6JORNAL DA <strong>ACIL</strong>/Junho 2008SUCESSÃODando a cara pra baterRubens Benedito Augusto entrega, no dia 24 deste mês, a presidência da <strong>ACIL</strong> a seuatual vice, Marcelo Cassa. Nos dois anos que esteve à frente da entidade, enfrentousituações marcadas pela forte pressão contra as posições da Associação, mas diz terconseguido realizar muito mais do que havia planejado para sua gestão. Ele reforçaque a <strong>ACIL</strong> manteve sua característica de ser uma entidade que assume os riscos deseus atos. Confira a entrevista especial de Rubens Augusto ao Jornal da <strong>ACIL</strong>:atia Baggiospecial para a <strong>ACIL</strong>Jornal da <strong>ACIL</strong> – O senhor acrediaque conseguiu realizar os projetosue tinha para a <strong>ACIL</strong> e seus associdos,quando assumiu há dois anos?Rubens Augusto – Acredito queós conseguimos realizar muito maiso que eu imaginava. Nós demos anamentoem situações críticas napoca, como a questão dos camelôs, aevitalização do Calçadão, que é naerdade a reforma de toda a áreaomercial do Centro da Cidade, e deoscontinuidade a trabalhos efetiosque vinham da outra gestão, doJosé Augusto) Rapcham. Mas tiveosalgumas situações especiais nainha gestão e uma delas eu consideomuito especial, a comemoração dos0 anos de fundação da <strong>ACIL</strong>. Fizemosma reforma no espaço físico da Assoiação,transferimos o Serviço Cenralde Proteção ao Crédito (SCPC)ara uma área própria no segundondar. O serviço recebe mais de 100il acessos entre Internet e telefonecerca de 300 pessoas por dia procuampessoalmente algum tipo de inormaçãona <strong>ACIL</strong>. No dia 5 de junhoo ano passado, quando festejamos aata, também nos propusemos apereiçoara equipe para melhorar o atenimentoao associado e ao público. Noegundo andar ampliamos nosso Cenrode Capacitação, além das duasalas para treinamento, instalamosm miniauditório, com capacidadeara 60 pessoas, e criamos um espaçolternativo para eventos. No primeirondar, o auditório principal foi amplidoe remanejamos salas para otimizarambiente como um todo. Essa muançaera necessária para investirosna capacitação dos associados eos funcionários das empresas. Pareeque acertamos, porque hoje osspaços estão praticamente ocupaoso tempo todo com cursos, treinaentos,palestras e debates.“Acredito que apostura bemdefinida da <strong>ACIL</strong>contra esse tipo decomércio(camelôs) deuresultado”Jornal da <strong>ACIL</strong> – Como o senhoravalia a questão dos camelôs na suagestão?Rubens Augusto – Quando eu assumia <strong>ACIL</strong>, há dois anos, já mepreocupava com o prejuízo que essaatividade traz para as empresas formais.Na época estava previsto o funcionamentode 12 camelódromos naCidade e apenas quatro inauguraram,de fato. Então, acredito que a posturabem definida da <strong>ACIL</strong> contra esse tipode comércio deu resultado. Pergunteiprimeiro para as autoridades e depoispara a própria população se nós queremosque Londrina se transformeem uma referência em comércio ilegal.As ações continuam, a OperaçãoCapitão Gancho II (coordenada pelaReceita Federal que apreendeu mercadoriase fechou por alguns dias oCamelódromo da rua Mato Grossocom a Sergipe, em 2007) foi tumultuadaporque foi mal interpretada pelospolíticos municipais da época. Essetipo de ação está acontecendo noBrasil inteiro, antes da ação em Londrina.E, em todas as cidades que têmesse comércio ilegal, a administraçãopública é contra. Só aqui foi diferente.Jornal da <strong>ACIL</strong> – E o horário docomércio?Rubens Augusto – Está diretamenteligado aos rumos do Sincoval(Sindicato do Comércio Varejista deLondrina). A <strong>ACIL</strong> teve uma participaçãodireta na formação da chapa deoposição, na última eleição do Sindicato.Apesar da derrota, porque quemvota é só associado e a maioria é dasituação, foi por uma diferença muitopequena. O que importa é que ajudamosa mudar o perfil de administraçãono Sincoval. Em um primeiro momentoeram praticamente os mesmos candidatose as pessoas se preocuparamcom a situação legal da candidaturade alguns, perante o Sindicato. Finalmenteeles trocaram alguns candidatos.Não tenho dúvida de que a entradada Nájila (Nabhan) e do (Yukio)Ajita na disputa foi graças à movimentaçãoda <strong>ACIL</strong> no processo. E elesrefletem o perfil do comerciante dehoje, que é proativo. Um dos avançosconquistados é a possibilidade denegociar individualmente com o sindicatodos comerciários a flexibilizaçãodos horários, principalmente aos sábados.