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Sábado, 23:00<br />
Oliver Bourke está preparado.<br />
Uma bolsa com a escova de<br />
dentes, gel para o cabelo e<br />
óculos de sol. “Noitadas<br />
especiais requerem medidas<br />
especiais”, diz. O designer<br />
gráfico de 25 anos, de barba<br />
por fazer, veio aqui festejar<br />
por 30 horas a fio. Porque a<br />
maior balada underground de<br />
Londres, a Fabric, comemora<br />
seus 15 anos com uma festamaratona<br />
até segunda-feira.<br />
Está há uma hora na fila<br />
de 150 metros para a entrada.<br />
“Venho aqui desde que tinha<br />
18 anos. Minha educação<br />
musical foi com os DJs da<br />
Fabric”, conta. “Hoje vamos<br />
ter 20 dos melhores DJs do<br />
mundo na largada: Ricardo<br />
Villalobos, Seth Troxler,<br />
Craig Richards...”<br />
2 3 :0 2<br />
Um edifício vitoriano de três<br />
andares, tijolos à vista, porta<br />
de metal grande e pesada,<br />
acima dela uma placa despretensiosa<br />
com o nome<br />
“fabric”, à frente das grades.<br />
À direita vão entrando os que<br />
têm ingressos, à esquerda<br />
se amontoam os que têm o<br />
nome na lista de convidados.<br />
E aqueles que esperam ter.<br />
“Aqui!”, gritam quatro pessoas<br />
à jovem com maquiagem cintilante<br />
sentada à frente da<br />
porta. Jo Neill, 25, é arquiteta<br />
durante a semana e hostess<br />
da festa no fim de semana.<br />
“Nome”<br />
“Andy Harris.”<br />
“Infelizmente não está<br />
na lista.”<br />
“Mas... Seth Troxler tinha<br />
me prometido...”<br />
“Sinto muito, querido,<br />
por favor, você precisa ir para<br />
a outra fila.”<br />
Em uma noite normal,<br />
Neill tem 300 nomes na sua<br />
lista. Hoje são 842. Quem já<br />
passou por ela passa por um<br />
detector de metais, depois é<br />
revistado pelos seguranças e,<br />
em seguida, passa pela revista<br />
das bolsas.<br />
Domingo, 00:14<br />
O apelido do clube é labirinto<br />
– e por uma boa razão. As três<br />
pistas de dança subterrâneas<br />
estão interligadas por duas<br />
amplas escadarias de tijolos.<br />
Elas são as principais veias de<br />
trânsito do lugar. Entre elas<br />
há balcões, bares, banheiros<br />
e inúmeras escadas de caracol<br />
e corredores estreitos onde<br />
se perder. Não há sinalização.<br />
“Sala 3 Aqui à esquerda,<br />
pelo corredor à direita, suba<br />
a escada. Entendeu”<br />
0 0 :18<br />
Na Sala 3, Keith Reilly está<br />
encostado no bar. Cabelo curto,<br />
barba por fazer, camiseta preta,<br />
55 anos, o chefe da Fabric.<br />
Quando lhe perguntam sobre<br />
o 19 de outubro de 1999, ele<br />
sorri. “A primeira noite foi<br />
uma loucura. Três horas antes<br />
do início ainda não tínhamos<br />
luz”, conta. “No fim da festa,<br />
descobrimos que nenhum de<br />
nós sabia fechar o edifício.<br />
Então, ficamos aqui e continuamos<br />
a festa.”<br />
A ideia de Reilly no começo<br />
era oferecer uma balada<br />
underground de amantes<br />
da música para amantes da<br />
música. “Um lugar no qual<br />
o visitante não fosse julgado<br />
pela roupa que está vestindo”,<br />
diz. “E isso numa época em<br />
que praticamente só havia<br />
clubes almo fadinhas tocando<br />
house insosso em Londres.”<br />
Desde então, 4 mil artistas<br />
já participaram de cerca de<br />
2,6 mil eventos, e mais de<br />
5,43 milhões de pessoas<br />
dançaram no que foi um<br />
fri gorífico um dia. Só para<br />
a festa de aniversário são<br />
esperadas 8,5 mil pessoas.<br />
Em 2007 e 2008, a Fabric<br />
foi considerada a melhor<br />
balada do mundo pela DJ<br />
Magazine. Qual é a receita<br />
para o sucesso Autenticidade.<br />
“Os Guettas e Aviciis da vida<br />
não tocam aqui. Ainda que<br />
esses DJs estrelados e engomadinhos<br />
adorassem ter essa<br />
chance. Nós só trazemos<br />
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