Caderno <strong>da</strong> Região Hidrográfica Atlântico Nordeste OrientalQuadro 23 - Critérios adotados para outorga de captação de águas superficiaisÓrgão GestorVazão máxima outorgávelLegislação referente àvazão máxima outorgávelLimites máximos devazões considera<strong>da</strong>sinsignificantesLegislação referente àdefinição <strong>da</strong>s vazõesinsignificantesANASRH-CE70% <strong>da</strong> Q 95podendovariar em função <strong>da</strong>speculiari<strong>da</strong>des de ca<strong>da</strong><strong>região</strong>.20% para ca<strong>da</strong> usuárioindividual90% <strong>da</strong> Q 90regNão existe,em função <strong>da</strong>speculiari<strong>da</strong>des do país,podendo variar o critérioDecreto Estadualn.º 23.067/19941,0 L/s2,0 m 3 /h(0,56 L/s-para águassuperficiais e subterrâneas)Resolução ANAn.º 542/2004Decreto Estadualn.º 23.067/1994AAGISA 1 -PB90% <strong>da</strong> Q 90reg.Em lagosterritoriais,o limiteoutorgável é reduzido em1/3.Decreto Estadualn.º 19.260/19972,0 m 3 /h(0,56 L/s-para águassuperficiais e subterrâneas)Decreto Estadualn.º 19.260/1997SECTMA-PEDepende do risco que orequerente pode assumirNão existe legislaçãoespecífica0,5 l/s ou 43 m 3 /dia(águas superficiais).5,0 m 3 /dia (águassubterrâneas paraabastecimento humano)Decreto Estadualn.º 20.423/1998SERHID-RN90% <strong>da</strong> Q 90regulariza<strong>da</strong>Decreto Estadualn.º 13.283/19971,0 m 3 /h (0,3 L/s)Decreto Estadualn.º 13.283/199786Fonte: ANA (2005) in (Brasil, 2005f)1AAGISA, atualmente AESA
5 Análise de Conjuntura5.1 | Principais Problemas de Eventuais Usos Hegemônicos<strong>da</strong> ÁguaA Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental é a Baciacom maior escassez hídrica dentre as 12 <strong>da</strong> Divisão HidrográficaNacional. Essa escassez é devi<strong>da</strong> a vários fatoresque atuam em conjunto:1. baixos totais precipitados: a média pluviométrica anualna <strong>região</strong> situa-se em torno de 600mm o que é insuficientepara repor as reservas dos aqüíferos regionais;2. irregulari<strong>da</strong>de na distribuição interanual <strong>da</strong>s precipitações:a <strong>região</strong> sofre constantemente com períodos deprecipitação extremamente baixa. Estima-se que trêsem ca<strong>da</strong> dez anos sejam marcados por secas;3. irregulari<strong>da</strong>de na distribuição mensal <strong>da</strong>s precipitações: namaior parte <strong>da</strong> <strong>região</strong>, a quase totali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> precipitaçãoanual ocorre num período de apenas três a quatro mesesdo ano. Os demais meses são secos ou quase secos;4. solo “raso”: o solo pouco espesso (em média 60 cm) namaior parte <strong>da</strong> <strong>região</strong> é composto, basicamente, porrochas cristalinas, com constantes afloramentos, o quenão favorece o acúmulo de água para manutenção derios perenes. Somente pequenos cursos d’água, comnascentes nos enclaves úmidos <strong>da</strong> <strong>região</strong>, onde os solossão mais profundos, correm durante o ano inteiro apresentando,porém, vazões de pequena monta.Diante do exposto, a maior parte <strong>da</strong> Região Hidrográfica,insere-se no Semi-árido brasileiro, <strong>região</strong> constantementeafeta<strong>da</strong> pelo fenômeno <strong>da</strong>s secas, que podem ocorrer deduas maneiras (Fun<strong>da</strong>ção Joaquim Nabuco, 2005):“A seca se manifesta com intensi<strong>da</strong>des diferentes”. Ela dependedo índice de precipitações pluviométricas. Quandohá uma deficiência acentua<strong>da</strong> na quanti<strong>da</strong>de de chuvas noano, inferior ao mínimo de que necessitam as plantações, aseca é absoluta.Em outros casos, quando as chuvas são suficientes paracobrir de folhas a caatinga e acumular um pouco de águanos barreiros e açudes, mas não permitem o desenvolvimentonormal dos plantios agrícolas, dá-se a seca verde.”Diante do cenário de escassez caracterizado acima, o usohegemônico <strong>da</strong> água na Região não pode ser tolerado umavez que apresenta grande risco de conflitos conforme serádiscutido na seção seguinte. A questão a ser discuti<strong>da</strong> nesteaspecto diz respeito à sobrevivência <strong>da</strong> população que nãopode deixar de ser atendi<strong>da</strong> em sua deman<strong>da</strong> por água.Por outro lado, vários setores econômicos <strong>da</strong>quela <strong>região</strong>dependem <strong>da</strong> disponibili<strong>da</strong>de de água. Os agronegócios,por exemplo, representam uma ativi<strong>da</strong>de econômica deextrema importância naquela <strong>região</strong> e somente são viáveisatravés <strong>da</strong> irrigação. A cultura irriga<strong>da</strong> é potencialmente aprincipal causadora dos problemas relacionados ao uso hegemônico<strong>da</strong> água na Região Atlântico Nordeste Oriental.As deman<strong>da</strong>s por setor ou tipo de consumo de água na <strong>região</strong>estão lista<strong>da</strong>s no Quadro 2487Quadro 24 - Deman<strong>da</strong> por água setorial na RegiãoSetor Deman<strong>da</strong> (%)Urbana 28,28Rural 3,09Animal 2,54Industrial 12,94Irrigação 53,15