Prosa - Academia Brasileira de Letras
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A música sacra cristã: das origens à atualida<strong>de</strong><br />
rica hinologia que se esten<strong>de</strong>u a todo o mundo, cada vez mais estimulada pelas<br />
diversas <strong>de</strong>nominações protestantes.<br />
O “coral” luterano estimulou o surgimento <strong>de</strong> uma variada literatura para o órgão,<br />
especialmente o chamado Choralvorspiele, que se po<strong>de</strong>ria traduzir por prelúdiossobre-corais,<br />
pequenas peças instrumentais, verda<strong>de</strong>iras meditações ao órgão sobre<br />
temas dos corais luteranos. Raro o compositor alemão, que tenha escrito para o<br />
órgão, mesmo nos tempos mo<strong>de</strong>rnos (Brahms, Reger), que não tenha produzido<br />
obras nesta nova forma. A todos, porém, exce<strong>de</strong> Johann Sebastian Bach<br />
(1685-1750), cujos prelúdios-sobre-corais, avulsos ou agrupados em coleções, figuram<br />
entre as mais valiosas produções para esse instrumento.<br />
Outra forma, não criada mas valorizada pela Reforma, foi a cantata, que encontrou<br />
igualmente em Bach a sua mais alta expressão. Num total <strong>de</strong> mais <strong>de</strong><br />
duzentas, as cantatas por ele compostas cobrem todo o ano eclesiástico da<br />
Igreja luterana, que compreen<strong>de</strong> numerosas datas não comemoradas pelas outras<br />
igrejas protestantes. Neste mesmo gênero das cantatas <strong>de</strong>stacaram-se também<br />
Bruxtehu<strong>de</strong> e Telemann, entre outros. Citemos, ainda, como formas musicais<br />
valorizadas pela Reforma, as histórias sacras, do gênero “Paixões” ou das<br />
histórias <strong>de</strong> Natal e Ressurreição. Ou, ainda, as “sonatas bíblicas”, <strong>de</strong> Kuhnau.<br />
Como é sabido, a Reforma protestante não conseguiu manter uma unida<strong>de</strong><br />
no gran<strong>de</strong> movimento <strong>de</strong> cisão do Cristianismo oci<strong>de</strong>ntal. Numerosas igrejas<br />
foram se organizando logo após o início do movimento (1517) e cumpre notar<br />
que nem todas reagiram, face à música, da mesma maneira que a comunida<strong>de</strong><br />
luterana. Assim, por exemplo, a Igreja <strong>de</strong> Genebra e, posteriormente, as da<br />
França e <strong>de</strong> boa parte da Inglaterra, muito mais rígida nos seus princípios e na<br />
liturgia, procurando afastar-se o mais possível da tradição católica, não aceitaram,<br />
<strong>de</strong> início, outra forma <strong>de</strong> cântico que não fossem os salmos. Isto propiciou,<br />
<strong>de</strong>ntro das igrejas <strong>de</strong> tradição calvinista, o surgimento <strong>de</strong> uma verda<strong>de</strong>ira escola<br />
salmódica, com os nomes <strong>de</strong> Clement Marot, Clau<strong>de</strong> Le Jeune e Clau<strong>de</strong><br />
Goudimel, ou, então, com a publicação, na Inglaterra, <strong>de</strong> numerosos “saltérios”<br />
(coleções <strong>de</strong> salmos), muitos dos quais trazidos pelos pilgrims para as<br />
colônias inglesas da América do Norte. Posteriormente, entretanto, as igrejas<br />
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