PROBLEMAS SOCIAIS INTEGRAÇÃO ENCURTA CAMINHO NA BUSCA POR SOLUÇÕES Em sintonia, Prefeitura e Fórum Desenvolve Londrina se aproximam para promover ações concretas que aliviem gargalos sociais da cidade 10 maio de 2013 | www.acil.com.br
IDEIA CENTRAL É DAR ATENÇÃO A FAMÍLIAS DESESTRUTURADAS Por Edson Vitoretti Entulhos nas calçadas, terrenos com lixo e indignação. Goteiras em tetos e aquecedores solares que aquecem mãos, porque dão choque. Rachaduras recheadas de vergonha. Ausências... de creches, de posto de saúde, de escolas, de áreas de lazer, de quebramolas. Desemprego. Crianças sem leite por não haver um ponto de distribuição no local. Na família, violência contra crianças e mulheres. Nas ruas, adolescentes expostos à criminalidade. Gente que perdeu móveis por conta de enchente vinda de bueiro entupido de descaso. Problemas não faltam no Residencial Vista Bela. Uma realidade que causa sensação de abandono: “A gente enxerga Londrina como se ela estivesse de costas pra nós”, diz Sandra Maria de Souza, representante dos moradores do bairro. Mas essa sensação pode acabar logo. O Fórum Desenvolve Londrina, que reúne as 30 maiores entidades da sociedade londrinense, está se colocando à disposição do Poder Público para ajudar a minimizar os problemas sociais, não só do Vista Bela, mas da cidade como um todo. O mote para a aproximação veio de um estudo feito pelo Fórum, em 2011, sobre adolescentes em conflito com a lei, e numa experiência de integração de esforços entre a sociedade civil organizada e a Prefeitura de Sorocaba (SP). Com o estudo, concluiu-se que problemas sociais devem ser atacados em suas causas, e não com medidas paliativas. “Se queremos mudar esse estado de coisas, temos que trabalhar na prevenção. Então o ideal é atacar as causas, é fazer um trabalho junto às famílias desestruturadas para que elas tenham uma vida digna”, diz Cláudio Tedeschi, presidente do Fórum Desenvolve Londrina. As conversações entre a sociedade civil organizada e integrantes da Prefeitura começaram recentemente. No momento, a parceria está sendo discutida em termos de estruturação, coordenação e formulação de cronograma de atividades. No Fórum, o Núcleo de Desenvolvimento Empresarial de Londrina, encabeçado pela <strong>ACIL</strong>, será o responsável por materializar as propostas assim como fazer pressão política, caso necessário. No Poder Público, a estruturação da parceria gira em torno de Gerson Guariente: “Se você envolve toda a comunidade e dá condições, ela avança muito rápido” um trabalho inicial para melhorar o interrelacionamento entre as secretarias. Para as articulações com o Fórum, fala-se de uma coordenação geral, e os nomes mais cotados são Télcia Lamônica, da Secretaria Municipal de Assistência Social, e Patrícia Grassano, da Assessoria Especial do Direito da Criança e do Adolescente. “Ainda não está definida uma coordenação geral. Eu creio que há um caminho de amadurecimento que pode ser feito. É uma questão ainda de a gente colocar a engrenagem pra funcionar”, diz Télcia. “A primeira coisa é fazer uma grande discussão para depois implantar uma comissão. A proposta é que tenha uma comissão central e vários comitês. A gente quer primeiro trazer essa discussão e depois definir uma secretaria, ou um conjunto de atividades que ficariam a cargo de um coordenador”, diz Patrícia Grassano. Saindo do papel Das discussões nascem a luz, as ideias e as ações. O prefeito Alexandre Kireeff sinalizou a intenção de mobilizar empresas para que adotassem vagas em creches. “A gente já iniciou uma conversa com o Bruno Veronesi [presidente da Codel], sobre essa questão das empresas e das CEIs [Centros de Educação Infantil]. Estamos pensando em como promover junto às empresas algo como um selo ‘Sou Amigo da Cidade de Londrina’, no sentido de que elas patrocinem as creches”, diz Patrícia. A Associação dos Clubes Sociais de Londrina já se prontificou a intermediar junto aos clubes a possibilidade de colocar suas estruturas à disposição para projetos Télcia Lamônica: “A proposta do Fórum é a de ação integrada, de como a gente consegue integrar educação, saúde, assistência, esporte e cultura num mesmo território” sociais. “Vou conversar com o presidente da associação para viabilizar nos clubes os serviços de convivência e de esporte”, afirma Patrícia. Já está definida a construção de uma escola de ensino integral no Vista Bela com capacidade para mil alunos, o que atenderia toda a demanda do bairro. Mas enquanto a escola não vem, medidas a curto prazo são bem-vindas: “A gente está tentando usar as estruturas que já temos. Na indústria, o SESI e o SENAI, no comércio, o SESC, que tá indo pra lá [para o Vista Bela] com um prédio próprio. Mas, até ficar pronto, a gente pretende utilizar estruturas móveis, que todas essas entidades têm, para fazer ações de exame médico, consultas etc”, exemplifica Gerson Guariente, coordenador do Núcleo de Desenvolvimento Empresarial do Fórum Desenvolve Londrina. As ações iniciais dessa relação entre Poder Público e sociedade civil organizada têm o Vista Bela como foco. “Estamos tentando coordenar a parte do esporte para fazer um contraturno escolar organizado. A Secretaria de Assistência Social pediu para a Secretaria de Educação um estudo para esse contraturno, para que haja uma ação pedagógica coordenada”, comenta Guariente. Patrícia Grassano diz que a questão mais crítica do Vista Bela hoje é o fato de as crianças terem que se deslocar para estudar longe do bairro. “A gente tem as atenções voltadas pro Vista Bela, que é uma questão bem diferente. Você imagina, de uma hora pra outra, mudar para um lugar em que você não conhece ninguém, que não há vínculos entre as pessoas. Existe uma complexidade que precisa ser atacada lá, promovendo ações específicas”, afirma Patrícia. Associação Comercial e Industrial de Londrina 11