10.07.2015 Views

de nutrição em pediatria - Sociedade Brasileira de Pediatria

de nutrição em pediatria - Sociedade Brasileira de Pediatria

de nutrição em pediatria - Sociedade Brasileira de Pediatria

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Fascículo 2 - Ano 2002t<strong>em</strong>as<strong>de</strong> nutrição <strong>em</strong> <strong>pediatria</strong>PatrocínioPublicação elaborada pelo Departamento <strong>de</strong>Nutrição da Socieda<strong>de</strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong>1


Fascículo 2 - Ano 2002t<strong>em</strong>as<strong>de</strong> nutrição <strong>em</strong> <strong>pediatria</strong>PatrocínioPublicação elaborada pelo Departamento <strong>de</strong>Nutrição da Socieda<strong>de</strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong>3


DIRETORIA - SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA (1998-2000)PRESIDENTELincoln Marcelo Silveira Freire - MG1º Vice-presi<strong>de</strong>nteDioclécio Campos Júnior - DF2º Vice-presi<strong>de</strong>nteJoão Cândido <strong>de</strong> Souza Borges - CESECRETARIA GERALSecretário Geral:Eduardo da Silva Vaz - RJ1º SecretárioVera Lúcia Queiroz Bomfim Pereira - RJ2º SecretárioMarisa Bicalho Pinto Rodrigues - MG3º secretárioFernando Filizzola <strong>de</strong> Mattos - MGDIRETORIA DE PLANEJAMENTO GERALDiretora <strong>de</strong> Planejamento, Administraçãoe FinançasMaria Tereza Fonseca da Costa - RJ1º Diretor FinanceiroCarlindo <strong>de</strong> Souza Machado e Silva Filho - RJ2º Diretor FinanceiroAna Maria Seguro Meyge - MGDiretor <strong>de</strong> PatrimônioMário José Ventura Marques - RJCoor<strong>de</strong>nador do Selo <strong>de</strong> Certificação<strong>de</strong> ProdutosCláudio Leone - SPCoor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong> InformáticaEduardo Carlos Tavares - MGCONSELHO ACADÊMICOPresi<strong>de</strong>nteNelson <strong>de</strong> Carvalho Assis Barros - BASecretárioReinaldo Menezes Martins - RJCONSELHO FISCALRaimunda Nazaré Monteiro Lustosa - PASara Lopes Valentim - ESNilzete Liberato Bresolin - SCASSESSORIA DA PRESIDÊNCIAPedro Celiny Ramos Garcia - RSFernando Antônio Santos Werneck - MGCláudio Leone - SPLuciana Rodrigues Silva - BANelson <strong>de</strong> Carvalho Assis Barros - BAReinaldo Menezes Martins - RJCOMISSÃO DE SINDICÂNCIAEuze Márcio Souza Carvalho - MTJosé Gonçalves Sobrinho - ALRossiclei <strong>de</strong> Souza Pinheiro - AMAntônio Rubens Alvarenga - GOMariângela <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros Barbosa - PBDIRETORIA DE QUALIFICAÇÃOE CERTIFICAÇÃO PROFISSIONALClóvis Francisco Constantino - SPCEXTEPCoor<strong>de</strong>nador: Hélcio Villaça Simões - RJÁreas <strong>de</strong> AtuaçãoCoor<strong>de</strong>nador: José Hugo Lins Pessoa - SPRecertificaçãoCoor<strong>de</strong>nador: José Martins Filho - SPDIRETORIA DE RELAÇÕES INTERNACIONAISFernando José <strong>de</strong> Nóbrega - SPCoor<strong>de</strong>nadoresMercosul: R<strong>em</strong>aclo Fischer Júnior - SCAAP: Conceição Aparecida <strong>de</strong> Mattos Segre - SPIPA: Sérgio Augusto Cabral - RJDIRETORIA DE DEPARTAMENTOSCIENTÍFICOSNelson Augusto Rosário Filho - PRDIRETORIA DE CURSOS E EVENTOSDirceu Solé - SPCoor<strong>de</strong>nadoresReanimação NeonatalJosé Orleans da Costa - MGReanimação PediátricaPaulo Roberto Antonacci Carvalho - RSSerõesEdmar <strong>de</strong> Azambuja Salles - MSTreinamento <strong>em</strong> ServiçosMário Cícero Falcão - SPCongressos e EventosÁlvaro Machado Neto - ALCIRAPsMaria O<strong>de</strong>te Esteves Hilário - SPDIRETORIA DE ENSINO E PESQUISALícia Maria Oliveira Moreira - BACOORDENADORESGraduaçãoDalva Coutinho Sayeg - RJResidência e Estágio - Cre<strong>de</strong>nciamentoClei<strong>de</strong> Enoir Petean Trinda<strong>de</strong> - SPResidência e Estágio - ProgramasJoaquim Antônio César Mota - MGPós-GraduaçãoFrancisco