Caderno <strong>da</strong> Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental60Rio Grande do NorteEm dezembro de 1597, uma frota coman<strong>da</strong><strong>da</strong> por Jerônimode Albuquerque desembarcou no rio Potengi com amissão de fun<strong>da</strong>r uma nova ci<strong>da</strong>de e construir um fortepara proteger os colonos portugueses <strong>da</strong>s incursões dos piratasfranceses que estavam tentando negociar com os índiospotiguares. Os franceses, que ocupavam a <strong>região</strong> desde1535, foram expulsos permitindo a ocupação portuguesa.Construí<strong>da</strong> em 1598, a Fortaleza dos Reis Magos originou aci<strong>da</strong>de de Natal e constituiu-se na defesa mais setentrionaldo Estado português na <strong>região</strong>.À mesma época, por terra, chegou à <strong>região</strong> um grupochefiado pelo então governante de Pernambuco, ManuelMascarenhas Homem. Em 6 de janeiro de 1598, este grupocomeçou a construção do Forte dos Três Reis Magos. Em 25de dezembro do mesmo ano, foi fun<strong>da</strong><strong>da</strong> uma pequena vilaa pouco mais de 2 km de distância do forte. Essa vila foi batiza<strong>da</strong>de Natal, em referência à <strong>da</strong>ta de fun<strong>da</strong>ção. Natal foiconstruí<strong>da</strong> sobre a margem direita do rio Potengi, próximoà foz, no Oceano Atlântico.Em 1633, os holandeses invadiram a ci<strong>da</strong>de de Natale durante 20 anos de ocupação tiveram apoio dos índiosnativos. Os holandeses, assim como os portugueses, nãotiveram muito interesse no desenvolvimento do Rio Grandedo Norte. Com a expulsão dos holandeses em 1654, osportugueses enfrentaram uma rebelião <strong>da</strong>s tribos indígenas(Confederação dos Cariris). A batalha durou até o final doséculo XVII com os índios escravizados.Subordina<strong>da</strong> a capitania de Pernambuco, a partir de1701, a <strong>região</strong> do atual Rio Grande do Norte enfrentou dificul<strong>da</strong>despara se desenvolver. Somente em 1824 passou aser província e com a Proclamação <strong>da</strong> República, tornou-seEstado. No início, o desenvolvimento <strong>da</strong> <strong>região</strong> foi lento.Diferente de Pernambuco, o solo arenoso <strong>da</strong> costa não eraadequado para o cultivo de cana-de-açúcar.A cana-de-açúcar foi largamente cultiva<strong>da</strong> <strong>da</strong> Bahia até aParaíba, mas apenas uma pequena área no sul do Rio Grandedo Norte mostrou-se propícia à cultura. Por isso, a <strong>região</strong>não sentiu, como outras, a situação de ser colônia sujeitaa uma metrópole. Este fato provavelmente contribuiu parafazer do Rio Grande do Norte uma <strong>da</strong>s regiões mais liberaisdo Brasil. A primeira mulher brasileira a ser eleita para prefeitagovernou Lajes, uma ci<strong>da</strong>de próxima a Natal.ParaíbaNo ano de 1574, surgiu a Capitania Real <strong>da</strong> Parayba subordina<strong>da</strong>a Portugal. A Capitania foi estabeleci<strong>da</strong> com o objetivode proteger a Capitania de Pernambuco que era a maiorprodutora de açúcar <strong>da</strong> colônia, e de deter os indígenas emseu próprio território, assegurando, aos portugueses, a possee a exploração <strong>da</strong> terra. Os franceses, em aliança com os indígenas,dificultaram o processo de colonização portuguesa.Foram várias as tentativas de conquista <strong>da</strong> capitania paraibana,sendo os Potiguaras o maior obstáculo à invasãoportuguesa. A Capitania <strong>da</strong> Paraíba foi conquista<strong>da</strong>, em1599, pela expedição chefia<strong>da</strong> por João Tavares e FrutuosoBarbosa. Aliado à tribo dos Tabajaras, João Tavares finalmentederrotou a resistência dos Potiguaras.Fun<strong>da</strong><strong>da</strong> em 1585, João Pessoa já nasceu ci<strong>da</strong>de. Semnunca ter passado pela designação de vila, povoado ou aldeia,visto que foi fun<strong>da</strong><strong>da</strong> pela Cúpula <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> Real,uma Capitania <strong>da</strong> Coroa. É considera<strong>da</strong> a terceira ci<strong>da</strong>demais antiga do Brasil (JOÃO PESSOA, 2006).PernambucoA história do povoamento do Estado de Pernambuco iniciou-seem 1534 quando o território brasileiro foi divididoem capitanias hereditárias. Doa<strong>da</strong> a Duarte Coelho que, inicialmente,chamou o território de Nova Lusitânia, a capitaniaganha, em segui<strong>da</strong>, o nome indígena de Pernambucoque significa “mar furado”.Duarte Coelho fundou, em 1537, as vilas de Olin<strong>da</strong> (capitaladministrativa) e de Igarassu de onde partiram as expediçõespara desbravar o interior. Neste mesmo período teminício a cultura <strong>da</strong> cana-de-açúcar e do algodão. As riquezasgera<strong>da</strong>s pelo açúcar despertam a cobiça dos europeus.Em 1630, a capitania é invadi<strong>da</strong> pelos holandeses. Aguerra contra os holandeses, que só seriam expulsos em1654, e conflitos internos abalaram a economia <strong>da</strong> capitania.Com o desenvolvimento de outras regiões <strong>da</strong> Colônia ea descoberta de ouro em Minas Gerais, Pernambuco perdeseu poder econômico.
