Fazer o download - ACIL
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“VAMOS ORGANIZAR UM DIA DO DESCARTE EM PARCERIA COM A <strong>ACIL</strong>”<br />
Por Paulo Briguet<br />
Há cinco anos, os jornais denunciavam a existência de um “lixão<br />
tecnológico” em Londrina. À margem da Estrada dos Pioneiros, as<br />
pessoas jogavam todo tipo de equipamento eletrônico em desuso,<br />
principalmente computadores. Um dia, os fiscais da Prefeitura<br />
conseguiram identificar uma empresa que havia feito descarte de<br />
computadores no local. Com medo de levar multa, os responsáveis<br />
pelo lixo eletrônico queimaram tudo e passaram um trator por cima.<br />
Virou um monte de cinza. Um desastre!<br />
O técnico em informática Alex Gonçalves acompanhou, estarrecido,<br />
as notícias sobre o tal lixão. Trabalhando com computadores desde<br />
a adolescência, Alex sempre esteve atento à questão dos resíduos<br />
da tecnologia. Ele sabia que o chamado mundo virtual gera um<br />
passivo bastante real. “Na Prefeitura me disseram que ninguém fazia<br />
recolhimento de lixo eletrônico na cidade. Foi então que tive a ideia de<br />
criar um projeto para recolher e reciclar esse tipo de material”, conta<br />
Alex. Assim nasceu a E-Lixo.<br />
No começo, vieram as equipes de reportagem. E, logo em seguida,<br />
chegou o primeiro caminhão cheio de equipamentos. Nos primeiros<br />
meses, a ONG recebia mensalmente uma média de 8 toneladas de<br />
material. Atualmente, o barracão onde funciona a E-Lixo, na Vila<br />
Portuguesa, recebe 60 toneladas por mês. “Aqui eu não compro<br />
material. Só recebemos doações”, diz Alex. “Mesmo assim, a demanda<br />
é muito grande e continua crescendo. Por isso, em breve precisaremos<br />
de um espaço maior. Se eu tivesse o dobro de espaço e saísse atrás de<br />
doações, certamente encontraria demanda.”<br />
É tudo que vai na tomada<br />
ou tem bateria<br />
“Lixo eletrônico é tudo aquilo que vai ligado na tomada ou<br />
funciona com bateria”, define Alex Gonçalves. Mais de 80% dos<br />
equipamentos doados são computadores. Mas a E-Lixo aceita todos<br />
os materiais permitidos por lei: televisores, geladeiras, micro-ondas,<br />
eletrodomésticos, celulares, carregadores. Alguns materiais, como<br />
lâmpadas e pilhas, têm legislação específica e não entram nessa<br />
lista. “Aqui na ONG temos um licenciamento, somos obrigados a<br />
comprovar que podemos dar uma destinação aos produtos coletados.”<br />
Hoje em dia as pessoas trocam de computador com muita facilidade<br />
e rapidez. Novos modelos surgem a toda hora – e os equipamentos<br />
antigos precisam ser descartados. Quando a E-Lixo recebe uma<br />
doação, o primeiro passo é tentar o reaproveitamento do produto em<br />
sua função original. “Outro dia uma empresa doou 300 computadores<br />
usados. Todos puderam ser reaproveitados em escolas públicas da<br />
cidade”, conta Alex. “Uma creche próxima à ONG não tinha nenhum<br />
computador até meses atrás. Hoje tem cinco.” Esse trabalho – de<br />
caráter ecológico e social – já valeu amplo reconhecimento à E-Lixo,<br />
inclusive o Prêmio Nossa Gente de Londrina e o Top de Marcas em<br />
2012.<br />
Se o equipamento não pode ser reutilizado, os sete recicladores da<br />
E-Lixo entram em ação para separar os seus componentes. “Temos<br />
contatos com indústrias que reaproveitam plástico, vidro, placas de<br />
metal, monitores”, explica o diretor da organização. “Antes de fazer o<br />
licenciamento ambiental, precisamos ter o nome de todas as indústrias<br />
receptoras. É preciso fechar um ciclo. Tudo que é gerado precisa ter<br />
um destino.”<br />
Apesar do nome da ONG, Alex Gonçalves não gosta muito de utilizar<br />
a palavra lixo para se referir ao material com que trabalha. “A gente se<br />
acostumou a falar lixo, mas não seria esse o nome correto. Se tem valor<br />
econômico, não é lixo. Preferimos dizer resíduo.”<br />
Lixo ou resíduo, não importa o nome que se dê, o assunto faz parte do<br />
cotidiano de todos nós. “Trabalho com informática desde os 13 anos,<br />
do tempo das telas de fósforo verde, com equipamentos que custavam<br />
o mesmo que um carro”, relembra Alex. “Tive o meu primeiro celular<br />
com 18 anos. Hoje uma criança de 10 anos tem celular, câmera, MP3,<br />
i-Pad. E tudo isso terá que ser descartado um dia... Agora, a população<br />
precisa aprender o valor e a importância da destinação correta desses<br />
produtos.”<br />
Na visão do criador da E-Lixo, o lixo eletrônico em breve será como<br />
o lixo doméstico. “Você vai abrir a gaveta e encontrar três celulares,<br />
dois carregadores, um laptop, e assim por diante. As pessoas vão se<br />
acostumar ao descarte correto. Vai virar rotina.”<br />
Já é rotina para muitas empresas que procuram a E-Lixo periodicamente<br />
com doações de equipamentos. Enquanto Alex Gonçalves concedia<br />
entrevista, um caminhão, uma caminhonete e um carro de passeio<br />
estacionaram diante do barracão da ONG. Todos traziam doações.<br />
Alex Gonçalves agora pretende realizar uma parceria com a <strong>ACIL</strong><br />
para incentivar a doação de equipamentos eletrônicos usados entre<br />
os empresários da cidade. “Vamos escolher um local de fácil acesso e<br />
pedir que as pessoas levem as doações até lá, em um sábado”, propõe.<br />
Se houver boa aceitação, a campanha do Dia do Descarte pode se<br />
tornar periódica, em diferentes locais da cidade. “Fizemos isso em<br />
Presidente Prudente e deu certo”, diz Alex.<br />
E você, que leu esta reportagem, certamente deve ter pensado nos<br />
equipamentos eletrônicos sem uso em sua casa ou empresa. Sim, todo<br />
mundo tem e-lixo.<br />
Serviço:<br />
E-Lixo – Associação de Recicladores de Lixo Eletro-Eletrônico.<br />
Rua Ermelindo Leão, 385.<br />
Fone: (43) 3339-0475 e 9995-1102.<br />
www.elixo.org.br<br />
Alex Gonçalves, coordenador da E-Lixo<br />
Associação Comercial e Industrial de Londrina 39