imagem mental e representação social - Escola de Arquitetura - UFMG

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Page: 2 Foi utilizado um estudo comparado dos registros da pesquisa, num modelo explicativo através da Arquitetura e da Psicologia, buscando-se termos comuns para próximos avanços sobre o assunto. ABSTRACT This study analyzes the relationship between mental image and the social representation of a neighborhood, confronting the environmental perception with conflicts between the urban spaces' physical forms and the population´s social forms. Further, the research revealed that the apprehension of the territory could be interpreted as a group of space situations and stable ideas, made to explain the peculiar relationship between the neighborhood and the rest of the city. The phenomenon included the individual inventions of the local history and the meanings of the space elements, articulating the identity sense and, on the other hand, reinforcing a mental image and a social representation. The latter factors were used for the marketing of the city as part of an administrative process. The conflicts between social forms and the space elements were not noticed by the inhabitants, although they caused a life quality decrease. Thus, the perception is modified by an idea of social representation that does not find its equivalent in the physical space. In this paper, a compared study of the registrations' research was beeing used, creating an explanatory model through Architecture and Psychology, in search for common terms in order to reach future progress within the area. 1. INTRODUÇÃO "O wonder! How many goodly creatures are there here! How beauteous mankind is! O brave new world, That has such people in´t!" "The Tempest", actV, scene 1 Traduzido de SHAKESPEARE, 1996. p. 1157 Em "A Tempestade", última comédia de Shakespeare (1564-1616), o personagem Próspero mantinha sob seu controle a percepção dos demais, de modo que não viam a imagem desolada da ilha onde se encontravam. Em seu lugar, enxergavam uma bela paisagem, habitada por seres amigáveis. A filha de Próspero, Miranda, não contendo a emoção diante das ilusões orquestradas pelo pai, exclamou: "- Que admirável mundo novo!". Essa expressão celebrizou-se, e passou a significar uma percepção equivocada ou, no mínimo, alterada e sob influência de outrem. A ficção de Aldous Huxley (1894-1973), publicada em 1932, utilizou a expressão "Brave new world" como título. A obra descreve uma sociedade do futuro que usa o "soma" ( 1 ), droga capaz de provocar alucinações coletivas, permitindo o controle social. Muitos trabalhos científicos também empregam a expressão de Shakespeare nesse sentido ( 2 ) e é notável o aspecto de ingênua ironia que ela contém, pois supõe que alguém possa ter a visão e o
Page: 3 controle do real estado das coisas , enquanto os outros permanecem iludidos. Este estudo de caso trata das relações entre a imagem mental de um bairro e as suas representações sociais. O bairro em questão é uma espécie de "brave new world" , descrito pela imprensa e pela população como um lugar "agradável" e "tradicional" da cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais. Recebeu o nome de "Santa Tereza"( 3 ) depois que seu traçado urbano já estava projetado desde a fundação da cidade, em 1897. Seus limites físicos permaneceram claros no território da cidade e sua área é de 84,292 hectares ( 4 ). Sua população ultrapassa 20.000 habitantes e, em 1991, tinha 3.014 domicílios, dos quais 60% pertenciam aos seus moradores ( 5 ). As narrativas sobre o bairro, obtidas de jornais e de entrevistas com moradores, apresentam cinco significados básicos expressos resumidamente da seguinte forma: Santa Tereza é como uma cidade do interior; Santa Tereza é como um bairro de boa vizinhança; Santa Tereza é como um bairro de boemia; Santa Tereza é como um bairro de artistas e intelectuais; Santa Tereza é como um bairro de heróis de guerra. Foram estudadas as relações entre formas sociais e formas físicas, revelando conflitos que afetam a qualidade de vida dos moradores. Esses conflitos diminuem a habitabilidade dos recintos urbanos, mas não são reclamados pela maioria da população, que superpõe os significados descritos à percepção do ambiente construído. O estudo compreendeu uma crítica sobre a imagem mental e sua relação com as representações sociais no espaço, de modo a permitir algumas explicações mais genéricas para outros setores da cidade que também se apresentam como "novos e admiráveis mundos" à mercê de um markenting e de uma administração alheia ao quotidiano dos seus cidadãos. ( 1 )"Soma", vocábulo sanscrítico que significa um tipo de sumo fermentado usado na Índia, "vinho". Na ficção de Aldous Huxley o Soma tem propriedades antidepressivas e, quando usado em grandes quantidades, alucinógenas ( 2 )Há muitas referências sobre o emprego da expressão, dentre as quais destacam-se ALKINS (1957) e STAFFORD (1995) ( 3 ) Cf. SOUZA, 1998. O nome indica a semelhança com o bairro de mesmo nome no Rio de Janeiro, na narrativa dos moradores. ( 4 ) Área considerada no censo de 1991 como oficial. As narrativas populares colocam a área do bairro na casa de 120 hectares. Dados para a população considerada em 10.761 habitantes, no censo de 1991(Prodabel). ( 5 ) Dados para a população considerada em 10.761 habitantes, no censo de 1991(Prodabel).. 2. FUNDAMENTAÇÃO
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