José Penna - MGPesquisaMarco Antônio Barbieri - SPDIRETORIA DE PUBLICAÇÕESRenato Soibelmann Procianoy - RSJornal <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong>Jefferson Pedro Piva - RSPronapJoão Coriolano Rêgo Barros - SPPronap / Correios SBPAntônio Carlos Pastorino - SPDocumentos CientíficosPaulo <strong>de</strong> Jesus Hartmann Na<strong>de</strong>r - RSCentro <strong>de</strong> Informações CientíficasÉrcio Amaro <strong>de</strong> Oliveira Filho - RSDIRETORIA DE BENEFÍCIOS E PREVIDÊNCIAGuilherme Mariz Maia - RNDiretor AdjuntoMário Lavorato da Rocha - MGDIRETORIA DE DEFESA PROFISSIONALEliane <strong>de</strong> Souza - MGDIRETORIA DE PROMOÇÃO SOCIALDA CRIANÇA E DO ADOLESCENTEJoão <strong>de</strong> Melo Régis Filho - PECoor<strong>de</strong>nadoresPromoção <strong>de</strong> CampanhasRachel Niskier Sanchez - RJDefesa da Criança e do AdolescenteCélia Maria Stolze Silvany - BADiva <strong>de</strong> Lour<strong>de</strong>s Azevedo Fernan<strong>de</strong>s - CEFrancisca Maria Oliveira Andra<strong>de</strong> - CEGilberto Pascolat - PRMário Santoro Júnior - SPDEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃONÚCLEO GERENCIALPresi<strong>de</strong>nteFernando José <strong>de</strong> Nóbrega (SP)Vice-Presi<strong>de</strong>nteCristina Maria Gomes do Monte (CE)SecretárioDomingos Palma (SP)CONSELHO CIENTÍFICOAry Lopes Cardoso (SP)Alfredo Floro Cantalice Neto (RS)Helenice <strong>de</strong> Fátima Muniz (ES)Hélio Fernan<strong>de</strong>s da Rocha (RJ)Maria Marlene <strong>de</strong> Souza Pires (SC)Rosa <strong>de</strong> Fátima da Silva Vieira Marques (PA)Suzana <strong>de</strong> Souza Queiroz (SP)Virgínia Resen<strong>de</strong> Silva Weffort (MG)MEMBROS PARTICIPANTESClaudio Leone (SP)Enei<strong>de</strong> Quadro <strong>de</strong> Oliveira Veiga (RJ)Fábio Ancona Lopez (SP)Fátima Maria Doherty (PE)Fernanda Luisa Ceragiolli Oliveira (SP)Hugo da Costa Ribeiro Junior (BA)João Albuquerque Rocha (PE)Luiz An<strong>de</strong>rson Lopes (SP)Maria Arlete Meil Schmith Escrivão (SP)Mauro Sérgio Toporovski (SP)Naylor Alves Lopes <strong>de</strong> Oliveira (RJ)Roseli Saccardo Sarni (SP)Socieda<strong>de</strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong>Rua Santa Clara, 292 - CopacabanaRio <strong>de</strong> Janeiro - RJ CEP. 22041-010Tel.: (021) 548-1999e-mail: sbp@sbp.com.brDepartamento <strong>de</strong> Nutrição / SBPRua Traipu, 1251 - PerdizesSão Paulo - SP - CEP. 01235-000Tel.: (011) 3107-6710 / 3872-1804e-mail: fjnobrega@sti.com.brFax: (011) 3872-10014


Prezado(a) Colega:Destacamos, mais uma vez, o trabalho do Departamento Científico <strong>de</strong> Nutrição, sob acoor<strong>de</strong>nação do Prof. Fernando José <strong>de</strong> Nóbrega, que possibilitou o <strong>de</strong>senvolvimento<strong>de</strong>sta revista pela Socieda<strong>de</strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong>, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> para o pediatra epara todos aqueles que trabalham com o estado nutricional das crianças <strong>em</strong> nosso País.Neste segundo fascículo, a t<strong>em</strong>ática escolhida <strong>de</strong>staca aspectos relativos às <strong>de</strong>ficiênciasnutricionais, como o atendimento à criança <strong>de</strong>snutrida <strong>em</strong> ambulatório e comunida<strong>de</strong>, otratamento hospitalar da criança grav<strong>em</strong>ente <strong>de</strong>snutrida e a conduta nutricional na doençadiarréica aguda e persistente.A publicação também enfoca o manejo nutricional na obstipação intestinal e a condutafrente à an<strong>em</strong>ia ferropriva na criança hospitalizada, pontos importantes no atendimento acrianças e adolescentes.Os nossos cumprimentos a todo o Departamento <strong>de</strong> Nutrição por esta excelente obra epela gran<strong>de</strong> contribuição que t<strong>em</strong> dado à SBP. E aos pediatras, a certeza <strong>de</strong> que muitoaproveitarão do conteúdo <strong>de</strong>sta revista.Um gran<strong>de</strong> abraço,Lincoln Marcelo Silveira FreirePresi<strong>de</strong>nte da SBP5


