>de</strong> circuitos LC: série e paralelo. Ambos os circuitos são<br />

constituídos por um capacitor e um indutor. A Fig. 39 apresenta os circuitos LC série e<br />

paralelo.<br />

L<br />

C<br />

L<br />

C<br />

(a) (b)<br />

Fig. 39<br />

<strong>Circuitos</strong> LC (a) série e (b) paralelo.<br />

A ressonância ocorre quando as reatâncias indutiva e capacitiva forem iguais,<br />

X L = X C , ou seja,<br />

1<br />

1<br />

L<br />

ω<br />

2<br />

ω = ⇒ =<br />

(83)<br />

ωC<br />

LC<br />

Para uma dada combinação <strong>de</strong> L e C, isto ocorrerá somente em uma única freqüência,<br />

que po<strong>de</strong> ser calculada <strong>de</strong> (83), sabendo que f = ω/2π:<br />

<strong>Circuitos</strong> <strong>de</strong> corrente alternada 33


f 0<br />

1<br />

= (84)<br />

2π<br />

LC<br />

Chamamos <strong>de</strong> ressonância ou freqüência <strong>de</strong> ressonância, a freqüência <strong>de</strong> oscilação<br />

própria do circuito. A física do processo <strong>de</strong> ressonância po<strong>de</strong> ser explicada em termos simples<br />

através dos circuitos esquemáticos <strong>de</strong>senhados na Fig. 40.<br />

Vamos supor que, inicialmente, uma tensão seja aplicada entre os terminais do<br />

capacitor. Quando isto ocorrer, o capacitor se carregará (Fig. 40a). A energia armazenada no<br />

capacitor na forma <strong>de</strong> energia elétrica U E é expressa como:<br />

1<br />

2<br />

2<br />

U<br />

E<br />

= CV<br />

(85)<br />

Consi<strong>de</strong>remos, agora que o capacitor está carregado, que a tensão <strong>de</strong> alimentação seja<br />

removida. Quando a tensão for retirada, o capacitor terá o potencial V, que conectado a um<br />

indutor <strong>de</strong>scarregado, ten<strong>de</strong>rá a anular o potencial elétrico, gerando uma corrente através do<br />

indutor (Fig. 40b). Esta corrente induzirá um campo magnético quando circular pelo indutor.<br />

Quando o potencial no capacitor for zerado, toda a energia do circuito estará armazenada no<br />

indutor na forma <strong>de</strong> energia magnética U B (Fig. 40c):<br />

1<br />

2<br />

2<br />

U<br />

B<br />

= Li<br />

(86)<br />

Quando a corrente cessar, o campo magnético começará a diminuir, criando assim por<br />

indução nas espiras do indutor, uma corrente contrária à que lhe criou. Esta corrente carregará<br />

o capacitor com polarida<strong>de</strong> contrária a anterior. Observe o sentido das setas das linhas<br />

equipotenciais elétricas no capacitor nas Fig. 40d e 40e. Quando o campo magnético se findar,<br />

a corrente <strong>de</strong>ixará <strong>de</strong> circular e o capacitor estará carregado (Fig. 40e).<br />

Novamente, o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarga do capacitor e <strong>de</strong> carga do indutor é retomado<br />

(Fig. 40f e 40g) e continuará assim, in<strong>de</strong>finidamente. Este tipo <strong>de</strong> circuito oscilador recebe o<br />

nome <strong>de</strong> circuito tanque, pois os elementos capacitor e indutor agem como reservatórios <strong>de</strong><br />

energia. Na prática, circuitos LC são i<strong>de</strong>ais, pois capacitores e indutores reais possuem perdas<br />

e a dissipação da energia na forma <strong>de</strong> calor levará ao consumo da energia fornecida pela fonte<br />

externa no início do processo.<br />

Se medíssemos a variação <strong>de</strong> tensão sobre o capacitor ou o indutor veríamos um sinal<br />

alternado <strong>de</strong> forma senoidal e freqüência própria <strong>de</strong> ressonância. Em freqüências inferiores e<br />

superiores à freqüência <strong>de</strong> ressonância, a impedância do circuito LC série (Fig. 40a) aumenta,<br />

enquanto que a corrente diminui. Da mesma forma, próximo ou igual à freqüência <strong>de</strong><br />

ressonância, a impedância diminui e a corrente aumenta.<br />

Em circuitos ressonantes paralelo (Fig. 40b), próximo à freqüência <strong>de</strong> ressonância, a<br />

impedância aumenta e a corrente diminui. No caso contrário, ou seja, quando a freqüência<br />

estiver distante da freqüência <strong>de</strong> ressonância, a corrente aumentará e a resistência diminuirá.<br />

<strong>Circuitos</strong> <strong>de</strong> corrente alternada 34


Fig. 40 Ciclo <strong>de</strong> oscilação <strong>de</strong> um circuito LC não-dissipativo. Os gráficos <strong>de</strong> barra<br />

representam a energia magnética (U B ) e elétrica (U E ) armazenada, respectivamente, no<br />

indutor e no capacitor (Halliday, 1993).<br />

O grau com que estas mudanças ocorrem com freqüências superiores e inferiores a <strong>de</strong><br />

ressonância é uma medida <strong>de</strong> “habilida<strong>de</strong>” do circuito <strong>de</strong> separar (discriminar) freqüências.<br />

Essa habilida<strong>de</strong> é calculada através do fator <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> do circuito, e que po<strong>de</strong> ser calculado<br />

para circuitos indutivos e capacitivos:<br />

X<br />

Q =<br />

L<br />

ou<br />

R<br />

XC<br />

Q = (87)<br />

R<br />

Acrescentando-se um resistor em série com o circuito série, ou em paralelo com o<br />

circuito paralelo, aumenta-se a faixa <strong>de</strong> passagem ou, em outras palavras, diminui-se o Q.<br />

Referências bibliográficas<br />

DIEFENDERFER, A.J. Principles of electronic instrumentation. Phila<strong>de</strong>lphia, PA: Sau<strong>de</strong>rs<br />

College Publishing, 1979.<br />

HALLIDAY, D., RESNICK, R., WALKER, J. Fundamentals of physics – Exten<strong>de</strong>d with<br />

mo<strong>de</strong>rn physics. New York: John Wiley, 1993.<br />

<strong>Circuitos</strong> <strong>de</strong> corrente alternada 35

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!