Fazer o download - ACIL
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2<br />
maio de 2013 | www.acil.com.br
EDITORIAL<br />
Os caminhos da liberdade<br />
<strong>ACIL</strong>: Associação Comercial e Industrial<br />
de Londrina. Mas também poderia<br />
ser Associação Comercial e Industrial<br />
da Liberdade. Afinal, não existe<br />
desenvolvimento sem cidadãos livres,<br />
empresas livres, ideias livres.<br />
A liberdade não é um conceito abstrato; ela<br />
só adquire valor definitivo quando aplicada<br />
à vida real. Londrina nasceu e cresceu com<br />
a liberdade de empreender. Por isso, com<br />
grande alegria saudamos a inauguração<br />
do Boulevard Shopping. O fato de ser<br />
inaugurado na região do Marco Zero tem<br />
um significado especial para nossa cidade.<br />
Da mesma forma, saudamos a decisão da<br />
Câmara de Londrina, que defendeu a livre<br />
concorrência e permitiu a instalação do<br />
hipermercado Angeloni na Gleba Palhano.<br />
Se o assunto é a história de Londrina,<br />
não podemos esquecer o Aeroclube,<br />
instituição que há 72 anos ensina a decolar<br />
e a voar. Uma perfeita imagem de liberdade<br />
empreendedora.<br />
A Justiça entendeu que o feriado do dia 20<br />
de novembro – Dia da Consciência Negra<br />
– fere a Constituição. Por decisão do juiz<br />
Marcos José Vieira, o comércio de Londrina<br />
não será obrigado a fechar as portas<br />
nessa data. A decisão garante liberdade<br />
de trabalhar para o varejo londrinense e<br />
evita perdas consideráveis para a nossa<br />
economia. Não adianta apenas lamentar<br />
os erros e mazelas do passado distante; é<br />
preciso projetar o futuro com trabalho e<br />
dignidade.<br />
Mas a liberdade não é amada por todos,<br />
como prova a existência da PEC 37, que<br />
tenta proibir investigações por parte do<br />
Ministério Público. Na opinião da <strong>ACIL</strong>,<br />
trata-se uma tentativa de golpe contra a<br />
democracia. Queremos um MP livre para<br />
trabalhar!<br />
O Centro de Convenções também diz<br />
respeito à liberdade. Com o estudo que<br />
aponta a viabilidade econômica da obra,<br />
a cidade se verá livre das limitações que a<br />
impedem de ser um dos maiores polos<br />
de eventos no Brasil. Sonho da <strong>ACIL</strong> que<br />
começa a se realizar.<br />
Esta é a <strong>ACIL</strong> – com L de Londrina e de<br />
liberdade.<br />
Flávio Montenegro Balan<br />
Presidente da <strong>ACIL</strong><br />
DIRETORIA DA <strong>ACIL</strong> – GESTÃO 2012/2014<br />
Fundada em 5 de junho de 1937<br />
Rua Minas Gerais 297 – 1º andar<br />
Ed. Palácio do Comércio<br />
Londrina (PR) – CEP 86010-905<br />
Telefone (43) 3374-3000<br />
Fax (43) 3374-3060<br />
E-mail acil@acil.com.br<br />
Flávio Montenegro Balan<br />
Presidente<br />
Luiz Carlos I. Adati<br />
Vice-Presidente<br />
Ary Sudan<br />
Diretor Secretário<br />
Fabricio Massi Salla<br />
2º Diretor Secretário<br />
Rogério Pena Chineze<br />
Diretor Financeiro<br />
Rodolfo Tramontini Zanluchi<br />
2º Diretor Financeiro<br />
Marcelo Paganucci Ontivero<br />
Diretor Comercial<br />
Herson R. Figueiredo Júnior<br />
Diretor Industrial<br />
Marcelo Bisatto Cardoso<br />
Diretor de Serviços<br />
Brasilio Armando Fonseca<br />
Diretor de Comércio Internacional<br />
Luigi Carrer Filho<br />
Diretor de Produtos<br />
Fernando Lopes Kireeff<br />
Diretor Institucional<br />
Rosangela Khater<br />
Presidente do Conselho da<br />
Mulher Empresária<br />
CONSELHO DELIBERATIVO<br />
Carlos Alberto De Souza Faria<br />
David Dequêch Neto<br />
Eduardo Yoshimura Ajita<br />
Enio Luiz Sehn Júnior<br />
Fábio Aurélio Mansano Malaré<br />
José Guidugli Júnior<br />
Marcelo Massayuki Cassa<br />
Nivaldo Benvenho<br />
Oswaldo Pitol<br />
Rubens Benedito Augusto<br />
Silvana Martins Cavicchioli<br />
Valter Luiz Orsi<br />
Wellington Moreira<br />
CONSELHO FISCAL<br />
Titulares<br />
Jaime Celeste Ponce<br />
Michel Menegazzo<br />
Gouvêa<br />
Ronaldo Pena Chineze<br />
Suplentes<br />
Marcus Vinícius Bossa<br />
Grassano<br />
Marcus Vinicius Gimenes<br />
Rafael Andrade Lopes<br />
Mercado em Foco é uma publicação da Associação Comercial e Industrial de Londrina. Distribuição gratuita.<br />
Correspondências, inclusive reclamações e sugestões de reportagens, devem ser enviadas à sede da Associação ou pelo<br />
e-mail mercadoemfoco@acil.com.br<br />
Paulo Briguet<br />
Coordenação<br />
Fernanda Bressan<br />
Edição<br />
Suzan Naime<br />
Reportagem<br />
Josoé de Carvalho<br />
Fotografia<br />
Thiago Mazzei<br />
Projeto gráfico<br />
Claudia Motta Pechin<br />
Gerente de Mercado<br />
Liziane T. de Almeida<br />
Analista de Marketing<br />
Colaboradores<br />
Alexandre Sanches<br />
Aurélio Cardoso<br />
Edson Vitoretti<br />
Felipe Brandão<br />
Guto Rocha<br />
Juliana Mastelini<br />
Kalinka Amorim<br />
Thamiris Geraldini<br />
Impressão<br />
Midiograf<br />
Tiragem<br />
8 mil exemplares
Agenda junho 2013<br />
ATENDIMENTO E VENDAS<br />
FINANÇAS MARKETING<br />
GESTÃO DE RH WEB<br />
DIVERSOS<br />
Negociação em vendas<br />
Sidney Kayamori<br />
03 a 05 de junho<br />
19h às 23h<br />
• A venda competitiva no mercado<br />
globalizado<br />
• As qualidades do profissional de vendas<br />
• Estratégia de vendas e negociação<br />
• Fechamento de vendas<br />
Não associados R$160,00<br />
Associados R$80,00<br />
Telefonista e Recepcionista<br />
Antônia Arlete<br />
04 à 07 de junho<br />
19h às 22h<br />
Telefonista<br />
• Importância da Telefonista<br />
• PABX<br />
• A Comunicação Telefônica (Voz,<br />
Calma, Interesse)<br />
• Formas Adequadas de Contato ( Dicas<br />
para bom atendimento)<br />
Recepcionista<br />
• Cargo e responsabilidades<br />
• Ambiente – material – atividades –<br />
cuidados com o equipamento<br />
• O que deve ser evitado<br />
• Qualidade no atendimento – postura<br />
de comportamento<br />
Não associados R$160,00<br />
Associados R$80,00<br />
Venda de serviços<br />
Natasha Bacchi<br />
10 e 11 de junho<br />
19h às 22h<br />
• Entendendo os serviços<br />
• O que as empresas de serviços devem ter<br />
• Apresentação dos serviços<br />
• Personalização<br />
Não associados R$120,00<br />
Associados R$60,00<br />
Proteção ao crédito<br />
Claudia Pechin<br />
11 de junho<br />
10h às 12h<br />
• Informações sobre o novo cenário do<br />
SPC no Brasil<br />
• Treinamento do sistema das consultas<br />
ao SPC<br />
• Detalhamento das consultas e<br />
inclusão e exclusão de inadimplentes<br />
Gratuito – exclusivo para associados<br />
Como estruturar uma loja virtual<br />
Sheila Dal Ry Issa<br />
10, 11, 17, 18 e 24 de junho<br />
19h às 22h<br />
• Modulo 1 – Plataforma e tendências<br />
de negócios<br />
• Modulo 2 – Comportamento on line e<br />
estrutura de atendimento<br />
• Modulo 3 – Indicadores e métricas<br />
• Modulo 4 – Gerando fluxo: Redes<br />
sociais e links patrocinados<br />
• Modulo 5 – Pós venda on line<br />
Não associados R$200,00<br />
Associados R$100,00<br />
Comunicação Assertiva<br />
Cris Mendes<br />
17, 18, 19 e 20 de junho<br />
19h às 22h45<br />
• Por que é importante ser um<br />
profissional Assertivo<br />
• O que impede uma pessoa de ser<br />
Assertiva<br />
• Como não ser Agressivo (a) na<br />
comunicação com o outro;<br />
• Como não ser Passivo (a) na<br />
comunicação com o outro;<br />
Não associados R$200,00<br />
Associados R$100,00<br />
Como gerir benefícios<br />
trabalhistas<br />
Grassano & Associados<br />
18 de junho<br />
19h30<br />
Palestra gratuita para associados<br />
Intensivo em gestão de custos e<br />
formação de preço de venda<br />
Thiago Terzoni<br />
19, 20 e 21 de junho<br />
19h às 23h<br />
• Departamentalização e rateio de<br />
custos<br />
• Critérios de rateio<br />
• Sistema de apuração de custos por<br />
absorção<br />
• Sistema de custeio por atividade -<br />
ABC<br />
Não associados R$280,00<br />
Associados R$230,00<br />
Intensivo de excel empresarial –<br />
básico e intermediário<br />
Luis Fernando Nyznyk<br />
21 e 22 de junho<br />
Dia 21 – 19h às 23h<br />
Dia 22 – 8h30 às 12h e 13h às 17h30<br />
• Células, Pastas e Planilhas<br />
• Criação de fórmulas para cálculos<br />
básicos<br />
Saiba mais:<br />
3374.3000<br />
capacitacao@acil.com.br ou<br />
3374.3082 com Tatiane Goes:<br />
tgoes@acil.com.br<br />
Associação Comercial e Industrial de Londrina<br />
Rua Minas Gerais, 297, 1º andar, Londrina, PR<br />
Av. Saul Elkind, 1820 | Regional Norte<br />
www.acil.com.br<br />
• Soma, Média, Contar Números,<br />
Máximo e Mínimo<br />
• Vínculos de células/planilhas com<br />
referências relativas e absolutas<br />
Não associados R$280,00<br />
Associados R$230,00<br />
Marketing Digital<br />
DBO Marketing<br />
24 a 27 de junho<br />
19h às 23h<br />
• Planejamento de web sites otimizados<br />
• Midias Sociais, em especial Facebook<br />
• Links patrocinados (SEM)<br />
• Monitoramento e Métricas<br />
Para não associados<br />
Até dia 10: R$420,00<br />
Do dia 11 até dia 17: R$480,00<br />
Do dia 18 até dia 24: R$550,00<br />
Para associados e estudantes<br />
Até dia 10: R$300,00<br />
A partir do dia 11: R$350,00<br />
Oratória – técnicas para falar em<br />
público<br />
Maria Cristina Consalter<br />
24 a 27 de junho<br />
19h às 23h<br />
• Auto-imagem do apresentador<br />
• Planejamento da apresentação<br />
• Comunicação verbal e não verbal<br />
influenciando na qualidade da<br />
apresentação<br />
• Técnicas para se comunicar com o<br />
público<br />
Não associados R$260,00<br />
Associados R$130,00<br />
Intensivo de planejamento e<br />
controle do fluxo de caixa e<br />
capital de giro<br />
Rodrigo Giraldelli<br />
25 e 26 de junho<br />
19h às 23h<br />
• Noções gerais de controladoria<br />
• Nova estrutura do balanço e da DRE<br />
• Orçamento empresarial e suas<br />
implicações<br />
• Análise de custos variáveis e fixos nas<br />
empresas<br />
Não associados R$230,00<br />
Associados R$180,00<br />
Curta
ÍNDICE<br />
8<br />
COMÉRCIO DE RUA<br />
SICREDI E BRDE<br />
6<br />
É tempo de renovar ............................................................<br />
Parceiros do desenvolvimento<br />
1m 2<br />
13<br />
Construído pelo “cronograma de Deus” .............................<br />
O MONITOR<br />
17<br />
10<br />
Angeloni: Câmara aprova alteração de zoneamento ........<br />
PROBLEMAS SOCIAIS<br />
Integração busca soluções<br />
NOVA LEI<br />
18<br />
Mudanças domésticas .......................................................<br />
DIREITOS DO CONSUMIDOR<br />
20<br />
Empresas e clientes: discutindo a relação ........................<br />
PEC 37<br />
24<br />
Proposta pode trazer profundas modificações .................<br />
22<br />
TRANSPORTE<br />
26<br />
Negócios sobre duas rodas ................................................ O CENTRO DAS ATENÇÕES<br />
Estudo comprova que o Centro de<br />
EMPRESA FAMILIAR<br />
32<br />
Convenções, uma das principais bandeiras<br />
A arte de administrar negócios de família .......................<br />
da <strong>ACIL</strong>, é uma obra viável e necessária<br />
para Londrina<br />
AEROCLUBE<br />
Há 72 anos, escola de pilotos<br />
36<br />
faz voo paralelo com o desenvolvimento de Londrina ........<br />
MEIO AMBIENTE<br />
38<br />
29<br />
Todo mundo tem e-lixo ......................................................<br />
FEIRAS E EVENTOS<br />
Palco de novas ideias e negócios<br />
ARTIGO<br />
Por que o marxismo<br />
40<br />
prospera apenas nas universidades ...............................<br />
NOTAS DA <strong>ACIL</strong><br />
Arco Norte é apresentado<br />
42 34<br />
a empresa de aeronaves cargueiras .................................<br />
COMPRAS E LAZER<br />
O renascimento do Marco Zero<br />
Associação Comercial e Industrial de Londrina 5
COMÉRCIO<br />
DE RUA<br />
É TEMPO DE<br />
RENOVAR<br />
Entidades começam a discutir nova convenção coletiva.<br />
“Terceiro sábado” ainda divide opiniões<br />
Por Felipe Brandão<br />
Começaram no último dia 30 de abril as<br />
negociações entre entidades ligadas ao<br />
comércio de Londrina para a nova convenção<br />
coletiva (2012/2013), que regulamentará as<br />
relações entre patrões e empregados da área.<br />
A convenção anterior, que expirou na mesma<br />
data, teve por ponto central a liberdade do<br />
varejo de rua de funcionar até as 18h nos três<br />
primeiros sábados de cada mês (de fevereiro<br />
a abril). A questão, que ainda gera polêmica<br />
e divide opiniões, deverá adquirir novos<br />
contornos já neste reinício da discussão.<br />
De acordo com o advogado Ed Nogueira de<br />
Azevedo, a busca permanece tendo como<br />
foco a ampliação do horário de abertura<br />
das lojas. Ele, que representa o Sindicato do<br />
Comércio Varejista de Londrina e Região<br />
(Sincoval), é enfático ao afirmar que o<br />
objetivo é caminhar futuramente para a<br />
desregulamentação total do horário do<br />
comércio em Londrina, o que já é realidade<br />
em muitas capitais do país. “Tanto a<br />
legislação municipal como as convenções<br />
coletivas anteriores limitavam o atendimento<br />
ao público pelo lojista de calçada, e essa<br />
restrição não faz mais sentido. Só dessa<br />
forma o lojista de calçada terá minimamente<br />
condições de competir com os shoppings,<br />
supermercados e o mercado eletrônico, que<br />
crescem a olhos vistos”, aponta.<br />
A pauta de reivindicações da classe laboral<br />
consta de 125 itens, que serão analisados e<br />
debatidos em assembleia geral ao longo das<br />
próximas semanas. Uma das propostas é a<br />
modificação no horário do comércio também<br />
nos dias úteis – as lojas de rua passariam a<br />
atender das 9h às 19h. O sindicato patronal<br />
deverá protocolar ainda nesta semana a sua<br />
pauta de reivindicações, em um contraponto<br />
às solicitações dos trabalhadores que, explica<br />
Nogueira, deverá estabelecer os limites entre<br />
os direitos e deveres negociados.<br />
Segundo o presidente do Sindicato dos<br />
Empregados do Comércio (Sindecolon),<br />
José Lima do Nascimento, as principais<br />
reivindicações dos vendedores são o piso<br />
Ed Nogueira: “Tanto a legislação municipal<br />
como as convenções coletivas anteriores<br />
limitavam o atendimento ao público pelo<br />
lojista de calçada, e essa restrição não faz<br />
mais sentido”<br />
6<br />
maio de 2013 | www.acil.com.br
VAREJISTAS QUE ABRIRAM LOJAS NO TERCEIRO SÁBADO TIVERAM BONS RESULTADOS<br />
salarial de R$ 1,5 mil e aumento de 15%<br />
aos que ganham acima desse valor. Lima<br />
explicou que o sindicato não vê a abertura das<br />
lojas no terceiro sábado como um problema<br />
– o buraco, diz ele, é mais embaixo. “Muitos<br />
empregadores não têm respeitado os direitos<br />
de seus funcionários. Eles não pagam as<br />
horas extras e, o que é pior, não lhes fornecem<br />
alimentação, porque alegam que não está<br />
previsto na convenção. Textualmente, de fato<br />
não está, mas é necessário haver bom senso<br />
para disciplinar esse tópico. Só a partir daí<br />
poderemos falar em abertura do comércio<br />
todos os sábados”, defende ele.<br />
Terceiro sábado:<br />
uma conquista para<br />
o comércio de rua<br />
Durante os últimos três meses em que<br />
a última convenção coletiva esteve em<br />
vigor, muito se falou a respeito do “terceiro<br />
sábado”. O fato é que foram poucos os<br />
comerciantes que lançaram mão do direito<br />
de funcionar até as 18 horas nesse período,<br />
Brasílio Fonseca: “Os<br />
pequenos comerciantes<br />
precisam parar de<br />
enxergar o expediente aos<br />
sábados à tarde como<br />
um problema ou mesmo<br />
como uma opção, mas<br />
como uma obrigação<br />
para com o consumidor<br />
– do contrário, será<br />
automaticamente<br />
engolido pelos segmentos<br />
concorrentes de<br />
mercado”<br />
o que denota uma barreira a ser transposta<br />
na forma de se visualizar a questão.<br />
O diretor de Comércio Internacional da<br />
<strong>ACIL</strong>, Brasílio Fonseca, que abriu sua<br />
loja Bolivar Calçados nos três primeiros<br />
sábados somente no mês de abril e já<br />
obteve bons resultados, acredita que é<br />
preciso criar um hábito no consumidor<br />
de comprar aos finais de semana,<br />
comunicando a ele essa possibilidade numa<br />
linguagem clara e direta. “Algumas pessoas<br />
preferem ir ao shopping simplesmente<br />
pela facilidade de assimilar o horário de<br />
funcionamento – shoppings abrem até<br />
as 22h, todos sabem. Na contrapartida,<br />
o comércio de rua já funciona em um<br />
esquema cheio de exceções, de ora-issoora-aquilo,<br />
e só isso já cansa o consumidor.<br />
Os pequenos comerciantes precisam parar<br />
de enxergar o expediente aos sábados à<br />
tarde como um problema ou mesmo como<br />
uma opção, mas como uma obrigação<br />
para com o consumidor – do contrário,<br />
será automaticamente engolido pelos<br />
segmentos concorrentes de mercado”,<br />
avalia.<br />
As Casas Ajita dedicam-se ao varejo<br />
de calçados no Paraná há 60 anos. O<br />
proprietário da loja, Eduardo Ajita,<br />
conta que seu estabelecimento aderiu ao<br />
esquema do “terceiro sábado” desde o mês<br />
de janeiro – e não se arrepende disso. “Nos<br />
dois primeiros meses, o movimento de<br />
fato foi baixo, até porque as pessoas não<br />
sabiam que estávamos abertos. Porém,<br />
com a arrecadação excelente que tivemos<br />
nos fins de semana de março e abril, já foi<br />
possível sentir que o terceiro sábado tem<br />
sua acolhida entre o público da cidade”,<br />
relata. “As pessoas em geral não têm tempo<br />
para fazer compras nos dias úteis, e quando<br />
percebem que o comércio está aberto no<br />
sábado, elas simplesmente vêm.”<br />
José Lima, do Sindecolon, espera que a<br />
atual negociação não leve tanto tempo<br />
para sair do papel como a anterior – que se<br />
arrastou por nove meses até se transformar<br />
em convenção coletiva. Antes de tudo,<br />
porém, ele aponta que é preciso deixar de<br />
enxergar empregados e patrões como lados<br />
opostos nas negociações. “Sindicato de<br />
empregados e sindicato de empregadores<br />
não são inimigos, são elos entre o capital e<br />
o trabalho. Trabalhador e empregador têm<br />
de caminhar de mãos dadas em busca de<br />
benefícios”, defende.<br />
Ed Nogueira também é otimista quanto ao<br />
futuro das discussões. Com a criação de<br />
uma comissão comprometida em participar<br />
diariamente dos debates – o que não havia<br />
no passado – ele espera que até o final de<br />
junho o acordo já tenha sido definido. “O<br />
que esperamos com isso é manter um<br />
