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Os 70 anos pelos ex-presidentes - ACIL

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OS <strong>70</strong> ANOS PELOS<br />

EX-PRESIDENTES<br />

NESTES <strong>70</strong> ANOS DE HISTÓRIA DA <strong>ACIL</strong>, 25 HOMENS DE NEGÓCIO PRESIDIRAM A ENTIDADE,<br />

SENDO QUE UM DELES INTERINAMENTE. NEM TODOS, OBVIAMENTE, PUDERAM CONTAR<br />

PESSOALMENTE OS CASOS VIVIDOS EM SUA ÉPOCA PARA ESTA EDIÇÃO COMEMORATIVA. AINDA<br />

ASSIM, FOI POSSÍVEL REUNIR 13 DELES PARA NARRAR AS PASSAGENS MARCANTES DE QUANDO<br />

ESTIVERAM À FRENTE DA ENTIDADE. MUITOS DOS CASOS AQUI RELATADOS NÃO CONSTAM EM<br />

ATAS DE REUNIÃO, NEM EM JORNAIS DA ÉPOCA. FORAM LEMBRADOS PELA MEMÓRIA POR<br />

QUEM AJUDOU A FAZER HISTÓRIA E QUE GUARDA UM POUCO DA <strong>ACIL</strong> PARA SI MESMO. UMA<br />

VIAGEM POR TRÊS DÉCADAS DE HISTÓRIA DE ARTICULAÇÃO EMPRESARIAL<br />

BATIZADO NA ASSOCIAÇÃO<br />

“<br />

A estrutura<br />

começou a<br />

tremer. As<br />

paredes<br />

balançavam no<br />

ritmo da<br />

música<br />

”<br />

JORGE HITOSHI KAYAMORI<br />

(1968/69 E 19<strong>70</strong>/71)<br />

PÁGINA 30<br />

Seu Jorge – como ficou conhecido – chegou a Londrina em 1947 ainda como<br />

Hitoshi Kayamori para ser vendedor numa grande loja da época. Filho de japoneses<br />

que vieram para o Estado de São Paulo na terceira grande onda de imigração de<br />

1914, não demorou a conseguir um cargo de confiança na tradicional loja Motosima,<br />

revendedora de produtos Toyota e também de eletrodomésticos. A influência <strong>ex</strong>ercida


na época pela loja que criou o Carnê<br />

Super M-<strong>70</strong> – uma prévia do que seria<br />

hoje o Carnê do Baú – custou ao superintendente<br />

a indicação para candidato<br />

à presidência da então ACL, Associação<br />

Comercial de Londrina. Era 1968 e o<br />

comércio estava fortalecido com os negócios<br />

realizados por vendedores e<br />

compradores de grãos, principalmente<br />

o café.<br />

<strong>ACIL</strong> – SETENTA ANOS DE UNIÃO E LUTA<br />

Já próximo da data de posse do<br />

primeiro mandato, o presidente encarou<br />

o primeiro desafio, o de ser batizado.<br />

Até então, o nome Jorge não constava<br />

no registro de nascimento de<br />

Hitoshi Kayamori, apesar de ter sido a opção dos pais na hora de batizar o filho na<br />

Igreja Católica ainda criança. “O nome brasileiro e o batismo na religião do País<br />

foram formas que meus pais encontraram para ajudar na integração da nossa família”,<br />

diz. Foi só então, aos 41 <strong>anos</strong>, que o Jorge entrou definitivamente para o<br />

registro formal. “Foi uma sugestão de um diretor da Associação. Afinal, ninguém<br />

me chamava de Hitoshi.”<br />

“Foi uma sugestão de<br />

um diretor da<br />

Associação. Afinal,<br />

ninguém me<br />

chamava de Hitoshi.”<br />

Assim, como Jorge Hitoshi Kayamori, pela primeira vez na história da ACL,<br />

um representante da colônia japonesa assumia a presidência da entidade. Foi, aliás,<br />

a colônia quem ajudou – e muito – na reeleição dele. Em 19<strong>70</strong>, ocorreu o tradicional<br />

bate-chapa com o início da votação prevista para as 9 horas. “A propaganda na época<br />

já era um negócio e eu tratei de trabalhar com isso na ocasião”, relata. Feirantes<br />

foram convocados a deixar as barracas e comparecer à sede da ACL às 5 horas para<br />

lotar o anfiteatro e assustar o concorrente. “Um terço dos votos foi dos feirantes.”<br />

A eleição foi ganha e Jorge Kayamori permaneceu na presidência para um<br />

segundo mandato, o último na antiga sede da Associação, o velho prédio de dois<br />

andares da rua Minas Gerais. Uma nova sede, num prédio à altura da importância<br />

<strong>ex</strong>ercida pela Associação, passou a ser obstinação. Ocupavam as salas do andar<br />

térreo algumas das salas de escritório. No primeiro andar, ficavam as salas e o<br />

anfiteatro da ACL e logo acima, mais salas e a tradicional sede do Grêmio Recreativo<br />

Londrinense.<br />

E foi justamente após um baile de carnaval promovido pelo clube que surgiu<br />

a necessidade do novo prédio. “A estrutura começou a tremer. As paredes balançavam<br />

no ritmo da música. A impressão era a de que o prédio ia cair a qualquer<br />

momento”, lembra. O projeto da nova sede foi agilizado e aprovado, mas o início<br />

das obras só aconteceu no mandato do presidente seguinte, Lizandro de Almeida<br />

Araújo.<br />

“No nosso mandato, procuramos atender o pequeno comerciante”, diz. Para<br />

isso, um advogado e um contador foram contratados para atender a demanda.<br />

“<br />

A propaganda<br />

na época já<br />

era um negócio<br />

e eu tratei de<br />

trabalhar com<br />

isso<br />

”<br />

PÁGINA 31


REDEMOCRATIZAÇÃO E O ‘CINCÃO’<br />

“Sempre foi papel<br />

da entidade<br />

acrescentar algo<br />

nas discussões que<br />

envolviam<br />

Londrina”<br />

KENTARO TAKAHARA<br />

(1980/81)<br />

Região de forte e crescente comércio, a Zona Norte, ou os Cinco Conjuntos,<br />

foi tema de debates acirrados na sede da ACL durante o início do planejamento da<br />

área. “Sempre foi papel da entidade acrescentar algo nas discussões que envolviam<br />

Londrina”, afirma o presidente da Associação na época, Kentaro Takahara. Polêmica,<br />

aliás, era uma palavra que fazia parte da história do paulista de Pereira Barreto<br />

desde que decidiu cursar a Faculdade Estadual de Direito de Londrina. Presidente<br />

do Centro Acadêmico Sete de Março, o futuro presidente da ACL fez parte da Comissão<br />

de Constituição da futura Universidade Estadual de Londrina, ainda sob os<br />

olhares atentos e fiscalizadores do regime militar.<br />

Filho de japoneses que chegaram ao Brasil para se dedicar à lavoura, Kentaro<br />

