Prosa - Academia Brasileira de Letras

O milagre literário
da Irlanda
Benedicto Ferri de Barros
Algo de espantoso ocorre nessa pequena ilha que tem apenas
um terço do Estado de São Paulo e cuja população ainda
hoje não alcança quatro milhões de habitantes: ela produziu Burke,
Oscar Wilde, Bernard Shaw, William Butler Yeats, James Joyce, Samuel
Beckett, Seamus Heaney, quatro deles prêmios Nobel de Literatura.
Que há nesse ecúmeno de tão fértil para tão ampla e alta produção
literária?
Dureza geográfica, dureza histórica. Abismos étnicos, fanatismo
religioso e político, violência, imobilismo, desolação, desesperança
total. Um píncaro da vida e da morte.
Seu território foi invadido desde o século XII pelos ingleses, que da
Irlanda fizeram sua primeira colônia. Seguiram-se, até os dias de hoje,
oitocentos anos de luta aberta ou surda – como fogueira mal extinta –
contra a dominação britânica. As contradições da revolução cromwelliana,
onde a minoria puritana derrota a maioria católica e, no século
Jornalista e
professor,
especialista em
história e cultura
japonesa. Autor,
entre outras, das
seguintes obras:
O mercado de capitais
dos Estados Unidos –
Organizações e seu
funcionamento (trad.),
Mercado de Capitais e
ABC de Investimentos,
Mudanças econômicas
mundiais e a crise
brasileira, Japão –
A harmonia dos
contrários, Viagem
ao Japão, Rapsódia
de Ouro Preto
(poesia).
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