canal permanente de negociação com o<br />
Sindecolon e, através disso, abreviar muito<br />
o período de negociação”, explica.<br />
Associação Comercial e Industrial de Londrina 7
SICREDI E BRDE<br />
PARCEIROS DO<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
Em abril, a <strong>ACIL</strong> firmou convênios que proporcionam acesso ao<br />
crédito com taxas diferenciadas e linhas especiais de financiamento<br />
aos seus associados<br />
Por Susan Naime<br />
O processo de globalização e o boom do<br />
desenvolvimento exigem que todos os<br />
dias empresas dos mais diversos portes e<br />
segmentos invistam em qualidade para<br />
se tornarem cada vez mais competitivas.<br />
Atualmente, o mercado apresenta uma<br />
forma desregulada de concorrência. Uma<br />
gestão empresarial adequada e linhas<br />
de crédito que se ajustem às demandas<br />
dessas companhias são fundamentais<br />
para a sobrevivência deste cenário<br />
moderno.<br />
Crédito com taxas<br />
diferenciadas<br />
Em Londrina, as empresas associadas<br />
à <strong>ACIL</strong> continuam tendo à disposição<br />
linhas de crédito com taxas diferenciadas<br />
para investir e explorar mais os seus<br />
negócios. A vantagem foi proporcionada<br />
pela renovação do convênio entre a<br />
associação e o Sicredi União, no dia 9<br />
de abril, na ExpoLondrina, e fortaleceu<br />
os ideais do cooperativismo e do<br />
Assinatura dos convênios ocorreu na ExpoLondrina no dia 9 de abril<br />
associativismo. Centenas de empresas<br />
já foram beneficiadas pela parceria nos<br />
últimos três anos.<br />
“Essa parceria traz grandes benefícios<br />
aos associados de ambas instituições.<br />
Nessa renovação teremos participação<br />
nas ações ligadas aos comerciantes,<br />
o que pode nos ajudar a fortalecer<br />
o envolvimento com essa classe.<br />
Essa parceria também fomenta o<br />
desenvolvimento dos negócios e<br />
oportuniza aos associados acesso a todos<br />
os produtos e serviços da cooperativa”,<br />
explica o diretor de Desenvolvimento do<br />
Sicredi, Rogério Machado.<br />
A cooperativa coloca à disposição dos<br />
seus clientes uma gama de produtos,<br />
como o capital de giro, crédito retroativo,<br />
desconto de recebíveis, aplicações<br />
financeiras, entre outros. “Hoje, o<br />
produto de maior adesão são as linhas de<br />
crédito, que devido à parceria, têm custo<br />
diferenciado para fomento de negócios.<br />
Mas todos os demais produtos estão à<br />
disposição”, apontou Machado.<br />
O convênio entre o Sicredi e a <strong>ACIL</strong><br />
prevê também a participação e o<br />
patrocínio da cooperativa a eventos<br />
promocionais e de fomento às vendas,<br />
como o Dia das Mães. “No Sicredi<br />
encontramos profissionalismo, espírito<br />
empreendedor e compromisso com<br />
o desenvolvimento das pessoas e<br />
instituições. Podemos dizer, sem medo<br />
de errar, que o Sicredi já faz parte da<br />
história da <strong>ACIL</strong>”, avalia o presidente da<br />
entidade, Flávio Montenegro Balan.<br />
O Sicredi possui seis unidades de<br />
atendimento em Londrina, localizadas<br />
nas avenidas Higienópolis, Tiradentes,<br />
Duque de Caxias, Santos Dumont, Saul<br />
Elkind e no distrito da Warta.<br />
Atendimento<br />
personalizado<br />
Para manter o sucesso adquirido há oito<br />
anos, quando inaugurou a sua marca<br />
no mercado, a Aimê Lingerie inova a<br />
cada dia no segmento de moda íntima,<br />
antecipando as tendências e criando<br />
produtos desenvolvidos com tecidos de<br />
primeira linha. São 60 novos modelos<br />
por mês.<br />
Para facilitar a gestão dos negócios,<br />
o proprietário da empresa, Vinicius<br />
Duque Peinado, apostou em alguns<br />
serviços disponibilizados pelo Sicredi.<br />
“Além dos serviços básicos, utilizamos<br />
também talão de cheques e operações<br />
de desconto de cheques. Através da<br />
cooperativa foi possível descentralizar<br />
de banco, aumentar o número de<br />
pulverizações, de operações, além de<br />
obter melhores condições. As taxas são<br />
muito boas. Eu recomendo”, afirma.<br />
8<br />
maio de 2013 | www.acil.com.br
ASSUMIR ALGO JÁ TESTADO É UMA DAS VANTAGENS DA FRANQUIA<br />
A Aimê Lingerie possui oito lojas<br />
de varejo, três no atacado e seis mil<br />
consultoras de venda em todo o Brasil.<br />
Linhas de financiamento<br />
Expandir negócios e transformar<br />
projetos em realidade muitas vezes<br />
exigem financiamentos de longo prazo.<br />
E para proporcionar comodidade<br />
e segurança aos seus associados,<br />
a <strong>ACIL</strong> e o Banco Regional de<br />
Desenvolvimento do Extremo Sul<br />
(BRDE) formalizaram uma parceria<br />
que visa facilitar o acesso às linhas de<br />
financiamento do banco.<br />
O BRDE já acompanha e apoia o<br />
desenvolvimento de projetos voltados<br />
à agropecuária com o objetivo<br />
de promover o desenvolvimento<br />
econômico da região onde atua. Agora,<br />
quer expandir o segmento de ações<br />
do banco para financiar projetos do<br />
comércio, indústria e prestação de<br />
serviços. “Queríamos fazer isso há<br />
muito tempo e agora aconteceu. O<br />
convênio com a <strong>ACIL</strong> proporciona<br />
uma colaboração recíproca. Esperamos<br />
fortalecer nosso posicionamento em<br />
Londrina e região, além de atender<br />
a todos que têm demanda por<br />
investimento”, explica a gerente de<br />
planejamento do BRDE, Juliana Souza<br />
Dallastra.<br />
A ideia é que a <strong>ACIL</strong> indique o serviço<br />
aos seus associados para que o banco<br />
possa contribuir para a elevação<br />
dos níveis de renda e emprego, além<br />
de aumentar a competitividade de<br />
empreendimentos de todos os portes,<br />
usando como principal instrumento o<br />
crédito de longo prazo.<br />
Para Flávio Balan, a assinatura do<br />
convênio com o BRDE resgata uma<br />
parceria antiga, que irá beneficiar e<br />
otimizar o circuito com a sociedade.<br />
“Esse acesso ao crédito que<br />
nosso associado terá junto a esta<br />
Vinícius Peinado: “Através da cooperativa foi<br />
possível descentralizar de banco, aumentar<br />
o número de pulverizações, de operações,<br />
além de obter melhores condições. As taxas<br />
são muito boas”<br />
importante instituição trará ainda<br />
mais desenvolvimento. É claro que<br />
sempre é importante vir junto com<br />
uma orientação em prol do diferencial<br />
competitivo para que o crédito seja<br />
bem utilizado por nosso associado”,<br />
ressaltou.<br />
A assinatura do convênio também foi<br />
realizada no Parque de Exposições Ney<br />
Braga, no dia 9 de abril.<br />
Associação Comercial e Industrial de Londrina 9
PROBLEMAS SOCIAIS<br />
INTEGRAÇÃO<br />
ENCURTA CAMINHO<br />
NA BUSCA POR SOLUÇÕES<br />
Em sintonia, Prefeitura e Fórum Desenvolve<br />
Londrina se aproximam para promover ações<br />
concretas que aliviem gargalos sociais da cidade<br />
10<br />
maio de 2013 | www.acil.com.br
IDEIA CENTRAL É DAR ATENÇÃO A FAMÍLIAS DESESTRUTURADAS<br />
Por Edson Vitoretti<br />
Entulhos nas calçadas, terrenos com lixo e<br />
indignação. Goteiras em tetos e aquecedores<br />
solares que aquecem mãos, porque dão<br />
choque. Rachaduras recheadas de vergonha.<br />
Ausências... de creches, de posto de saúde,<br />
de escolas, de áreas de lazer, de quebramolas.<br />
Desemprego. Crianças sem leite<br />
por não haver um ponto de distribuição no<br />
local. Na família, violência contra crianças<br />
e mulheres. Nas ruas, adolescentes expostos<br />
à criminalidade. Gente que perdeu móveis<br />
por conta de enchente vinda de bueiro<br />
entupido de descaso.<br />
Problemas não faltam no Residencial Vista<br />
Bela. Uma realidade que causa sensação<br />
de abandono: “A gente enxerga Londrina<br />
como se ela estivesse de costas pra nós”, diz<br />
Sandra Maria de Souza, representante dos<br />
moradores do bairro. Mas essa sensação<br />
pode acabar logo. O Fórum Desenvolve<br />
Londrina, que reúne as 30 maiores entidades<br />
da sociedade londrinense, está se colocando<br />
à disposição do Poder Público para ajudar a<br />
minimizar os problemas sociais, não só do<br />
Vista Bela, mas da cidade como um todo.<br />
O mote para a aproximação veio de um<br />
estudo feito pelo Fórum, em 2011, sobre<br />
adolescentes em conflito com a lei, e numa<br />
experiência de integração de esforços entre<br />
a sociedade civil organizada e a Prefeitura de<br />
Sorocaba (SP). Com o estudo, concluiu-se<br />
que problemas sociais devem ser atacados<br />
em suas causas, e não com medidas<br />
paliativas. “Se queremos mudar esse estado<br />
de coisas, temos que trabalhar na prevenção.<br />
Então o ideal é atacar as causas, é fazer um<br />
trabalho junto às famílias desestruturadas<br />
para que elas tenham uma vida digna”, diz<br />
Cláudio Tedeschi, presidente do Fórum<br />
Desenvolve Londrina.<br />
As conversações entre a sociedade civil<br />
organizada e integrantes da Prefeitura<br />
começaram recentemente. No momento,<br />
a parceria está sendo discutida em<br />
termos de estruturação, coordenação e<br />
formulação de cronograma de atividades.<br />
No Fórum, o Núcleo de Desenvolvimento<br />
Empresarial de Londrina, encabeçado pela<br />
<strong>ACIL</strong>, será o responsável por materializar<br />
as propostas assim como fazer pressão<br />
política, caso necessário. No Poder Público,<br />
a estruturação da parceria gira em torno de<br />
Gerson Guariente: “Se você<br />
envolve toda a comunidade e<br />
dá condições, ela avança muito<br />
rápido”<br />
um trabalho inicial para melhorar o interrelacionamento<br />
entre as secretarias.<br />
Para as articulações com o Fórum, fala-se<br />
de uma coordenação geral, e os nomes mais<br />
cotados são Télcia Lamônica, da Secretaria<br />
Municipal de Assistência Social, e Patrícia<br />
Grassano, da Assessoria Especial do Direito<br />
da Criança e do Adolescente. “Ainda não está<br />
definida uma coordenação geral. Eu creio<br />
que há um caminho de amadurecimento<br />
que pode ser feito. É uma questão ainda de a<br />
gente colocar a engrenagem pra funcionar”,<br />
diz Télcia. “A primeira coisa é fazer uma<br />
grande discussão para depois implantar<br />
uma comissão. A proposta é que tenha uma<br />
comissão central e vários comitês. A gente<br />
quer primeiro trazer essa discussão e depois<br />
definir uma secretaria, ou um conjunto<br />
de atividades que ficariam a cargo de um<br />
coordenador”, diz Patrícia Grassano.<br />
Saindo do papel<br />
Das discussões nascem a luz, as ideias e as<br />
ações. O prefeito Alexandre Kireeff sinalizou<br />
a intenção de mobilizar empresas para que<br />
adotassem vagas em creches. “A gente já<br />
iniciou uma conversa com o Bruno Veronesi<br />
[presidente da Codel], sobre essa questão das<br />
empresas e das CEIs [Centros de Educação<br />
Infantil]. Estamos pensando em como<br />
promover junto às empresas algo como um<br />
selo ‘Sou Amigo da Cidade de Londrina’, no<br />
sentido de que elas patrocinem as creches”,<br />
diz Patrícia.<br />
A Associação dos Clubes Sociais de<br />
Londrina já se prontificou a intermediar<br />
junto aos clubes a possibilidade de colocar<br />
suas estruturas à disposição para projetos<br />
Télcia Lamônica: “A proposta do Fórum é a<br />
de ação integrada, de como a gente consegue<br />
integrar educação, saúde, assistência, esporte e<br />
cultura num mesmo território”<br />
sociais. “Vou conversar com o presidente<br />
da associação para viabilizar nos clubes os<br />
serviços de convivência e de esporte”, afirma<br />
Patrícia.<br />
Já está definida a construção de uma escola<br />
de ensino integral no Vista Bela com<br />
capacidade para mil alunos, o que atenderia<br />
toda a demanda do bairro. Mas enquanto a<br />
escola não vem, medidas a curto prazo são<br />
bem-vindas: “A gente está tentando usar<br />
as estruturas que já temos. Na indústria, o<br />
SESI e o SENAI, no comércio, o SESC, que<br />
tá indo pra lá [para o Vista Bela] com um<br />
prédio próprio. Mas, até ficar pronto, a gente<br />
pretende utilizar estruturas móveis, que<br />
todas essas entidades têm, para fazer ações<br />
de exame médico, consultas etc”, exemplifica<br />
Gerson Guariente, coordenador do Núcleo<br />
de Desenvolvimento Empresarial do Fórum<br />
Desenvolve Londrina.<br />
As ações iniciais dessa relação entre Poder<br />
Público e sociedade civil organizada têm o<br />
Vista Bela como foco. “Estamos tentando<br />
coordenar a parte do esporte para fazer<br />
um contraturno escolar organizado. A<br />
Secretaria de Assistência Social pediu para<br />
a Secretaria de Educação um estudo para<br />
esse contraturno, para que haja uma ação<br />
pedagógica coordenada”, comenta Guariente.<br />
Patrícia Grassano diz que a questão mais<br />
crítica do Vista Bela hoje é o fato de as<br />
crianças terem que se deslocar para estudar<br />
longe do bairro. “A gente tem as atenções<br />
voltadas pro Vista Bela, que é uma questão<br />
bem diferente. Você imagina, de uma hora<br />
pra outra, mudar para um lugar em que você<br />
não conhece ninguém, que não há vínculos<br />
entre as pessoas. Existe uma complexidade<br />
que precisa ser atacada lá, promovendo ações<br />
específicas”, afirma Patrícia.<br />
Associação Comercial e Industrial de Londrina 11
Conexões<br />
Para que ideias e ações se concretizem, é<br />
preciso buscar algo que é a palavra de ordem<br />
no momento: integração. Antes mesmo dessa<br />
aproximação entre as entidades do Fórum e o<br />
Poder Público, já se buscava uma integração<br />
administrativa na Prefeitura. Hoje, a cidade<br />
está dividida administrativamente em bases<br />
territoriais, o que prejudica a interação entre<br />
as ações das secretarias. “Precisamos fazer um<br />
cruzamento de informações, porque às vezes<br />
a Saúde está atendendo o mesmo público<br />
da Assistência, só que essa informação da<br />
Saúde não chega para a Assistência. Como<br />
as ações são desconexas, elas não seguem<br />
o mesmo caminho, e aí temos deficiências<br />
no atendimento que poderiam estar sendo<br />
supridas”, explica Patrícia. Télcia diz que:<br />
“Estamos numa proposta de unificação<br />
territorial, numa discussão de uso de espaços<br />
em comum, de gerenciamento de fluxos.<br />
Precisamos ter uma leitura unificada, para<br />
que possamos distribuir melhor os recursos”.<br />
Em termos de integração, a sociedade civil<br />
organizada faz coro com o discurso das<br />
autoridades públicas: “A falta de integração<br />
faz com que o Brasil tenha uma administração<br />
com vários órgãos trabalhando na mesma<br />
coisa, mas todos trabalhando isoladamente e,<br />
por consequência, todos fazendo a coisa mal<br />
feita”, diz Cláudio Tedeschi. A secretária Télcia<br />
aponta que “a proposta do Fórum é a de ação<br />
integrada, de como a gente consegue integrar<br />
educação, saúde, assistência, esporte e cultura<br />
num mesmo território”. É bom lembrar que,<br />
desde seu início, em 2005, o Fórum vem<br />
propondo soluções para os problemas da<br />
cidade. A diferença da aproximação atual é<br />
que ela envolve ações concretas das entidades<br />
do Fórum e a parceria caminha para uma<br />
institucionalização ainda a ser configurada.<br />
União pela cidade<br />
Essa iniciativa de aproximação do Fórum<br />
Desenvolve Londrina com o Poder Público<br />
visando a resolução de problemas sociais<br />
simboliza um clima de união na cidade.<br />
“O portador da visão de futuro de uma<br />
sociedade tem que ser a própria sociedade.<br />
O grande fundamento do Fórum é mudar a<br />
cultura de que uma pessoa eleita vai decidir<br />
Parceria<br />
de peso<br />
Segundo Gerson Guariente,<br />
todas as entidades do Fórum<br />
Desenvolve Londrina estão<br />
dispostas a colaborar com o<br />
Poder Público.<br />
Eis algumas entidades que<br />
compõem o Fórum:<br />
UEL<br />
Universidade Estadual de Londrina<br />
OAB<br />
Ordem dos Advogados do Brasil<br />
SESI<br />
Serviço Social da Indústria<br />
SENAI<br />
Serviço Nacional de Aprendizagem<br />
Industrial<br />
SESC<br />
Serviço Social do Comércio<br />
<strong>ACIL</strong><br />
Associação Comercial e Industrial<br />
de Londrina<br />
IAPAR<br />
Instituto Agronômico do Paraná<br />
FIEP<br />
Federação das Indústrias do Estado<br />
do Paraná<br />
Caixa Econômica Federal<br />
SEBRAE<br />
SINDUSCOM-PR<br />
Sindicato da Indústria da<br />
Construção Civil no Estado do<br />
Paraná<br />
EMBRAPA<br />
Empresa Brasileira de Pesquisa<br />
Agropecuária<br />
Associação Médica de Londrina<br />
Sociedade Rural do Paraná<br />
os rumos da cidade. O governante é apenas<br />
o gestor dos rumos da sociedade. Mas quem<br />
define os rumos é a sociedade”, diz Tedeschi.<br />
“Na verdade, quem trabalha com criança e<br />
adolescente sabe que não tem como trabalhar<br />
sem um tripé: família, Estado e sociedade. O<br />
Estado pode ser do tamanho que for, mas<br />
só a sociedade faz as mudanças nas pessoas.<br />
Quando a comunidade enxerga na gente um<br />
parceiro e todos se unem, não vejo como<br />
não avançarmos”, acredita Patrícia. Télcia<br />
concorda: “o Poder Público não consegue<br />
fazer sozinho mesmo. Ele vai precisar sempre<br />
da sociedade civil organizada, das ONGs, das<br />
empresas, das indústrias, de todos”, afirma.<br />
“Nós queremos que a cidade seja uma única<br />
cidade. E o nosso entendimento é que as<br />
oportunidades devam ser dadas para quem<br />
tem menos condições. Em Sorocaba, o<br />
prefeito integrou todas as ações, colocou os<br />
equipamentos públicos de melhor qualidade<br />
nas áreas mais carentes. E funciona porque<br />
se você envolve toda a comunidade e dá<br />
condições, ela avança muito rápido. É o que a<br />
gente está tentando fazer”, afirma Guariente.<br />
No passado, a sociedade civil organizada já<br />
se uniu em prol da cidade contra um inimigo<br />
em comum: a corrupção. Hoje, Tedeschi<br />
aponta um adversário que tem o poder de<br />
emperrar boas iniciativas, a “VICA”: vaidade,<br />
inveja, ciúme e arrogância. “Você tem uma<br />
dificuldade muito grande de trabalhar<br />
em equipe no Brasil, porque a inveja e a<br />
arrogância aparecem como obstáculos<br />
grandes para que a integração ocorra”, diz.<br />
Ao que parece, o Poder Público está<br />
imunizado contra ataques de VICA:<br />
“Nenhuma dessas questões da VICA cabem<br />
porque ninguém está aqui pelo poder. Isso<br />
faz uma grande diferença no dia a dia”, diz<br />
Télcia.<br />
Cláudio Tedeschi: “O governante é apenas<br />