É claro que o ideal vai serquando todos puderem trabalhar nomesmo horário dos shoppings e supermercados,por exemplo. Tenho certezaque a <strong>ACIL</strong> vai continuar trabalhandopara isso.Jornal da <strong>ACIL</strong> – O relacionamentoda <strong>ACIL</strong> com o poder público municipalfoi mais positivo ou negativo?Rubens Augusto – Teve altos ebaixos. Tivemos momentos de parceriasimportantes, mas também houvemomentos de bastante dificuldade. Adiferença básica entre a <strong>ACIL</strong> e aadministração atual é que eles respondemaos questionamentos comopolíticos e nós somos mais objetivos.Em declarações públicas e entrevistas,respondemos como empresários,seja sobre temas diretamente ligadosà <strong>ACIL</strong>, seja em questões da Cidadenas quais estamos envolvidos, comoos camelôs e a revitalização do Centro.Mas realizamos um Natal bom noprimeiro ano do meu mandato, iluminamosjuntos algumas praças, participamosde vários encontros ligados à
JORNAL DA <strong>ACIL</strong>/Junho 20087atração de empresas para Londrina,inclusive recebemos juntos muitosinvestidores interessados na Cidadee apresentamos o potencial de cadaárea. Outra ação em parceria com oInstituto de Desenvolvimento de Londrina(Codel) foi a pesquisa Retratosde Londrina (que levantou o perfil domunicípio). E um dos últimos eventosfoi o Integra 2008 (discussão sobredesenvolvimento que envolve universidades,instituições de pesquisa esetor econômico), que nasceu na <strong>ACIL</strong>,mas se concretizou com a parceriaentre Fiep e Idel. Então, o relacionamentofoi produtivo porque não tinhaoutro jeito, nós somos de Londrina etemos que nos articular para garantiro desenvolvimento da Cidade. O próprioFórum Desenvolve Londrina caminhabem e é resultado dessa postura.Confesso que me senti em algunsmomentos em situação muitodifícil, pela pressão que sofri, atéminha empresa sofreu com algumassituações, mas hoje isso é passado eo resultado é um saldo positivo.Jornal da <strong>ACIL</strong> – E as ações paraa indústria?Rubens Augusto – Nós tivemosmuito trabalho realizado para a áreaindustrial. O próprio Integra 2008 temmuito mais a ver com a indústria, inclusiveo sucesso do evento garantiu queele faça parte do calendário fixo anualda <strong>ACIL</strong> e de Londrina. A partir daprimeira edição do Integra também foicriado o Café Tecnológico, uma reuniãomensal, na qual os empresários se“Teve altos e baixos.Houve momentos deparcerias importantes,mas também houvemomentos de bastantedificuldade(relacionamento com aadministraçãomunicipal)”encontram para trocar experiências,como aplicação de novas tecnologias eformas de acesso a financiamentos.Os encontros acontecem na sala dereuniões da <strong>ACIL</strong> e começaram limitadosa 25 pessoas, mas o último caféreuniu 40 empresários. Estamos discutindoa possibilidade de ampliarpara dois encontros por mês porquepercebemos o interesse.Jornal da <strong>ACIL</strong> – Nesse sentido, éimportante que o Convention Bureaucontinue funcionando na <strong>ACIL</strong>?Rubens Augusto – Acredito que oConvention Bureau, do qual a <strong>ACIL</strong> émantenedora, tem ajudado não só atrazer grandes eventos para a Cidade,como a manter os que conquistamos. Aentidade também conseguiu que algunseventos fossem colocados numcalendário fixo da Cidade, o que é umtrabalho difícil porque muitas cidadesaté mesmo do Paraná têm fortes apelosturísticos. O Convention continua dentroda <strong>ACIL</strong> e a gente continua dandomuita força para essa estrutura.Jornal da <strong>ACIL</strong> – Sua gestão escreveumais uma página na históriada <strong>ACIL</strong> pela segurança da Cidade...Rubens Augusto – Historicamentea <strong>ACIL</strong> sempre esteve envolvida com