4JORNAL DA <strong>ACIL</strong>/Junho 2008SUCESSÃOUma gestão“linha e agulha”Presidente eleito da <strong>ACIL</strong>, o empresário Marcelo Massayuki Cassa assume o cargodepois de atuar em diretorias da entidade por dez anos. Aos 37 anos, um dos diretoresdo grupo Quintino, fundado há cerca de 40 anos, Cassa aposta na experiência quetem em associativismo e na capacidade de articular forças. “Será uma gestão linha eagulha”, resume. Nessa entrevista ao Jornal da <strong>ACIL</strong>, ele apresenta projetosimportantes, comenta fatos polêmicos e se revela otimistaatia Baggiospecial para a <strong>ACIL</strong>Jornal da <strong>ACIL</strong> – Quais os planosara os dois anos de seu mandato, quenicia este mês?Marcelo Cassa – Estamos mantenotodos os bons projetos implantadosas gestões anteriores. Claro que comoma nova gestão também temos projeosnovos. Vamos trabalhar pela ilumiaçãode pontos estratégicos da Cidae,no Natal, através de parcerias comntidades, investidores e poder público.utro objetivo é atuar de forma maisntensa com lojistas dos shoppings eos bairros. A proposta é criar parasses públicos pacotes de trabalho aartir do princípio associativista, poregmento, como já acontece com asções do Projeto Empreender (da <strong>ACIL</strong>),u por ações setorizadas por via, poruarteirão ou por região, conforme cadaomento ou situação. Vamos trabaharcom modelos alternativos, flexíeise não mais esperar que os empreáriosnos procurem. Criativamente eom novas técnicas, pretendemos aproeitara união desses grupos através dorabalho associativista. É possível esabelecercooperativas de compra, oranizarreivindicações sobre mudançase sentido de ruas, desde os objetivosais simples até os mais complexos.as é importante dizer que as açõesevem ter início e término.Essas duas bandeiras são bem esecíficas.As outras dizem respeito ànserção da <strong>ACIL</strong> em uma questãoacro. Vamos falar sempre em tecnoogiae comércio exterior. Vamos fomenaro uso das ferramentas tecnológicase que já dispomos como o ConventionLondrina Convention & Visitors Bueau).O Integra 2008 (iniciativa deesenvolvimento que envolve universiades,instituições de pesquisa e setoreconômico) vai ser transformado emum projeto e vamos trabalhar a tecnologianos seus mais diversos aspectos,tanto na questão cultural como para aagregação de valor às empresas.Jornal da <strong>ACIL</strong> – Qual o peso doComércio Exterior da <strong>ACIL</strong> nesse projeto?Marcelo Cassa – Antes de tudo, épreciso desmistificar o conceito deglobalização como um processo distantedos empresários locais. Também vamosdinamizar nossa função de câmarade comércio, como acontece com associaçõescomerciais de vários países.No Brasil temos um papel um pouco“A <strong>ACIL</strong> atua paraconscientizar oempresário de suaresponsabilidade,manifestar suaposição eapresentar o queele vê comosolução”diferente, como agente de desenvolvimentoem situações mais macro. Porisso a proposta é resgatar a função deaproximar os interesses locais dos interessesinternacionais, de forma prática.Antigamente o Comércio Exteriorera um departamento da <strong>ACIL</strong>. Hoje,temos uma parceria com a Agência TerraRoxa, uma agência de desenvolvimentoque tem como foco a atração deempresas internacionais para o eixoLondrina-Maringá. Fizemos uma adaptaçãona qual, além de atração de empresas,também levamos empresáriospara outros países e cruzamos as necessidades.Dessa forma aproveitamoso extenso know-how da agência, porém,focado em uma necessidade daAssociação.Jornal da <strong>ACIL</strong> – Sua gestão começaem ano eleitoral. Como a <strong>ACIL</strong> vai serelacionar com o poder público municipal?Marcelo Cassa – Vamos trabalhardentro de uma linha de atuação muitoclara. De um lado, a <strong>ACIL</strong> é uma entidadesem vínculo com grupos políticos,gestões ou partidos. De outro, sabeperfeitamente que é preciso saber dialogare, quando for necessário, estabelecerparcerias com o poder público.Uma questão não exclui a outra e ambasvão conviver de forma independente.Estamos posicionados