Andei apenas trabalhou na colheita de algodão até os 18 <strong>anos</strong> antes de desembarcar na estação de<br />

três quarteirões trem de Londrina com uma mão na frente e outra atrás. “Andei apenas três quarteirões<br />

e já consegui emprego numa peixaria, em 1958”, diz, ilustrando a época em<br />

e já consegui<br />

emprego numa que a Cidade fervilhava. O trabalho duro e diário não o fez desistir da idéia de<br />

“peixaria<br />

”<br />

cursar Direito. Foi na faculdade que fez contatos e conheceu quem o convidou para<br />

ingressar na ACL. “Seu Nilo (Dequêch) fez o convite para participar da direção<br />

anterior a minha gestão. Éramos amigos de curso”, revela. Na época do convite,<br />

Kentaro Takahara era um bem-sucedido diretor da maior concessionária de máquinas<br />

agrícolas do Brasil, a Transparaná.<br />

PÁGINA 32<br />

“Londrina deve crescer ordenadamente”, pregava o já presidente da ACL nas<br />

reuniões que tratavam dos projetos de construção de casas populares na região de<br />

sítios e fazendas nas proximidades do caminho para o distrito da Warta. Para tentar<br />

convencer o prefeito Antonio Belinati da necessidade de um plano diretor urbano, a


ACL trouxe para Londrina um <strong>ex</strong>poente da arquitetura do Paraná, o então prefeito de<br />

Curitiba Jaime Lerner. “Lerner mostrou a todos que a ocupação urbana daquela<br />

região deveria acontecer aos poucos e mais próxima da cidade. Ao invés da construção<br />

de casas concentradas em apenas uma região, a solução era espalhar essas casas<br />

em grupo de até 50 unidades de forma que a oferta de serviços públicos não fosse<br />

imediata.” Assim, pregava a ACL, o crescimento da região aconteceria naturalmente.<br />

“Infelizmente o prefeito não nos ouviu.”<br />

O embate continuou quando da notícia da privatização do serviço de coleta de<br />

lixo na cidade. “As informações que chegavam até nós não eram as melhores sobre a<br />

forma como isso estava acontecendo. As suspeitas de irregularidades também aconteceram<br />

por ocasião das desapropriações e compras de áreas para fazer as casas<br />

populares na Zona Norte”, afirma. A ACL era o foco das atenções municipais da<br />

época e ainda trazia debates nacionais para a Cidade. Foi no auditório da Associação<br />

que os filiados e simpatizantes do Partido Comunista do Brasil encontraram espaço<br />

para pregar a formação do Comitê de Anistia aos <strong>ex</strong>ilados políticos. A necessidade<br />

da redemocratização do País embalou discursos e encontros semanais num improvável<br />

espaço. “Entendíamos que a causa (redemocratização) não poderia ficar restrita<br />

à luta dos trabalhadores. <strong>Os</strong> comerciantes e empresários também tinham que<br />

participar dessa discussão.”<br />

<strong>ACIL</strong> – SETENTA ANOS DE UNIÃO E LUTA<br />

AS MUDANÇAS NO ESTATUTO<br />

“<br />

A ACL não<br />

poderia ficar<br />

indiferente aos<br />

problemas da<br />

Cidade;<br />

decidimos agir<br />

”<br />

“Precisava mudar,<br />

acabar com a<br />

possibilidade de<br />

reeleição de<br />

presidente”<br />

IGARASSU LANDUCCI LOUZADA<br />

(1986/88)<br />

Por algum tempo o lojista e industrial Igarassu Louzada buscou presidir a<br />

então ACL, a Associação Comercial de Londrina que até então não abrangia os<br />

PÁGINA 33


O horário de<br />

funcionamento<br />

dos bancos<br />

sempre foi<br />

“problema<br />

”<br />

industriais. Quando conseguiu, promoveu mudanças importantes, entre elas a<br />

integração da indústria e a alteração do estatuto da entidade. “Precisava mudar,<br />

acabar com a possibilidade de reeleição de presidente”, <strong>ex</strong>plica.<br />

Igarassu Louzada foi mais um dos muitos que chegaram a Londrina encantados<br />

com a possibilidade de trabalho e prosperidade numa terra nova, em 1951. A<br />

boa fama de cidade próspera atraiu o rapaz de Sertãozinho, cidade do interior<br />

paulista, que trouxe junto a esposa e três filhos. Foi como representante de vendas<br />

que veio a idéia que possibilitou a criação do negócio próprio.<br />

“Eu e o Lizandro (de Almeida Araújo, presidente da então ACL em três oportunidades)<br />

percebemos que havia uma grande dificuldade das lojas daqui em repor<br />

os estoques, já que toda a produção vinha de São Paulo. Decidimos então nós mesmos<br />

fazermos esse trabalho e atender a essa demanda”, diz, informando isso ter<br />

acontecido ainda em 1961. “Particularmente sempre fui contra a reeleição. Achava<br />

que isso levava o presidente a uma rotina ruim, infrutífera. Montei uma comissão na<br />

época que tratou de cuidar do tema e, naturalmente, chegamos à conclusão de que e<br />

reeleição deveria ser proibida.” Até então, quatro <strong>presidentes</strong> haviam permanecido<br />

no cargo graças à reeleição.<br />

A alteração estatutária também proporcionou vantagens econômicas para o<br />

associado e para a entidade. O recém-criado Serviço de Proteção ao Crédito passou<br />

a ser gerenciado pela ACL e não pelo Clube de Diretores Lojistas, como temia a<br />

direção. Isso numa época em que o<br />

cadastro de clientes ainda estava armazenado<br />

em fichas de papel.<br />

Já naquela época, Londrina<br />

convivia com um problema bem atual:<br />

a falta de investimentos estaduais<br />

na segurança. “A ACL não poderia<br />

ficar indiferente aos problemas<br />

da Cidade, por isso decidimos<br />

agir.” Entre os associados da época<br />

foi criado um fundo de contribuição<br />

financeira – de 50 cruzeiros<br />

por associado – que seria destinado<br />

a investimentos em segurança.<br />

“Com esse dinheiro comprávamos<br />

pneus para viaturas da polícia e conseguimos<br />

comprar até motos para<br />

os policiais fazerem a ronda no comércio.”<br />

PÁGINA 34<br />

O que a ACL não conseguiu<br />

foi sensibilizar os bancos a abrir<br />

em horários diferenciados para<br />

atender a demanda da população e<br />

dos comerciantes. “O horário de<br />

funcionamento dos bancos sempre<br />

foi problema. Abriam tarde demais<br />

e fechavam cedo demais. Mas esse<br />

era um problema a ser tratado com<br />

banqueiros. Aí, já viu, né”