4 | Caracterização e Análise Retrospectiva <strong>da</strong> Região HidrográficaDurante o governo holandês de Maurício de Nassau, Pernambucoelegeu a primeira Assembléia Legislativa <strong>da</strong> Américado Sul. Durante o período colonial, eclodiram no Estado,várias revoltas separatistas. No Império, Pernambucolutou por ideais republicanos.Povos IndígenasO impacto <strong>da</strong> conquista européia sobre as populações nativas<strong>da</strong>s Américas foi imenso e, hoje, só existem estimativassobre o número de indígenas que viviam no continente naépoca <strong>da</strong> chega<strong>da</strong> dos europeus. As estimativas referentes àpopulação indígena do território brasileiro em 1500 variamentre 1 e 10 milhões de habitantes.Dezenas de milhares de indígenas morreram em conseqüênciade doenças infecto-contagiosas trazi<strong>da</strong>s pelos europeus,transmiti<strong>da</strong>s aos nativos por contato direto ou indireto.Doenças comuns como gripe, sarampo e coqueluche, eoutras mais criticas, como tuberculose e varíola, vitimaram,muitas vezes, nações inteiras uma vez que os índios nãotinham imuni<strong>da</strong>de natural contra essas enfermi<strong>da</strong>des.As socie<strong>da</strong>des indígenas que vivem, hoje, na Região doAtlântico Nordeste Oriental (Figuras 9 e 10) não preservaramsuas línguas nativas e adotaram o português parase comunicar. Eles mantêm apenas, em alguns casos, umpequeno vocabulário, utilizado em rituais e em outras expressõesculturais.Os principais grupos indígenas encontrados na <strong>região</strong>atualmente são apresentados no Quadro 15.Quadro 15 - Grupos indígenas <strong>da</strong> Região do Atlântico Nordeste OrientalGrupo Indígena Município/Estado Nome <strong>da</strong> TerraCalabassa Poranga / CE Calabassa61Tremembé Itarema / CE São José do Capim-açúCanindé Aquiraz / CE Lagoa <strong>da</strong> Encanta<strong>da</strong>Potiguara Crateús / CE Monte NeboPitaguary Maracanaú e Pacatuba / CE PitaguaryTremembé Man<strong>da</strong>u / CE São José do BuritiTabajara Viçosa / CE TabajaraTapeba Caucaia / CE TapebaTremembé Itarema / CE Tremembé de AlmofalaPotiguara Rio Tinto / PB Jacaré de São DomingosPotiguara Baia <strong>da</strong> Traição, Mamanquape e Rio Tinto / PB PotiguaraPotiguara Rio Tinto / PB Potiguara de Monte-MorAtikum Carnaubeira <strong>da</strong> Penha / PE AtikumPankararu Tacarutu, Petrolândia e Jatobá / PE Entre SerrasTuxa Inajá / PE Fazen<strong>da</strong> FunilFulni-o Aguas Belas / PE FoklassaFulni-o Aguas Belas / PE Fulni-oKambiwa Inajá, Ibimirim e Floresta / PE KambiwaKapinawa Buique / PE Kapinawa(Continua)