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estudando e avaliando atividades pedagógicas em ... - Univates

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IV ENCONTRO IBERO-AMERICANO DE COLETIVOS ESCOLARES E REDES DE PROFESSORES QUE FAZEM INVESTIGAÇÃO NA SUA ESCOLA<br />

ESTUDANDO E AVALIANDO ATIVIDADES PEDAGÓGICAS EM MATEMÁTICA UTILIZANDO<br />

SOFTWARES MATEMÁTICOS E O AMBIENTE TELEDUC<br />

Ana Cecília Togni A<br />

O Cenário<br />

Este artigo resulta da experiência realizada com alunos da disciplina de Mat<strong>em</strong>ática II<br />

oferecida nos cursos de Administração, Comércio Exterior e Ciências Contábeis, do Centro<br />

Universitário UNIVATES de Lajeado – RS no s<strong>em</strong>estre A/2004.<br />

O grupo de alunos, composto por 50 (cinqüenta) alunos é um grupo heterogêneo, oriundo <strong>em</strong><br />

grande parte de escolas de ensino médio público noturno e procedente de cerca de 30 municípios<br />

que compõe o Vale do Taquari, no centro do Estado do Rio Grande do Sul.<br />

Ao deparar-me com uma turma deste tipo muitas dificuldades encontrei para o<br />

desenvolvimento da prática pedagógica na disciplina de Mat<strong>em</strong>ática II, <strong>em</strong> sala de aula , busquei<br />

então apoio no Grupo de Pesquisa Na Formação de Professores, do qual faço parte e que possui<br />

como enfoque à ‘reflexão da prática docente’, com apoio deste grupo e na troca de experiências com<br />

os colegas tenho refletido muito, sobre meu trabalho pedagógico <strong>em</strong> sala de aula, e através desta<br />

reflexão, buscado alternativas de solução para alguns probl<strong>em</strong>as que tenho percebido entre os<br />

alunos, pois como diz Perrenoud (2002:123): “a análise das práticas só pode causar efeitos reais de<br />

transformação se o profissional se envolver de fato com o processo“.<br />

Procurando este envolvimento pude detectar alguns desses probl<strong>em</strong>as, destaco entre eles:<br />

a) Não entendimento por parte dos alunos o que está escrito <strong>em</strong> textos, probl<strong>em</strong>as, livros,<br />

etc.<br />

b) A não construção de noções básicas de mat<strong>em</strong>ática (que deveriam ter sido construídas no<br />

ensino fundamental e médio).<br />

A<br />

Licenciada <strong>em</strong> Mat<strong>em</strong>ática-UFRGS. Pós Graduada <strong>em</strong> Mat<strong>em</strong>ática-UNISC. Mestra <strong>em</strong> Educação-<br />

UNISINOS. Doutoranda <strong>em</strong> Informática na Educação –UFRGS. Professora de Mat<strong>em</strong>ática no Centro<br />

Universitário UNIVATES – Lajeado-RS.


c) Não buscar fora da sala de aula outras fontes de pesquisa : como livros, artigos, outros<br />

colegas, Internet (nos últimos t<strong>em</strong>pos) ..<br />

d) Além de dificuldades financeiras e de trabalho.<br />

Dessa forma as aulas muitas vezes ficam desinteressantes pois <strong>em</strong> qualquer <strong>em</strong>pecilho, a<br />

desmotivação aflora.<br />

Percebendo isto estou realizando nos dois últimos dois s<strong>em</strong>estres mais especificamente neste<br />

último, algumas <strong>atividades</strong> pedagógicas, que me t<strong>em</strong> proporcionado oportunidades de conhecer<br />

melhor os alunos ouvi-los e assim buscar alternativas de solução para os probl<strong>em</strong>as apresentados.<br />

O que pretendo então descrever neste artigo é o desenvolvimento dessas práticas, b<strong>em</strong> como<br />

a avaliação das mesmas, as interações dos alunos, seus comentários, avanços e dificuldades<br />

apresentadas, levando <strong>em</strong> conta suas idéias prévias a cerca do conteúdo a ser estudado que se<br />

constituiu de álgebra Linear e Programação Linear.<br />

Contextualizando a proposta de trabalho<br />

Na busca dessas alternativas, recorri a teoria de autores que enfocasse trabalho colaborativo<br />

e cooperativo, pois segundo Piaget (1973 p.105):<br />

Cooperar na ação é operar <strong>em</strong> comum, isto é ajustar por meio de novas operações (qualitativas ou<br />

métricas) de correspondência, reciprocidade ou compl<strong>em</strong>entaridade, as ações executadas por cada um dos<br />

parceiros.<br />

Assim também Franco at alii (2004) confirmam que a cooperação é efetivamente criadora e,<br />

quando ela se desenvolve, as regras interiorizam –se, os indivíduos colaboram verdadeiramente e os<br />

líderes só continuam sendo reconhecidos, se encarnar<strong>em</strong>, por seu valor pessoal, o ideal do própio<br />

grupo.<br />

Ao iniciar o s<strong>em</strong>estre então, e como a disciplina é presencial e a utilização de Laboratório de<br />