Era uma<br />

necessidade<br />

abrir a mente “das pessoas<br />

”<br />

O CENTRO E O SHOPPING<br />

<strong>ACIL</strong> – SETENTA ANOS DE UNIÃO E LUTA<br />

“Sempre fui partidário da<br />

união de forças, que<br />

Shopping e Centro<br />

caminhassem lado a lado”<br />

JOÃO IBRAHIN JABUR<br />

(1990/92)<br />

Um fato em comum entre a maioria dos <strong>presidentes</strong> da <strong>ACIL</strong> ao longo destes<br />

<strong>70</strong> <strong>anos</strong> está na verdadeira briga travada com o Poder Público pela liberdade de<br />

atuação do comércio, conforme acordo feito entre patrões e empregados, e não<br />

como dita a regra do atrasado Código de Posturas do Município. João Jabur passou<br />

não só por isso, mas pela difícil batalha que envolveu os interesses dos comerciantes<br />

do Centro, do recém- inaugurado Shopping Catuaí e de vereadores e prefeito<br />

preocupados com a sobrevivência política. “Dá até um branco tentar lembrar disso<br />

tudo”, brinca.<br />

Na época, o londrinense João Jabur fazia parte de um grupo familiar com<br />

grande influência e ampla área de atuação, desde informática a concessionárias de<br />

veículos e revenda de pneus. Pela primeira vez, ouvia-se falar em programas e debates<br />

para capacitar o empresariado de Londrina. “Era uma necessidade abrir a mente<br />

das pessoas”, afirma. “O mundo dos negócios não podia se resumir a Londrina<br />

ou a São Paulo.”<br />

Graças à influência <strong>ex</strong>ercida na época, João Jabur promoveu um ciclo de<br />

palestras para comerciantes com nomes muito respeitados no Brasil. Vieram para<br />

Londrina o então ministro de economia, Maílson da Nóbrega; o deputado liberal<br />

Roberto Campos; o <strong>ex</strong>-ministro de agricultura Ozires Silva; o consultor Luis Almeida<br />

Marins; o também <strong>ex</strong>-ministro de agricultura Pratini de Moraes.<br />

Até o comandante Rolim de Moura, fundador da TAM, foi vítima dos telefonemas<br />

de João Jabur, mas neste caso, por um outro motivo. “Naquele tempo não<br />

havia vôo de ida e volta no mesmo dia entre Londrina e São Paulo. As empresas<br />

“<br />

O mundo dos<br />

negócios não<br />

podia se<br />

resumir a<br />

Londrina ou a<br />

São Paulo<br />

”<br />

PÁGINA 35


alegavam que dava prejuízo. Fiz uma aposta com o comandante, e disse para que<br />

fizesse o trajeto por três meses seguidos. Se houvesse prejuízo, bancaríamos essa<br />

conta”. Diz. O resultado “Bom, ele nunca ligou de volta.” A amizade entre os dois<br />

rendeu um outro título simbólico para Londrina. A Cidade foi a primeira do interior<br />

do País a receber um Fokker 100 (à época um moderno jato de fabricação holandesa,<br />

que substituía modelos ultrapassados).<br />

A <strong>ACIL</strong> passou também a oferecer treinamentos aos empresários e colaboradores.<br />

A entidade se transformou numa espécie de escola formadora e qualificadora<br />

de mão-de-obra para empresas de vários portes e perfis.<br />

<strong>Os</strong> desafios cresciam à medida dos resultados. A demanda por um Porto<br />

Seco aumentou devido à necessidade da Companhia Cacique de Café Solúvel <strong>ex</strong>portar<br />

com baixos custos, impossível para quem recorria ao Porto de Paranaguá para<br />

despachar cargas para o <strong>ex</strong>terior. O Shopping Catuaí acabara de abrir suas portas.<br />

Entre os comerciantes da área central, o sentimento era de que o shopping representava<br />

uma incômoda concorrência, em especial porque o novo empreendimento<br />

funcionava aos sábados e aos domingos o dia inteiro. “Nunca entendi isso. Sempre<br />

fui partidário da união de forças, que Shopping e Centro caminhassem lado a lado.”<br />

A polêmica era tamanha que até a Igreja Católica entrou no meio. “Foi durante<br />

um domingo, dia do padroeiro da Cidade. O shopping ia abrir e nós também precisávamos<br />

abrir. Dom Geraldo (Agnelo, arcebispo na época) não gostou nada da idéia.”<br />

UM OLHO NO CENTRO E OUTRO NO MUNDO<br />

FARAGE KOURI<br />

(1993/94)<br />

Médico por formação, o industrial do setor de confecções Farage Kouri definiu<br />

como prioridade, quando assumiu a presidência da <strong>ACIL</strong>, desenvolver programas<br />

de aperfeiçoamento e profissionalização do empresário londrinense. Ele <strong>ex</strong>plica<br />

que quase por acaso foi convidado a participar da <strong>ACIL</strong>. “Foi um convite muito<br />

bem feito e aceito com o maior prazer por mim.”<br />

PÁGINA 36<br />

“<br />

Entidade<br />

organizou<br />

missões a<br />

países do<br />

Mercosul e<br />

criou a feira<br />

Londrina Sem<br />

Fronteiras<br />

”<br />

Mas antes do convite para dirigir a entidade<br />

veio primeiro o pedido de ajuda da família.<br />

Farage Kouri atuava havia 14 <strong>anos</strong> em Curitiba<br />

– onde também dava aulas de Medicina – quando<br />

foi convidado para tocar o empreendimento<br />

da família. “Na época, decidimos apresentar um<br />

projeto inovador, precisávamos reunir todos.”<br />

O projeto era a loja de departamentos Gabriela,<br />

inaugurada em 1987 na rua Sergipe. A intenção<br />

era fazer da marca local um nome nacional. Não<br />

deu. E assim, a fábrica de confecções ZKF ganhou<br />

novos rumos.<br />

Foi nessa época que Farage foi chamado<br />

a fazer parte das discussões sobre a próxima<br />

eleição na <strong>ACIL</strong>. O então presidente João Jabur<br />

“A intenção era<br />

fazer do comércio<br />

do Centro um<br />

grande shopping a<br />

céu aberto.”


chamou pessoalmente Farage Kouri a participar dos encontros e o convite para<br />

encabeçar uma chapa passou a ser uma questão de tempo. “Sou muito grato a seu<br />

João. A <strong>ex</strong>periência adquirida ao longo do tempo como presidente da Associação<br />

vou levar comigo o resto da vida.”<br />

Já como presidente da <strong>ACIL</strong>, Farage Kouri definiu como prioridade fortalecer<br />

o comércio central. Parcerias com o Governo do Estado e Prefeitura permitiram<br />

revitalizar o Centro, com a colocação de novos bancos e melhorias no piso do Calçadão.<br />