como uma entidadeapolítica desde a fundação daentidade, há sete décadas. Portanto,vamos reforçar a postura da Associaçãocomo uma instituição neutra no aspectopolítico partidário. Ao fazer uma críticaa alguma ação do poder público,vamos também apresentar alternativas.Afinal, a <strong>ACIL</strong> tem base histórica ecredibilidade para dar sugestões nasquestões que envolvem Londrina. Emsíntese, a <strong>ACIL</strong> será crítica e, ao mesmotempo, terá uma gestão de “linha eagulha”, focada na união de forças emtorno de iniciativas importantes para odesenvolvimento da Cidade.Jornal da <strong>ACIL</strong> – Como vão funcionaras campanhas para o comércio?Marcelo Cassa – Vamos dar atençãoespecial ao período de Natal, tantono aspecto institucional, como no comercial.Esse será um novo Natal deluzes, que tem como proposta resgataraquela época em que vários pontoseram decorados e que projetou a Cidadeem nível nacional. A iluminação deNatal tem a característica de envolveras pessoas em um sentimento que vaialém da questão comercial, passa a ser
JORNAL DA <strong>ACIL</strong>/Junho 20085institucional, com valorização do trabalho,da união, da capacidade de realizaçãodo londrinense. O projeto é delongo prazo. Vamos aperfeiçoar as açõesa cada ano, trabalhar de forma profissionalpara que o resultado seja sólido.Mas também vamos desenvolver açõespara fomentar o mercado, gerar vendas,atrair eventos. Ainda estamos definindose será uma campanha nos moldestradicionais, se será uma campanha devitrine atrelada à capacitação e motivaçãoda equipe de vendas. Se conseguirmoscriativamente agregar uma ação àoutra, por exemplo, o Natal de luzescom uma ação comercial importante,isso vai dar um efeito multiplicador deresultados.Jornal da <strong>ACIL</strong> – A <strong>ACIL</strong> vai continuarcom a bandeira da flexibilizaçãodo horário do comércio?Marcelo Cassa – Esse assunto teveum grande avanço e um bom encaminhamentono ano passado. Estivemosligados diretamente à disputa pelo comandodo Sincoval (Sindicato do ComércioVarejista de Londrina e Região)“A flexibilização total(do expedientecomercial) podeacontecer um dia, masnão é mais uma grandebandeira da <strong>ACIL</strong>,porque conseguimosresultados maiseficientes através dodiálogo”na gestão passada, o que permitiu quecriássemos uma nova base de relacionamentocom o sindicato. Essa foi umagrande vitória de todas as partes porqueaconteceram mudanças positivas,o comprometimento da diretoria que foieleita e que a <strong>ACIL</strong> apoiou desde quetomou posse. A iniciativa da <strong>ACIL</strong> emapoiar uma chapa de oposição, nãoeleita, teve como princípio provocarmudanças no Sincoval. E elas vierammesmo com a eleição da chapa de situação,presidida pela empresária NájilaNabham. O objetivo era exatamenteesse. Tivemos um momento interessanteno mês de maio, com a adoção deum horário especial em função do elevadonúmero de feriados e que deumuito certo. Acreditamos que nessecaso é preciso manter a postura de“linha e agulha”, com ações harmônicase continuadas. A flexibilização totalpode acontecer um dia, mas essanão é mais uma grande bandeira da<strong>ACIL</strong>, porque conseguimos recentementeresultados mais eficientes atravésdo diálogo.Jornal da <strong>ACIL</strong> – Como o comércioilegal será tratado na sua gestão?Marcelo Cassa – É claro que vamoscontinuar insistindo na importância dese regularizar a situação de quem atuana ilegalidade. Inclusive, estamos monitorandoos processos dos vendedoresque estavam irregulares, quandoda operação Capitão Gancho II realizadapela Polícia e Receita federais no dia12 de julho de 2007. Também estamosacompanhando o crescimento do comércioilegal, especialmente de CDs eDVDs. O grande desafio é o ritmo decrescimento de Londrina. Temos umcenário que combina diferentes elementos:aumento do número deshoppings, aumento de lojas no Centro,mais competitividade, aumento dacarga tributária e, paralelo a isso, oaumento da ilegalidade. Não apenas a<strong>ACIL</strong>, mas o poder público e todas asentidades que