Informática, não é possível <strong>em</strong> todas as aulas, apresentei aos alunos minha proposta de trabalho que<br />

na ocasião constava das seguintes <strong>atividades</strong>:<br />

a) S<strong>em</strong>inário de Leituras (onde cada aluno lê um livro referente ao seu curso, trabalho ou<br />

voltado para a história da mat<strong>em</strong>ática).A partir das leituras realizadas foram organizados<br />

s<strong>em</strong>inários para a apresentação dos resultados das mesmas, a professora e, aos colegas.<br />

Neste s<strong>em</strong>inário, cada aluno tinha 15’ (quinze minutos) para sintetizar o livro lido; b)<br />

salientar trechos do mesmo que para ele tiveram significado importante e justificar<br />

porque; c)relacionar a aplicabilidade da leitura realizada com seu curso, seu trabalho, sua


vida e com a disciplina de mat<strong>em</strong>ática, para esta apresentação deveriam ser utilizados<br />

softwares como Power Point ou equivalentes. Em cada s<strong>em</strong>inário, por sorteio prévio três<br />

alunos avaliavam o colega, assim todos seriam apresentadores e avaliadores.<br />

b) Uso do ambiente Teleduc, (Ambiente virtual Educacional) nos espaços de:<br />

−<br />

−<br />

−<br />

−<br />

−<br />

−<br />

−<br />

−<br />

Agenda, onde era colocada a programação das aulas.<br />

Leituras, onde eram sugeridos livros e textos que continham assuntos<br />

referentes ao conteúdo a ser estudado.<br />

Material de Apoio, secção onde eram colocados textos elaborados pela<br />

professora ou de outros autores sobre os t<strong>em</strong>as a ser<strong>em</strong> desenvolvidos nas<br />

aulas.<br />

Atividades, onde eram colocadas as <strong>atividades</strong> propostas para execução à<br />

distância ou no Laboratório de Informática e/ou sala de aula.<br />

Parada Obrigatória, onde eram colocados materiais referentes a avaliações,<br />

e outras questões relacionadas ao desenvolvimento da disciplina.<br />

Fórum de Discussão, onde cada um pode expor seus probl<strong>em</strong>as e<br />

dificuldades, que pode ser compartilhado com todos os colegas ou somente<br />

com a professora. Neste espaço eles também avaliavam as aulas e é onde<br />

busquei subsídios para a programação da aula seguinte. Aqui também foi<br />

possível desenvolver um laço afetivo maior pela intimidade que foi possível<br />

criar e que muitas vezes na sala de aula não pode acontecer, pois não há<br />

t<strong>em</strong>po para atender todos os alunos individualmente quando a turma é muito<br />

grande como era o caso aqui.<br />

Diário de Bordo, local onde os alunos escrev<strong>em</strong> das suas dificuldades, dos<br />

seus avanços, realizam seus comentários mais particulares.<br />

Portofólio, uma espécie de caderno eletrônico, onde são armazenados os<br />

materiais dos alunos b<strong>em</strong> como seus comentários a respeito deles, respostas<br />

de exercícios etc. Cada um desses materiais foi analisado posteriormente por<br />

mim e comentado e reenviado para correção, permitindo um feedback<br />

constante.


−<br />

As avaliações presenciais no Laboratório de informática ou à distância<br />

utilizando softwares com exercícios programados pela professora, também<br />

eram disponibilizadas nesta secção do ambiente.<br />

c) Trabalhos colaborativos <strong>em</strong> grupos pequenos <strong>em</strong> sala de aula (três alunos por grupo) e<br />

no laboratório de informática (dois alunos por máquina) aqui utilizando softwares<br />

mat<strong>em</strong>áticos como Winplot, Graphmat, Winmat, Projeto Gauss, e outros softwares como<br />

Hot Potatoes (que pode ser utilizado <strong>em</strong> disciplinas diversas).<br />

d) A realização de tarefas avaliativas utilizando esses recursos tecnológicos e não mais da<br />

forma tradicional da prova realizada <strong>em</strong> sala de aula caracterizada pelo “dia da prova”,<br />

mas <strong>atividades</strong> diversificadas distribuídas ao longo das aulas.<br />