Com cara nova, o Centro agora precisava de mentalidade nova. A <strong>ACIL</strong> decidiu<br />

então contratar pessoas que atuavam como garis. A tarefa era recolher o lixo jogado<br />

na rua e estimular as boas regras de educação. “A intenção era fazer do comércio do<br />

Centro um grande shopping a céu aberto.”<br />

<strong>ACIL</strong> – SETENTA ANOS DE UNIÃO E LUTA<br />

Para isso era preciso também conquistar novos mercados. Caravanas foram<br />

organizadas pela <strong>ACIL</strong> para levar gente daqui a conhecer o mercado de países do<br />

Mercosul, que surgiu como <strong>ex</strong>poente de novas oportunidades. A Associação criou a<br />

feira Londrina Sem Fronteiras, que em suas edições atraía comerciantes da Argentina,<br />

Chile, Uruguai e Caribe. “Apresentamos duas visões novas de comércio para o<br />

empresário de Londrina. A primeira foi a de orientar, a de ensinar a fazer negócio.<br />

A segunda foi a de mudar a cultura do comerciante daqui, a de torná-lo um comerciante<br />

internacional, com a cabeça de <strong>ex</strong>portador.”<br />

Conseguimos<br />

lotar o<br />

Calçadão com<br />

esse tipo de<br />

“campanha<br />

A ERA DAS LUZES<br />

FRANCISCO NEGRI FILHO<br />

”<br />

(1995/96)<br />

“Mas nem comerciante eu sou!”, alertou por telefone o empresário Francisco<br />

Negri Filho, que atua no ramo imobiliário, ao ser avisado por colegas que seria<br />

indicado para disputar a presidência da <strong>ACIL</strong>. Francisco Negri acabara de abrir<br />

uma firma, contratar uma atendente e se tornar – mais uma vez - comerciante. O<br />

primeiro negócio veio na onda da Jovem Guarda. Nascido em Nova Fátima, então<br />

com 18 <strong>anos</strong> incompletos, Negri abriu, na rua Uruguai, o Nick Bar Tremendão,<br />

famoso pelo bife suculento e pelo bolinho de carne generoso. O crescimento rápido<br />

do negócio o levou a um outro, a compra de imóveis.<br />

Ainda com 17 <strong>anos</strong>, comprou o primeiro<br />

imóvel e ganhou uma lição para a vida toda. “Decidi<br />

trocar um antigo Citroen que tinha por um<br />

terreno no Jardim Bandeirantes. Fui pessoalmente<br />

ver o lugar e fiquei encantado.”<br />

Passado um tempo da troca, decide mostrar<br />

a área para a nova namorada e é surpreendido<br />

com a colocação de tijolos ao redor da<br />

data. “Argumentei que a área era minha, mas de<br />

nada adiantou, pois no registro de imóveis –<br />

termo que desconhecia na época - o meu verdadeiro<br />

terreno ficava numa pirambeira longe dali.”<br />

O caso jamais caiu no esquecimento do rapaz<br />

que aprendeu a lição e algo mais: uma boa<br />

propaganda, quando feita corretamente, pode provocar<br />

milagres.<br />

“Não era nossa<br />

intenção promover o<br />

comércio, mas, sim, a<br />

festa cristã”<br />

PÁGINA 37


Anos depois, já como presidente da <strong>ACIL</strong>, Negri recorreu à imprensa para<br />

divulgar a idéia de iluminar a Cidade. Nascia o Londrinatal, uma campanha da <strong>ACIL</strong><br />

para despertar o espírito natalino nos londrinenses convocados a participar colocando<br />

ao menos uma lâmpada em frente a casa, prédio ou empresa. “Não era nossa<br />

intenção promover o comércio, mas, sim, a festa cristã”, afirma, ao lembrar do<br />

apoio recebido de dom Albano Cavalin, o arcebispo de Londrina na época.<br />

Idéias assim marcaram a gestão. As tradicionais datas comemorativas para o<br />

comércio, como o Dia dos Pais e Dias das Mães, deixaram de <strong>ex</strong>istir para dar lugar<br />

à Semana dos Pais e à Semana das Mães. “Incentivamos os filhos a levar as mães<br />

para tirar fotos e comparar quais deles eram os mais parecidos com elas. Conseguimos<br />

lotar o Calçadão com esse tipo de campanha.”<br />

PAIXÕES: FUTEBOL E NATAL<br />

Lamento não<br />

ter peitado a<br />

briga por uma “sede nova.<br />

ABÍLIO JOÃO DE MEDEIROS JÚNIOR<br />

(1997/98)<br />

O imobiliarista Abílio Medeiros Júnior precisou se enquadrar numa regra<br />

”<br />

básica imposta pela <strong>ACIL</strong> aos que pretendem dirigir a entidade: nenhuma vinculação<br />

com partidos ou programas político-partidários. Ele havia presidido a Codel (Companhia<br />

de Desenvolvimento de Londrina, hoje Idel) e chegou a cogitar a disputa à<br />

Prefeitura. Mas abriu mão da política para disputar a presidência da Associação.<br />

Feita a opção, passou a dividir o tempo entre a imobiliária e o <strong>ex</strong>pediente na<br />

sede da entidade. O primeiro embate veio em meio às discussões sobre a venda da<br />

Sercomtel durante a segunda administração de Antonio Belinati. “Ninguém falava na<br />

época sobre os direitos de quem comprou uma linha telefônica para viabilizar a<br />

companhia <strong>anos</strong> atrás. Por isso, criamos a Aprotel (Associação de Proprietários de<br />

Linhas Telefônicas) para fomentar essa discussão.”<br />

Essa discussão ainda começava a ganhar corpo quando um grupo de proprietários<br />

de emissoras de rádio bateu à porta da <strong>ACIL</strong> dando o alarme. “É preciso<br />

fazer alguma coisa, senão o Londrina vai acabar!” O presidente da <strong>ACIL</strong> foi a campo.<br />