o gestor dos rumos da sociedade. Mas<br />
quem define os rumos é a sociedade”<br />
12<br />
maio de 2013 | www.acil.com.br
ICL<br />
1M 2<br />
CONSTRUÍDO PELO<br />
“CRONOGRAMA DE DEUS”<br />
Novo prédio do Hospital do Câncer é resultado da<br />
união de muitos por um bem comum; pontapé inicial<br />
veio de um homem chamado Baiano<br />
Por Fernanda Bressan<br />
Construir. Esse é um verbo que vem<br />
sendo conjugado literalmente todos os<br />
dias no Hospital do Câncer de Londrina.<br />
De metro quadrado em metro quadrado,<br />
um prédio com 7 pavimentos foi erguido.<br />
Falta ainda o “recheio do bolo”, mas a<br />
obra orçada em R$ 12 milhões já saiu do<br />
papel para a realidade numa velocidade<br />
que assusta até os mais otimistas:<br />
“Começamos a obra sem dinheiro algum,<br />
e até agora nunca precisamos parar. Falo<br />
que o nosso cronograma é Deus”, brinca<br />
Nelson Dequech, presidente do HCL,<br />
homem que tomou à frente e assumiu<br />
a “bronca” quando parecia que a única<br />
solução seria fechar as portas, isso em<br />
2005. Passados 8 anos, o hospital não<br />
só recuperou a vida, como a cada dia<br />
recebe mais e mais pessoas, de centenas<br />
de cidades, todas em busca de esperança,<br />
de tratamento, de cura. São cerca de 1,2<br />
mil atendimentos por dia.<br />
Essa reviravolta toda tem nome: pessoas<br />
de bom coração. Foi graças à ajuda de<br />
muitos, cada qual do seu jeito, que a<br />
obra HCL ganhou vida. Atualmente,<br />
a campanha “Adote 1m 2 ” trouxe ainda<br />
mais força. Lançada em dezembro de<br />
2011, ela fez com que o novo prédio<br />
e, consequentemente, a expansão do<br />
hospital, se materializasse. A expectativa<br />
Associação Comercial e Industrial de Londrina 13
indescritível. Sinto que estou fazendo algo de valor, algo que<br />
faz a diferença. Vejo que o Hospital do Câncer é do futuro,<br />
nós vamos passar, mas ele vai continuar e vou poder dizer<br />
que vivi por algo que valeu a pena”, declara.<br />
Sala de espera terá 300 cadeiras, não será mais preciso aguardar na rua<br />
é de que em julho deste ano os primeiros três pavimentos<br />
sejam entregues e comecem a aliviar a rotina de quem precisa<br />
de tratamento.<br />
Essa ideia saiu da cabeça do engenheiro Antônio Carlos do<br />
Nascimento, o Baiano, falecido de câncer no dia 2 de abril<br />
deste ano. Gestora de Ações Estratégicas e Projetos do HCL,<br />
Mara Rossival Fernandes lembra bem quando o sonho surgiu.<br />
“Ele estava com câncer, nos encontramos na portaria, e ele<br />
falou da ideia. Disse que queria pagar seu metro quadrado,<br />
e criou a campanha. Ele deixou isso de herança, o Baiano<br />
deixou um pedaço dele e somos muito gratos. Até as últimas<br />
forças, ele ficava com o laptop acompanhando a campanha,<br />
os médicos brincavam que quando um metro era vendido<br />
fazia mais efeito nele que a quimioterapia”, conta.<br />
Para Mara, Baiano foi um grande exemplo e mais uma<br />
prova de que as pessoas fazem a diferença. “Foi uma pessoa<br />
especial, que esqueceu da própria dor para ajudar os outros”.<br />
Doação de vida é uma palavra que a própria Mara conhece.<br />
Há 40 anos ela está no HCL. E já passou pelas mais diversas<br />
funções até chegar ao posto em que luta todos os dias por<br />
recursos para que a construção siga firme, assim como<br />
outras necessidades da instituição. A última conquista foi o<br />
equipamento de Ressonância Magnética, que será instalada<br />
no subsolo do novo prédio, andar inteiro que será destinado<br />
ao Centro de Diagnóstico com exames dos mais diversos<br />
tipos. O local já está com os alicerces erguidos e os olhos<br />
de Mara brilham ao caminhar pela construção e mostrar o<br />
resultado da união.<br />
“A gente que está aqui dentro passa a acreditar em milagres,<br />
a união faz a força e o que está se fazendo em Londrina com<br />
a campanha do metro quadrado é um trabalho lindo, que<br />
vai ficar para o futuro”, declara. É essa herança que motiva<br />
a gestora a levantar cedo e trabalha até tarde da noite. “O<br />
trabalho aqui é intenso, mas o prazer com o resultado é<br />
Mara lembra que o câncer é uma doença cada vez mais<br />
presente no nosso dia a dia. No ano passado, 22.256 pessoas<br />
foram atendidas no Hospital, mais de 5 mil delas, novos<br />
pacientes com câncer. “Se hoje o hospital é importante, no<br />
futuro ele será vital. A população está envelhecendo, vai<br />
viver mais, as células vão envelhecer. O hospital tem que<br />
crescer para atender essas pessoas, todos nós conhecemos<br />
alguém próximo com a doença, até pessoas mais jovens.<br />
Hoje ajudamos com um metro quadrado a construir essa<br />
estrutura”, salienta Mara.<br />
Graças ao avanço da medicina, Mara comemora que a<br />
cura é cada vez maior. E graças às mudanças no Hospital<br />
do Câncer, muitos sonhos são hoje possíveis. “Na semana<br />
passada começamos a ter aulas para as crianças de do 1º ao<br />
9º ano, elas precisam ter aulas para não perder esse momento<br />
da vida. Esse é um dos presentes da vida”, diz com sorriso<br />
carinhoso e feliz.<br />
Consciente da importância da obra, Mara segue trabalhando<br />
para que novos metros quadrados sejam vendido. Até março<br />
de 2013, 971 pessoas já tinha ajudado com a compra de 2.874<br />
metros quadrados. O total arrecadado foi de R$ 4,3 milhões.<br />
A meta é chegar aos 7.510 metros quadrados “adotados”<br />
para que todos os 7 andares possam ser concluídos (todos<br />
esses valores podem ser consultados no site www.hcl.org.<br />
br). Com o dinheiro arrecadado até agora, somado à ajuda<br />
do Governo do Estado, está sendo possível finalizar os três<br />
primeiros andares. Os outros quatro estão só com a estrutura<br />
de concreto pronta, faltando toda a parte de infraestrutura.<br />
“O recheio é caro”, aponta Mara.<br />
A alegria que ela e Nelson Dequech compartilham é que<br />
nessa primeira etapa<br />
já está previsto um<br />
grande anseio e luta:<br />
uma nova sala de<br />
espera. Atualmente<br />
os pacientes têm<br />
apenas um espaço de<br />
70 metros quadrados<br />
para aguardar pelo<br />
atendimento, o que<br />
faz com que muitos<br />
esperem na rua.<br />
Até bancos foram<br />
colocados no local,<br />
uma improvisação<br />
para dar um certo<br />
Mara Fernandes: “Vejo que o Hospital do<br />
Câncer é do futuro, nós vamos passar,<br />
mas ele vai continuar e vou poder dizer<br />
que vivi por algo que valeu a pena”<br />
14<br />
maio de 2013 | www.acil.com.br
“TUDO QUE ESTAMOS FAZENDO É PARA HUMANIZAR O ATENDIMENTO”<br />
conforto enquanto a obra não era possível. Com o novo<br />
prédio, a sala de espera terá 650 metros quadrados e 300<br />
cadeiras. “Tudo o que estamos fazendo é para humanizar.<br />
Os pacientes precisam de um espaço adequado, tem dia que<br />
chove, faz frio, e não temos espaço”, conta Dequech.<br />
Desde que entrou no HCL, Nelson Dequech sonha com essa<br />
sala de espera. E graças à solidariedade de muitos, ela foi<br />
possível. “Tudo isso quem está fazendo é a comunidade, ainda<br />
estamos no sufoco, mas não estamos mais caóticos”, compara.<br />
Ele lembra que quando assumiu o cargo, diziam que era<br />
apenas para um mandato tampão, que foi se multiplicando.<br />
“A gente vai se envolvendo e nisso se passaram 8 anos. Falo<br />
que é o melhor trabalho da minha vida”.<br />
Para Mara, a mudança de postura na direção da instituição<br />
foi essencial para que todo o milagre acontecesse. “Como<br />
é importante a gestão! Houve momentos que achamos que<br />
estava tudo perdido, mas de repente vimos que temos uma<br />
força interior que não imaginávamos. Quando as coisas<br />
começam a dar certo, essa força interior aflora, e aflora em<br />
tudo, nos funcionários, nos médicos, na comunidade. Eu falo<br />
que o universo está conspirando a nosso favor. Sem ajuda da<br />
comunidade, nada disso seria possível.”<br />
Em 2015 o HCL completará 50 anos, e Mara diz que a data<br />
pode ser um marco. “Queremos entregar um bem precioso<br />
para essa comunidade, e esse bem será um hospital com alta<br />
tecnologia”. Para isso, é preciso que outros “pais” e “mães”<br />
adotem seu metro quadrado e, como Baiano, deixem um<br />
pedaço de esperança para os doentes de câncer.<br />
Obras trarão conforto aos mais de mil pacientes atendidos por dia<br />
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ANGELONI: CÂMARA APROVA<br />
ALTERAÇÃO DE ZONEAMENTO<br />
O projeto transforma em zona comercial um lote residencial localizado na rua Ulrico<br />
Zuinglio e favorece instalação de hipermercado na Gleba Palhano<br />
Por Susan Naime<br />
Após idas e vindas na pauta, os vereadores<br />
aprovaram em 30 de abril o projeto 358/2012,<br />
de autoria do presidente da Casa, Rony Alves<br />
(PTB). A matéria não sofreu alterações e<br />
ficou conhecida como Projeto Angeloni por<br />
facilitar a instalação da rede de hipermercado,<br />
através da alteração de zoneamento, na<br />
Gleba Palhano. Foram 18 votos favoráveis<br />
e 1 contrário. Os vereadores Jamil Janene<br />
(PP) e Sandra Graça (PP), que se abstiveram<br />
durante a primeira discussão, estão dentro<br />
do grupo de legisladores que aplicaram votos<br />
favoráveis ao empreendimento. O único voto<br />
negativo foi o de Lenir de Assis (PT), que no<br />
último dia 23 já havia votado não ao projeto.<br />
Prefeito vai consultar o Jurídico<br />
Antes de sancionar ou não o projeto de Lei<br />
358/2012, Alexandre Kireeff (PSD) informou<br />
que irá consultar o Ippul e a Procuradoria<br />
Jurídica do Município. O objetivo é tomar<br />
uma decisão sensata e técnica sobre o<br />
assunto.<br />
Audiência Pública<br />
Alguns moradores da Gleba Palhano<br />
desaprovaram a entrada de carga e descarga<br />
do Angeloni pela rua Ulrico Zuinglio. A<br />
Câmara chegou a realizar uma audiência<br />
pública para discutir o assunto. O grupo<br />
responsável pelo empreendimento informou<br />
que irá estudar uma alteração na entrada<br />
do estacionamento, com a finalidade de<br />
diminuir o impacto de tráfego no trânsito.<br />
Comissão vai revisar leis<br />
A Câmara vai realizar um levantamento<br />
completo de todas as leis aprovadas<br />
nos últimos 12 anos, e que apesar de<br />
terem sido sancionadas pelo Executivo<br />
ou promulgadas pelo Legislativo, não<br />
estão vigentes no município. Compõem<br />
a Comissão Especial de Avaliação e<br />
Viabilização de Leis os vereadores Gerson<br />
Araújo (PSDB), como presidente – ele<br />
também é o autor da proposta; Elza Correia<br />
(PMDB) como relatora; e Jamil Janene (PP)<br />
como membro. O grupo terá o prazo de 90<br />
dias para concluir os trabalhos, prorrogáveis<br />
por igual período.<br />
Fú renuncia à Mesa Executiva<br />
A Mesa Executiva da Câmara sofreu<br />
alterações em sua composição. No dia 16<br />
do último mês, o vereador Roberto Fú<br />
(PDT) renunciou ao cargo de segundo<br />
secretário. Como justificativa, argumentou<br />
que a função estava o impedindo de atuar<br />
de forma mais eficiente em seu gabinete<br />
itinerante e negou qualquer desavença<br />
pessoal sobre as decisões tomadas pelos<br />
demais membros. Vilson Bittencourt (PSL),<br />
que foi o único a se candidatar para a vaga,<br />
assumiu o cargo. Os demais membros se<br />
mantiveram: Rony Alves (PTB), presidente;<br />
Gustavo Richa (PHS), vice; Emanoel Gomes<br />
(PRB), 1 secretário e Mário Takahashi (PV),<br />
2 secretário.<br />
Farra dos diplomas<br />
A Câmara prorrogou por 30 dias a<br />
conclusão da audiência interna para<br />
averiguar possíveis irregularidades nos<br />
certificados conhecidos como “farra dos<br />
diplomas”. O prazo expirou no dia 11 de<br />
abril. Até essa data, a situação de cerca<br />
de 15 a 20 funcionários ainda precisava<br />
ser analisada. Essa primeira etapa do<br />
trabalho faz parte do lote questionado<br />
pelo Ministério Público, que apontou<br />
irregularidades para 32 funcionários. O<br />
presidente da Câmara, Rony Alves (PTB),<br />
adiantou que em todos esses certificados<br />
existem, em grau maior ou menor, algum<br />
tipo de irregularidade. A repetição de cursos<br />
é uma das falhas detectadas. A análise final<br />
sobre as medidas que deverão ser tomadas<br />
virá da Procuradoria do Legislativo.<br />
Recapitulando<br />
Os reflexos da farra dos diplomas foram<br />
causados pela lei aprovada em 2004, que<br />
permitia que servidores apresentassem<br />
certificados para conseguir promoções e<br />
aumentos salariais. Uma carga mínima de<br />
100 horas garantia reajustes que variavam<br />
de 2,5% a 10,4%. No dia 19 de março, a<br />
Câmara protocolou a portaria de número<br />
69/2013, suspendendo o pagamento das<br />
vantagens obtidas por meio de progressões<br />
por conhecimento aos servidores do<br />
Legislativo.<br />
Projetos arquivados<br />
Os vereadores aprovaram em segunda<br />
discussão o projeto de resolução 6/2012,<br />
que prevê o arquivamento de projetos de<br />
lei de vereadores não reeleitos no final de<br />
cada legislatura. A matéria é de autoria de<br />
Roberto Fú (PDT) e subscrita por mais 12<br />
vereadores da Legislatura anterior (seis dos<br />
quais reeleitos). Os autores argumentam<br />
que no encerramento dos quatro anos de<br />
mandato, todos os legisladores se obrigam<br />
a pedir o retorno à pauta de dezenas de<br />
projetos que estão retirados de tramitação<br />
por tempo indeterminado para que as<br />
matérias não sejam automaticamente<br />
arquivadas.<br />
Associação Comercial e Industrial de Londrina 17
NOVA LEI<br />
MUDANÇAS<br />
DOMÉSTICAS<br />
Em vigor desde o começo de abril, a<br />
Emenda Constitucional 72 regulamentou<br />
a profissão do trabalhador doméstico<br />
e trouxe novas regras para patrões e<br />
empregados<br />
Por Juliana Mastelini<br />
Depois de sete anos trabalhando numa casa, quando foi despedida,<br />
a empregada Vera Lúcia Cerqueira Lima recebeu 13º salário, férias<br />
e um mês de aviso prévio. Se a situação acontecesse hoje, ela ainda<br />
receberia a indenização do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço<br />
(FGTS) e o seguro-desemprego. Estes são alguns direitos concedidos<br />
às empregadas domésticas pela Emenda Constitucional 72/2013,<br />
conhecida como PEC das Domésticas.<br />
Há dois anos, Vera Lúcia está em novo emprego. Hoje trabalha na<br />
casa da farmacêutica e funcionária pública Maria Roselice Veiga de<br />
Aguiar Sabec. A mensalista comemora a maior segurança que a lei traz<br />
às empregadas domésticas no caso de demissão, por exemplo. “Além<br />
disso, qualquer benefício extra já dá pra comprar um litro a mais de<br />
leite pra dar pros filhos”, brinca Vera Lúcia.<br />
A lei tem deixado em dúvida patrões e empregados. O que muda<br />
efetivamente para o empregador: pagamento do FGTS de 8%;<br />
intervalo refeição; auxílio creche para filhos de até 5 anos; saláriofamília<br />
para filhos de até 14 anos; seguro contra acidente de trabalho;<br />
jornada semanal de 44 horas; e hora extra.<br />
Outros direitos como salário mínimo regional, registro em carteira,<br />
13º salário e férias já eram assegurados às empregadas domésticas.<br />
Por isso a advogada trabalhista e vice-presidente da OAB/ Londrina,<br />
Vânia Queiroz, considera que a maior repercussão da lei na cidade<br />
vai ser nas casas em que os empregados tinham jornadas sem limites<br />
de horário. Agora os patrões terão que pagar hora extra e adicional<br />
noturno. “Porém as outras despesas são significativas, porque os custos<br />
separados não parecem muito, o somatório é o problema”, completa a<br />
advogada.<br />
Vânia acredita ser possível prever aproximadamente 30% de aumento<br />
no custo de uma empregada doméstica considerando-se também os<br />
encargos fiscais. A tradutora Maria Thereza Forattini considera que os<br />
encargos estabelecidos pela nova lei são pesados para o empregador.<br />
“Sempre foram pesados. O empregador doméstico não é firma, como<br />
pagar todos os encargos, FGTS, creche É absurdo”, completa.<br />
Segundo a advogada Vânia Queiroz, os novos ônus sobre o trabalhador<br />
doméstico podem gerar um impacto de 10% a 15% nas demissões<br />
dos empregados. Vânia conta que algumas famílias, inclusive, em vez<br />
de demitir já fizeram ajuste com a empregada para que ela continue<br />
trabalhando na casa como diarista. “A diarista trabalha também em<br />
outras casas e os patrões dividem as despesas com INSS, que para a<br />
diarista não é obrigatório, mas é muito importante”, explica.<br />
A assessora jurídica do Sindicato das Empregadas Domésticas<br />
de Londrina e Região, Maria Lucilda Santos, acredita que haverá<br />
reclamações, porque ambas as partes estão assustadas com a lei, mas<br />
Vera Lúcia Cerqueira Lima: “Qualquer benefício extra<br />
já dá pra comprar um litro a mais de leite”<br />
18<br />
maio de 2013 | www.acil.com.br
CERCA DE 30% DOS EMPREGADOS DOMÉSTICOS DE LONDRINA ESTÃO NA INFORMALIDADE<br />
isso não trará grande impacto. “Então pode ser que cause num primeiro<br />
momento certa demissão, certo reajuste, mas eu não creio que cause<br />
desemprego”. Para ela, o que muda é a cultura de formalização que o<br />
empregador tem que ter, não muda muito financeiramente. “Eu não<br />
acho que foi majorado o ônus financeiro para o empregador, 8% do<br />
FGTS não é muito. O governo ainda fala em reduzir o percentual do<br />
INSS para compensar o aumento do fundo de garantia”. Ela acredita<br />
que as pessoas que podem vão manter a empregada doméstica. “Já as<br />
pessoas que tinham empregado por uma questão de status ou quase<br />
no mesmo nível social vão ter que abrir mão”.<br />
Vânia Queiroz acredita que cada família tem que ter em mente as suas<br />
necessidades. “Se realmente precisa de uma funcionária todos os dias,<br />
ou se pode ficar só com diarista e dividir a tarefa entre os membros<br />
da casa. Isso representa uma significativa mudança de conceito do<br />
londrinense”, explica Vânia.<br />
A advogada Maira Benetti, depois de cinco meses sem mensalista, está<br />
em fase de treinamento para a contratação de nova funcionária de<br />
acordo com a Lei das Domésticas. Durante os cinco meses, ela mesma<br />
lavava a roupa e utilizava serviços terceirizados como lavanderias para<br />
passar a roupa e restaurante. Para manter a casa em ordem recorreu ao<br />
serviço de diaristas ou empresa que terceiriza o trabalho de limpeza<br />
da casa. “Como a minha casa é grande, não deu certo, mas acho que<br />
se a família conseguir gerir a casa só com esses serviços terceirizados e<br />
