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Estudos Paulo Freire - Projeto Guri

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Anexo 2 – Episteme (ciência) e doxa (opinião)<br />

Ciência (gr. episteme; lat. Scientia; in. Science; fr. Science; al. Wissenschaft; it. Scienza).<br />

Conhecimento que inclua, em qualquer forma ou medida, uma garantia da própria validade. A<br />

limitação expressa pelas palavras "em qualquer forma ou medida" é aqui incluída para tornar a<br />

definição aplicável à ciência moderna, que não tem pretensões de absoluto. Mas, segundo o<br />

conceito tradicional, a ciência inclui garantia absoluta de validade, sendo, portanto, como<br />

conhecimento, o grau máximo da certeza. O oposto da ciência é a opinião, caracterizada pela<br />

falta de garantia acerca de sua validade. As diferentes concepções de ciência podem ser<br />

distinguidas conforme a garantia de validade que se lhes atribui. Essa garantia pode consistir:<br />

1) na demonstração; 2) na descrição; 3) na corrigibilidade.<br />

1) A doutrina segundo a qual a ciência prove a garantia de sua validade demonstrando suas<br />

afirmações, isto é, interligando-as num sistema ou num organismo unitário no qual cada uma<br />

delas seja necessária e nenhuma possa ser retirada, anexada ou mudada, é o ideal clássico da<br />

ciência. Platão comparava a opinião às estátuas de Dédalo, que estão sempre em atitude de<br />

fuga: as opiniões "desertam da alma humana, de modo que não terão grande valor enquanto<br />

alguém não conseguir atá-las com um raciocínio causal". Mas, "uma vez atadas, tornam-se<br />

ciência e permanecem fixas. Eis por que a ciência", conclui Platão, "é mais válida do que a<br />

opinião legítima e difere desta pelos seus nexos" (Men., 98 a). A doutrina da ciência de<br />

Aristóteles é muito mais rica e circunstanciada, mas obedece ao mesmo conceito. A ciência é<br />

"conhecimento demonstrativo". Por conhecimento demonstrativo entende-se o conhecimento<br />

"da causa de um objeto, isto é, conhece-se por que o objeto não pode ser diferente do que é"<br />

(An. pr., I, 2, 71 b 9 ss.). Em consequência, o objeto da ciência é o necessário; por isso a<br />

ciência se distingue da opinião e não coincide com ela;<br />

[…]<br />

2) A concepção descritiva da ciência começou a formar-se com Bacon, Newton e os filósofos<br />

iluministas. Seu fundamento é a distinção baconiana entre antecipação e interpretação da<br />

natureza: a interpretação consiste em "conduzir os homens diante dos fatos particulares e das<br />

suas ordens" (Nov. Org., I, 26, 36). Newton estabelecia o conceito descritivo da ciência,<br />

contrapondo o método da análise ao método da síntese. Este último consiste "em assumir que<br />

as causas foram descobertas, em pô-las como princípios e em explicar os fenômenos partindo<br />

de tais princípios e considerando como prova essa explicação". A análise, ao contrário,<br />

consiste "em fazer experimentos e observações, em deles tirar conclusões gerais por meio da<br />

indução e em não admitir, contra as conclusões, objeções que não derivem dos experimentos<br />

ou de outras verdades seguras" (Opticks, III, 1, q. 31).<br />

[...]<br />

3) Uma terceira concepção é a que reconhece, como garantia única da validade da ciência, a<br />

sua autocorrigibilidade. Trata-se de uma concepção das vanguardas mais críticas ou menos<br />

dogmáticas da metodologia contemporânea e ainda não alcançou o desenvolvimento das<br />

outras duas concepções acima; apesar disso, é significativa, seja por partir da desistência de

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