Chamou colegas empresários e comerciantes para<br />

estudar uma forma de ajudar o Tubarão. Alguns<br />

encontros depois, estava criada a SAL (Sociedade<br />

Amigos do Londrina). “Fizemos um baita<br />

time, chegamos à semifinal do Brasileiro da Série<br />

B. Trouxemos jogos importantes para Londrina,<br />

como Palmeiras contra o Corinthians. Divulgamos<br />

a Cidade. Todo mundo ganhou.”<br />

PÁGINA 38<br />

“Isso tudo incrementou o<br />

comércio da Cidade à<br />

noite, trouxe gente de<br />

fora para comprar aqui”<br />

As duas edições do Londrinatal realizadas<br />

na gestão de Medeiros m<strong>ex</strong>eram com a Cidade.<br />

Criada pelo antecessor Francisco Negri Filho,<br />

a campanha foi aprimorada. Casas, edifícios,<br />

lojas, indústrias e locais públicos como o<br />

Lago Igapó e Museu Histórico foram iluminados.<br />

“Fizemos uma parceria com um fabricante de lâmpadas<br />

que se tornou nosso fornecedor oficial. A


cada meta de venda atingida, ganhávamos mais lâmpadas que eram distribuídas<br />

pela Cidade.”<br />

<strong>Os</strong> locais mais iluminados viraram pontos turísticos e a <strong>ACIL</strong> patrocinou a<br />

visitação num ônibus adaptado. Logo a idéia do Londrinatal foi ampliada com a<br />

construção da Casa do Papai Noel na beira do Lago Igapó 1. “Isso tudo incrementou<br />

o comércio da Cidade à noite, trouxe gente de fora para comprar aqui.”<br />

Na época, a história dos 60 <strong>anos</strong> da <strong>ACIL</strong> foi resgatada com o lançamento do<br />

livro Poder Emergente no Sertão, do jornalista Widson Schwartz. Apenas um desejo<br />

ficou para trás. “Gostaria e defendia que a <strong>ACIL</strong> tivesse uma outra sede. Cheguei<br />

até a procurar outros lugares, com estacionamento próprio. Mas o mandato é curto<br />

demais e tive que me envolver com outros assuntos. Lamento não ter peitado essa<br />

briga por uma sede nova.”<br />

<strong>ACIL</strong> – SETENTA ANOS DE UNIÃO E LUTA<br />

PÉS VERMELHOS, MÃOS LIMPAS<br />

VALTER ORSI<br />

(1999 A 2000)<br />

“Não dá pra esquecer: foi da sala da <strong>ACIL</strong> que surgiu o movimento”, afirma o<br />

industrial Valter Orsi ao lembrar da campanha que movimentou Londrina pela<br />

moralização da administração pública. “Tudo o que acontece em Londrina passa<br />

pela <strong>ACIL</strong>.” E em Londrina, na época, não se falava em outra coisa a não ser as<br />

suspeitas de má gestão do dinheiro público durante a gestão do prefeito Antonio<br />

Belinati.<br />

Da vereadora Elza Correia veio o alerta: havia irregularidades nos contratos<br />

terceirizados de poda e capina de áreas públicas. Do Ministério Público veio o<br />

procedimento: investigar os contratos feitos entre Prefeitura e empresas. Das entidades<br />

civis organizadas pela <strong>ACIL</strong> vieram a mobilização popular e as ações de vigília<br />

para que providências urgentes fossem tomadas.<br />

Tudo o que<br />

acontece em<br />

Londrina passa “pela<br />

”<br />

<strong>ACIL</strong><br />

Não sabíamos<br />

o que ia dar,<br />

não tínhamos<br />

certeza de<br />

“nada<br />

”<br />

“Não sabíamos o que ia dar, não tínhamos<br />

certeza de nada.” A retaliação veio rápida.<br />

De uma semana para outra, a indústria fabricante<br />

de balcões frigoríficos de propriedade do presidente<br />

da <strong>ACIL</strong> começou a sofrer uma devassa<br />

fiscal. “<strong>Os</strong> fiscais do Ministério do Trabalho praticamente<br />

começavam a dar <strong>ex</strong>pediente junto com<br />

meus funcionários. <strong>Os</strong> contratos de trabalho foram<br />

todos revistos atrás de alguma irregularidade”,<br />

lembra. “Até montei uma sala<br />

para eles, com café e tudo. Eles<br />

(fiscais) também ficaram constrangidos.”<br />

Nunca foi encontrado nada<br />

irregular na empresa.<br />

O verdadeiro turbilhão por<br />

que passava a <strong>ACIL</strong> e seus<br />

dirigentes não impediu que o<br />

“Decidimos que não<br />

poderíamos deixar<br />

nosso trabalho junto<br />

ao associado cair”<br />

PÁGINA 39


trabalho junto aos associados tivesse prosseguimento. Uma parceria com o Sebrae<br />

permitiu um trabalho de planejamento estratégico. Naquele período foi feita a pesquisa<br />

que revelou o perfil de comércio e negócio nas regiões da Cidade. A partir daí,<br />

ruas e avenidas consolidaram-se na atração de investimentos específicos. A avenida<br />

Santos Dumont passou a ser a avenida dos restaurantes; a rua Guaporé, das lojas de<br />

ferramentas; a Via-Expressa, de autopeças.<br />

A estrutura física da sede foi readequada. As salas ganharam visibilidade e a<br />

informatização ganhou força. O projeto Empreender surgiu em seguida e abriu possibilidades<br />

para que empresários antes concorrentes passassem a atuar como parceiros,<br />

dividindo problemas comuns e buscando soluções em conjunto. A <strong>ACIL</strong><br />

passava por um momento especial. “Decidimos que não poderíamos deixar nosso<br />

trabalho junto ao associado cair. Por isso foi fundamental o trabalho <strong>ex</strong>ercido pela<br />

retaguarda da direção”, afirma. E Orsi tem <strong>ex</strong>periência no assunto. Por dez <strong>anos</strong><br />

conviveu dentro da entidade, participando das diretorias anteriores. Foi esse conhecimento<br />

que permitiu a ele atuar como eixo para a criação do movimento Pés<br />

Vermelhos, Mãos Limpas. “A <strong>ACIL</strong> deu a estrutura que a sociedade precisava.”<br />

“<br />

Poderíamos ter<br />

participado<br />

mais<br />

ativamente do<br />

processo de<br />

influência e<br />

estratégias nas<br />

eleições<br />

municipais<br />

”<br />

A CONSOLIDAÇÃO DE PROJETOS<br />

GEORGE HIRAIWA<br />

(2001/02)<br />

Depois que um verdadeiro furacão de demandas da Cidade passou pela <strong>ACIL</strong><br />

após a criação do movimento Pés Vermelhos, Mão Limpas e a conseqüente cassação<br />

do mandato do prefeito Antonio Belinati, a entidade pôde enfim olhar para si mesma<br />

com outros olhos e consolidar projetos. “Foi uma gestão de continuidade e<br />

consolidação desse trabalho”, afirma George Hiraiwa.<br />

Natural de Uraí, a 60 km de Londrina, o empresário tem uma atuação<br />

diversificada, com negócios de fast-food, telefonia, alimentos e propriedades agrícolas.<br />