A primeira reação dos alunos foi até talvez de espanto, alguns apresentaram preocupação<br />

com o uso do computador, pois não tinham tido muito acesso ainda, outros festejaram a ausência da<br />

prova, outros ainda preocuparam-se com o uso do ambiente informatizado, pois <strong>em</strong>bora<br />

dominass<strong>em</strong> a máquina era a primeira vez na utilização de um ambiente deste tipo.<br />

Porém ao iniciarmos o trabalho essas dificuldades foram sendo superadas, pois como disse<br />

Gravina (2002) os ambientes informatizados apresentam –se como ferramentas de grande potencial<br />

frente aos obstáculos inerentes aos processos de aprendizag<strong>em</strong> e prossegue citando Papert (1988) “É<br />

a possibilidade de mudar os limites entre o concreto e o formal”.<br />

Impl<strong>em</strong>entando a proposta<br />

Assim, depois dessa conversa inicial, passamos efetivamente a realizar as <strong>atividades</strong><br />

programadas, num primeiro momento tentamos superar as dificuldades apresentadas quanto ao uso<br />

do computador, desconhecimento de softwares e do ambiente educacional, b<strong>em</strong> como também<br />

referente aos conteúdos de mat<strong>em</strong>ática que deveriam ter sido construídos no decorrer do ensino<br />

médio, pois: “Axiomas, definições, teor<strong>em</strong>as e d<strong>em</strong>onstrações dev<strong>em</strong> ser incorporados como<br />

componentes ativos do processo de pensar. Eles dev<strong>em</strong> ser inventados ou aprendidos, organizados,<br />

testados e usados ativamente pelos alunos. Entendimento do sentido de rigor no raciocínio dedutivo,<br />

o sentimento de coerência e consistência, a capacidade de pensar proposicionalmente, não são<br />

aquisições espontâneas”.(Fischbein, 1994).<br />

Passado, o primeiro impacto as <strong>atividades</strong> transcorreram com muito interesse por parte dos<br />

alunos e num diálogo constante.Isto se pode verificar através de mensagens deixadas por eles no<br />

fórum de discussão:


“As aulas estão muito boas, dinâmicas e bastante interativas. Isto é muito legal! Todos ajudam e<br />

aprend<strong>em</strong> juntos, s<strong>em</strong> contar com os s<strong>em</strong>inários de leitura que acho 10” (Eliane Lazaron).<br />

“Estou adorando as aulas de mat<strong>em</strong>ática, elas estão sendo muito produtivas. Por termos aulas<br />

diferenciadas, elas não estão se tornando monótonas, pelo contrário, estão se tornando muito legais. Acho<br />

muito interessante à apresentação de livros pelos alunos. Pois além de aprendermos mat<strong>em</strong>ática, estamos<br />

aprendendo a nos desinibir ao falar <strong>em</strong> público, também ler livros, e a manusear tecnologia computadorizada<br />

através de fazer trabalhos e mandá-los pelo teleduc” (Greice Horn).<br />

“Sabe professora que estes s<strong>em</strong>inários realmente ajudam a gente a deixar de ser inibido, reparei que<br />

após apresentar no s<strong>em</strong>estre passado e também observar os colegas a gente passa a ter uma visão lá da frente<br />

<strong>em</strong> relação à turma diferente da tradicional. Por ser um s<strong>em</strong>inário tenho a impressão de que os alunos se sent<strong>em</strong><br />

mais a vontade do que <strong>em</strong> relação às apresentações de trabalho de outras disciplinas, porque não t<strong>em</strong> aquele<br />

clima ‘tenso’ que geralmente acompanha outras avaliações” (Fábio Mariotti).<br />

Creio haver atingindo com os alunos um padrão de equilíbrio de trocas cooperativas que<br />

toma forma de um sist<strong>em</strong>a de operações recíprocas (Franco at alii, 2004), pois para que haja uma<br />

cooperação real Piaget (1973) afirma que são necessárias as seguintes condições: existência de uma<br />

escala comum de valores, conservação dessa escala e reciprocidade na interação.Pois essas<br />

condições só pod<strong>em</strong> ser viabilizadas na cooperação e não <strong>em</strong> relações <strong>em</strong> que estejam presentes<br />

fatores de egocentrismo e de coação e autoritarismo.<br />

Assim como afirmaram (Deschênes et alii, 1998) o papel assumido pelo aprendiz deve ser<br />

primordial: a aprendizag<strong>em</strong> acontece pela interação que ele estabelece entre diversos componentes<br />

do seu meio ambiente que inclui as informações disponíveis (saberes científicos e saberes práticos).<br />

