imagem mental e representação social - Escola de Arquitetura - UFMG
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ciência. Por outro lado, a <strong>representação</strong> <strong>social</strong>,<br />
interpretada no espaço físico, revelava<br />
significados opostos aos estereótipos. Santa<br />
Tereza não era como uma cida<strong>de</strong> do interior, pois<br />
não tinha interiorida<strong>de</strong> suficiente para <strong>de</strong>limitar<br />
um ambiente com qualida<strong>de</strong>s ambientais<br />
constantes; não era um bairro <strong>de</strong> boa vizinhança,<br />
pois os moradores já não se conheciam como no<br />
passado <strong>de</strong>vido ao aumento populacional e<br />
estabeleciam entre si uma relação <strong>de</strong> "reserva"( 13<br />
); não era um bairro <strong>de</strong> boemia porque esta<br />
entrava em conflito direto com o uso resi<strong>de</strong>ncial,<br />
sendo gradativamente eliminada; os artistas e<br />
intelectuais referiam-se às lembranças <strong>de</strong> algumas<br />
poucas personalida<strong>de</strong>s que po<strong>de</strong>riam ter morado<br />
em qualquer região da cida<strong>de</strong>, o mesmo ocorrendo<br />
para os heróis <strong>de</strong> guerra que eram combatentes<br />
enviados <strong>de</strong> Belo Horizonte a São Paulo, nas<br />
revoluções constitucionalistas <strong>de</strong> 1930 e 1932, e<br />
moram em toda a cida<strong>de</strong>, não se concentrando<br />
apenas no bairro.<br />
A crítica dos mo<strong>de</strong>los que levavam à formação<br />
<strong>de</strong>sses estereótipos revelou que as "imagens"<br />
constituiam-se em níveis <strong>de</strong> abstração cada vez<br />
maiores, envolvendo aspectos i<strong>de</strong>ntitários e a<br />
memória <strong>social</strong>, e a conclusão é que o termo<br />
<strong>imagem</strong> se tornava uma polissemia. Assim,<br />
muitas vezes o que estava em jogo era a<br />
<strong>representação</strong> <strong>social</strong> dos moradores que<br />
ultrapassava as dimensões apreensivas,<br />
inserindo-se no universo simbólico da cultura do<br />
lugar. Desta maneira, podia-se compreen<strong>de</strong>r a<br />
aparente cumplicida<strong>de</strong> entre a mídia jornalistica e<br />
os <strong>de</strong>mais habitantes da cida<strong>de</strong> em compartilhar<br />
idéias sobre o bairro cujos temas visavam reforçar<br />
estórias ou invenções dos moradores a respeito do<br />
lugar e das relações das pessoas. Os aspectos<br />
consi<strong>de</strong>rados "bons" pela população do bairro e da<br />
cida<strong>de</strong> passavam a ser evocados e incorporados à<br />
realida<strong>de</strong>, mesmo que histórica e<br />
docu<strong>mental</strong>mente não fossem comprovados os<br />
fatos <strong>de</strong> que eram conseqüências. As invenções<br />
adquiriam, assim, o status <strong>de</strong> realida<strong>de</strong> e eram<br />
agregadas aos valores mais bem cultivados pelos<br />
moradores do bairro. A <strong>representação</strong> <strong>social</strong><br />
passava a ser compartilhada por uma comunida<strong>de</strong><br />
cada vez maior, num processo <strong>de</strong> enraizamento<br />
individual ( 14 )e era utilizada pelos processos<br />
políticos <strong>de</strong> marketing da cida<strong>de</strong>, nos quais se<br />
inserem os responsáveis legais pela preservação e<br />
a<strong>de</strong>quação da área às expectativas criadas.<br />
Em 1996, através da pressão política <strong>de</strong> um<br />
abaixo-assinado dos moradores, a Câmara<br />
Municipal <strong>de</strong> Belo Horizonte <strong>de</strong>cretou que o<br />
Bairro se tornaria uma Área <strong>de</strong> Diretrizes<br />
Especiais ( 15 ). O fato repercutiu positivamente<br />
na mídia como sendo um "auto-tombamento" ,<br />
fato raro e exemplar <strong>de</strong> cidadania. Em 1999, a<br />
Prefeitura resolveu reformar a praça do Bairro, que<br />
segundo os moradores não carecia <strong>de</strong> reformas. O