Caderno <strong>da</strong> Região Hidrográfica Atlântico Nordeste OrientalGrupo Indígena Município/Estado Nome <strong>da</strong> TerraPankararu Tacarutu, Petrolândia e Jatobá / PE PankararuKambiwa Petrolândia / PE Serra NegraXukuru Pesqueira / PE XukuruXucuru-Kariri Palmeira dos Índios / AL Fazen<strong>da</strong> CantoPankararu Pariconha / AL JeripancoCarapoto São Sebastião / AL KarapotoKariri-Xoco Porto Real do Colégio / AL Kariri-XocoXucuru-Kariri Palmeira dos Índios / AL Mata <strong>da</strong> CafurnaTingui Boto Feira Grande / AL Tingui BotoWassu Joaquim Gomes / AL Wassu-CocalXucuru-Kariri Palmeira dos Índios / AL Xucuru-KaririFonte: FUNAI (2005)62Saúde PúblicaOs indicadores de saneamento básico na Região Hidrográficarevelam que o percentual <strong>da</strong> população urbana servi<strong>da</strong>por rede de água gira em torno de 49,8% na Bacia doCuru (Ceará) a 90,8% na Trairi. O percentual <strong>da</strong> populaçãourbana servi<strong>da</strong> por coleta de esgotos varia de 0,6% no Litoral<strong>da</strong> Paraíba a 42,2% no Litoral Sul do PE (ANA, 2002b).As estatísticas indicam ain<strong>da</strong>, que a porcentagem de esgototratado na <strong>região</strong> é de 18,2%, próxima à média nacionalde 17,9%, embora não exista nenhum tipo de tratamentocomo nas regiões <strong>da</strong>s Bacias dos rios <strong>da</strong>s Uni<strong>da</strong>des Hidrográficasdo Curu (CE), do litoral do Rio Grande do Norte elitoral <strong>da</strong> Paraíba (Quadro 16).O Quadro 16 mostra que o total de rede de esgoto <strong>da</strong> RegiãoHidrográfica é duas vezes menor que o total do país. Tambémque a Sub-uni<strong>da</strong>de do Jaguaribe apresenta os menores valorespara rede de esgoto, justificado pelo fato de que grande partedesta uni<strong>da</strong>de encontra-se dentro do sertão nordestino. Noentanto, a percentagem de abastecimento de água é uma <strong>da</strong>smaiores, se compara<strong>da</strong> as demais sub-uni<strong>da</strong>des.Intoxicações e mortes causa<strong>da</strong>s por cianotoxinas em águasnordestinas contamina<strong>da</strong>s com cianobactérias ficaram evidentesapós mortes em Caruaru, Pernambuco, em 1996.As vítimas eram portadores de Insuficiência Renal Crônicae estavam em programa de hemodiálise no Instituto deDoenças Renais. A contaminação <strong>da</strong> água com microcistina- uma toxina <strong>da</strong> cianobactéria - utiliza<strong>da</strong> na hemodiálisecausou a morte de 60 pacientes.Quadro 16 - Indicadores de saneamento básico <strong>da</strong> Região HidrográficaUni<strong>da</strong>deHidrográficaAbastecimentode água (% pop.)Rede de esgoto(% pop.)Esgoto Tratado(% do coletado)Norte CE 57,75 13,7 16,6Jaguaribe 53,8 11,0 9,7Piranhas – Apodi 67,8 19,85 9,7Litoral RN – PB 73,8 12,2 6,4Paraíba 76,5 33,0 30,0Litoral AL – PE – PB 66,85 23,8 6,98Total na Região 69,3 25,7 18,2Brasil 81,5 47,20 17,9Fonte: FUNAI (2005)
4 | Caracterização e Análise Retrospectiva <strong>da</strong> Região HidrográficaOs reservatórios de água utilizados para o abastecimento<strong>da</strong> população sujeitos ao aparecimento de florações de cianobactériasprecisam ser monitorados para evitar todos osriscos potenciais adversos à saúde humana.Nas zonas urbanas <strong>da</strong>s principais ci<strong>da</strong>des <strong>da</strong>s Bacias litorâneassão encontra<strong>da</strong>s palafitas ou casas sem sistemas desaneamento ambiental.Os rios nesses trechos, embora muito contaminados,ain<strong>da</strong> são utilizados para a lavagem de roupa, criatório deanimais domésticos, lazer e outras ativi<strong>da</strong>des que expõem apopulação a doenças de veiculação hídrica. Estas doenças,como cólera, leptospirose e esquistossomose, são significativasem vários Estados <strong>da</strong> Região Hidrográfica AtlânticoNordeste Oriental.Uma <strong>da</strong>s