alimentação fora, penso que sai mais barato”, explica a advogada.<br />
Maira acredita que no futuro os brasileiros sigam os moldes de países<br />
como Estados Unidos. Lá, se contratam diaristas e cada membro da<br />
família desempenha um papel nas tarefas da casa. “O que pressupõe<br />
que marido e filhos também ajudem. Essa é uma cultura que não<br />
existe no Brasil. As obrigações na maioria das vezes caem em cima da<br />
mulher”, explica.<br />
Maior exigência<br />
A assessora jurídica Maria Lucilda Santos acredita que com os<br />
benefícios o empregado será também mais cobrado. Ela conta que<br />
o Sindicato das Domésticas está preparado para trabalhar com a<br />
capacitação das empregadas. “Antes, como o ônus representado pela<br />
empregada doméstica não era grande, os patrões não exigiam tanto.<br />
Hoje a exigência vai ser maior. Então você paga, você vai querer uma<br />
contrapartida à altura, um serviço especializado”, completa.<br />
Para a farmacêutica Maria Roselice, a lei trouxe benefícios para ambos<br />
os lados ao estabelecer normas para empregados e empregadores.<br />
“Todo mundo tem direitos e deveres, então a empregada vai ter que<br />
seguir corretamente. Agora pela lei, o empregador tem como cobrar<br />
horários e conduta de atividade”, explica a farmacêutica.<br />
Informalidade<br />
A advogada Vânia Queiroz acredita que cerca de 30% dos empregados<br />
domésticos em Londrina estão na informalidade. Para a assessora<br />
jurídica Maria Lucilda Santos, que trabalha há 20 anos com o<br />
Sindicato das Domésticas, o quadro da informalidade em Londrina<br />
mudou com os anos. “Antes aparecia empregada com contrato de<br />
20 anos de trabalho sem registro. Agora não, eu vejo que a questão<br />
do reconhecimento tem sido constante. É claro que ainda existe<br />
uma grande gama de pessoas que não tem condições de manter o<br />
empregado doméstico e mesmo assim insistem e aí no final geram um<br />
déficit financeiro para o empregado. Mas agora a informalidade vai<br />
custar caro para o empregador.”<br />
Maria Lucilda Santos:<br />
“Pode haver alguma<br />
demissão, algum<br />
reajuste, mas não<br />
acredito que a nova lei<br />
cause desemprego. As<br />
pessoas que tinham<br />
empregado doméstico<br />
por uma questão de<br />
status vão ter que<br />
abrir mão disso.”<br />
NA PONTA DO LÁPIS<br />
Compare as novas despesas mensais com o empregado doméstico<br />
Despesas anteriores à lei<br />
INSS (12% para o patrão) R$97,41<br />
Férias e 13º (dividido pelos 12 meses) R$155<br />
Novas despesas<br />
FGTS (8%) R$64,95<br />
Seguro acidente de trabalho (de 1% a 3%) média de R$16,23<br />
Vale Transporte R$121,50<br />
Salário família R$23,23 para cada filho menor de 14 anos<br />
Auxílio creche para cada filho menor de 5 anos (valor ainda não<br />
estipulado)<br />
Total/ mês despesas anteriores: R$373,91 Total/mês novas despesas: média de R$130<br />
Somatória despesas = R$501<br />
* Com base no salário mínimo R$811,80<br />
Associação Comercial e Industrial de Londrina 19
DIREITOS DO<br />
CONSUMIDOR<br />
EMPRESAS E CLIENTES:<br />
DISCUTINDO A RELAÇÃO<br />
Seguindo o que determina a legislação e respeitando algumas atitudes<br />
básicas, é possível transformar a sua empresa em modelo na relação com<br />
os consumidores<br />
Por Susan Naime<br />
Se houvesse uma fórmula mágica<br />
sobre como ser uma empresa modelo<br />
no mercado, os Procons e juizados<br />
de pequenas causas não precisariam<br />
existir. Entretanto, alguns ingredientes<br />
para o sucesso não precisam de<br />
feitiçaria e nem são segredo. Além de se<br />
adaptar a todo o processo que a gestão<br />
de competitividade exige, as empresas<br />
precisam atender às expectativas do<br />
cliente em relação a preço, compromisso<br />
ambiental, funcionalidade dos produtos<br />
e, muitas vezes, até nas vertentes<br />
pessoais.<br />
“As empresas hoje têm que se preparar<br />
para atender o consumidor, que está<br />
muito mais seletivo, e saber dos seus<br />
direitos, até porque as informações<br />
estão disponíveis de diversas maneiras.<br />
A empresa que não treinar a sua equipe<br />
para o atendimento não irá sobreviver<br />
ao mercado”, ressalta o diretor comercial<br />
da <strong>ACIL</strong> e diretor financeiro da rede<br />
Marcelo Ontivero: “A empresa que não<br />
treinar a sua equipe para o atendimento não<br />
irá sobreviver ao mercado”<br />
de lojas Móveis Brasília, Marcelo<br />
Paganucci Ontivero.<br />
Três requisitos básicos são apontados por<br />
especialistas na hora de estreitar a relação<br />
entre empresas e clientes: confiança,<br />
diálogo e reconhecimento. A satisfação<br />
às necessidades pessoais do comprador,<br />
antes de qualquer outra coisa, é o primeiro<br />
passo em direção da confiança.<br />
“É preciso que a equipe de venda, por<br />
exemplo, conheça a fundo o seu produto,<br />
esteja muito bem preparada na parte<br />
humana e se coloque sempre no lugar<br />
dos clientes. Os problemas que surgirem<br />
devem ser resolvidos administrativamente<br />
e não empurrados até chegar no Procon.<br />
Mas você também não pode prometer ao<br />
cliente o que não será possível de cumprir<br />
e gerar um descontentamento futuro.<br />
Ligue para o cliente e veja se ele ficou<br />
satisfeito. O bom vendedor que faz isso se<br />
transforma em um bom gerente”, destaca<br />
Ontivero.<br />
Outro pilar do bom relacionamento<br />
empresa-cliente é a comunicação.<br />
Engana-se quem pensa que o consumidor<br />
está sempre seguro de si. Muitas vezes ele<br />
entra em um estabelecimento sem saber<br />
exatamente o que procura. No entanto,<br />
toda empresa precisa estar preparada<br />
para atender a essa demanda reprimida.<br />
“É importante conhecer o cliente durante<br />
uma conversa e, na troca de ideias,<br />
oferecer soluções a ele. Através de um<br />
planejamento, o cliente compra sonhos.<br />
E você não pode deixar o sonho virar<br />
um pesadelo e ficar aquém daquilo que o<br />
consumidor esperava”, orienta.<br />
“O cliente tem<br />
sempre razão”<br />
Quem é que nunca escutou esse ditado<br />
popular O empresário Marcelo Ontivero<br />
aprova a ideia, mas também apresenta<br />
outra versão: “O cliente é rei, mas não pode<br />
destruir o castelo”, brinca. A afirmação<br />
refere-se a situações desagradáveis, em<br />
que o cliente não está tão interessado<br />
em resolver o problema do seu produto<br />
ou serviço, mas sim se aproveitar de<br />
um episódio que poderia ser facilmente<br />
solucionado para abocanhar uma<br />
indenização por danos morais. “Defendo<br />
a teoria de que o cliente tem e sempre terá<br />
razão. Por isso o diálogo e o respeito devem<br />
sempre caminhar juntos. Infelizmente,<br />
também existem os problemas pontuais<br />
onde o cliente quer se aproveitar da<br />
situação e já não aceita mais qualquer<br />
intervenção da empresa”, lamenta.<br />
Receita de sucesso<br />
Disciplina é a receita seguida pela Farmácia<br />
Vale Verde para se posicionar como empresa<br />
modelo no mercado. Afinal, são 39 anos de<br />
história, 19 lojas em Londrina, outras 11 na<br />
região e um total de 500 funcionários. “Para<br />
que o negócio desse certo, criamos alguns<br />
procedimentos dentro da empresa. Em<br />
primeiro lugar está a disciplina interna, que<br />
é sempre o grande gargalo nas empresas.<br />
A equipe recebe treinamento para ter<br />
condições de cumprir todas as normas<br />
20<br />
maio de 2013 | www.acil.com.br
<strong>ACIL</strong> OFERECE TREINAMENTO A FUNCIONÁRIOS DE EMPRESAS<br />
Rodrigo Brum Silva: “Se o consumidor vai até<br />
a loja por causa de uma promoção que viu na<br />
mídia, o estabelecimento tem a obrigação de<br />
cumprir com o que foi veiculado”<br />
estabelecidas e, dessa forma, agradar e<br />
atender bem o cliente para que ele se fidelize<br />
à Vale Verde”, aponta o proprietário da rede<br />
de farmácias, Rubens Benedito Augusto.<br />
Uma espécie de cartilha confeccionada<br />
pela Vale Verde orienta os funcionários<br />
sobre diversas situações que podem ocorrer<br />
no dia a dia de trabalho. Desta forma, o<br />
cliente sempre receberá soluções imediatas,<br />
evitando qualquer tipo de constrangimento.<br />
“A cada momento buscamos aprimorar<br />
esses procedimentos, até porque as<br />
mudanças na legislação são constantes.<br />
Treinamos os funcionários para que<br />
eles cumpram as nossas normas. E<br />
quando isso não acontece, precisamos<br />
tomar alguma atitude”, explica Augusto.<br />
Outro fator garante a credibilidade da rede<br />
no mercado: o cumprimento das exigências<br />
ditadas pela Agência Nacional de Vigilância<br />
Sanitária (Anvisa). Rubens Augusto lembra<br />
que quando a receita médica passou a ser<br />
obrigatória para a compra de antibióticos,<br />
muitos clientes ficaram inconformados.<br />
“Existem situações como essa que criam<br />
um clima desagradável. Mas você precisa<br />
Rubens Benedito Augusto: “Treinamos os<br />
funcionários para que eles cumpram as nossas<br />
normas”<br />
trabalhar para equilibrar a situação. Primeiro,<br />
procurar encantar o cliente. Fazendo isso já<br />
se evita um monte de problemas. Depois,<br />
não deixar de cumprir as normas da lei.<br />
Isso fortalece a categoria e proporciona uma<br />
concorrência mais justa”, ensina.<br />
Legislação<br />
Atentos à causa, o Procon e a <strong>ACIL</strong><br />
iniciaram um diálogo para estreitar uma<br />
parceria que visa dar aconselhamento,<br />
principalmente às empresas do pequeno<br />
e médio porte. “Seria um trabalho<br />
preventivo. Talvez para o segundo<br />
semestre. Primeiro precisamos estruturar<br />
a parte física e de pessoal do órgão”, explica<br />
o coordenador do Procon, Rodrigo Brum<br />
Silva.<br />
Enquanto a parceria não se concretiza,<br />
Silva atenta para itens obrigatórios dentro<br />
de um estabelecimento comercial, como<br />
o Código do Consumidor, a precificação<br />
e a propaganda dos produtos e serviços.<br />
“Não adianta apenas ter o Código do<br />
Consumidor. Ele precisa estar visível e<br />
acessível aos clientes. Pode até imprimir<br />
da internet. Outro gargalo é a questão<br />
dos preços. Todos os produtos devem<br />
estar etiquetados enquanto a loja estiver<br />
aberta ao público. E não podemos deixar<br />
de citar a propaganda. Se o consumidor<br />
vai até a loja por causa de uma promoção<br />
que viu na mídia, o estabelecimento tem<br />
a obrigação de cumprir com o que foi<br />
veiculado”, afirma.<br />
O presidente da <strong>ACIL</strong>, Flávio Montenegro<br />
Balan, diz que estuda a possibilidade de<br />
elaborar uma cartilha didática, em conjunto<br />
com o Procon, além de informes e palestras<br />
que esclareçam o assunto. “Acredito que o<br />
empresário londrinense está mais atento<br />
e preocupado com o cumprimento da<br />
legislação no seu comércio, mas ainda falta<br />
informação”, aponta.<br />
A <strong>ACIL</strong> oferece mensalmente<br />
treinamentos a prestadores de serviço e<br />
trabalhadores do comércio e da indústria<br />
com o objetivo de atualizar o cenário<br />
empresarial londrinense. Os associados da<br />
entidade também têm acesso ao serviço de<br />
consultoria jurídica, em especial nas áreas<br />
tributária, trabalhista e cível.<br />
Os empresários interessados devem<br />
procurar a <strong>ACIL</strong> com sua dúvida. A<br />
entidade fará o encaminhamento para<br />
um dos escritórios conveniados, que se<br />
encarregará de atender a empresa e sugerir<br />
o procedimento a ser seguido. Todo esse<br />
processo não tem custo para associados.<br />
Outro canal de informação para os<br />
empresários é pelo Sindicato do Comércio<br />
Varejista de Londrina e região (Sincoval),<br />
que oferece orientações sobre convenção<br />
coletiva, suporte e treinamento.<br />
Associação Comercial e Industrial de Londrina 21
TURISMO DE<br />
EVENTOS<br />
A HORA E A VEZ DO<br />
CENTRO DE CONVENÇÕES<br />
Estudo realizado pela consultoria Jones Lang LaSalle comprova que<br />
a instalação de um Centro de Convenções não apenas é viável como<br />
também necessária para o desenvolvimento da cidade<br />
Por Paulo Briguet<br />
Existe um momento único na história<br />
em que os sonhos começam a se<br />
transformar em realidade. Londrina<br />
está vivendo esse instante mágico. No<br />
início de maio, a consultoria Jones<br />
Lang LaSalle divulgou as conclusões<br />
do estudo de viabilidade para o tão<br />
sonhado Centro de Convenções<br />
de Londrina. E os resultados não<br />
poderiam ter sido mais alentadores.<br />
De acordo com o estudo, não<br />
apenas o Centro de Convenções é<br />
economicamente viável, como<br />
também necessário para<br />
o desenvolvimento de<br />
Londrina e região.<br />
Bandeira das<br />
entidades<br />
Nos últimos anos, a <strong>ACIL</strong> e o Londrina<br />
Convention & Visitors Bureau,<br />
juntamente a outras entidades locais, têm<br />
chamado a atenção para a importância de<br />
se construir e colocar em funcionamento<br />
um espaço adequado para a realização de<br />
grandes convenções, congressos e eventos<br />
na cidade. “Entre 2010 e 2012, Londrina<br />
perdeu 35 eventos e deixou de receber<br />
180 mil visitantes que movimentariam a<br />
economia local em R$ 115 milhões”, diz<br />
o presidente do Londrina Convention,<br />
Reinaldo Cassimiro da Costa Júnior. “Ao<br />
longo do tempo, vínhamos insistindo que<br />
Londrina não pode ficar sem um Centro<br />
de Convenções à altura dos grandes<br />
eventos nacionais e internacionais”,<br />
comenta o presidente da <strong>ACIL</strong>, Flávio<br />
Montenegro Balan. “Os estudos realizados<br />
pela Jones Lang LaSalle comprovam<br />
a nossa tese. É uma ótima notícia<br />
para o desenvolvimento de<br />
Londrina. Acreditamos que<br />
vários segmentos<br />
empresariais<br />
estejam interessados em investir no<br />
projeto.”<br />
Balan observa que existem diferentes<br />
modelos para efetivar o negócio.<br />
“Possivelmente o formato mais<br />
recomendado seja uma parceria públicoprivada”,<br />
afirma o presidente da <strong>ACIL</strong>.<br />
“Uma coisa é certa: precisamos continuar<br />
mantendo essa união de esforços entre<br />
o poder público, as entidades e a classe<br />
empresarial.”<br />
União é uma palavra-chave nesse tema.<br />
É importante ressaltar que o estudo de<br />
viabilidade do Centro de Convenções é<br />
fruto da sintonia entre a sociedade civil<br />
organizada de Londrina. Além da <strong>ACIL</strong> e<br />
do Londrina Convention, tiveram papel<br />
importante nesse processo Sebrae, Sicredi,<br />
Faciap, Sindimetal, Sindicato dos Hotéis e<br />
Restaurantes e as empresas associadas ao<br />
LC&VB.<br />
Os possíveis locais<br />
O estudo definiu e avaliou sete locais de<br />
Londrina em que o Centro de Convenções<br />
poderá ser instalado: Iapar, CEEL,<br />
Sociedade Rural, Avenida Tiradentes<br />
(à altura do número 2.000), Expresso<br />
Nordeste, arredores da Rodoviária e ao<br />
lado Catuaí Shopping Center.<br />
22<br />
maio de 2013 | www.acil.com.br
FALTA DE CENTRO DE CONVENÇÕES FEZ LONDRINA PERDER VISITANTES E RECURSOS<br />
Os critérios avaliados pela Jones Lang<br />
foram localização, acesso, entorno, área<br />
disponível, necessidade de investimento<br />
e distância em relação ao centro. “Todos<br />
os locais analisados apresentam aspectos<br />
positivos e negativos. No entanto,<br />
entendemos que a escolha de um terreno<br />
para o novo Centro de Convenções<br />
envolve uma série de fatores políticos e<br />
econômicos que só as entidades locais<br />
poderão avaliar corretamente”, observa<br />
Manuela Gorni, vice-presidente da Jones<br />
Lang LaSalle.<br />
As características<br />
do prédio<br />
Além de apontar os possíveis locais do<br />
Centro de Convenções, o estudo faz<br />
uma série de recomendações sobre as<br />
características do prédio a ser instalado.<br />
Segundo a Jones Lang, Londrina comporta<br />
um Centro de Convenções de 7.800<br />
m 2 , com espaços versáteis para receber<br />
diferentes tipos de eventos. A capacidade<br />
total de público seria de 5.750 pessoas.<br />
Recomenda-se também a instalação de um<br />
estacionamento com capacidade para 1.800<br />
vagas para automóveis, vans e ônibus.<br />
Cenários<br />
financeiros<br />
Em termos financeiros, o estudo da Jones<br />
Lang LaSalle projetou dois cenários<br />
diferentes, com investimento total que<br />
pode ser de R$ 18 milhões ou R$ 28<br />
milhões (valores que incluem construção,<br />
decoração, despesas pré-operacionais<br />
e capital de giro). Entre o início das<br />
operações e a estabilização dos fluxos<br />
de caixa, decorreriam quatro anos. No<br />
caso do investimento mínimo (R$ 18<br />
milhões), a receita total no primeiro<br />
ano de funcionamento seria de R$ 3,1<br />
milhões e o EBITDA (lucro descontado<br />
de impostos, taxas, depreciação e<br />
amortização) ficaria em R$ 436 mil (14%<br />
do total). No ano da estabilização, os<br />
lucros atingiriam R$ 2,7 milhões (45%<br />
do total). Se o cenário mais otimista<br />
prevalecer, com investimento de R$ 28<br />
milhões, a receita prevista no primeiro<br />
ano seria de R$ 4 milhões no primeiro<br />
ano de funcionamento, com lucros de<br />
R$ 1 milhão (26% da receita total). No<br />
ano da estabilização, a receita deverá<br />
atingir R$ 8 milhões, com R$ 4 milhões<br />
de lucros (50%). Para chegar a esses<br />
números, a consultoria levou em conta as<br />
estimativas de ocupação e preço médio<br />
de equipamentos semelhantes no País.<br />
A força dos eventos<br />
O turismo de eventos passa por<br />
importantes transformações em todo<br />
o planeta. Desde 2003, o Brasil vem<br />
melhorando constantemente sua posição<br />
no ranking mundial do setor. Há dois<br />
anos, o país atingiu a 7ª colocação,<br />
sendo responsável por 3% dos eventos<br />
mundiais. Os eventos tornam-se cada<br />
vez mais específicos e segmentados.<br />
Ao mesmo tempo, nota-se que existe<br />
uma tendência favorável à realização de<br />
eventos em cidades do interior brasileiro.<br />
A forte presença das universidades,<br />
dos centros de pesquisa e do segmento<br />
médico-hospitalar em Londrina favorece<br />
a captação de congressos científicos e<br />
profissionais.<br />
Londrina quer<br />
avançar<br />
A Jones Lang LaSalle identificou cinco<br />
cidades que concorrem diretamente<br />
com Londrina na captação de eventos<br />
nacionais e internacionais: Uberlândia,<br />
Goiânia, Cuiabá, Curitiba e Florianópolis.<br />
