o colecionador de obras raras o colecionador de obras raras

ENTREVISTA |
livro que adquiriu foi Discours sur l’Histoire Universelle,
de Jacques-Bénigne Bossuet, de 1740.
“Encontrar o livro raro é tão apaixonante quanto
a procura”, disse o empresário.
Ele contou que uma das grandes aventuras
foi a busca da primeira edição de O Guarani, de
José de Alencar. Conhecido colecionador, Mindlin
foi avisado por um amigo em Paris, em 1969,
que o livro estava sendo vendido no país. “Não
perdi tempo, e logo consegui comprar a obra por
US$ 4 mil. Mas, na volta para o Brasil, adormeci
e o livro escorregou da minha pasta. Ao chegar
em casa, minha esposa quis saber qual livro eu
estava trazendo para casa. Ao abrir a minha
pasta, nada encontrei. Naquele momento, não
fiquei triste, pois eu tinha consciência que havia
encontrado o livro e isto foi muito importante
para mim. Mas, qual não foi a minha surpresa
ao receber uma ligação, três dias depois, me
avisando que o livro havia sido encontrado.”
O fato provou mais uma vez para Mindlin
que ele não era escravo dos livros, mas um
apaixonado pela busca e pelo encontro com as
obras. “Sempre lia catálogos enquanto fazia reuniões
na Metal Leve, onde trabalhava em uma
sala com seis outros diretores.” Mais uma vez, o
empresário conseguia ler e trabalhar ao mesmo
tempo. “Cada catálogo que chegava à minha
mesa trazia uma emoção diferente. Logo que
eu encontrava os livros do meu agrado, corria
para comprá-los e o prazer era constante.”
A atuação política, que durou cerca de um
ano, como secretário do governo do Estado de
São Paulo na gestão Paulo Egydio Martins, foi
também um aprendizado, mas não foi marcante
para Mindlin. “Hoje, vejo que o Brasil teve apenas
um verdadeiro estadista, Getúlio Vargas.”
Em 20 de junho de 2006, Mindlin foi eleito
membro da Academia Brasileira de Letras,
onde passou a ocupar a cadeira número 29,
sucedendo a Josué Montello. “Na Academia, tenho
grandes amigos.” Para o empresário, que
vive cercado de livros em uma ampla casa na
Zona Sul de São Paulo, onde criou seus filhos, a
leitura enriquece permanentemente o espírito.
“Quem não lê não sabe o que está perdendo.”
12 | | JAN/FEV/MAR – 2010
“Cada catálogo que chegava à minha mesa
trazia uma emoção diferente. Logo que eu
encontrava os livros do meu agrado, corria
para comprá-los e o prazer era constante”