asegurança de Londrina. O ato realizadopelo movimento Chega de Luto, nodia 5 de julho de 2007, foi mais umcapítulo que nasceu aqui dentro, pelasmãos das lideranças da <strong>ACIL</strong>, masque só atingiu seus objetivos porquecerca de 70 entidades participaram.Não houve ninguém e nenhuma entidadeà frente dele. É importante registrarque o movimento transcendeuo aspecto de “quem começou” e setransformou em uma ação de toda aCidade. A prova é que nenhum políticodiscursou, não houve palanque. Naqueleato no Calçadão, só deram seusdepoimentos um comerciante quesofreu roubos e o pai de uma vítimaassassinada, além das orações feitaspor dois religiosos. Além disso, foiestabelecido o prazo de uma hora paraas falas e o tempo foi cumprido, sematrasos. Isso deu muita credibilidadeao movimento. E ganhou destaquenacional. As pessoas entenderam queera um pedido por segurançae não uma açãopolítica. Além desse episódioa gente destaca aaproximação com as políciasCivil e Militar. Odelegado-chefe SérgioBarroso participou devárias reuniões na <strong>ACIL</strong>.Após o Chega de Luto,também nos aproximamosmais da Polícia Militare da equipe de segurançado Governo do Estado.Tivemos pelo menosrespostas, ainda quea situação ideal seja difícilde alcançar. A cobrançadeve ser contínua.Jornal da <strong>ACIL</strong> – O Fórum DesenvolveLondrina está consolidado?Rubens Augusto – Sim. O Fórumnasceu na gestão do David Dequêch,em parceria com a Codel, como umcaminho para se discutir o desenvolvimentoda Cidade. Esse fórum, hoje,tem mais de trinta entidades envolvidas.E é uma ação com resultados emlongo prazo, nós sabemos, mas seguefirme. No ano passado o tema foieducação e tivemos os resultadosregistrados inclusive em livros, comalgumas ações executadas. Este anoo tema é o desenvolvimento sustentávelda Cidade, como chegar a essestatus. Tivemos a oportunidade deconhecer o Fórum da cidade norteamericanade Jacksonville, na Flórida,que foi criado na década de 70. Hoje,mais de setenta por cento dos projetosaprovados e executados no municípiopassam pelo Fórum. É a participaçãoefetiva da comunidade nos rumosda cidade; um bom exemplo decidadania.Jornal da <strong>ACIL</strong> – Quando seuantecessor, José Augusto Rapcham,deixou a presidência da Associação,em junho de 2006, declarou que alegislatura que assumiu a CâmaraMunicipal naquele ano era a maisfraca da história de Londrina, incapaze ruim. O senhor sofreu as conseqüênciasdessas declarações durantesua gestão. Agora, deixa a <strong>ACIL</strong> emum momento turbulento na CâmaraMunicipal, com mais um escândalo decorrupção. Como o senhor avalia essasituação?Rubens Augusto – Quando oRapcham fez essa declaração quisalertar a comunidade londrinense, eos próprios vereadores, de que ascoisas não estavam funcionando bemna Câmara, já naquela época. Eletentou despertar as pessoas para anecessidade de se tomar alguma providência.A análise que a <strong>ACIL</strong> fez,através do Rapcham, infelizmente, seconfirmou. Eu fui criticado por algunsvereadores, que se disseram ofendidos,fui questionado e quando confirmeias declarações fui duramente criticado,porque assumimos as afirmaçõescomo sendo uma posição da“Historicamente, a<strong>ACIL</strong> sempre esteveenvolvida com asegurança deLondrina”Associação. Agora a Promotoria Públicarevelou que os problemas sãomuito sérios. Ninguém pode ficar satisfeitoao saber que estava certo,quando as conseqüências para a Cidadesão tão desastrosas. Fica a certezade que as declarações não foramlevianas, não tinham cunho político eesperamos que a lei prevaleça, maisuma vez. Há um aspecto muito importanteque pode ser comprovado poresse episódio e por outros que jácomentamos. A <strong>ACIL</strong> tem como marcaser uma entidade de forte personalidade,independente e crítica. Costumodizer que a Associação sempre dáa cara pra bater. Isso porque, quandotem convicção de estar no seu papel,assume os riscos e arca com as conseqüências.Foi assim com a críticafeita pelo Rapcham à Câmara, foi assimno ato do movimento Chega deLuto e na questão dos camelôs. Opreço muitas vezes é alto, mas vale apena ser pago.