De um temperamento discreto, travou<br />

e venceu uma batalha acirrada com a<br />

gigante norte-americana Mac Donalds, da<br />

qual era franqueado.<br />

Na época era dirigente da Associação<br />

dos Lojistas do Catuaí, quando conheceu<br />

diretores da <strong>ACIL</strong>. Por dois <strong>anos</strong><br />

acompanhou os trabalhos de dentro da<br />

entidade como diretor para depois sair<br />

candidato à presidência, depois que o convite<br />

foi feito por colegas de diretoria.<br />

“Essa <strong>ex</strong>periência, além de necessária, foi<br />

fundamental para mim.”<br />

PÁGINA 40<br />

“Foi uma gestão de<br />

continuidade e<br />

consolidação desse<br />

trabalho”<br />

Foi como diretor que George<br />

Hiraiwa viu de perto o surgimento de<br />

projetos importantes, como o Empreender<br />

e a criação do Sicoob, a cooperativa<br />

de crédito formada por comerciantes.<br />

“Em apenas quatro <strong>anos</strong>, o Sicoob de<br />

Londrina já administra R$ 80 milhões em


fundos e se tornou uma ferramenta de desenvolvimento para 2,5 mil associados”,<br />

diz o empresário, que hoje faz parte do quadro de dirigentes da cooperativa.<br />

O Projeto Empreender se tornou conhecido por promover o encontro de<br />

empresários de um mesmo ramo de atuação. Em encontros promovidos pela entidade,<br />

comerciantes têm a oportunidade de debater questões ligadas ao próprio<br />

negócio e trocam <strong>ex</strong>periências sobre os mesmos problemas e as soluções criadas no<br />

dia-a-dia. Hiraiwa gosta de dizer que o projeto pode ser resumido em uma frase de<br />

duas palavras: “Competir somando”.<br />

Como presidente da <strong>ACIL</strong>, foi responsável pela certificação da entidade pela<br />

norma de qualidade ISO 9000. Produtos disponibilizados para associados, como o<br />

Serviço de Proteção ao Crédito, se tornaram ainda mais ágeis e eficazes. Nessa<br />

época também houve o término de reformas estruturais na sede da <strong>ACIL</strong>, com a<br />

entidade obtendo mais espaço, num local otimizado.<br />

“<br />

Essa<br />

<strong>ex</strong>periência,<br />

além de<br />

necessária, foi<br />

fundamental<br />

para mim.<br />

”<br />

<strong>ACIL</strong> – SETENTA ANOS DE UNIÃO E LUTA<br />

Já numa avaliação um pouco mais abrangente do papel histórico da entidade,<br />

George Hiraiwa é rigoroso consigo mesmo. Ao fazer comentários sobre as conseqüências<br />

e a repercussão de posicionamentos tomados no passado, ele pondera: “Poderíamos<br />

ter participado mais ativamente do processo de influência e estratégias<br />

nas eleições municipais. Era necessário <strong>ex</strong>plicitar nossas carências”, afirma, levando<br />

em conta as necessidades do empresariado e da comunidade locais.<br />

PÁGINA 41


GALERIA<br />

NELSON ANTUNES EGGAS – 1945<br />

Nasceu em 06 de junho de 1907 em Jaú, Estado de São Paulo. Veio para<br />

Londrina em 1937. Na época que foi presidente da ACL, era também gerente da<br />

agência do Banco Noroeste do Estado de São Paulo, no qual foi<br />

admitido em julho de 1927, em Pirajuí (SP). Foi transferido para<br />

Londrina em 16 de janeiro de 1937. Pela simpatia e presteza, “o<br />

Nelson do Noroeste”, como era conhecido, foi também o segundo<br />

provedor da Santa Casa de Londrina em 1950/51.<br />

Entrou para a história da ACL a convite de David Dequêch.<br />

Várias vezes foi convidado, mas não aceitava alegando a demanda<br />

de trabalho no banco. Mas, devido à insistência, acabou não resistindo<br />

e foi o primeiro presidente a suceder David Dequêch, em 26<br />

de junho de 1944.<br />

Eggas prosseguiu com uma das grandes campanhas, a<br />

melhoria do transporte ferroviário da antiga São Paulo - Paraná. E<br />

em 27 de novembro de 1945, Eggas relata numa ampla reunião, as<br />

adesões que o movimento recém-deflagrado conquistara junto às cidades de<br />

Arapongas, Cambé, Jataizinho, Uraí, Cornélio Procópio, Santa Mariana, Bandeirantes,<br />

Andirá e Cambará. Quando passou o cargo para João Alfredo de Menezes, já era<br />

um movimento mobilizado e conscientizado.<br />

Faleceu em 21 de agosto de 1976.<br />

JOÃO ALFREDO DE MENEZES (FUNDADOR) – 1946<br />

Nasceu em 18 de junho de 1907 em Dobrada, interior paulista. Veio para<br />

Londrina em 1934. Na época que era presidente da ACL era proprietário da Papelaria<br />

e Tipografia Brasil. Permaneceu neste ramo até se candidatar a prefeito de Londrina.<br />

Disputou com Hugo Cabral, em 1947, perdeu a eleição e, em seguida, resolveu<br />

vender a empresa. Era um idealista. Atuou como contabilista, economista e<br />

jornalista, foi fundador da Banda Musical de Londrina, escriba da Santa Casa de<br />

Londrina e o pioneiro na distribuição de jornais em Londrina, negócio que transferiu<br />

a Meton Araújo de Souza.<br />

A idéia da criação da ACL foi dele e do amigo<br />

Pedro Chocair. Na casa de Menezes, já com o compadre<br />

Dequêch, montou-se o esqueleto da associação.<br />

Por ser o mentor da ACL, ele é homenageado pela <strong>ACIL</strong><br />

como o nome do novo auditório da entidade, no segundo<br />

andar do Palácio do Comércio.<br />

PÁGINA 42<br />

Recebe o cargo de Nelson Antunes Eggas, em<br />

dezembro de 1945. Um fato marcante de sua gestão<br />

foi o movimento já mobilizado e conscientizado e que<br />

ele não deixa o tema esfriar, também se dedicou ao<br />

equilíbrio da entidade e a amenizar a crise dos vagões<br />

na ferrovia. Precisamente no dia 20 de março de 1946,


eúnem-se na ACL o Secretário de Estado da Agricultura, o diretor da Rede Viação<br />

Paraná-Santa Catarina (RVPSC) e os prefeitos de Londrina e Sertanópolis para discutir<br />

o problema. A região precisava naquele tempo de 14 mil vagões para escoar<br />

sua produção, no período de abril a dezembro.<br />

Menezes defrontava-se ao mesmo tempo com outra questão bastante polêmica.<br />

Ele organizara um movimento para estudar e solucionar as graves deficiências<br />

no fornecimento de energia elétrica à Cidade. Memorandos foram enviados aos<br />

governos Federal e Estadual. Como nada foi resolvido, a ACL entrou em juízo contra<br />

o racionamento de energia imposto pela Empresa Elétrica de Londrina, no período<br />

das 18 horas às 7 horas. No dia 05 de setembro, a gota que faltava: Celso Garcia<br />