representam as empresase o consumidor deverão agir contrao comércio ilegal. Seria uma responsabilidademuito grande somente a <strong>ACIL</strong>determinar ou não o combate ao problema.Fazemos nossa parte, mostramosalternativas para essa situação.Jornal da <strong>ACIL</strong> – Depois de mais deuma década sem ser um grande problema,apesar de sempre presente, a inflaçãocomeça a aumentar em níveisque já preocupam. Como a <strong>ACIL</strong> podeajudar os empresários a enfrentar esseproblema?Marcelo Cassa – Um dos papéismais importantes da <strong>ACIL</strong> é estimularo senso crítico. O problema do Brasilainda é a aceitação pacífica das decisõesdos governantes. Nossas açõessão no sentido de fazer com que oempresário tome consciência do seupapel na sociedade. Nós precisamossaber cobrar, mostrar o que nos incomodae apresentar alternativas. A leideve ser cumprida, mas paralelo aocumprimento da lei nós temos que daralternativas, mostrar caminhos. A <strong>ACIL</strong>atua para conscientizar o empresáriode sua responsabilidade, manifestarsua posição e apresentar o que ele vêcomo solução.Jornal da <strong>ACIL</strong> – Qual o espaço doagronegócio na <strong>ACIL</strong>?Marcelo Cassa – Uma das bandeirasdesta gestão é trabalhar a questãotecnológica e a capacitação dos empresáriosno modelo associativo. Associativismocomeça pela união de forças esegue pelo uso de todas essas ferramentastecnológicas e tudo o que aglobalização tem de positivo. É, porexemplo, buscar equipamentos na Chinapara ganhar em produtividade, pesquisaralternativas de compra mais competitivas.Agora, a questão macroeconômicada Cidade a partir dessa basesólida de empresários e de entidadesfaz com que a gente olhe para Londrinabuscando sempre agregar valor ao potencialagropecuário local, e isso nãopode parar porque outras cidades, outrasregiões também estão nessa corridapela excelência. As próprias câmarasde comércio internacional têm condiçõesde fazer a ponte entre a tecnologiadisponível lá fora e o produtor,aqui. Hoje, um produtor de cana usa oresíduo apenas para gerar energia daqueima, mas pode encontrar no exteriorum equipamento que transformeessa fibra em aglomerado. É uma questãode ficar atento às oportunidades eprocurar nosso apoio.Jornal da <strong>ACIL</strong> – A <strong>ACIL</strong> vai buscarnovos associados?Marcelo Cassa – Acreditamos notrabalho de promover uma capilarizaçãomaior da <strong>ACIL</strong> junto aos empresáriosdas regiões Norte, Sul, Leste e Oeste.Quanto maior o quadro de associados,mais articulação empresarial. Essa éuma forma essencial de aumentar nossarepresentatividade e nos dar forçapara lutar por mais conquistas. Hojesomos cerca de 1.500 empresas associadas,com cerca de 2.700 empresáriosparticipantes, mas para uma Cidadeque tem por volta de 20 mil empresas,é um número que poderia ser maior,“Seria umaresponsabilidade muitogrande somente a <strong>ACIL</strong>determinar ou não ocombate ao problema(do comércio informal)”embora estejamos dentro do padrãonacional das entidades empresariaisno que diz respeito ao quadro defiliados. Os investimentos de shoppings,de indústrias e alguns indicadoressociais e econômicos mostram queLondrina voltou a crescer e esse é umdado que nos deixa otimistas. Então,podemos pensar que estamos no caminhocerto. Uma referência de que anossa gestão foi boa seria terminar omandato, daqui a dois anos, com umnúmero maior de associados.Jornal da <strong>ACIL</strong> – É mais fácil correro risco de errar quando não se temoposição?Marcelo Cassa – Quando você temuma gestão de oposição, na realidade,a tendência é a diretoria se unir e sefortalecer. Por outro lado, como vicepresidentedo Rubens (BeneditoAugusto) eu pude começar e compartilharprojetos que agora posso dar continuidade,mas com meu perfil. Estouconstruindo meu plano de gestão desdeo dia em que decidi ser candidato, oque me deixa mais seguro para tomardecisões. Uma outra análise revela queo fato de não ter disputa indica que asúltimas gestões têm apresentado resultado.É por esse caminho que vamoscontinuar.