Todas elas dispõem de centros de<br />
convenções instalados e operantes.<br />
A falta de um Centro de Convenções<br />
em Londrina se reflete diretamente no<br />
desempenho econômico e na própria<br />
qualidade de vida da população. Em<br />
comparação com os cinco municípios<br />
analisados, Londrina tem o menor PIB<br />
e a menor taxa de investimentos. Mais<br />
um motivo para que a cidade realize<br />
esse sonho e, com isso, impulsione o<br />
desenvolvimento de toda a região. Se<br />
Londrina quer avançar, precisa de um<br />
Centro de Convenções!<br />
Áreas<br />
Espaço para<br />
Exposições<br />
Área Total<br />
(m²)<br />
Capacidade<br />
(Auditório)<br />
Pé-direito<br />
Principais Características<br />
1.500 1.300 8,6 m Grande área livre de colunas<br />
Ballroom 3.000 2.700 8,6 m<br />
Junior<br />
Ballroom<br />
Salas para<br />
Reuniões<br />
800 700 6,8 m<br />
800 700 3,6 m<br />
Foyer 1.700 -- 6,8 m<br />
Total 7.800 5.750<br />
Flexível, sem assentos fixos. Divisível em 6 salas de<br />
800-900 m²<br />
Flexível, sem assentos fixos. Divisível em 4 salas<br />
menores, 2x 300 e 2x100 m²<br />
2 salas de 400m² cada, divisíveis em 8x50m² cada<br />
uma<br />
Foyer com 1.700 m² de área, que pode ser integrado<br />
ao espaço para exposições<br />
Associação Comercial e Industrial de Londrina 23
PEC 37<br />
SE APROVADA,<br />
PROPOSTA FARÁ<br />
PROFUNDAS<br />
MODIFICAÇÕES<br />
Muitos acreditam que a aprovação seria um<br />
golpe contra a impunidade; outros afirmam<br />
que ter o MP à frente de investigações<br />
compromete a imparcialidade<br />
Por Thamiris Geraldini<br />
De uns tempos para cá,<br />
uma Proposta de Emenda<br />
Constitucional atraiu<br />
os holofotes nacionais.<br />
Dividindo opiniões e<br />
gerando polêmica, a PEC 37<br />
pode ser votada a qualquer<br />
momento pelo Plenário<br />
do Congresso Nacional.<br />
A concreta votação e a<br />
possível aprovação do<br />
projeto, que garante<br />
exclusividade às forças<br />
policiais no trabalho de<br />
investigação criminal,<br />
mobilizaram a sociedade em<br />
diversas cidades do país. Em<br />
Londrina, um ato público<br />
reuniu cerca de 200 pessoas<br />
contrárias a emenda.<br />
De um lado, há os que<br />
defendem que a aprovação<br />
seria um golpe contra a<br />
impunidade e o aval para<br />
a farra dos ímprobos<br />
públicos. É o caso do<br />
presidente do Sindimental,<br />
Valter Orsi. Para ele, a<br />
aprovação da proposta<br />
seria um retrocesso. “Sou<br />
terminantemente contrário.<br />
A aprovação desta PEC<br />
seria um atraso para o país.<br />
Sem o poder de investigação<br />
nas mãos do Ministério<br />
Público (MP), o aumento<br />
no número de corruptos<br />
que ficarão impunes tende<br />
a aumentar. Ainda resta<br />
muito, mas com as ações do<br />
MP estamos conseguindo<br />
coibir a prática criminal<br />
gradativamente”, acredita.<br />
Compartilhando da<br />
mesma opinião, está<br />
o chefe do Executivo,<br />
o prefeito Alexandre<br />
Kireeff (PSD). “No meu<br />
24<br />
maio de 2013 | www.acil.com.br
PARA ÁLVARO DIAS, PROPOSTA É REVIDE À CONDENAÇÃO DOS MENSALEIROS<br />
entendimento, o Ministério<br />
Público, da maneira como<br />
vem trabalhando, tem<br />
exercido uma importante<br />
contribuição para a<br />
manutenção à democracia.<br />
Perder esta autonomia<br />
significaria um retrocesso.<br />
Para mim, o Ministério<br />
Público autônomo e a<br />
imprensa livre são duas<br />
das maiores conquistas<br />
institucionalizadas pela<br />
Constituição de 88.”<br />
Por outro lado, o advogado<br />
Paulo Nolasco é um dos<br />
que se colocam favoráveis à<br />
PEC. Para ele, a mudança na<br />
Constituição não restringe<br />
o poder do Ministério<br />
Público, mas restabelece<br />
a imparcialidade na fase<br />
de investigação. “Quem<br />
acusa não pode comandar<br />
a investigação, porque isso<br />
compromete a isenção.<br />
O correto é que a Polícia<br />
Judiciária (Civil e Federal)<br />
investigue, o Ministério<br />
Público denuncie, a<br />
advocacia faça a defesa e o<br />
Judiciário julgue”.<br />
Um outro argumento<br />
utilizado pelos que são<br />
favoráveis à PEC 37 é<br />
que o MP age de forma<br />
excessiva cometendo abusos<br />
e até certos equívocos.<br />
O promotor de Justiça<br />
do Ministério Público<br />
em Londrina Cláudio<br />
Esteves, reconhece que<br />
já houve falhas por parte<br />
do Ministério Público,<br />
no entanto, lembra que a<br />
instituição está sujeita ao<br />
controle de seus atos tanto<br />
pelo Conselho Nacional do<br />
Ministério Público, como<br />
pelo Poder Judiciário.<br />
“Todas as providências<br />
solicitadas ministerialmente<br />
dependerão da anuência do<br />
juiz que conduzirá o<br />
processo”.<br />
Para Esteves, é uma falácia<br />
dizer que, por conta de<br />
alguns erros em percentual<br />
baixo (em relação aos de<br />
acertos), seja justificada<br />
a retirada do poder de<br />
investigação do MP. “Vide<br />
os erros cometidos pelas<br />
polícias, que certamente são<br />
em percentual ainda maior”,<br />
diz.<br />
O empresário e expresidente<br />
da <strong>ACIL</strong> Nivaldo<br />
Benvenho é favorável<br />
a manter o poder de<br />
investigação do Ministério<br />
Público. Porém, ele defende<br />
a investigação sigilosa, pois<br />
acredita em interferências<br />
midiáticas. “Sou<br />
absolutamente contrário à<br />
PEC, mas seria interessante<br />
que houvesse uma forma<br />
de primeiro o Ministério<br />
Público fazer o seu trabalho<br />
com mais reguardo e, depois<br />
disso, abrir para a exposição<br />
na mídia. A gente percebe<br />
que às vezes algumas<br />
situações extrapolam e<br />
expõem os gestores públicos<br />
antes da hora.”<br />
O senador Álvaro Dias<br />
(PSDB-PR) chamou a<br />
atenção para um ponto<br />
positivo gerado a partir<br />
da ventilação da emenda.<br />
“A apresentação dessa<br />
proposta, certamente<br />
como revide à condenação<br />
dos mensaleiros, serviu<br />
para mostrar a força do<br />
Ministério Público e sua<br />
capacidade de mobilização”.<br />
Dias acredita que a emenda<br />
não será aprovada. Porém,<br />
caso seja, ele garante<br />
intervenção quando ela<br />
for encaminhada para a<br />
apreciação do Senado. “Eu<br />
não acredito que passe pela<br />
Câmara, mas, se passar,<br />
certamente no Senado nós<br />
teremos condições de reagir<br />
fortemente.”<br />
O Ministério Público é um<br />
órgão de Estado que atua na<br />
defesa da ordem jurídica e<br />
fiscaliza o cumprimento da<br />
lei no país. Na Constituição<br />
de 1988, o MP está incluído<br />
nas funções essenciais<br />
à justiça e não possui<br />
vinculação funcional a<br />
qualquer dos poderes do<br />
Estado. Caso a emenda<br />
seja aprovada, o Ministério<br />
Público perde a autonomia<br />
de investigação criminal,<br />
conferindo essa prerrogativa<br />
apenas às polícias Civil e<br />
Federal.<br />
A PEC, de autoria do<br />
deputado Lourival<br />
Mendes (PTdoB-MA),<br />
que é delegado da Policial<br />
Civil do Maranhão,<br />
teve a admissibilidade<br />
aprovada pela Comissão<br />
de Constituição e Justiça<br />
(CCJ) da Câmara. Para ser<br />
aprovada, são necessários<br />
308 votos favoráveis.<br />
Depois de aprovada em dois<br />
turnos, a PEC será, então,<br />
encaminhada à apreciação<br />
do Senado.<br />
“<br />
Sou<br />
absolutamente<br />
contrário à<br />
PEC, mas seria<br />
interessante<br />
que houvesse<br />
uma forma<br />
de primeiro<br />
o Ministério<br />
Público fazer o<br />
seu trabalho com<br />
mais resguardo<br />
e, depois disso,<br />
abrir para a<br />
exposição na<br />
mídia.<br />
Nivaldo Benvenho<br />
Paulo Nolasco:<br />
“Quem acusa não<br />
pode comandar a<br />
investigação, porque<br />
isso compromete a<br />
isenção”<br />
“<br />
Alexandre Kireeff: “Para<br />
mim, o Ministério<br />
Público autônomo e a<br />
imprensa livre são duas<br />
das maiores conquistas<br />
institucionalizadas pela<br />
Constituição de 88”<br />
Associação Comercial e Industrial de Londrina 25
TRANSPORTE<br />
NEGÓCIOS SOBRE<br />
DUAS RODAS<br />
Empresários começam a perceber o crescimento do uso de bicicletas<br />
e descobrem novas oportunidades com as “magrelas”<br />
26<br />
maio de 2013 | www.acil.com.br
Por Guto Rocha<br />
Invisíveis para a maioria dos motoristas,<br />
os ciclistas estão cada dia mais presentes<br />
nas ruas de Londrina. Vencendo pesadas<br />
ladeiras com a batata da perna turbinada<br />
e dividindo perigosos e apertados espaços<br />
nas ruas e avenidas - entupidas com carros<br />
- os adeptos da bicicleta começam a ser<br />
notados por alguns homens de negócio.<br />
Pequenos gestos ou grandes investimentos<br />
que incentivem o uso da bicicleta são<br />
sempre animadores. Uma promessa de<br />
mudança de cultura que nós, ciclistas,<br />
acalentamos a cada pedalada. Dias atrás<br />
fui até à farmácia que fica na rotatória<br />
das avenidas Higienópolis e JK. Quando<br />
estava procurando um lugar para trancar<br />
minha bicicleta (coisa rara em Londrina),<br />
o gerente do estabelecimento veio até<br />
mim e disse para eu guardá-la dentro<br />
da farmácia. “É mais seguro”, comentou.<br />
Não precisei trancar a bicicleta e, claro,<br />
virei freguês.<br />
Outro empresário que me conquistou<br />
como freguês foi Christian Ferreira de<br />
Amorin, dono do salão La Peluqueria,<br />
que percebeu as vantagens da bicicleta<br />
no seu dia a dia. Há quase quatro anos,<br />
Chris Peluquero, como é mais conhecido,<br />
adotou a bicicleta como seu único meio<br />
de transporte. “As rodas viraram meus<br />
pés e pernas. Vou ao banco pagar contas,<br />
venho trabalhar. O supermercado, que<br />
fica a duas quadras apenas, parece longe<br />
se não for de bicicleta. Vou pra todo lado<br />
de bicicleta”, afirma.<br />
Chris Peluquero foi além com a “bike”:<br />
criou uma promoção em seu salão<br />
para atrair clientes antenados com o<br />
movimento das duas rodas. Quem for até lá<br />
de bicicleta ganha descontos nos serviços.<br />
“Dependendo da distância que a pessoa<br />
se deslocou, o valor pode até aumentar”,<br />
comenta. Segundo ele, a ideia surgiu da<br />
vontade de ver mais gente pedalando por<br />
Londrina. “Queria incentivar as pessoas a<br />
utilizarem bicicleta, é preciso se criar uma<br />
cultura das duas rodas para melhorar a<br />
cidade e a saúde das pessoas.”<br />
Como ciclista, entendo bem o que<br />
Chris Peluquero percebe ao pedalar<br />
pela cidade. Mas, antes de falar das<br />
dificuldades que um ciclista enfrenta em<br />
Londrina, é preciso deixar claro o prazer<br />
proporcionado por uma pedalada. O<br />
vento no rosto, a sensação de liberdade<br />
e a imensa satisfação de olhar para trás e<br />
ver que a fila de carros congestionados na<br />
hora do rush continua parada depois de<br />
ter descido a Rua Pernambuco inteira, até<br />
o Moringão, em poucos minutos. E isso<br />
vale para qualquer outra via de Londrina.<br />
Entretanto, obter esse prazer com<br />
segurança é sempre um perigoso desafio.<br />
Para isso, é preciso estar equipado:<br />
capacete, lanternas traseiras e dianteira<br />
são essenciais. Afinal, como seres<br />
invisíveis, nós, ciclistas, estamos expostos<br />
a todos os tipos de perigos. Os buracos no<br />
asfalto são muitos e traiçoeiros, às vezes<br />
surgem de um dia para outro nas rotas<br />
que costumo fazer.<br />
Os motoristas incautos, no entanto, são<br />
os maiores riscos que encontramos pelo<br />
caminho. Como a rede de ciclovias é<br />
insuficiente e não está interligada, somos<br />
obrigados a dividir os espaços com as<br />
máquinas motorizadas. Para piorar a<br />
situação, até mesmo os pedestres, que<br />
também são vítimas do trânsito caótico<br />
da cidade, não respeitam as poucas<br />
ciclovias que temos para usar.<br />
Segundo a gerente de Trânsito do<br />
Instituto de Pesquisa e Planejamento<br />
Urbano de Londrina (IPPUL),<br />
engenheira Cristiane Biazzono Dutra,<br />
a Prefeitura tem planos para implantar<br />
107 quilômetros de ciclovias na cidade.<br />
Mas não há prazos para que isso seja<br />
concluído. Atualmente, segundo ela,<br />
existem de fato 17 quilômetros de<br />
ciclovias. Muitas delas compartilhadas<br />
com pedestres em calçadas e outras que<br />
ainda não estão sinalizadas indicando<br />
que ali é uma ciclovia.<br />
O IPPUL está realizando, desde de<br />
2012, uma pesquisa com ciclistas para<br />
traçar um perfil desse público e, a partir<br />
daí, definir locais para se implantar<br />
novas ciclovias. A engenheira observa<br />
que qualquer ciclista pode participar,<br />
respondendo à pesquisa que está na<br />
página principal do site da Prefeitura de<br />
Chris Peluquero: “As rodas viraram<br />
meus pés e pernas. Vou pra todo<br />
lado de bicicleta”<br />
Ricardo de Carvalho: “Gente de todas<br />
as classes sociais estão aderindo ao<br />
ciclismo, seja como modalidade esportiva,<br />
seja como meio de transporte”<br />
Londrina (www.londrina.pr.gov.br).<br />
Mesmo com tantas adversidades, o<br />
número de ciclistas tem crescido em<br />
Londrina. Cristiane diz que não existe<br />
um levantamento seguro da quantidade<br />
de bicicletas rodando pela cidade. “Como<br />
não são emplacadas, fica difícil saber<br />
quantas são”, afirma. Segundo ela, o<br />
objetivo da Prefeitura é de que no futuro<br />
pelo menos 10% dos deslocamentos em<br />
Londrina sejam feitos em bicicletas.<br />
O sócio-proprietário da Bicicletaria<br />
Recreio, Ricardo de Carvalho, que está<br />
no negócio das duas rodas há 27 anos,<br />
afirma que a bicicleta vive um momento<br />
“nunca visto antes” em Londrina. “Gente<br />
de todas as classes sociais estão aderindo<br />
ao ciclismo, seja como modalidade<br />
esportiva, seja como meio de transporte”,<br />
afirma.<br />
Ele, que começou a trabalhar em oficina<br />
Associação Comercial e Industrial de Londrina 27
de bicicletas ao 12 anos de idade,<br />
antes mesmo de seu pai abrir a atual<br />
bicicletaria, e é praticante da modalidade<br />
conhecida como Down Hill, afirma que<br />
o negócio vem buscando mais e mais<br />
profissionalismo e tecnologia de ponta.<br />
Em seu estabelecimento é possível<br />
encontrar bicicletas para todas as idades<br />
e finalidades. “As mais procuradas são<br />
as mountain bikes por causa do relevo<br />
de Londrina, que tem muitas subidas<br />
e descidas”, observa. Mas também há<br />
equipamentos para praticantes de outras<br />
modalidades e para passeio.<br />
Carvalho afirma que para se manter no<br />
negócio precisa estar sempre atualizado.<br />
“Já fiz vários cursos, participo de eventos<br />
e feiras, assino revistas especializadas e a<br />
nossa oficina é credenciada pela Proparts,<br />
da SRAM Corporation, dos Estados<br />
Unidos”, afirma. O empresário observa<br />
que o crescimento no setor tem sido tão<br />
grande que a demanda por serviço de<br />
manutenção também cresceu. “Temos<br />
dificuldades de encontrar mão de obra<br />
qualificada para trabalhar com a gente.<br />
Em Londrina não há cursos para formar<br />
esses profissionais.”<br />
Bike sob medida<br />
Há pouco mais de dois anos, o empresário<br />
Frederico Pasquarelli Barrozo mudou<br />
de ramo e adotou a bicicleta como<br />
seu principal negócio. Proprietário da<br />
Ratuera Bike Shop, Barrozo afirma que<br />
o movimento em sua loja não para de<br />
crescer. Ele oferece bicicletas montadas<br />
de acordo com a necessidade do cliente<br />
e conforme o biotipo de cada um.<br />
“Fazemos o chamado ‘bike fit’, medimos<br />
a pessoa, seus braços, pernas, cavalo para<br />
que a bicicleta seja montada de maneira<br />
personalizada”, comenta.<br />
Os pedidos são tantos que o empresário<br />
não tem mais bicicletas para pronta<br />
entrega. “Os clientes estão aguardando<br />
sete dias úteis para pegar a bike”, aponta.<br />
Uma bicicleta montada por encomenda,<br />
segundo ele, custa a partir de R$ 1.250.<br />
Além de bicicletas, as lojas também<br />
oferecem equipamentos de segurança<br />
e roupas especiais para a prática do<br />
ciclismo. “É um importante complemento<br />
nas vendas e para o ciclista também é<br />
uma maneira de garantir maior segurança<br />
e melhor desempenho no esporte”,<br />
comenta.<br />
As bicicletas abriram o caminho para<br />
novos empreendedores em Londrina. O<br />
professor de educação física Luiz Cesar<br />
da Silva Moreira, conhecido com Birinho,<br />
especialista em bicicletas como atividade<br />
esportiva, enxergou nas duas rodas uma<br />
nova fonte de renda. Há cinco meses, ele<br />
montou a Birinho Bikes SOS, uma oficina<br />
ambulante para consertar bicicletas. O<br />
negócio funciona em uma perua Kombi<br />
com uma carroceria baú caracterizada.<br />
“As pessoas veem o carro e perguntam<br />
como funciona o trabalho, ou anotam<br />
o telefone e ligam quando precisam”,<br />
comenta.<br />
Bririnho oferece socorro em domicílio<br />
ou no lugar que a pessoa estiver com<br />
problemas com a bicicleta. “Muitas<br />
vezes o cliente não tem tempo de levar a<br />
bicicleta ou nem tem como levá-la para<br />
uma bicicletaria. Então, vou até a casa da<br />
pessoa e, se for um conserto mais simples,<br />
faço no local. Se for algo mais complexo,<br />
levo para minha casa, onde tenho uma<br />
oficina mais completa”. O negócio,<br />
segundo ele, está dando bons resultados.<br />
“Tenho tido muito trabalho. Às vezes me<br />
chamam para consertar as bicicletas da<br />
família inteira que estavam paradas há<br />
tempos”, afirma.<br />
Também apostando no crescimento dessa<br />
área, os empresários Mário Rossetto<br />
e Eduardo Leite acabam de abrir em<br />
Londrina um novo negócio: a Enzo<br />
Bike. Depois de pesquisarem o mercado,<br />
viram nas bicicletas elétricas um boa<br />
oportunidade. Os dois foram para a<br />
China no ano passado para importar kits<br />
elétricos com motor e bateria. As bicicletas,<br />
segundo Rossetto, são fabricadas por<br />
duas indústrias brasileiras de São Paulo.<br />
“Os quadros são feitos especialmente<br />
para adaptarmos os kits chineses que<br />
estamos importando”, afirma. O primeiro<br />
container com os equipamentos elétricos<br />
chegaram da China na segunda quinzena<br />
de abril.<br />
Quando fui de bicicleta fazer a entrevista,<br />
a loja ainda nem tinha sido inaugurada.<br />
Mas a vitrine, que havia me chamado a<br />
atenção por causa das bikes diferentes, já<br />
estava montada. Tive a oportunidade de<br />
fazer um “test drive” com um dos modelos<br />