ODepartamento <strong>de</strong> Nutrição (DN) da SBP,patrocinado por Nestlé Brasil Ltda, t<strong>em</strong>duas reuniões anuais, quando são discutidost<strong>em</strong>as <strong>de</strong> relevância na área <strong>de</strong> Nutrição, <strong>de</strong>interesse do pediatra. Estamos seguindo umaforma <strong>de</strong> trabalho que propicia atuação ampla,<strong>em</strong> pouco t<strong>em</strong>po. A técnica resume-se <strong>em</strong>convidar especialista na área que será abordadae solicitar que apresente um relatório sobreo t<strong>em</strong>a <strong>em</strong> pauta. Os componentes do DNreceb<strong>em</strong> o documento com antecedência,levantam suas dúvidas e sugestões e asapresentam por ocasião da discussão dos t<strong>em</strong>as.O relator respon<strong>de</strong> às dúvidas e oscomponentes do grupo discut<strong>em</strong> e aprovam,ou não, os relatórios e/ou sugestões. Resulta,portanto, um documento final com aparticipação efetiva <strong>de</strong> todos os m<strong>em</strong>bros.A Nestlé aceitou a sugestão <strong>de</strong> publicar os t<strong>em</strong>as queforam aprovados, nas duas reuniões anuais, o quecorrespon<strong>de</strong> a duas publicações/ano.Na primeira reunião o presi<strong>de</strong>nte sugeriu e foramaprovadas as atuações do DN, apresentadas abaixo:• Atendimento ao Pediatra• Atendimento à SBP• Atuação <strong>em</strong> conjunto com os Ministérios• Atuação aten<strong>de</strong>ndo às Secretarias <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>(Estados e Municípios)• Participação <strong>em</strong> Eventos Nacionais e/ou Regionais• Participação com as Regionais no sentido da criaçãoe <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> Departamentos <strong>de</strong> Nutrição.Quanto ao it<strong>em</strong> Atendimento ao Pediatra forami<strong>de</strong>ntificados e selecionados os t<strong>em</strong>as que constaramna primeira publicação:• O Papel do Ferro na Alimentação Infantil• Proposta <strong>de</strong> Atuação no Combate à An<strong>em</strong>ia Ferroprivana Comunida<strong>de</strong>• Proposta <strong>de</strong> Atuação no Combate à Hipovitaminose Ana Comunida<strong>de</strong>• Fortificação <strong>de</strong> Alimentos e suas Implicações• Avaliação da Condição Nutricional• Déficit <strong>de</strong> Estatura <strong>de</strong> Causa Nutricional• Obesida<strong>de</strong>6


• Acompanhamento Ambulatorial <strong>de</strong> Crianças DesnutridasPortadoras do HIV• Atenção à Criança Desnutrida <strong>em</strong> Áreas Urbanas• Intervenção Nutricional no Recém-Nascido <strong>de</strong> BaixoPeso <strong>em</strong> Unida<strong>de</strong> Básica <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>• Prevenção na Infância e na Adolescência das Doençasdo Adulto• Prevenção na Infância e na Adolescência das Doençasdo Adulto - Osteoporose e Neoplasias• Uso <strong>de</strong> Flúor na InfânciaO presente volume abordará os seguintes t<strong>em</strong>as:• Conduta Nutricional na Doença Diarréica Aguda ePersistente• Atendimento a Criança Desnutrida <strong>em</strong> Ambulatório eComunida<strong>de</strong>• Tratamento Hospitalar da Criança Grav<strong>em</strong>ente Desnutrida• Manejo Nutricional na Obstipação Intestinal• Conduta Frente à An<strong>em</strong>ia Ferropriva na CriançaHospitalizadaEm relação ao Atendimento às Solicitações Técnicasda SBP, o Departamento <strong>de</strong> Nutrição encaminhará àDiretoria os pareceres para eventuais publicações nosórgãos <strong>de</strong> divulgação (Jornal <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong>, Boletins,imprensa leiga, entre outros).O Departamento <strong>de</strong> Nutrição propôs, ainda, atuação<strong>em</strong> conjunto com os ministérios, sugerindo discussãosobre os t<strong>em</strong>as que segu<strong>em</strong>:• Projeto <strong>de</strong> Atenção à Criança Desnutrida,<strong>em</strong> Áreas Urbanas• Alimentos Infantis• An<strong>em</strong>ia Ferropriva• Supl<strong>em</strong>entação <strong>de</strong> Vitamina ANosso grupo po<strong>de</strong>rá aten<strong>de</strong>r, também, às Secretarias<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (Estados e Municípios). Foram sugeridas asseguintes ações:Escolha <strong>de</strong> seis Estados on<strong>de</strong> a prevalência <strong>de</strong>Desnutrição, An<strong>em</strong>ia Ferropriva e Hipovitaminose Aseja gran<strong>de</strong>. Oferecimento <strong>de</strong> assessoria nestescampos, visando a prevenção e o tratamento dassituações acima mencionadas.O Departamento <strong>de</strong> Nutrição participará <strong>de</strong> eventosnacionais e/ou regionais elaborando relação <strong>de</strong> t<strong>em</strong>as<strong>de</strong> interesse, no campo da nutrição, b<strong>em</strong> como,estimulando e participando da criação e <strong>de</strong>senvolvimento<strong>de</strong> Departamentos <strong>de</strong> Nutrição das filiadas.Ao divulgar esta introdução não po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong>agra<strong>de</strong>cer à Nestlé Brasil Ltda. Pela sua participação napublicação e divulgação <strong>de</strong>sses t<strong>em</strong>as que, acreditamos,serão úteis ao pediatra brasileiro.Prof. Dr. Fernando José <strong>de</strong> NóbregaPresi<strong>de</strong>nte do Departamento <strong>de</strong> Nutrição da SBP7


Conduta nutricional na doençadiarréica aguda e persistenteRelatora: Roseli Saccardo SamiApesar dos gran<strong>de</strong>s progressos na conduta da doença diarréica e do uso daterapia <strong>de</strong> reidratação oral (TRO) , calcula-se que nos países <strong>em</strong><strong>de</strong>senvolvimento esta doença ainda contribua com 30 % das hospitalizaçõesno Brasil. O uso da TRO aumentou 35% na região Nor<strong>de</strong>ste entre 1991 e1996, contribuindo significativamente para redução na mortalida<strong>de</strong>.Outro fator <strong>de</strong> enorme impacto na redução da prevalência da doençadiarréica diz respeito ao aumento no número <strong>de</strong> domicílios comabastecimento <strong>de</strong> água e saneamento básico (esgoto). De acordo com dadosda Pesquisa Nacional sobre D<strong>em</strong>ografia e Saú<strong>de</strong> (PNDS) - 1996, 72,7 % e41,7% dos domicílios apresentam água encanada <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> casa/terreno ebanheiro/esgoto ligado à re<strong>de</strong> coletora, respectivamente.Í N D I C EConduta nutricional na doençadiarréica aguda e persistentepág 8Atendimento a criança <strong>de</strong>snutrida<strong>em</strong> ambulatório e comunida<strong>de</strong>pág 13Tratamento hospitalar da criançagrav<strong>em</strong>ente <strong>de</strong>snutridaManejo nutricional naobstipação intestinalpág 24pág 51Conduta frente à an<strong>em</strong>ia ferroprivana criança hospitalizadapág 58Embora tenha apresentado significativa redução como causa <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong>infantil, a doença diarréica ainda é a nossa terceira causa. De acordo com asinformações obtidas com as mães, na PNDS, 13 % das crianças brasileirastiveram diarréia durante as duas s<strong>em</strong>anas que antece<strong>de</strong>ram a pesquisa. Esteresultado refletiu um perfil epi<strong>de</strong>miológico bastante favorável no contextoLatino-americano. Observou-se maior prevalência <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> diarréia noNor<strong>de</strong>ste (18 %), seguida do Norte (13%). Nas <strong>de</strong>mais regiões estepercentual se situou <strong>em</strong> torno <strong>de</strong> 10 %. A faixa etária mais acometida foi <strong>de</strong>6 a 11 meses, época <strong>em</strong> que o nível <strong>de</strong> exposição à contaminação ambientalaumenta por ocasião do <strong>de</strong>smame.Outro fator intimamente relacionado à ocorrência <strong>de</strong> diarréia diz respeito aocurto t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> amamentação exclusiva e erros alimentares. Infelizmente,<strong>em</strong>bora mostrando progressos, nossa mediana <strong>de</strong> amamentação, <strong>de</strong> acordocom a última PNDS, está pouco acima <strong>de</strong> um mês, sendo marcadament<strong>em</strong>ais elevada na região urbana, <strong>em</strong> São Paulo e na região Sul, aumentandoclaramente segundo o nível <strong>de</strong> educação.Estudos realizados no Brasil, Índia e Peru <strong>de</strong>monstraram que os recémnascidosamamentados exclusivamente ao seio corr<strong>em</strong> riscosignificativamente menor <strong>de</strong> apresentar episódios <strong>de</strong> diarréia. Outra proteçãoimportante, diz respeito ao risco <strong>de</strong> persistência (duração superior a 14 dias)da doença diarréica. Estudos realizados na Índia <strong>de</strong>monstraram que ascrianças exclusivamente amamentadas apresentavam probabilida<strong>de</strong> 16,7vezes menor <strong>de</strong> persistir o quadro quando comparadas àquelas comalimentação artificial.8


A doença diarréica <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ia diminuição da absorção<strong>de</strong> nutrientes, não diretamente <strong>em</strong> função do grau <strong>de</strong>lesão da mucosa intestinal e po<strong>de</strong> favorecer o agravamentodo estado nutricional por levar a:PREJUÍZO NA ABSORÇÃO DE HIDRATOS DE CARBONO - ocorrequando o dano aos enterócitos reduz e altera a superfícieabsortiva reduzindo a concentração das enzimashidrolíticas das vilosida<strong>de</strong>s. A má-absorção resulta <strong>em</strong>diarréia osmótica. A lactase é a primeira enzima a serafetada, seguida pela sacarase e menos intensamente amaltase-isomaltase. O transporte <strong>de</strong> monossacarí<strong>de</strong>os émenos afetado o que po<strong>de</strong> ser comprovado pelaefetivida<strong>de</strong> das soluções <strong>de</strong> rehidratação oral na terapia.PREJUÍZO NA ABSORÇÃO DE LIPÍDEOS - ocorre <strong>em</strong> menor grauque o anterior. É <strong>de</strong>corrente da redução do pool <strong>de</strong> ácidosbiliares por prejuízo na reabsorção <strong>em</strong> nível ileal e dosobrecrescimento bacteriano no intestino <strong>de</strong>lgado<strong>de</strong>terminando <strong>de</strong>sconjugação e agravamento da lesão damucosa intestinal.PREJUÍZO NA ABSORÇÃO DE PROTEÍNAS - ocorre mais raramente.Um importante fator agravante, iatrogênico, érepresentado pelo período <strong>de</strong> jejum imposto à criança,quer pelas crenças populares ou pelas práticas médicasque prescrev<strong>em</strong> períodos <strong>de</strong> jejum prolongado seguidosfrequent<strong>em</strong>ente por dietas com baixa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> calórica(diluídas). Tais práticas, favorec<strong>em</strong> para o agravamento doestado nutricional concorrendo para perdas pon<strong>de</strong>raissignificativas que afetam o processo <strong>de</strong> crescimento e<strong>de</strong>senvolvimento da criança.Conduta nutricional nadoença diarréica agudaUma das principais características da diarréia aguda é suaauto-limitação, durando no máximo <strong>de</strong>z dias. Sua principalcausa é infecciosa sendo os principais agentes envolvidos<strong>em</strong> nosso meio: Rotavírus, Escherichia coli entropatogênica,Escherichia coli enterotoxigênica, Shiguella sp., Salmonella sp.e Cryptosporidium.Em estudo realizado por Toporovsky, et al, 1999 <strong>em</strong> 100crianças atendidas no Pronto-Socorro da Santa Casa <strong>de</strong> SãoPaulo evi<strong>de</strong>nciou-se a importância do Rotavirus sp. comoagente etiológico da diarréia aguda, tendo sido <strong>de</strong>tectado<strong>em</strong> 21 % dos pacientes com diarréia e 3 % dos controles.A doença diarréica aguda po<strong>de</strong> comprometer o estadonutricional da criança pelas seguintes razões:a.anorexia;b.retirada ou diluição <strong>de</strong>snecessária dos alimentos;c. aumento da perda <strong>de</strong> nitrogênio urinário e fecal peloprocesso infeccioso;d.má-absorção <strong>de</strong> carbohidratos, lipí<strong>de</strong>os, proteínas <strong>em</strong>icronutrientes (diretamente relacionada ao estadonutricional);e. uso <strong>de</strong> medicamentos antibióticos, anti-espasmódicos eanti-diarréicos que po<strong>de</strong>m prolongar a duração do quadro.Nas crianças <strong>em</strong> aleitamento materno ou alimentaçãoartificial, <strong>de</strong>ve-se respeitar os seguintes preceitos:• Tratar a <strong>de</strong>sidratação com a utilização <strong>de</strong> soluções <strong>de</strong>rehidratação oral contendo 75-90 mEq/litro <strong>de</strong> sódio.As soluções com 45-60 mEq/litro <strong>de</strong> sódio <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ter seuuso restrito à prevenção da <strong>de</strong>sidratação e manutençãodo estado <strong>de</strong> hidratação, nunca para o tratamento.A administração do soro <strong>de</strong> rehidratação oral por sondanaso-gástrica <strong>de</strong>ve ser avaliada quando a criançaapresentar perda <strong>de</strong> peso após 2 horas <strong>de</strong> TRO, vômitosincoercíveis (4 episódios/hora, dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ingestão(estomatite) ou <strong>em</strong> casos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sidratação grave, até ainstalação da hidratação venosa). A hidratação venosa só<strong>de</strong>ve ser <strong>em</strong>pregada <strong>em</strong> casos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sidratação grave,alteração <strong>de</strong> estado <strong>de</strong> consciência, septic<strong>em</strong>ia ousíndrome convulsiva. Especificamente para crianças<strong>de</strong>snutridas recomenda-se a utilização <strong>de</strong> solução <strong>de</strong>9


ehidratação oral específica (Resomal - OMS,1999)ou da SRO adaptada diluindo-se 1 pacote do soro <strong>em</strong>2 litros <strong>de</strong> água e acrescentando-se 50 g <strong>de</strong> sacarose esolução <strong>de</strong> eletrólitos e minerais. Esta solução é melhortolerada pelas crianças <strong>de</strong>snutridas pelo seu menor teor<strong>de</strong> sódio e baixa osmolalida<strong>de</strong>.• Não utilizar refrigerantes, sucos ou soluções esportivasobjetivando a hidratação ou prevenção da <strong>de</strong>sidratação,uma vez que, apresentam alta osmolalida<strong>de</strong>, quantida<strong>de</strong>selevadas <strong>de</strong> hidratos <strong>de</strong> carbono (refrigerantes) equantida<strong>de</strong>s inapropriadas <strong>de</strong> eletrólitos.Tipo <strong>de</strong> alimentaçãoCrianças <strong>em</strong> aleitamento materno• manter o aleitamento materno mesmo durante a fase<strong>de</strong> reparação da <strong>de</strong>sidratação.• a manutenção do aleitamento materno acelera arecuperação dos danos ocasionados à mucosa intestinale previne os agravos nutricionais.