principais fontes de contaminação <strong>da</strong>s águassubterrâneas <strong>da</strong> <strong>região</strong> são os “barreiros”. Estes elementosapresentaram concentrações de nitrato acima dos valoresde potabili<strong>da</strong>de (10 mg/L) e a presença de coliformes fecaise Escherichia coli.De um modo geral, tanto no que se refere aos problemasde escassez de água quanto aos problemas <strong>da</strong>s enchentesurbanas, são sistematicamente as classes de menor ren<strong>da</strong>,os setores sociais mais prejudicados. E são os pequenosprodutores rurais que mais padecem com os efeitos <strong>da</strong>s secasperiódicas.Nas áreas urbanas, são normalmente as áreas periféricase de ocupação irregular aquelas que apresentam os pioresíndices de atendimento no saneamento. A população desprivilegia<strong>da</strong><strong>da</strong> periferia <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des de Fortaleza e Recife équase que anualmente atingi<strong>da</strong> por cheias que, em geral,causam óbitos.4.6 | Desenvolvimento Econômico Regional e os Usos <strong>da</strong> ÁguaOs projetos estatais de desenvolvimento que utilizamos recursos hídricos disponíveis <strong>da</strong> <strong>região</strong>, como, porexemplo, a irrigação, o abastecimento de água, o fornecimentode energia, etc., não têm proporcionado melhoriasubstancial na economia devido à magnitude dos problemasenfrentados pela Região Hidrográfica, <strong>da</strong> sua área epelo equívoco de ações específicas.Pode-se analisar o balanço entre deman<strong>da</strong> e disponibili<strong>da</strong>desob três aspectos:• a vazão média e a população que é expressa pelo quocienteentre a vazão média e a população (m3/hab/ano).• a vazão de retira<strong>da</strong> para usos consuntivos e a vazãomédia que é o quociente entre a retira<strong>da</strong> total anual ea vazão média ao longo do período.• a vazão de retira<strong>da</strong> para usos consuntivos e a disponibili<strong>da</strong>dehídrica, no caso de rios sem regularização,usa-se a vazão de estiagem (Q 95); para rios com regularização,é a vazão regulariza<strong>da</strong> soma<strong>da</strong> ao incrementode vazão com permanência de 95%.Analisando a Figura 11, observa-se que duas Sub-uni<strong>da</strong>desHidrográficas (Litoral AL-PE-PB e Paraíba) estão emsituação classifica<strong>da</strong> como muito crítica, ou seja, relação deman<strong>da</strong>/disponibili<strong>da</strong>desuperior a 40%. Na mesma figura,observa-se que uma sub-uni<strong>da</strong>de é classifica<strong>da</strong> como crítica(Litoral RN-PB) e as demais como preocupante. Na subdivisão2, as sub-uni<strong>da</strong>des Goiana e Potengi apresentam osvalores onde a situação é muito crítica, com percentual superiora 100%, o que é evidenciado no Quadro 18. Assim,os Quadros 17 e 18 mostram com <strong>da</strong>dos pormenorizados agravi<strong>da</strong>de destas situações, extrapolando aos valores utilizadosna classificação em uso.Observando os Quadros 17 e 18, é possível verificar quea deman<strong>da</strong> total <strong>da</strong> Região Hidrográfica é de 179,17 m 3 /senquanto que a vazão média totaliza um valor de 779,02m3/s, ou seja, a relação entre deman<strong>da</strong> e disponibili<strong>da</strong>de éde aproxima<strong>da</strong>mente 0,23 ou 23,0%.A relação entre a deman<strong>da</strong> e a disponibili<strong>da</strong>de (Quadro18) evidencia o comprometimento dos recursos hídricos <strong>da</strong><strong>região</strong>. Ou seja, é fun<strong>da</strong>mental ampliar a disponibili<strong>da</strong>dehídrica na <strong>região</strong> com medi<strong>da</strong>s como regularização de vazõesa partir de reservatórios, preservação de mananciais,melhoria <strong>da</strong> oferta de águas subterrâneas e, eventualmente,a importação de Bacias vizinhas.63