A natureza e o tipo de interações agilizadas depend<strong>em</strong> da percepção que o indivíduo t<strong>em</strong> dos<br />

diversos componentes.<br />

E, foi dessa forma que procurei desenvolver os s<strong>em</strong>estres letivos nos quais os alunos foram<br />

juntamente com a professora os focos do processo ensino – aprendizag<strong>em</strong> não focados somente num<br />

ou noutro dos agentes envolvidos.<br />

Quanto aos processos avaliativos, eles foram estabelecidos de acordo com as <strong>atividades</strong><br />

realizadas, ou a distancia ou nos laboratórios de informática com os exercícios sendo resolvidos<br />

através de softwares mat<strong>em</strong>áticos próprios para resolução dos conteúdos desenvolvidos e colocados<br />

nos portofólios individuais dos alunos. Cada um deles comentado pela professora, que <strong>em</strong> caso de<br />

erros solicitava retificação e reenvio.Para cada atividade avaliativa era solicitado aos alunos que<br />

após as ter<strong>em</strong> realizado, fizess<strong>em</strong> uma analise sobre as mesmas.Algumas dessas observações são as<br />

seguintes:<br />

“Gostei dessa avaliação foi uma coisa diferente de ser feito” (Jucelaine Bergonci)


“Gostei desse novo tipo de avaliação, apesar de eu não ter muita facilidade com o computador achei<br />

muito interessante a prova de hoje” (Daniel Zeni).<br />

“Achei esse método de avaliação muito bom, pois é uma forma de aprender a lidar com os programas.<br />

Uma boa forma de avaliação” (Mateus Leonhardt).<br />

“Avaliação interessante, modelo novo com tecnologia. Entendo que é um avanço, sairmos do<br />

tradicional para um modelo inovador. Aprend<strong>em</strong>os muito, principalmente por se tratar de mat<strong>em</strong>ática” (Marlon<br />

O. Wendt).<br />

Concluindo<br />

Ao findar cada um dos s<strong>em</strong>estres letivos, após acompanhar, a trajetória dos alunos, avançado<br />

gradativamente, cada um com suas possibilidades e disponibilidades, na busca de sua autonomia,<br />

para a aquisição de habilidades de trabalho cooperativo, e na construção de conhecimentos apoiados<br />

na colaboração creio que não se justifica mais no processo ensino –aprendizag<strong>em</strong> m<strong>em</strong>orizar<br />

conteúdos que muitas vezes estão superados ou pod<strong>em</strong> facilmente acessados pela tecnologia ( que<br />

auxilia na construção de conhecimentos). O que penso e que desejo é que os estudantes<br />

(independent<strong>em</strong>ente do grau de ensino) desenvolvam competências básicas que lhes permitam<br />

adquirir a capacidade de continuar aprendendo.<br />

Referências<br />

CARNEIRO, Raquel. Informática na Educação Representações Sociais do Cotidiano. São<br />

Paulo: Cortez, 2002.<br />

DESCHÊNES, A. J. et alii. Construtivismo e Formação à Distância.Revista Tecnologia<br />

Educacional. v.26(140): 3 –9, Jan/fev/Mar.1998.<br />

FRANCO,Sergio R. K. Interação Em Ambientes Baseados na Web:Uma Reflexão Necessária.<br />

Disponível <strong>em</strong>: . Acesso <strong>em</strong>: 02 jul. 2004.<br />

GRAVINA Maria A. A Educação Mat<strong>em</strong>ática e As Novas Tecnologias da Informação e<br />

Comunicação. Disponível <strong>em</strong>: . Acesso<br />

<strong>em</strong>: 16 ago. 2004.<br />

GRINSPUN, Mirian P. S. (org.) Educação Tecnológica: Desafios e Perspectivas.São Paulo:<br />

Cortez, 1999.


OLIVEIRA, Celina C. COSTA, José W. MOREIRA M. Ambientes Informatizados de<br />

Aprendizag<strong>em</strong>: Produção e Avaliação de Software Educativo.Campinas, São Paulo: Papirus,<br />

2001<br />

PAPERT, S. Logo: computadores e educação. Brasília: Brasiliense, 1988.<br />

PIAGET, Jean. A Epist<strong>em</strong>ologia Genética. Petrópolis, Rio de Janeiro:Vozes, 1973.

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