elétricos. A bicicleta elétrica pode ser a<br />
solução para o difícil relevo de Londrina.<br />
Fiz uma subida brincando.<br />
Segundo Rossetto, a bicicleta será<br />
equipada com uma bateria de lítio, que<br />
pesa 2,5 quilos, enquanto uma similar<br />
pesa 60 quilos. “Uma recarga na tomada<br />
de casa custa R$ 0,65”, afirma. A bateria<br />
carregada permite andar 35 quilômetros<br />
sem pedalar e, se as pernas derem uma<br />
forcinha, a duração sobe para até 60<br />
quilômetros. O motor tem potência de<br />
350 watts. “Isso é suficiente para subir<br />
tranquilamente rampas com 50º, 60º de<br />
elevação, o que é ideal para Londrina”,<br />
afirma.<br />
As bicicletas elétricas vão ser vendidas por<br />
valores que variam entre R$ 2,6 mil e R$<br />
4,3 mil. A loja terá também equipamentos<br />
de segurança, como capacete e lanternas.<br />
Rossetto afirma que, além de Londrina,<br />
as bicicletas da marca Enzo serão<br />
distribuídas por todo o País. “Fizemos<br />
uma parceria com a indústria Brinquedos<br />
Bandeirantes, que irá utilizar toda sua<br />
rede de distribuição para a bicicleta<br />
montada aqui em Londrina”, afirma.<br />
Luiz Cesar Moreira: “Tenho tido muito<br />
trabalho. Às vezes me chamam para consertar<br />
as bicicletas da família inteira que estavam<br />
paradas há tempos”<br />
28<br />
maio de 2013 | www.acil.com.br
FEIRAS E EVENTOS<br />
REVISTA MERCADO EM FOCO | MAIO DE 2013<br />
WWW.<strong>ACIL</strong>.COM.BR<br />
ExpoLondrina, EletroMetalcon, Feira Noivas e Inovatec trazem inovações e<br />
movimentam a economia londrinense<br />
Por Kalinka Amorim<br />
A capacitação das empresas na produção<br />
e no uso do conhecimento é fundamental<br />
na busca pela competitividade. Quando<br />
universidade e mundo corporativo se<br />
unem rumo à inovação, a sociedade ganha<br />
em desenvolvimento e sustentabilidade, a<br />
geração de emprego e renda aumenta e o<br />
progresso se instala.<br />
Inovação e conhecimento são ingredientes<br />
que determinam a competitividade de<br />
setores, países e empresas. Em Londrina,<br />
a reunião desses itens durante a realização<br />
das feiras e exposições incrementa a<br />
economia. Juntas, a EletroMetalcon, a<br />
Feira Noivas, a ExpoLondrina e a Inovatec<br />
movimentaram, em 2012, mais de R$ 370<br />
milhões na economia local, colocando<br />
Londrina em posição de destaque no<br />
celeiro de negócios no país.<br />
Associação Comercial e Industrial de Londrina 29
Embora não se tenha um estudo<br />
aprofundado do reflexo das feiras em<br />
toda a economia londrinense, sabe-se<br />
que ele é significativo. Os hotéis ficam<br />
lotados, a movimentação em bares,<br />
restaurantes e no comércio também<br />
acontece, além dos gastos com táxis e<br />
outros transportes.<br />
A ExpoLondrina, sem sombra de<br />
dúvida, é a gigante do segmento. No<br />
ano passado, os negócios realizados<br />
injetaram R$ 355 milhões na economia<br />
local. Esse ano, o montante chegou a R$<br />
402 milhões nos 11 dias de feira, um<br />
acréscimo de 13% em relação a 2012.<br />
Durante sua realização, são muitas as<br />
novidades multiplicadas em eventos<br />
que tratam da alta genética no pasto e<br />
do aumento na produção de alimentos.<br />
“Há uma troca significativa de<br />
informações e divulgação de novas<br />
tecnologias desenvolvidas por nossos<br />
institutos de pesquisa e universidades<br />
(Emater, Iapar, Embrapa, UEL, dentre<br />
outros) durante a ExpoLondrina. Elas<br />
levam à população conhecimento sobre<br />
Moacir Sgarioni: “Há uma troca significativa<br />
de informações e divulgação de novas<br />
tecnologias desenvolvidas por nossos<br />
institutos de pesquisa e universidades<br />
durante a Expo Londrina que levam à<br />
população conhecimento sobre como o<br />
trabalho dos pesquisadores reflete no<br />
cotidiano de cada um”<br />
como o trabalho dos pesquisadores<br />
reflete no cotidiano de cada um”,<br />
explica Moacir Sgarioni, presidente<br />
da Sociedade Rural do Paraná (SRP),<br />
realizadora do evento.<br />
Para atender a enorme demanda<br />
gerada durante os dias do evento são<br />
contratados mais de 10 mil empregos<br />
diretos e indiretos. “Atendemos uma<br />
grande parcela da população que<br />
as vezes está desempregada ou que<br />
reforça seu orçamento com a renda<br />
adquirida nesse período. Esse dinheiro,<br />
com certeza, é gasto no comércio, nos<br />
shoppings, em supermercados, lojas de<br />
roupas, na venda do bairro, gerando<br />
um efeito dominó na economia local”,<br />
afirma Sgarioni.<br />
Além disso, a ExpoLondrina também<br />
é palco de discussões políticas.<br />
Governador, secretários, deputados,<br />
senadores se reúnem para ouvir as<br />
necessidades locais. “São momentos<br />
importantes em que a cidade pode falar<br />
a seus representantes políticos sobre<br />
suas necessidades e ter com eles uma<br />
conversa olho no olho. Essas conversas<br />
sempre rendem bons frutos para<br />
Londrina”, garante.<br />
Bons frutos também rende a Feira<br />
Eletromecânica e Construção Civil<br />
– EletroMetalcon, uma promoção<br />
do Senai/PR, Sindimetal Londrina e<br />
Sinduscon Norte/PR. Sinônimo de<br />
inovação e investimentos, o evento,<br />
em 2012, injetou R$ 21 milhões na<br />
economia local. A expectativa em 2013<br />
é alcançar a casa de R$ 50 milhões em<br />
negociações.<br />
De acordo com Alexandre Ferreira,<br />
gerente-executivo do Senai em<br />
Londrina, a EletroMetalcon é um<br />
encontro entre o empresário, a<br />
universidade e o investidor que<br />
promove processos inovativos. “A<br />
inovação é a sobrevivência do país.<br />
Para que um país continue competitivo,<br />
é inerente que ele tenha inovação, que<br />
consiga implementar no mercado novos<br />
conceitos, novos usos, novas maneiras<br />
de pensar a vida. Não dá para se falar<br />
em desenvolvimento sem se falar em<br />
inovação”, afirma. Por conta disso, uma<br />
área denominada serviços técnicos e<br />
inovação foi desenvolvida no Senai para<br />
ajudar os empresários a compreender<br />
e aplicar a inovação e, dessa forma,<br />
alavancar seus negócios.<br />
Para ele, a parceria entre universidade<br />
e empresa é de suma importância e<br />
todos saem ganhando, principalmente<br />
a população brasileira que consegue<br />
ter processos mais baratos e que não<br />
deixam em nada a desejar da inovação<br />
estrangeira. “O Brasil tem que ter<br />
liberdade para participar do mercado<br />
global. Para isso, não pode comprar<br />
inovação, mas, sim, promovê-la. Nossa<br />
missão no passado era preparar mão<br />
de obra, nós continuamos com ela, mas<br />
hoje o objetivo estratégico do Senai em<br />
nível nacional é implementar a inovação<br />
tecnológica”, diz.<br />
Casamento, um<br />
grande negócio<br />
Um referencial em ditar tendências e<br />
moda. Assim a Feira Noivas, em sua 10ª<br />
edição, se consolida, tornando Londrina<br />
polo regional do segmento de festas<br />
e eventos. Em 2012, o evento recebeu<br />
visitantes de 57 cidades dos estados do<br />
Paraná, São Paulo, Mato Grosso, Mato<br />
Grosso do Sul, Goiás, Santa Catarina<br />
e Rio de Janeiro, totalizando cinco<br />
30<br />
maio de 2013 | www.acil.com.br
WORKSHOP PROMOVE DIÁLOGO ENTRE EMPRESÁRIOS E PESQUISADORES<br />
mil visitantes de grande potencial.<br />
A expectativa da empresária Mity<br />
Shiroma, organizadora da Feira Noivas,<br />
é de que este ano o evento movimente<br />
R$ 20 milhões em negócios.<br />
A próxima edição está marcada para os<br />
dias 01 a 04 de agosto; a expectativa é<br />
de um crescimento 10% maior que o<br />
realizado em 2012, tanto em negociações<br />
como em número de visitantes.<br />
Inovatec Regional<br />
Londrina<br />
A inovação e o conhecimento tornaramse<br />
a força motriz do desenvolvimento<br />
regional sustentável. Prova disso é<br />
o lançamento da Inovatec Regional<br />
Londrina, que acontecerá na <strong>ACIL</strong> em<br />
16 de maio com o objetivo de disseminar<br />
as pesquisas universitárias. Os estudos<br />
estarão à disposição da comunidade<br />
para visitação na Universidade Estadual<br />
de Londrina (UEL) nos dias 17 e 18 de<br />
julho, das 15 às 21 horas.<br />
Em forma de workshop tecnológico, a<br />
Inovatec concentra seu foco nas áreas de<br />
saúde, construção civil e metal mecânica,<br />
alimentos, biotecnologia e tecnologia<br />
da informação e comunicação. Cada<br />
workshop terá a presença de um<br />
empresário que tenha vivência de<br />
Cristianne Cordeiro do<br />
Nascimento: “Meu desejo é que<br />
os empresários locais se habituem<br />
cada vez mais a procurar a<br />
universidade para desenvolver<br />
pesquisas que alavanquem cada<br />
vez mais seus negócios”<br />
mercado e universitária. Pesquisadores<br />
locais farão a explanação de suas<br />
descobertas. “Nesse ponto, um diálogo<br />
será estabelecido podendo culminar<br />
em negociações. Essa parceria entre<br />
pesquisadores e empresários resultará<br />
na criação de novos produtos, bens ou<br />
serviços e dará um up na economia<br />
local e nas pesquisas universitárias”, é o<br />
que almeja a pró-reitora de extensão da<br />
UEL, Cristianne Cordeiro Nascimento.<br />
“Se as empresas forem dotadas de<br />
novas tecnologias geradas pela<br />
pesquisa acadêmica, elas se tornarão<br />
mais competitivas no mercado. Isso<br />
agrega valor e impulsiona a economia<br />
londrinense. Consequentemente, o<br />
desdobramento dessa parceria será a<br />
geração de empregos, de novos recursos<br />
para a cidade e para nós, pesquisadores”,<br />
diz.<br />
“Nós temos muita coisa interessante<br />
para levar para a sociedade, temos<br />
várias pesquisas em energia renovável<br />
e isso é muito importante, uma vez que<br />
a energia é o que demanda maior parte<br />
no lucro das empresas. Mas, se não<br />
tivermos fomento, não conseguiremos<br />
chegar ao público final”, lamenta.<br />
Cristianne completa que a UEL é<br />
um órgão que também pode ajudar a<br />
sociedade. “Somos servidores públicos<br />
e nossa função é justamente essa.<br />
Trazer a melhoria para as empresas,<br />
que consequentemente irão melhorar a<br />
renda e a vida das pessoas.”<br />
Durante o lançamento da Inovatec<br />
Regional Londrina será divulgado o<br />
Inova, um edital de R$ 30 milhões que<br />
financiará projetos dessa natureza, e<br />
também o prêmio Finep de Inovação,<br />
o mais importante instrumento de<br />
estímulo e reconhecimento à inovação<br />
no País. Desde 1998, já premiou mais<br />
de 500 empresas, instituições e pessoas<br />
físicas, sendo responsável pela projeção<br />
dos contemplados não apenas no Brasil<br />
como no exterior. Em 2013, serão<br />
disponibilizados de R$ 100 mil a R$<br />
500 mil para os primeiros colocados<br />
regionais e nacionais de cada categoria,<br />
totalizando R$ 8 milhões.<br />
As categorias que podem concorrer<br />
são Micro e Pequena Empresa, Média<br />
Alexandre Ferreira: “A inovação é a<br />
sobrevivência do país. Não dá para se falar em<br />
desenvolvimento sem se falar em inovação”<br />
Empresa, Grande Empresa (apenas na<br />
etapa nacional), Instituição de Ciência e<br />
Tecnologia, Tecnologia Social, Inventor<br />
Inovador, Tecnologia Assistiva,<br />
Inovação Sustentável e Inovar Fundos,<br />
também restrita à etapa nacional<br />
e dividida em três subcategorias –<br />
Governança, Equipe e Operação.<br />
Lei da Inovação<br />
Outro passo grandioso dado no início de<br />
2013 para fomentar o desenvolvimento<br />
de pesquisas que gerem bens, produtos<br />
ou serviços foi a regulamentação da Lei<br />
434/2012, a Lei da Inovação, que traz<br />
uma série de estímulos às empresas e<br />
aos pesquisadores. “Isso é um grande<br />
facilitador para o pesquisador. Antes<br />
havia um impedimento legal, com<br />
a Lei de Inovação, esse fluxo pode<br />
ser facilitado, uma vez que a lei traz<br />
as contrapartidas que as empresas<br />
e pesquisadores devam ter”, diz<br />
Cristianne.<br />
Os empresários que tiverem interesse<br />
em conhecer as pesquisas desenvolvidas<br />
pela UEL podem visitar a Inovatec.<br />
Durante o evento será possível o<br />
estabelecimento de um convênio<br />
empresa/universidade. Um plano de<br />
trabalho será traçado e a pesquisa<br />
fomentada. “A universidade entra<br />
com o poder intelectual e as empresas<br />
com o insumo. Meu desejo é que os<br />
empresários locais se habituem cada<br />
vez mais a procurar a universidade para<br />
desenvolver pesquisas que alavanquem<br />
cada vez mais seus negócios”.<br />
Associação Comercial e Industrial de Londrina 31
EMPRESA FAMILIAR<br />
A ARTE DE<br />
SOBREVIVER<br />
ADMINISTRANDO<br />
NEGÓCIOS<br />
DE FAMÍLIA<br />
Em meio a grandes multinacionais<br />
e empresas de capital aberto,<br />
empresas dos mais diversos<br />
segmentos mantém a tradição e<br />
passam o comando de pai para filho<br />
Por Alexandre Sanches<br />
O crescimento de Londrina, aliado ao desenvolvimento de<br />
novas modalidades de comércio e avanço das grandes redes<br />
varejistas, mudou significativamente o perfil das empresas<br />
locais. As conhecidas empresas familiares estão dando<br />
lugar a um comércio mais agressivo, vindo muitas vezes de<br />
redes varejistas de capital aberto, o que acaba “sufocando”<br />
a tradição e aquele estilo próprio de atendimento, de<br />
administração interna, que tornava a relação fornecedor/<br />
cliente um atendimento mais íntimo.<br />
Na história de Londrina, muitos nomes de estabelecimentos<br />
que deixaram de existir como Casas Fuganti, Armarinhos<br />
Paulista, Supermercados Martins & Fernandes, Casa<br />
Gevasco, por exemplo, se confundem com o desenvolvimento<br />
do município e ainda são pontos de referência entre os<br />
habitantes mais antigos. Dos grandes empreendimentos<br />
que tinham a tradição de passar a administração de pai para<br />
filho, a Viação Garcia foi o caso mais recente da entrega<br />
total para empreendimentos externos ao município, sendo<br />
administrada, agora, pelo empresário paulista Mário Luft,<br />
que possui empresas no ramo de transporte e logística.<br />
Mas ainda há muitos estabelecimentos que nadam contra<br />
Frisocar: o fundador Settimio Giuliani já divide as<br />
funções com os filhos<br />
a maré e procuram manter a tradição de administrar as<br />
empresas, repassando o comando de pai para filho. Há casos<br />
em que essa “tradição” já está na terceira geração.<br />
Na década de 60, quando ainda havia muitos carroceiros<br />
e a região norte paranaense era tradicionalmente agrícola,<br />
com destaque para o café, surgiu a Selaria Estrela, no<br />
cruzamento das ruas Benjamin Constant com a Duque<br />
de Caxias (local onde está instalado atualmente o Pronto<br />
Atendimento Municipal). Ali, durante anos, funcionou um<br />
dos pontos mais tradicionais, próximo da linha férrea e dos<br />
armazéns de estocagem de café. Em frente estava instalado<br />
um tradicional ponto de carroceiros.<br />
Hoje, o empreendimento está distante apenas uma quadra<br />
do local e funciona com a terceira geração da família de<br />
Manoel Baptista Vera. Diante da modernidade, ainda insiste<br />
em se manter atual e atendendo não apenas uma clientela<br />
tradicional, mas também buscando novos clientes. “A loja,<br />
quando começou, era só selaria. Agora, somos obrigados<br />
a diversificar mais os nossos produtos, nos adaptar às<br />
necessidades atuais. Como produzimos produtos à base<br />
de couro, um trabalho artesanal, não temos como perder<br />
o foco”, comenta Sérgio Ricardo Pires, 44 anos, neto do<br />
fundador da empresa.<br />
Nela, trabalham quatro pessoas: Amauri (filho do fundador),<br />
Januário Pires (genro do fundador), Sérgio e Wilson (netos).<br />
“Aqui, meu tio e meu pai aprenderam a função e eu e meu<br />
irmão aprendemos também a arte de trabalhar o couro.<br />
Crescemos vendo meu pai e meu tio trabalhando com o<br />
artesanato, pegamos o gosto e começamos a nos envolver<br />
ainda cedo”, ressalta Sérgio Pires.<br />
Atualmente, Londrina possui poucas selarias, também<br />
formadas por empresas familiares. Mesmo assim, Sérgio<br />
garante que há um respeito entre a concorrência. E quanto<br />
aos afazeres internos e administrativos, cada um tem uma<br />
função específica, não havendo problemas entre eles. “A<br />
gente consegue, no final do mês, tirar o sustento suficiente<br />
para manter uma vida tranquila, sem concorrência entre<br />
nós”, salienta.<br />
32<br />
maio de 2013 | www.acil.com.br
“DIVERSIFICAMOS PRODUTOS, MAS MANTIVEMOS O FOCO”<br />
Autopeças<br />
Há 20 anos, membros da família Giuliani resolveram, após<br />
trabalhar anos na extinta Rolemac, comércio de rolamentos<br />
e peças automotivas, abrir um estabelecimento próprio.<br />
O comércio de autopeças e adereços automobilísticos<br />
levou à criação da Frisocar, uma empresa que está sendo<br />
administrada pelo seu fundador, Settimio Giuliani, 67 anos,<br />
e seu filho, Alessandro Settimio Giuliani, 38. Além deles,<br />
uma filha e um genro do fundador também atuam no<br />
empreendimento com 13 outros funcionários.<br />
“Eu aprendi a função com meu pai, quando comecei a<br />
trabalhar na Rolemac em 1989. Em 1993 iniciamos nosso<br />
empreendimento no ramo de autopeças e, em 1995, com a<br />
abertura de uma filial, acabamos estruturando a Frisocar.<br />
Desde então, vamos administrando a empresa e procurando<br />
fincar nossas raízes nesse setor”, comenta Alessandro, que há<br />
23 anos trabalha direto com o pai, de quem pegou o gosto<br />
pela profissão.<br />
Apesar da concorrência e do número de funcionários, ele<br />
diz que a empresa é bem administrada pelos membros da<br />
família, o que não evita divergências nas ideias e formas<br />
de administrar o empreendimento. “Apesar de haver<br />
divergências, a gente consegue resolver de forma mais fácil<br />
por estarmos entre membros da mesma família, evitando<br />
que isso afete a produção da empresa. Todos temos funções<br />
bem definida, mas um ajuda o outro quando precisa”,<br />
enfatiza.<br />
Rede de lojas<br />
Selaria Estrela: diferentes gerações, um<br />
mesmo negócio<br />
Se para manter uma empresa pequena de cunho familiar<br />
já não é fácil, o que dizer de uma empresa de maior porte,<br />
com 18 unidades distribuídas no norte do Estado e em Santa<br />
Catarina Pois este desafio está sendo administrado pelo<br />
empresário e diretor da <strong>ACIL</strong>, Marcelo Ontivero, ao manter<br />