Cid comunica à entidade (revoltado) que sua luz fora cortada durante a noite, quando<br />

eram reparados os ônibus avariados que tinham acabado de chegar de viagem e<br />

que precisavam estar rodando na manhã seguinte. Por causa disto, a ACL passou<br />

telegrama até para o Presidente da República, oficiando ainda ao prefeito e ao<br />

interventor do Estado.<br />

<strong>ACIL</strong> – SETENTA ANOS DE UNIÃO E LUTA<br />

Faleceu em 25 de agosto de 1959.<br />

JOSÉ BONIFÁCIO E SILVA – 1947 E 1948<br />

Nasceu em 04 de dezembro de 1896, em Joinville, Estado de Santa Catarina. Veio para<br />

Londrina em 1936. Na época em que era presidente da ACL, trabalhava como atacadista de cereais,<br />

vendia para a Refinação de Milhos Brasil. José Bonifácio foi o próximo a dirigir a entidade por duas<br />

gestões, também enfrentou os homens da Rede Viação Paraná Santa Catarina (RVPSC), pois a ACL<br />

era sempre uma parada indigesta para seus opositores.<br />

Por sugestão de seu vice-presidente (posteriormente prefeito de Londrina), Hugo Cabral,<br />

formou-se uma nova comissão para visitar o governador Moisés Lupion, a direção da RVPSC e o<br />

próprio Presidente da República. Por causa das pressões que partiam daqui, Lupion chegou mesmo<br />

a anunciar sua firme intenção de estatizar a rede ferroviária. Bonifácio lembrou que brigaram muito<br />

tempo para conseguir mais trens e estradas. José Bonifácio participou da fundação do Aeroclube, do<br />

Londrina Country Club e do Grêmio Recreativo e Literário Londrinense. Também contribuiu para<br />

a instalação do Tiro de Guerra.<br />

Faleceu em 04 de junho de 1988.<br />

PÁGINA 43


FRANCISCO PEREIRA DE ALMEIDA JÚNIOR – 1960<br />

Nasceu em 30 de outubro de 1896 na Fazenda da Granja, município de Paraíba do Sul, no<br />

Rio de Janeiro. Veio de uma família de grandes fazendeiros plantadores de café; sua vida estaria<br />

sempre ligada a essa atividade. Em 1907 a família o levou para São Paulo, onde concluiu apenas o<br />

curso primário, freqüentando a famosa Escola de Comércio “Álvares Penteado”.<br />

Aprendeu inglês, francês e italiano.<br />

Veio para o Paraná (Jacarezinho, em 1939) como gerente da firma de café<br />

Leon Israel Agrícola e Exportadora Ltda., uma firma americana. Chegou a ser<br />

superintendente do Paraná e Santa Catarina, cargo no qual permaneceu até<br />

aposentar-se. Mudou-se para Londrina na década de 1950, onde passou a se<br />

dedicar <strong>ex</strong>clusivamente ao comércio do café. Foi jornalista, escritor, poeta e, sob<br />

o codinome KiKo, durante 20 <strong>anos</strong> escreveu diariamente a Bola do Dia, na Folha<br />

de Londrina. Foi autor do Hino a Londrina. Atendendo pedido do prefeito<br />

Antonio Fernandes Sobrinho, teve apenas oito dias para produzi-lo.<br />

Foi administrador do Rotary Internacional, presidente da Sociedade Rural<br />

do Paraná, do Londrina Country Club, do Clube dos 21 Irmãos Amigos,<br />

Membro da Academia de Letras, Ciências e Artes de Londrina, pioneiro do café<br />

e incentivador das campanhas beneficentes. Seu projeto era organizar todas as<br />

atividades empresariais locais dentro da ACL, na forma de departamentos.<br />

Ele classificava sua gestão como a de um arrumador de casa, procurando equilibrar a situação<br />

financeira e política. Seu grande objetivo era trazer a Junta Comercial, mas havia muita oposição de<br />

Curitiba, que não queria abrir mão da interessante fonte de renda que era o Norte do Estado.<br />

Faleceu em 13 de janeiro de 1986.<br />

EDÍLIO D’ÁVILA – 1961<br />

Nasceu em 18 de junho de 1909, em Nova Prata, Rio Grande do Sul. Veio para Londrina em<br />

1941. Na época que era presidente da ACL, era também gerente da Casas Fuganti. Foi o fundador<br />

da Associação dos Comerciários e incentivador da plantação de árvores na Cidade. A gestão de Edílio<br />

foi muito bem-sucedida. Com a organização implementada por seu antecessor (Francisco Pereira de<br />

Almeida Júnior), ele pôde criar o Seproc - Serviço de Proteção ao Crédito, projeto que Edílio apresentou<br />

ainda na gestão de Francisco Pereira.<br />

Em 1º de junho de 1960, ele apresentou o estatuto e o regimento interno<br />

do serviço, que desburocratizou as vendas a prazo no comércio, antes onerosas<br />

para o comerciante (com levantamentos intermináveis de informações de cadastro)<br />

e cansativas para o consumidor.<br />

PÁGINA 44<br />

Em agosto de 1960, o serviço tinha os primeiros filiados: Sociedade Comércio<br />

de Café Paranaense (Socafé); Ernesto de Azevedo Souza Filho; Madison<br />

S.A. - Importação e Comércio; Casas Blanc; Viotti & Fonseca Ltda; Móveis<br />

Baldan Ltda; Pegoraro & Cia; Manoel Castello Branco & Filhos; Lojas Líder -<br />

Comércio e Indústria Ltda; A. Puiliero & Cia; Senp S.A. e Irmãos Nakatsukasa.<br />

Outra importante conquista de seu mandato foi a redução de carga de ICM<br />

sobre as empresas.<br />

Faleceu em 09 de janeiro de 1986.


LIZANDRO DE ALMEIDA ARAÚJO – 1962/63, 1964/65 E 1972/73.<br />

Nasceu em 07 de março de 1938, em Vizeu, Portugal. Veio para Londrina<br />

na década de 1950. Tinha uma indústria de cofres de aço para escritórios, a Barão<br />

Cofres, que vendeu em março de 1997. Lizandro tentou fazer parte da Associação<br />

quando fundou a Organização São Jorge, empresa de materiais para escritório, na<br />

década de 1960. Sua proposta não agradou David Dequêch. Ele então recorreu ao<br />

empresário Jabur Abdala. Em seguida, tornou-se membro do Conselho Fiscal da<br />

Irmãos Jabur, que ajudou na sua disputa pela presidência da ACL.<br />

<strong>ACIL</strong> – SETENTA ANOS DE UNIÃO E LUTA<br />

Lizandro foi o primeiro industrial a presidir a Associação Comercial. Enfrentou<br />

acirrada disputa com os comerciantes tradicionais, permanecendo durante<br />

3 mandatos. Ele criou o Departamento Jurídico, o Jornal do Comércio,<br />

novos estatutos e aperfeiçoou o Seproc. Por influência e orientação da ACL, doze<br />

novas associações comerciais foram fundadas na região, o que resultou na criação<br />

do Conselho de Associações Comerciais do Paraná, embrião do que é hoje a<br />

Faciap – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná.<br />

Sua maior obra, no entanto, foi o lançamento do plano de construção do edifício Palácio do<br />