• o leite materno apresenta baixa carga <strong>de</strong> solutos eexcelente digestibilida<strong>de</strong> que o tornam b<strong>em</strong> toleradomesmo durante o episódio <strong>de</strong> diarréia. Fornece ainda,fatores imunológicos fundamentais no processo <strong>de</strong><strong>de</strong>fesa contra fenômenos <strong>de</strong> translocação bacteriana,particularmente, <strong>em</strong> lactentes mais jovens.Crianças <strong>em</strong> uso <strong>de</strong> fórmulas infantis• nas crianças <strong>em</strong> aleitamento artificial, iniciar o maisprecoc<strong>em</strong>ente a dieta após rehidratação, com afinalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> preservar o estado nutricional e aintegrida<strong>de</strong> da mucosa intestinal. Frequent<strong>em</strong>ente, oprocesso <strong>de</strong> realimentação se dá num período <strong>de</strong> 4 a 6horas, evitar períodos prolongados <strong>de</strong> jejum;• oferecer a alimentação no mínimo cinco vezes ao dia;• manter a diluição correta para a ida<strong>de</strong>, visto que, umestudo colaborativo, envolvendo 159 crianças, avaliandoos benefícios da diluição da fórmula não foi reveladaredução no t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> diarréia, apenas contribuindo taldiluição para agravamento do estado nutricional;• oferecer quantida<strong>de</strong>s crescentes, <strong>de</strong> acordo com aaceitação alimentar, do alimento visando compensareventuais perdas <strong>de</strong>correntes da anorexia inicial;• orientar as mães sobre técnicas <strong>de</strong> preparo, higienee conservação dos alimentos oferecidos.Crianças <strong>em</strong> uso <strong>de</strong> alimentos sólidos:• utilizar alimentos habituais (cereais, feijão, carne e legumes);• a dieta <strong>de</strong>ve conter um a<strong>de</strong>quado balanço <strong>de</strong> nutrientes e<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> energética (quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nutrientes por unida<strong>de</strong><strong>de</strong> peso <strong>de</strong> alimento) a<strong>de</strong>quada (> 0,7/g <strong>de</strong> alimento),capaz <strong>de</strong> assegurar absorção a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> nutrientes eprevenir agravo do estado nutricional. Essa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>calórica po<strong>de</strong> ser aumentada pelo acréscimo <strong>de</strong> uma aduas colheres das <strong>de</strong> chá <strong>de</strong> óleo vegetal às misturas.• o uso <strong>de</strong> cereais com leite, cereais com legumes e frutaslocais é permitido;• oferecer alimentos <strong>em</strong> períodos mais curtos para vencera redução <strong>de</strong> apetite;• a inclusão <strong>de</strong> refeição extra no período <strong>de</strong> recuperação,on<strong>de</strong> o apetite já retornou ao normal, pelo menosdurante uma s<strong>em</strong>ana, ajudará o retorno da criança maisrapidamente ao seu canal <strong>de</strong> crescimento.Crianças com intolerância alimentar• eventualmente, po<strong>de</strong>m ser observadas intolerânciasalimentares transitórias, particularmente, nas situaçõeson<strong>de</strong> o agente infeccioso leva a alterações significativasna mucosa do intestino <strong>de</strong>lgado;• a intolerância à lactose é a situação mais frequent<strong>em</strong>ente<strong>de</strong>tectada, mas o envolvimento da má-absorção <strong>de</strong>outros carboidratos, inclusive monossacarí<strong>de</strong>os, po<strong>de</strong>ocorrer. Em consequência da mucosa lesada, po<strong>de</strong>ocorrer também, particularmente <strong>em</strong> lactentes maisjovens, sensibilização à proteína heteróloga da dieta.Estes fatos colaboram para o prolongamento da duraçãoda diarréia. Nestes casos, a conduta nutricional éorientada não mais para a diarréia aguda simples mas,para a diarréia aguda complicada com potencialpossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> evoluir para a diarréia persistente.10