a loja fundada pelo pai, Francisco Ontivero, que continua<br />
trabalhando na empresa.<br />
Criada em 1967, a Móveis Brasília, em pouco mais de<br />
40 anos de história, se estruturou para concorrer com as<br />
grandes redes de lojas do setor de móveis, eletrodomésticos<br />
e eletroeletrônicos. “O nosso diferencial está em ser uma<br />
empresa familiar, que se estruturou ao longo dos anos,<br />
investindo boa parte do lucro na firma. Hoje estamos<br />
investindo em outros setores, como o atacadista, para<br />
podermos sobreviver aos novos empreendimentos que<br />
estão com campanhas agressivas, inclusive o comércio<br />
eletrônico”, comenta.<br />
Marcelo Ontivero faz parte da segunda geração a trabalhar<br />
na empresa fundada pelo pai. Do núcleo familiar, são seis<br />
pessoas na administração: além dele, os pais, os irmãos e<br />
um cunhado estão à frente do empreendimento. E o maior<br />
desafio, além de administrar o quadro de funcionários e as<br />
18 unidades distribuídas em dois Estados, é se manter em<br />
um comércio onde a concorrência é geral.<br />
“Nós estamos entre os grandes empreendimentos, muitas<br />
vezes de capital aberto, que estão chegando e ocupando<br />
espaços preciosos em Londrina, e a pequena loja que possui<br />
benefícios fiscais que não temos. Mesmo assim, trabalhamos<br />
com crediário próprio, facilitando a negociação com clientes,<br />
procurando manter a tradição e antigos clientes comprando<br />
conosco”, salienta, lembrando que o diferencial de uma<br />
empresa familiar é estar próximo do cliente, podendo dar<br />
um atendimento diferenciado.<br />
“Temos clientes que chegam para nós e até trazem um carnê<br />
do crediário de mais de 30 anos para mostrar que gostam de<br />
comprar conosco. Temos clientes fieis e procuramos fidelizar<br />
isso. Mas isso está cada vez mais difícil, principalmente<br />
com as constantes promoções dos grandes varejistas e do<br />
comércio eletrônico”, ressalta.<br />
Sobre fato de ser uma empresa administrada por integrantes<br />
de uma mesma família, Marcelo Ontivero diz que não há<br />
problemas nisso. “Hoje temos setores que tomam decisões<br />
de forma mais autônoma e cada um de nós tem uma função<br />
específica na empresa. E quando há alguma diferença,<br />
procuramos dirimir nas reuniões semanais envolvendo<br />
todos os setores e procurando levar a empresa para um<br />
caminho único e mais seguro de decisões para que possamos<br />
continuar vivos no mercado.”<br />
Em relação à possibilidade de uma terceira geração<br />
continuar a administrar os negócios, Marcelo Ontivero<br />
diz que está trabalhando o filho mais velho, de 17 anos,<br />
para que possa pegar gosto pelo empreendimento e possa<br />
levá-lo adiante. Para isso, o garoto está se preparando para<br />
ingressar no curso de Administração de Empresas. “Temos<br />
que criar a cultura, o gosto neles e ver a vocação de cada um.<br />
Acredito que será possível, sim, ver numa terceira geração<br />
a continuidade desse trabalho iniciado na década de 60”,<br />
assegura.<br />
Associação Comercial e Industrial de Londrina<br />
33
COMPRAS E LAZER<br />
O RENASCIMENTO DO<br />
MARCO ZERO<br />
Boulevard Londrina Shopping, primeiro<br />
empreendimento da Sonae Sierra no Sul do Brasil,<br />
abre as portas e movimenta o cenário econômico da<br />
região<br />
Por Paulo Briguet<br />
Em 21 de agosto de 1929, uma caravana liderada por George Craig Smith, funcionário da<br />
Companhia de Terras Norte do Paraná, chegou ao lugar que hoje conhecemos por Londrina.<br />
O topógrafo russo Alexander Razgulaeff gritou: “É aqui!”. Aqui era o início da imensa área a<br />
ser colonizada pela Companhia de Terras Norte do Paraná. O local de chegada da primeira<br />
caravana passaria a ser conhecido como Marco Zero.<br />
Situado atualmente no limite entre a área central e Região Leste da cidade, o Marco Zero passou<br />
nos últimos anos por um período difícil, marcado pelo abandono, quase esquecido por todos.<br />
Mas essa história começou a mudar. Oitenta e quatro anos depois da caravana pioneira, o local<br />
está sendo palco de uma profunda transformação na economia e na infraestrutura urbana. Em<br />
3 de maio, foi inaugurado o Boulevard Londrina Shopping, numa parceria entre a Sonae Sierra<br />
34<br />
BOULEVARD<br />
EM NÚMEROS<br />
47,8 mil m 2<br />
de área locável<br />
216 lojas<br />
6 âncoras<br />
6 semiâncoras<br />
3 restaurantes<br />
31 fast-foods<br />
7 salas de cinema<br />
1 área de lazer e<br />
entretenimento<br />
1 hipermercado<br />
2.400 vagas de<br />
estacionamento<br />
maio de 2013 | www.acil.com.br
SHOPPING FOI CONSTRUÍDO NUMA REGIÃO HISTÓRICA DA CIDADE<br />
Brasil e o grupo londrinense Marco Zero.<br />
O surgimento do novo shopping abre uma nova fase no<br />
panorama competitivo de Londrina; é o renascimento<br />
daquele pedaço histórico do nosso chão. “Mesmo com<br />
todas as dificuldades políticos que enfrentamos nos últimos<br />
anos, e que acreditamos terem acabado em janeiro de 2013,<br />
conseguimos mostrar que é possível investir em nossa terra<br />
e nossa gente”, disse o empresário Raul Fulgêncio, do grupo<br />
Marco Zero. Segundo ele, o Boulevard Shopping é a grande<br />
âncora do Complexo Marco Zero, que já conta com a loja<br />
de departamentos Leroy Merlin, inaugurada em 2012, e<br />
terá ainda o Teatro Municipal, uma unidade do Hotel Ibis e<br />
16 torres comerciais e residenciais. O complexo terá ainda<br />
um boulevard de 700 metros de extensão e 26 de largura,<br />
interligando os edifícios, o teatro e o shopping – daí o nome<br />
escolhido para o empreendimento. As obras de revitalização<br />
no entorno vão garantir iluminação, segurança e facilidade<br />
de acesso para os moradores da região – o que certamente já<br />
está valorizando o preço dos imóveis locais. Sem dúvida, um<br />
renascimento.<br />
O Boulevard Londrina Shopping será o primeiro empreendimento da Sonae Sierra na Região<br />
Sul do Brasil. São 216 lojas em 47,8 mil metros quadrados de área bruta locável. O investimento<br />
líquido foi de R$ 320 milhões, com geração de 3 mil empregos diretos.<br />
O shopping traz para os moradores da região algumas operações de sucesso nacional que<br />
são inéditas na cidade, como Livraria Saraiva, Cinemark, Luigi Bertolli, Emme, Memove,<br />
Striker Boliche, hipermercado Walmart, Zelo e Magic Games. As lojas Centauro, Kalunga,<br />
Magazine Luiza, Renner, Ri Happy, Arezzo, Artex, Chilli Beans, CNS, Hering, Lupo, Mmartan,<br />
Multicoisas, O Boticário, Shoulder, Siberian, Space Music, Vivara e World Tennis, entre outras,<br />
completam o variado mix. O empreendimento conta ainda com diversas lojas locais, como, por<br />
exemplo, Billie, Cat & Dog, Fátima Martins, For Boys For Girls e das operações de alimentação<br />
Hot & Roll, Boteco Ke Ry, Restaurante Dá Licença e Temaki Club.<br />
Decoração rende homenagem a Londres<br />
Como se sabe, a colonização de Londrina foi iniciada graças à atuação da Companhia de Terras<br />
Norte do Paraná, uma empresa de capital inglês. Conta-se que o pioneiro Arthur Thomas<br />
andava pelas ruas de Londres quando encontrou Lord Lovat e ambos conversaram sobre os<br />
planos de investir na América Latina. De certa forma, pode-se dizer que Londrina nasceu em<br />
Londres. O nome da cidade, sugerido por João Sampaio, também diretor da Companhia de<br />
Terras, significa literalmente “Filha de Londres”, embora muitos prefiram chamar a cidade<br />
de “Pequena Londres”. Controvérsias à parte, é evidente que a capital britânica teve uma<br />
importância considerável nos primeiros passos da nossa cidade.<br />
A Sonae Sierra e o Grupo Marco Zero aproveitaram essa referência ao Reino Unido para<br />
tematizar toda a decoração do Boulevard Londrina Shopping. Por toda parte, encontramos<br />
referências ao visual londrino e à cultura britânica: as tradicionais cabines telefônicas<br />
vermelhas; os soldados da Guarda da Rainha; a roda-gigante conhecida como London Eye; os<br />
imprescindíveis guarda-chuvas; personagens como James Bond, Sherlock Holmes e Alice no<br />
País das Maravilhas; luminárias e abajures estampados com padrões tipicamente ingleses. Até<br />
os banheiros são decorados com motivos britânicos – não falta nem o onipresente aviso “Mind<br />
the gap” aos passantes.<br />
Com a inauguração do Boulevard, Londrina homenageia Londres e projeta um futuro repleto<br />
de desenvolvimento e qualidade de vida.<br />
Raul Fulgêncio em frente à maquete do empreendimento: “Mesmo com todas as<br />
dificuldades políticos que enfrentamos nos últimos anos, conseguimos mostrar que<br />
é possível investir em nossa terra e nossa gente”<br />
“<br />
Shopping será um<br />
marco para a cidade<br />
de Londrina e região.<br />
Oferecemos um<br />
empreendimento que<br />
não será apenas um<br />
centro de compras,<br />
mas também um<br />
espaço de convivência,<br />
onde todos poderão<br />
encontrar lazer e<br />
gastronomia de<br />
qualidade.<br />
José Baeta Tomás<br />
CEO da Sonae<br />
Sierra Brasil<br />
“<br />
Associação Comercial e Industrial de Londrina 35
ESCOLA DE PILOTOS<br />
ASAS DO<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
Foto: http://www.sxc.hu/browse.phtmlf=<strong>download</strong>&id=1254132<br />
Desde que decolou, há 72 anos, o Aeroclube de Londrina faz um voo paralelo<br />
à evolução da cidade. Escola é referência para a aeronáutica brasileira<br />
Por Aurélio Cardoso<br />
“A vontade de aprender a voar nasceu<br />
comigo”. Desta maneira, os pilotos de<br />
avião geralmente descrevem como criaram<br />
coragem para transformar o sonho de voar<br />
em realidade. Em Londrina, esta capacidade<br />
tem um grande aliado com mais de 72 anos:<br />
o Aeroclube.<br />
A história do Aeroclube de Londrina sempre<br />
seguiu paralelamente à própria evolução<br />
da cidade. Hoje, a escola de pilotagem<br />
forma em média 100 pilotos privados por<br />
ano, além de ter aulas para mecânicos de<br />
manutenção aeronáutica, comissário de<br />
voo, cursos de voo por instrumentos, e<br />
instrutor de voo de avião.<br />
“Temos quase 300 alunos nas nossas salas de<br />
aula; ano passado formamos 104 somente no<br />
curso de piloto privado. Vem gente de todas<br />
as regiões do Brasil, o que ajuda a confirmar<br />
que somos referência entre os aeroclubes<br />
do País, um expoente pela qualidade dos<br />
serviços”, explica o presidente do Aeroclube<br />
de Londrina, Antônio Francisco Magnani.<br />
Presidente eleito para o biênio 2011/13,<br />
Magnani é um apaixonado por aviação. O<br />
presidente seguiu a ordem natural dentro<br />
do Aeroclube e, depois de entrar para<br />
fazer um curso de mecânica de aviação,<br />
foi convidado a fazer parte da diretoria<br />
até o convite para dirigir a escola. O até<br />
então bancário se aposentou e passou a se<br />
dedicar integralmente ao clube. “Depois<br />
que me aposentei, fiz o curso de mecânico<br />
de aviação e fui ficando por aqui. Com o<br />
passar do tempo, conquistei o meu espaço e<br />
cheguei à Presidência. Aviação é fascinante<br />
e o desejo de voar já nasce com a gente.”<br />
Em 2007, a excelência dos serviços recebeu<br />
o aval da ANAC (Agência Nacional de<br />
Aviação Civil), que considerou o Aeroclube<br />
de Londrina o melhor do Brasil. “Temos<br />
aqui uma aviação de primeira linha.<br />
Estamos melhorando nossa estrutura para<br />
atender ainda melhor. Somente em 2012,<br />
voamos oito mil horas, o que significa<br />
mais de 300 horas por mês em média e<br />
pouco mais de 19 mil pousos e decolagens”,<br />
comenta Magnani.<br />
A estrutura do Aeroclube de Londrina,<br />
que começou com um hangar e hoje conta<br />
com vários, tem 12 mil metros quadrados<br />
de instalações próprias. A escola tem 32<br />
funcionários, sendo 11 instrutores práticos,<br />
e 14 aeronaves. Uma reforma – que custará<br />
mais de R$ 100 mil – envolve as sete salas<br />
de aula e demais instalações. O local tem<br />
ainda dois alojamentos com 45 lugares para<br />
alunos que vêm de outras cidades.<br />
36<br />
maio de 2013 | www.acil.com.br
ESCOLA DE PILOTOS GANHOU FORÇA DURANTE A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL<br />
O simulador, que possui certificado para<br />
treinamento de voos por instrumentos, é<br />
um dos destaques da estrutura. O aparelho<br />
é comandado por um ex-aluno, Odvard<br />
Sanchez Rossini, 60 anos, que por décadas<br />
foi piloto em companhias como Varig e<br />
Rio Sul, acumulando experiência de mais<br />
de 11 mil horas de voo. “Eu me formei<br />
aqui no Aeroclube em 1971 e, depois de<br />
rodar o mundo, voltei. Agora dou aulas no<br />
simulador, onde o aluno aprimora pousos e<br />
decolagens”, afirma Rossini.<br />
O sonho de tirar o brevê<br />
As salas de aula do Aeroclube estão cheias<br />
de interessados pelo fascinante mundo<br />
da aviação, mas o preço para tirar o brevê<br />
(habilitação de piloto) é de R$ 14 mil. O<br />
investimento é alto; muitos hesitam.<br />
“Decidi virar piloto em 2011, mas desde<br />
criança tenho essa paixão pela aviação.<br />
No começo, minha família achou loucura,<br />
perigoso e muito caro o custo para se tirar o<br />
brevê de piloto. Mas depois perceberam que<br />
é um investimento a longo prazo”, explica o<br />
aluno Vinícius Felipe Belinati, 19 anos.<br />
Assim como muitos dos quase 300<br />
frequentadores das aulas no Aeroclube<br />
de Londrina, Vinícius cursa Ciências<br />
Aeronáuticas na Unopar, que acabou<br />
trazendo para Londrina alunos com<br />
interesse por aviação.<br />
“Entrei no curso na Unopar e no ano<br />
passado terminei o curso de piloto privado.<br />
Agora faço aulas de piloto comercial,<br />
que termino em junho. Depois, pretendo<br />
ser instrutor, além de buscar uma vaga<br />
em alguma companhia aérea”, completa<br />
Vinícius.<br />
Depois de quatro meses de aulas teóricas<br />
no curso de piloto privado, cada aluno<br />
é analisado por uma banca de avaliação<br />
coordenada pela ANAC. Se aprovado, ele<br />
passa a fazer a aulas práticas, totalizando<br />
40 horas de voo e um ‘voo cheque’. Para<br />
virar piloto profissional, é necessário ainda<br />
o curso de piloto comercial e novas e<br />
rigorosas avaliações.<br />
“Também temos aulas noturnas requeridas<br />
para a aquisição do brevê. O custo é alto,<br />
e existem desistências no caminho, mas é<br />
um sonho caro que traz muitos benefícios<br />
ao piloto durante a carreira”, acrescenta o<br />
presidente Antônio Francisco Magnani.<br />
História começou durante a guerra<br />
O Aeroclube de Londrina foi fundado<br />
em janeiro 1941, ganhou força durante<br />
a Segunda Guerra Mundial, quando os<br />
aeroclubes formavam pilotos civis que<br />
pudessem auxiliar a campanha brasileira no<br />
conflito.<br />
Com apoio do governo, os campos de<br />
aviação foram se ampliando; anos depois,<br />
transformaram-se em escolas de pilotagem.<br />
O governo cedia os aviões e ajudava a<br />
estruturar cada aeroclube. Em Londrina, a<br />
necessidade de ampliação durante a década<br />
de 1940 acompanhou a evolução de todo o<br />
Norte do Paraná.<br />
“Ouro verde”, o café reinava nas<br />
lavouras. Para que os aviões ajudassem<br />
no transporte da colheita, o aeroporto<br />
de Londrina precisou ser ampliado.<br />
Assim como o Aeroclube, o aeroporto<br />
funcionava na Aviação Velha, na zona sul.<br />
Na década de 50, membros do Aeroclube<br />
se esforçaram para ocupar o terreno já<br />
adquirido pela Prefeitura anos antes e<br />
fazer a mudança para o atual local. O<br />
aeroporto sofreu processo semelhante.<br />
O local onde fica o aeroporto era o Lote<br />
1 da Companhia de Terras do Norte do<br />
Paraná.<br />
O professor Jonas Liasch Filho, que há<br />
19 anos está à frente de várias disciplinas,<br />
ministrando aulas em todos os cursos do<br />
Aeroclube, além de fazer parte da diretoria,<br />
também é um apaixonado pela história<br />
do Aeroclube e, consequentemente, pela<br />
história da aviação londrinense.<br />
Ele explica que o Lote 1 era ocupado por<br />
uma colônia de japoneses, mas, com a<br />
guerra, os descendentes não reclamaram<br />
muito em deixar o local, transferindose<br />
para o centro da cidade, a pedido da<br />
Prefeitura.<br />
“Hoje, o aeroporto fica perto demais da<br />
cidade, mas na época não era. E a colônia<br />
japonesa deu lugar à pista que existe<br />
hoje, com os primeiros pés de café sendo<br />
arrancados por membros do Aeroclube. O<br />
aeroporto veio para este local em 1953 e a<br />
pista pavimentada foi inaugurada somente<br />
em 1956, junto com o nosso primeiro<br />
hangar”, conta Liasch.<br />
Mais detalhes podem ser conhecidos no blog<br />
mantido pelo professor: culturaaeronautica.<br />
blogspot.com.br<br />
<strong>ACIL</strong> e Aeroclube, uma sólida<br />
parceria<br />
Assim como a <strong>ACIL</strong>, o Aeroclube de<br />
Londrina faz parte da história da cidade.<br />
Muitos dirigentes que estiveram à frente das<br />
duas instituições viraram prefeitos, políticos<br />
importantes e responsáveis por atos que<br />
ajudaram no desenvolvimento de Londrina<br />
e região.<br />
“O Aeroclube ocupa lugar de referência<br />
na aviação brasileira. A reformulação<br />
da estrutura me chamou a atenção e o<br />
Aeroclube seguirá ajudando a elevar<br />
Londrina no cenário nacional”, afirma o<br />
presidente a <strong>ACIL</strong>, Flávio Balan.<br />
David Dequech Neto, que foi presidente do<br />
Aeroclube de 1996 a 1998, e diretor técnico<br />
no biênio 2000/02, acabou sendo presidente<br />
da <strong>ACIL</strong> de 2002 a 2004. Ele conta que na<br />
época que era estudante de Direito, era<br />
comum os jovens almejarem o curso de<br />
piloto e retirada do brevê.<br />
“Incentivado pelo meu tio Norton, fiz o<br />
curso de piloto privado e tirei o brevê.<br />
Depois os colegas sugeriram que entrasse<br />
para a diretoria, era época de buscar<br />
recursos para manter o aeroclube e foi um<br />
esforço conjunto que deu muito resultado”,<br />
conta David.<br />
Depois que o Departamento de Aviação<br />
Civil (DAC) deixou de repassar verba<br />
federal para o Aeroclube, nos anos 1980,<br />
os associados se juntaram para buscar<br />
recursos. “O Aeroclube era um dos poucos<br />
que formava pilotos observando de perto<br />
a movimentação aérea por ter o aeroporto<br />
próximo. Isso sempre foi um grande<br />
diferencial. A cidade continuou crescendo e<br />
o Aeroclube também. Fico feliz em ter feito<br />
parte dessa rica história”, diz Dequech Neto.<br />
