Fazer o download - ACIL
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IDEIA CENTRAL É DAR ATENÇÃO A FAMÍLIAS DESESTRUTURADAS<br />
Por Edson Vitoretti<br />
Entulhos nas calçadas, terrenos com lixo e<br />
indignação. Goteiras em tetos e aquecedores<br />
solares que aquecem mãos, porque dão<br />
choque. Rachaduras recheadas de vergonha.<br />
Ausências... de creches, de posto de saúde,<br />
de escolas, de áreas de lazer, de quebramolas.<br />
Desemprego. Crianças sem leite<br />
por não haver um ponto de distribuição no<br />
local. Na família, violência contra crianças<br />
e mulheres. Nas ruas, adolescentes expostos<br />
à criminalidade. Gente que perdeu móveis<br />
por conta de enchente vinda de bueiro<br />
entupido de descaso.<br />
Problemas não faltam no Residencial Vista<br />
Bela. Uma realidade que causa sensação<br />
de abandono: “A gente enxerga Londrina<br />
como se ela estivesse de costas pra nós”, diz<br />
Sandra Maria de Souza, representante dos<br />
moradores do bairro. Mas essa sensação<br />
pode acabar logo. O Fórum Desenvolve<br />
Londrina, que reúne as 30 maiores entidades<br />
da sociedade londrinense, está se colocando<br />
à disposição do Poder Público para ajudar a<br />
minimizar os problemas sociais, não só do<br />
Vista Bela, mas da cidade como um todo.<br />
O mote para a aproximação veio de um<br />
estudo feito pelo Fórum, em 2011, sobre<br />
adolescentes em conflito com a lei, e numa<br />
experiência de integração de esforços entre<br />
a sociedade civil organizada e a Prefeitura de<br />
Sorocaba (SP). Com o estudo, concluiu-se<br />
que problemas sociais devem ser atacados<br />
em suas causas, e não com medidas<br />
paliativas. “Se queremos mudar esse estado<br />
de coisas, temos que trabalhar na prevenção.<br />
Então o ideal é atacar as causas, é fazer um<br />
trabalho junto às famílias desestruturadas<br />
para que elas tenham uma vida digna”, diz<br />
Cláudio Tedeschi, presidente do Fórum<br />
Desenvolve Londrina.<br />
As conversações entre a sociedade civil<br />
organizada e integrantes da Prefeitura<br />
começaram recentemente. No momento,<br />
a parceria está sendo discutida em<br />
termos de estruturação, coordenação e<br />
formulação de cronograma de atividades.<br />
No Fórum, o Núcleo de Desenvolvimento<br />
Empresarial de Londrina, encabeçado pela<br />
<strong>ACIL</strong>, será o responsável por materializar<br />
as propostas assim como fazer pressão<br />
política, caso necessário. No Poder Público,<br />
a estruturação da parceria gira em torno de<br />
Gerson Guariente: “Se você<br />
envolve toda a comunidade e<br />
dá condições, ela avança muito<br />
rápido”<br />
um trabalho inicial para melhorar o interrelacionamento<br />
entre as secretarias.<br />
Para as articulações com o Fórum, fala-se<br />
de uma coordenação geral, e os nomes mais<br />
cotados são Télcia Lamônica, da Secretaria<br />
Municipal de Assistência Social, e Patrícia<br />
Grassano, da Assessoria Especial do Direito<br />
da Criança e do Adolescente. “Ainda não está<br />
definida uma coordenação geral. Eu creio<br />
que há um caminho de amadurecimento<br />
que pode ser feito. É uma questão ainda de a<br />
gente colocar a engrenagem pra funcionar”,<br />
diz Télcia. “A primeira coisa é fazer uma<br />
grande discussão para depois implantar<br />
uma comissão. A proposta é que tenha uma<br />
comissão central e vários comitês. A gente<br />
quer primeiro trazer essa discussão e depois<br />
definir uma secretaria, ou um conjunto<br />
de atividades que ficariam a cargo de um<br />
coordenador”, diz Patrícia Grassano.<br />
Saindo do papel<br />
Das discussões nascem a luz, as ideias e as<br />
ações. O prefeito Alexandre Kireeff sinalizou<br />
a intenção de mobilizar empresas para que<br />
adotassem vagas em creches. “A gente já<br />
iniciou uma conversa com o Bruno Veronesi<br />
[presidente da Codel], sobre essa questão das<br />
empresas e das CEIs [Centros de Educação<br />
Infantil]. Estamos pensando em como<br />
promover junto às empresas algo como um<br />
selo ‘Sou Amigo da Cidade de Londrina’, no<br />
sentido de que elas patrocinem as creches”,<br />
diz Patrícia.<br />
A Associação dos Clubes Sociais de<br />
Londrina já se prontificou a intermediar<br />
junto aos clubes a possibilidade de colocar<br />
suas estruturas à disposição para projetos<br />
Télcia Lamônica: “A proposta do Fórum é a<br />
de ação integrada, de como a gente consegue<br />
integrar educação, saúde, assistência, esporte e<br />
cultura num mesmo território”<br />
sociais. “Vou conversar com o presidente<br />
da associação para viabilizar nos clubes os<br />
serviços de convivência e de esporte”, afirma<br />
Patrícia.<br />
Já está definida a construção de uma escola<br />
de ensino integral no Vista Bela com<br />
capacidade para mil alunos, o que atenderia<br />
toda a demanda do bairro. Mas enquanto a<br />
escola não vem, medidas a curto prazo são<br />
bem-vindas: “A gente está tentando usar<br />
as estruturas que já temos. Na indústria, o<br />
SESI e o SENAI, no comércio, o SESC, que<br />
tá indo pra lá [para o Vista Bela] com um<br />
prédio próprio. Mas, até ficar pronto, a gente<br />
pretende utilizar estruturas móveis, que<br />
todas essas entidades têm, para fazer ações<br />
de exame médico, consultas etc”, exemplifica<br />
Gerson Guariente, coordenador do Núcleo<br />
de Desenvolvimento Empresarial do Fórum<br />
Desenvolve Londrina.<br />
As ações iniciais dessa relação entre Poder<br />
Público e sociedade civil organizada têm o<br />
Vista Bela como foco. “Estamos tentando<br />
coordenar a parte do esporte para fazer<br />
um contraturno escolar organizado. A<br />
Secretaria de Assistência Social pediu para<br />
a Secretaria de Educação um estudo para<br />
esse contraturno, para que haja uma ação<br />
pedagógica coordenada”, comenta Guariente.<br />
Patrícia Grassano diz que a questão mais<br />
crítica do Vista Bela hoje é o fato de as<br />
crianças terem que se deslocar para estudar<br />
longe do bairro. “A gente tem as atenções<br />
voltadas pro Vista Bela, que é uma questão<br />
bem diferente. Você imagina, de uma hora<br />
pra outra, mudar para um lugar em que você<br />
não conhece ninguém, que não há vínculos<br />
entre as pessoas. Existe uma complexidade<br />
que precisa ser atacada lá, promovendo ações<br />
específicas”, afirma Patrícia.<br />
Associação Comercial e Industrial de Londrina 11