Comércio, que substituiu o antigo prédio da sede.<br />

Faleceu em 11 de novembro de 1999.<br />

CARLOS KLAMAS – 1966/67<br />

Nasceu em 02 de agosto de 1927, na cidade de Curitiba, Estado do Paraná. Veio para a cidade<br />

de Londrina no ano de 1949. Na época que era presidente da <strong>ACIL</strong>, era também diretor-gerente da<br />

empresa Móveis Cimo S.A . Nos dias de hoje é aposentado e <strong>ex</strong>erce o cargo na Coordenadoria de<br />

Administração e Finanças da Universidade Estadual de Londrina. Ele entrou para a ACL como<br />

candidato de conciliação de 02 concorrentes que disputavam a presidência: ACL e ADVB, o candidato<br />

da <strong>ACIL</strong> prevaleceu.<br />

Klamas assumiu numa época em que a economia do País estava bastante combalida, o<br />

período era ainda mais crítico do que o atual, pois o Brasil acabara de emergir de um golpe de Estado.<br />

O crédito era difícil e as empresas minguavam por falta de recursos. Com esta situação e sempre fiel<br />

àquele ímpeto criador dos pioneiros, a ACL, através do presidente Klamas, decidiu então realizar uma<br />

campanha: “Produzir, comprar, vender, eis a solução”.<br />

Houve forte engajamento popular, tanto que a Rádio<br />

Bandeirantes, de São Paulo, deu destaque para a mobilização em<br />

Londrina e levou o movimento para o País todo. Em 1967, a<br />

ACL lançou outra campanha, esta para o Natal. Foram<br />

construídos pinheiros, fincados em vários pontos da Cidade, pintados<br />

de verde e decorados com luzes coloridas. As luzes também<br />

foram espalhadas por toda a Cidade. A idéia surgiu dentro da<br />

ACL, com a participação de comerciantes. O gasto foi de 20 mil<br />

cruzeiros, bancado pela arrecadação das empresas locais e pela<br />

Prefeitura, que tinha à frente Hosken de Novaes.<br />

Klamas faleceu em 16 de abril de 2007.<br />

PÁGINA 45


OLAVO GARCIA FERREIRA DA SILVA – 1974/75 E 1976/77<br />

Natural de Santos, São Paulo, nasceu em 17 de novembro de 1921, veio para Londrina na<br />

década de 1940, com 19 <strong>anos</strong> de idade. Foi advogado, dono de máquinas de café, vereador, deputado<br />

estadual, fez parte da comissão de deputados e, ao mesmo tempo, da equipe do governador Paulo<br />

Pimentel. Foi responsável pela UEL e pela lei que criou a Caapsml. Era empresário desde os 17 <strong>anos</strong>.<br />

Entrou para a história da ACL por influência de Nilo Dequêch, que o incentivou<br />

a ser presidente da entidade. Na época que foi presidente da ACL, era<br />

também diretor da Fipar.<br />

Em sua gestão ele inaugurou o Palácio do Comércio, que ficou pronto<br />

em 30 meses. O prédio foi iniciado e construído durante as duas gestões anteriores.<br />

A preocupação desde a sua posse, que ocorreu no lançamento da pedra<br />

fundamental do Palácio do Comércio, foi acompanhar passo a passo o andamento<br />

das obras e se preparar para a estruturação da nova sede, de acordo com as<br />

<strong>ex</strong>igências da nova realidade que a ACL vivia. Ele recebeu a responsabilidade da<br />

construção do edifício como um verdadeiro desafio.<br />

Enfrentaram muitas dificuldades, mas todas foram vencidas. O tempo<br />

que o trabalho na ACL ficou parcialmente paralisado, devido à construção do<br />

edifício, gerou um novo desafio: dar a toda a região uma nova imagem do que<br />

poderia ser a ACL. E com o intuito de fortalecer a união, em todos os sentidos,<br />

filiaram-se à Federação das Associações Comerciais do Paraná e à Confederação Nacional. Em 1974<br />

a obra foi entregue, e ele cumpriu a sua missão. Olavo Garcia preside a Associação por duas gestões,<br />

passando à história como o mais eloqüente presidente e em cujo mandato foi inaugurado, à época, o<br />

prédio mais moderno do Estado.<br />

Faleceu em 19 de fevereiro de 1982.<br />

EDSON HERINGER – 1984/85<br />

Fluminense de Nova Friburgo, nasceu em 15 de fevereiro de 1926 e chegou a Londrina em<br />

1950. Na época que era presidente da <strong>ACIL</strong>, era industrial do segmento de tecidos. Ele entrou para<br />

a história da Associação depois de muita insistência. Pressionado <strong>pelos</strong> companheiros, acabou aceitando.<br />

Foi eleito em chapa única. De um estilo vigoroso e polêmico, Heringer sempre se manteve<br />

afastado da política partidária e das hostes do Poder, como ele definia, embora não lhe tenham faltado<br />

convites. Alegava que só assim poderia atuar com independência na defesa da ACL.<br />

Para ele, o importante era registrar a lição que a ACL deixava, de dedicação, trabalho organizado<br />

e amor ao País. Com a chegada da Nova República sua postura não mudou seu lema: “Observamos<br />

para entender, analisamos para corrigir e participamos para ajudar; criticamos<br />

construtivamente e brigamos quando necessário”. Espirituoso, tinha sempre<br />

uma frase pronta. Sobre o Congresso Nacional: “É muito divertido, especialmente<br />

quando se trata de economia”. Sobre as polêmicas que gerou: “Sempre<br />

peço perdão pelo que não fiz”. E uma marcante sobre os empresários londrinenses:<br />

“Liderar gente produtiva e dinâmica não é tarefa difícil”.<br />

PÁGINA 46<br />

Uma particularidade que pode ser acrescentada é que ele teve dois vice<strong>presidentes</strong>,<br />

João Trindade e Igarassu Louzada, que não se davam de jeito<br />

nenhum. Viviam brigando, cada vez que o presidente viajava, quando voltava a<br />

situação era dramática. Heringer então resolveu muito fácil: chamou os dois<br />

para uma conversa em seu escritório e disse: “Resolvi o problema de vocês.”<br />

“Como”, perguntaram. “Simples; comprei um par de ferraduras para os dois.”<br />

Faleceu no dia 2 de agosto de 2006.


<strong>ACIL</strong> – SETENTA ANOS DE UNIÃO E LUTA<br />

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