Antônio Francisco Magnani: “Vem<br />
gente de todas as regiões do Brasil<br />
(em busca de formação), o que ajuda a<br />
confirmar que somos referência entre os<br />
aeroclubes do País”<br />
Associação Comercial e Industrial de Londrina 37
MEIO AMBIENTE<br />
TODO MUNDO TEM<br />
E-LIXO<br />
O mundo virtual produz resíduos reais. Pioneira na reciclagem<br />
de produtos eletrônicos, a ONG E-Lixo planeja campanha de<br />
doações em parceria com a <strong>ACIL</strong><br />
38<br />
maio de 2013 | www.acil.com.br
“VAMOS ORGANIZAR UM DIA DO DESCARTE EM PARCERIA COM A <strong>ACIL</strong>”<br />
Por Paulo Briguet<br />
Há cinco anos, os jornais denunciavam a existência de um “lixão<br />
tecnológico” em Londrina. À margem da Estrada dos Pioneiros, as<br />
pessoas jogavam todo tipo de equipamento eletrônico em desuso,<br />
principalmente computadores. Um dia, os fiscais da Prefeitura<br />
conseguiram identificar uma empresa que havia feito descarte de<br />
computadores no local. Com medo de levar multa, os responsáveis<br />
pelo lixo eletrônico queimaram tudo e passaram um trator por cima.<br />
Virou um monte de cinza. Um desastre!<br />
O técnico em informática Alex Gonçalves acompanhou, estarrecido,<br />
as notícias sobre o tal lixão. Trabalhando com computadores desde<br />
a adolescência, Alex sempre esteve atento à questão dos resíduos<br />
da tecnologia. Ele sabia que o chamado mundo virtual gera um<br />
passivo bastante real. “Na Prefeitura me disseram que ninguém fazia<br />
recolhimento de lixo eletrônico na cidade. Foi então que tive a ideia de<br />
criar um projeto para recolher e reciclar esse tipo de material”, conta<br />
Alex. Assim nasceu a E-Lixo.<br />
No começo, vieram as equipes de reportagem. E, logo em seguida,<br />
chegou o primeiro caminhão cheio de equipamentos. Nos primeiros<br />
meses, a ONG recebia mensalmente uma média de 8 toneladas de<br />
material. Atualmente, o barracão onde funciona a E-Lixo, na Vila<br />
Portuguesa, recebe 60 toneladas por mês. “Aqui eu não compro<br />
material. Só recebemos doações”, diz Alex. “Mesmo assim, a demanda<br />
é muito grande e continua crescendo. Por isso, em breve precisaremos<br />
de um espaço maior. Se eu tivesse o dobro de espaço e saísse atrás de<br />
doações, certamente encontraria demanda.”<br />
É tudo que vai na tomada<br />
ou tem bateria<br />
“Lixo eletrônico é tudo aquilo que vai ligado na tomada ou<br />
funciona com bateria”, define Alex Gonçalves. Mais de 80% dos<br />
equipamentos doados são computadores. Mas a E-Lixo aceita todos<br />
os materiais permitidos por lei: televisores, geladeiras, micro-ondas,<br />
eletrodomésticos, celulares, carregadores. Alguns materiais, como<br />
lâmpadas e pilhas, têm legislação específica e não entram nessa<br />
lista. “Aqui na ONG temos um licenciamento, somos obrigados a<br />
comprovar que podemos dar uma destinação aos produtos coletados.”<br />
Hoje em dia as pessoas trocam de computador com muita facilidade<br />
e rapidez. Novos modelos surgem a toda hora – e os equipamentos<br />
antigos precisam ser descartados. Quando a E-Lixo recebe uma<br />
doação, o primeiro passo é tentar o reaproveitamento do produto em<br />
sua função original. “Outro dia uma empresa doou 300 computadores<br />
usados. Todos puderam ser reaproveitados em escolas públicas da<br />
cidade”, conta Alex. “Uma creche próxima à ONG não tinha nenhum<br />
computador até meses atrás. Hoje tem cinco.” Esse trabalho – de<br />
caráter ecológico e social – já valeu amplo reconhecimento à E-Lixo,<br />
inclusive o Prêmio Nossa Gente de Londrina e o Top de Marcas em<br />
2012.<br />
Se o equipamento não pode ser reutilizado, os sete recicladores da<br />
E-Lixo entram em ação para separar os seus componentes. “Temos<br />
contatos com indústrias que reaproveitam plástico, vidro, placas de<br />
metal, monitores”, explica o diretor da organização. “Antes de fazer o<br />
licenciamento ambiental, precisamos ter o nome de todas as indústrias<br />
receptoras. É preciso fechar um ciclo. Tudo que é gerado precisa ter<br />
um destino.”<br />
Apesar do nome da ONG, Alex Gonçalves não gosta muito de utilizar<br />
a palavra lixo para se referir ao material com que trabalha. “A gente se<br />
acostumou a falar lixo, mas não seria esse o nome correto. Se tem valor<br />
econômico, não é lixo. Preferimos dizer resíduo.”<br />
Lixo ou resíduo, não importa o nome que se dê, o assunto faz parte do<br />
cotidiano de todos nós. “Trabalho com informática desde os 13 anos,<br />
do tempo das telas de fósforo verde, com equipamentos que custavam<br />
o mesmo que um carro”, relembra Alex. “Tive o meu primeiro celular<br />
com 18 anos. Hoje uma criança de 10 anos tem celular, câmera, MP3,<br />
i-Pad. E tudo isso terá que ser descartado um dia... Agora, a população<br />
precisa aprender o valor e a importância da destinação correta desses<br />
produtos.”<br />
Na visão do criador da E-Lixo, o lixo eletrônico em breve será como<br />
o lixo doméstico. “Você vai abrir a gaveta e encontrar três celulares,<br />
dois carregadores, um laptop, e assim por diante. As pessoas vão se<br />
acostumar ao descarte correto. Vai virar rotina.”<br />
Já é rotina para muitas empresas que procuram a E-Lixo periodicamente<br />
com doações de equipamentos. Enquanto Alex Gonçalves concedia<br />
entrevista, um caminhão, uma caminhonete e um carro de passeio<br />
estacionaram diante do barracão da ONG. Todos traziam doações.<br />
Alex Gonçalves agora pretende realizar uma parceria com a <strong>ACIL</strong><br />
para incentivar a doação de equipamentos eletrônicos usados entre<br />
os empresários da cidade. “Vamos escolher um local de fácil acesso e<br />
pedir que as pessoas levem as doações até lá, em um sábado”, propõe.<br />
Se houver boa aceitação, a campanha do Dia do Descarte pode se<br />
tornar periódica, em diferentes locais da cidade. “Fizemos isso em<br />
Presidente Prudente e deu certo”, diz Alex.<br />
E você, que leu esta reportagem, certamente deve ter pensado nos<br />
equipamentos eletrônicos sem uso em sua casa ou empresa. Sim, todo<br />
mundo tem e-lixo.<br />
Serviço:<br />
E-Lixo – Associação de Recicladores de Lixo Eletro-Eletrônico.<br />
Rua Ermelindo Leão, 385.<br />
Fone: (43) 3339-0475 e 9995-1102.<br />
www.elixo.org.br<br />
Alex Gonçalves, coordenador da E-Lixo<br />
Associação Comercial e Industrial de Londrina 39
ARTIGO<br />
POR QUE O MARXISMO PROSPERA<br />
APENAS NAS UNIVERSIDADES<br />
5) As universidades preservam o marxismo como relíquia<br />
histórica e delícia retórica<br />
Se você marcar todas as alternativas, acerta.<br />
Por Domingos Pellegrini<br />
O marxismo, falido econômica e politicamente no mundo,<br />
prospera apenas nas universidades latinóides porque:<br />
1) É mais fácil manter uma crença velha do que ter idéias novas<br />
2) O marxismo dá auto-apreciação heróica para pessoas medrosas<br />
3) Nas universidades se refugia gente sem capacidade de<br />
iniciativa, que é a base do capitalismo<br />
4) O marxismo é religião com culto de santos ideológicos,<br />
padrinhos políticos e compadrio de colegas, com cátedras como<br />
catedrais de teoria inútil, e só na “automania universitária essa<br />
religião pode sobreviver (automania é o privilégio de justificar todas<br />
as distorções e aberrações em nome da autonomia universitária)<br />
Immanuel Wallerstein abre assim seu livro Após o Liberalismo<br />
(subtítulo: Em Busca da Reconstrução do Mundo, Editora Vozes):<br />
“A destruição do Muro de Berlim e a posterior dissolução da URSS<br />
foram comemoradas como sinais da queda dos comunismos<br />
e do colapso do marxismo-leninismo como força ideológica<br />
no mundo moderno. Isso corresponde à verdade, sem dúvida.<br />
Esses acontecimentos também foram comemorados como prova<br />
do triunfo final do liberalismo como ideologia. Neste caso,<br />
estamos diante de uma interpretação absolutamente equivocada<br />
da realidade. Muito pelo contrário, aqueles acontecimentos<br />
assinalaram ainda mais o colapso do liberalismo e nosso ingresso<br />
definitivo no mundo de ‘após o liberalismo’”.<br />
Depois, ele encerra assim a introdução do livro:<br />
“Ficou para trás o tempo dos ideólogos liberais arrogantemente<br />
autoconfiantes. Os conservadores ressurgiram, após uma<br />
auto-humilhação que durou 150 anos, propondo um egoísmo<br />
impiedoso, mascarado por carolices e misticismo, como<br />
substituto ideológico. Mas essa conversa não cola mesmo. Os<br />
conservadores costumam ser presunçosos quando dominam<br />
e muito raivosos e vingativos quando ficam expostos, ou<br />
mesmo quando se acham seriamente ameaçados” (como aliás,<br />
acrescentemos, os revolucionários e esquerdosos). “Cabe a todos<br />
que foram excluídos do sistema mundial pressionar em todas as<br />
frentes. O objetivo central não é mais a tomada do poder estatal.<br />
Precisam fazer algo muito mais complicado: têm de assegurar a<br />
criação de um novo sistema histórico, agindo conjuntamente e ao<br />
mesmo tempo em nível estritamente local e precisamente global.<br />
Isto é difícil, mas não impossível.”<br />
Ou seja: enquanto os novos agentes sociais, gente querendo menos<br />
corrupção e mais efetividade dos serviços públicos e direitos<br />
humanos, protesta nas redes sociais, vai às ruas, pressiona os<br />
governos, nas universidades os dinossauros marxistas fazem<br />
seminários, tentando reproduzir sua visão de mundo baseada<br />
na luta de classes e na selvageria do capitalismo (enquanto nem<br />
uma nem outra coisa quase não existem mais. O capitalismo só é<br />
selvagem na China “marxista”, sem direitos trabalhistas e humanos,<br />
e a luta de classes fantoche só continua entre fazendeiros e MST...<br />
No resto do mundo, patrões, empregados e autônomos trabalham<br />
em parceria, cada um atendendo livremente às suas vocações).<br />
40<br />
maio de 2013 | www.acil.com.br
SOCIEDADE PRODUTIVA QUER INICIATIVAS, INOVAÇÕES E OUSADIA – NÃO MARXISMO<br />
Além da cegueira para os fatos, com as traves da ideologia<br />
sobre os olhos, os dinossauros das universidades continuam<br />
cultivando o marxismo por compadrismo. Professores que se<br />
conheceram quando usavam barbichas guevarianas, e calçavam<br />
coturnos como Fidel, e vibravam com os vietcongs, depois foram<br />
adaptando o figurino, mas as cabeças continuaram petrificadas<br />
enquanto as barrigas burguesmente cresciam.<br />
Acreditaram piamente que era propaganda ianque as denúncias<br />
de repressão, genocídio e perseguições na Rússia. Depois,<br />
quando o próprio Kruschev denunciou os crimes do stalinismo,<br />
bocejaram, afinal aquilo acontecera tão longe... Quando a<br />
Revolução Vermelha esfrangalhou a sociedade chinesa, em nome<br />
da pureza revolucionária, fizeram-se de desentendidos. Quando<br />
a propaganda não conseguiu mais disfarçar o fracasso cubano,<br />
continuaram acusando o bloqueio norte-americano, como se o<br />
resto do mundo não ajudasse aquele pobre povo com comércio e<br />
turismo, além do dinheiro enviado pelos exilados cubanos, hoje<br />
a maior fonte de renda na miséria da ilha “com saúde e educação<br />
excelentes” só para quem nunca esteve lá.<br />
Afinal, se os compadres marxistas começassem a acreditar nos<br />
fatos e a debater suas causas, acabariam em pessoal desastre<br />
duplo, deixando de ser marxistas e compadres. O máximo que<br />
admitiram foi assimilar o ecologismo, não como receita universal<br />
de vida, mas como tática de retaliação ao capitalismo, como se a<br />
China também não fosse super poluidora.<br />
E finalmente no terceiro milênio, quando as sociedades precisam<br />
de valores para alavançar desenvolvimento social com mérito, e de<br />
técnicas para apoiar o desenvolvimento econômico sustentável,<br />
as universidades ainda abrigam setores praticamente dominados<br />
por marxistas que vivem de costas para a sociedade, a História e<br />
o futuro.<br />
A sociedade produtiva quer iniciativas, inovações e ousadia, a<br />
universidade marxista quer protecionismo, corporativismo e<br />
autonomia defendida com unhas e dentes porque suas contas,<br />
como aliás dos governos e Estados em geral, não resistiriam<br />
a um mês na vida real dos mercados e da economia que, com<br />
seus tributos, sustentam as universidades inchadas e os Estados<br />
agigantados, a cultivar sistêmica corrupção, super burocracia e<br />
hiper tributação.<br />
Até quando Usando uma retórica marxista, pode-se dizer que<br />
a avaliação crítica, o enxugamento, o choque de produtividade e<br />
a chamada de responsabilidades são tarefas revolucionárias que<br />
a sociedade deve se impor, se quiser deixar de ser custeadora<br />
e refém dos corruptos e dos ideológicos, duas faces do mesmo<br />
monstro anti-social.<br />
Domingos Pellegrini é escritor.<br />
Associação Comercial e Industrial de Londrina 41
COLUNA DA <strong>ACIL</strong><br />
Arco Norte é apresentado à<br />
Antonov no Rio de Janeiro<br />
Uma nova reunião com projeção de futuro<br />
do projeto Arco Norte foi concretizada<br />
recentemente. O tema foi debatido entre<br />
a <strong>ACIL</strong> e a Antonov, no dia 10 de abril, no<br />
Rio de Janeiro. Representantes da Associação<br />
Comercial, entre eles o presidente Flávio<br />
Montenegro Balan, e o consultor Marcelo<br />
Mafra, tiveram a oportunidade de apresentar<br />
o conceito do projeto ao chefe de expansão<br />
da empresa ucraniana, Viktor Konarev.<br />
A Antonov é uma companhia estatal<br />
especializada em projetar e construir<br />
aeronaves cargueiras, notadamente aviões de<br />
grande porte. Em 2009, quando o assunto foi<br />
tratado pela primeira vez entre as lideranças,<br />
os empresários da ucrânia sinalizaram o<br />
interesse pelo Arco Norte e informaram<br />
que aguardariam por uma definição mais<br />
objetiva do projeto.<br />
“Nós vendemos o Arco Norte como sendo<br />
um potencial câmbio logístico internacional.<br />
A empresa tem a intenção de ter uma<br />
operação industrial no Brasil, trabalhar<br />
inicialmente com aviões de pequeno e médio<br />
porte e estão buscando parceiros. Então<br />
apresentamos a proposta do Arco Norte<br />
como sendo um local adequado para uma<br />
indústria de base aérea”, explica Marcelo<br />
Mafra.<br />
Um dos principais argumentos utilizados<br />
para exaltar o Arco Norte foi a localização<br />
estratégica de Londrina dentro do mercado<br />
brasileiro, já que 70% do PIB e consumo<br />
nacional se concentram nas regiões sul e<br />
sudeste. “Outro aspecto é que se trata de um<br />
equipamento que vai ser projetado com as<br />
necessidades mais modernas da atualidade<br />
e ser um equipamento logístico. Isso cria<br />
eficiência”, justifica o consultor.<br />
Aliás, sobram características positivas<br />
quando o referencial é Londrina. A cidade de<br />
médio porte possui qualidade elevada, custo<br />
extremamente competitivo, diferencial de<br />
mão de obra, além dos recursos naturais, não<br />
tão caros como nos grandes centros.<br />
Segundo Marcelo Mafra, além de oferecer<br />
um espaço, o grupo que viajou ao Rio<br />
de Janeiro também teve o propósito de<br />
promover o desenvolvimento e colaborar<br />
com a busca de parceiros internacionais para<br />
atender às expectativas da Antonov. “Houve<br />
um entendimento de ambas as partes e o<br />
indicativo da possibilidade de uma parceria<br />
com o Paraná, em particular com Londrina”,<br />
acrescentou.<br />
O próximo passo para fortalecer e oficializar<br />
o diálogo é a formulação de um documento<br />
que apresente todas essas definições. “Vamos<br />
oficializar a comunicação propondo à<br />
empresa as nossas intenções para dar início<br />
ao trâmite”, revelou Marcelo Mafra.<br />
Darci Piana recebe<br />
homenagem na <strong>ACIL</strong><br />
O presidente do Sistema Fecomércio<br />
Paraná, Darci Piana, visitou Londrina no<br />
mês de abril e recebeu uma homenagem<br />
especial na <strong>ACIL</strong>. Dois assuntos principais o<br />
trouxeram à cidade: as obras de restauração<br />
do antigo Cadeião da Rua Sergipe (que<br />
será transformado em um centro cultural<br />
do Sesc) e a unidade que o Sesc pretende<br />
instalar nos Cinco Conjuntos, perto do<br />
Hospital da Zona Norte, em terreno cedido<br />
pela Cohab-LD (Companhia de Habitação<br />
de Londrina).<br />
O Sistema Fecomércio vai investir R$ 36<br />
milhões na cidade. Segundo Darci Piana,<br />
a nova unidade do Senac na Zona Norte<br />
vai oferecer cursos técnicos gratuitos<br />
à comunidade da região e atenderá<br />
diariamente a 2,6 mil alunos. A previsão<br />
é que as obras do Senac Zona Norte – que<br />
incluem escola, refeitório, laboratório,<br />
ginásio de esportes e administração –<br />
tenham início no mês de agosto. Na <strong>ACIL</strong>,<br />
Darci Piana foi recebido pelo presidente<br />
Flávio Montenegro Balan e por diretores<br />
da entidade. Ele foi presenteado com uma<br />
placa de “homenagem ao empreendedor<br />
cívico” e discutiu assuntos relacionados ao<br />
comércio local.<br />
Convenção da Faciap<br />
promove “associativismo<br />
de resultados”<br />
No dia 25 de abril, o presidente da<br />
<strong>ACIL</strong> e vice-presidente da Faciap,<br />
Flávio Montenegro Balan, participou da<br />
Convenção Regional da Federação das<br />
Associações Comerciais e Industriais do<br />
Paraná (Faciap). O evento, coordenado<br />
pelo presidente da Faciap, Rainer Zielasko,<br />
teve a presença de lideranças empresariais<br />
das associações ligadas às Coordenadorias<br />
das Associações Comerciais e Industriais<br />
do Norte e Noroeste do Paraná, Cacinor<br />
e Cacinpar. O tema do encontro foi<br />
“Associativismo de resultados”.<br />
Na abertura do encontro, Rainer Zielasko,<br />
destacou que as ações da Federação vêm<br />
fortalecendo todo o Sistema Associativista<br />
no âmbito dos produtos e serviços, além<br />
da atuação institucional. “Estamos agora<br />
em uma fase excelente, com treinamento<br />
de agentes de microcrédito, apoio a<br />
questões como a criação do TRF do<br />
Paraná, o repúdio à PEC 37, dentre outras.<br />
A presença nos municípios do interior<br />
fortalece ainda mais o Associativismo”,<br />
afirmou.<br />
42<br />
maio de 2013 | www.acil.com.br
REVISTA MERCADO EM FOCO | MAIO DE 2013<br />
WWW.<strong>ACIL</strong>.COM.BR<br />
Associação Comercial e Industrial de Londrina<br />
43
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As empresas de Londrina fazem<br />
do Paraná um estado forte, com<br />
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maio de 2013 | www.acil.com.br