Conduta Nutricional na DoençaDiarréica PersistenteEnten<strong>de</strong>-se por doença diarréica persistente aquela comduração superior a 14 dias, frequent<strong>em</strong>ente originada daaguda.A doença diarréica aguda habitualmente se resolve <strong>de</strong>ntrodos 10 dias <strong>de</strong> evolução. Nos países <strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, 8a 16 % <strong>de</strong>stes episódios evolu<strong>em</strong> para persistência. Nestespacientes o risco <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> se eleva, atingindo cerca<strong>de</strong> 36 a 50 % <strong>de</strong> todas as mortes por diarréia. As principaiscausas do prolongamento da diarréia, infelizmente, estãomuito ligadas a condutas ina<strong>de</strong>quadas do profissional <strong>de</strong>saú<strong>de</strong> no manuseio do processo agudo promovendo<strong>de</strong>snutrição e agravamento da lesão <strong>de</strong> mucosa intestinal oque favorece o aparecimento <strong>de</strong> intolerâncias.Na experiência no Núcleo <strong>de</strong> Nutrição, Alimentação eDesenvolvimento Infantil do CRSMNADI da Secretaria <strong>de</strong>Estado da Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, observando a evolução <strong>de</strong>96 crianças grav<strong>em</strong>ente <strong>de</strong>snutridas hospitalizadas comdoença diarréica persistente, verificou-se que apenas 10 %manifestaram intolerância (vômitos, distensão abdominal,agravamento da diarréia) à dieta inicialmente utilizada queconsistiu <strong>em</strong> fórmula infantil isenta <strong>de</strong> lactose, entretanto,na meta<strong>de</strong> do grupo inicial foi necessária a administração<strong>de</strong>sta dieta por sonda naso-gástrica utilizando-segotejamento intermitente ou contínuo.Em estudo multicêntrico conduzido pela OMS com a finalida<strong>de</strong><strong>de</strong> se estabelecer um algoritmo para o tratamento da diarréiapersistente verificou-se que 13 % das crianças avaliadas quereceberam dieta simplificada (lactose <strong>de</strong> 2 a 4 %) consistindo<strong>de</strong> leite ou iogurte, cereais e óleo vegetal , apresentarammanifestações <strong>de</strong> intolerância necessitando retirada da lactose <strong>em</strong>odificação da proteína da dieta. Neste estudo ressaltou-se aimportância da supl<strong>em</strong>entação vitamínica, mineral e <strong>de</strong>oligoel<strong>em</strong>entos no processo <strong>de</strong> recuperação.Dentre os fatores <strong>de</strong> risco envolvidos na persistência dadoença diarréica, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os ressaltar: baixa ida<strong>de</strong>, baixo peso<strong>de</strong> nascimento, pr<strong>em</strong>aturida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>snutrição, comprometimentoimunológico ligado à <strong>de</strong>snutrição ou carência <strong>de</strong>micronutrientes e patógenos específicos (rotavírus, E.colienteroagregativa, Cryptosporidium e outros).Baseado nos estudos da literatura preconizamos no manejodietético da diarréia persistente:• Correção da <strong>de</strong>sidratação e distúrbios hidro-eletrolíticose ácido-básicos. L<strong>em</strong>brar que na <strong>de</strong>snutrição éfundamental a reposição <strong>de</strong> minerais intra-celulares:magnésio (0,2 a 0,5 mEq/kg/dia), potássio (2 a 4 mEq/kg/dia) e fósforo (1 a 2 mmol/kg/dia).Crianças <strong>em</strong> aleitamento materno• manter aleitamento materno exclusivo e suspen<strong>de</strong>ralimentação mista.Crianças <strong>em</strong> uso <strong>de</strong> fórmulas infantis• conforme visto anteriormente, a maior parte dos pacientesmelhora com a redução ou retirada da lactose no leite;• quando não for possível utilizar uma fórmula infantilisenta <strong>de</strong> lactose, recomenda-se reduzir o teor <strong>de</strong> lactosedo leite, através da diluição do leite <strong>de</strong> vaca integral àmeta<strong>de</strong> da concentração habitualmente utilizada pelacriança, acrescentando-se cereais cozidos 5 a 10%(cr<strong>em</strong>e <strong>de</strong> arroz ou amido) e óleos vegetais 5 ml/100 ml<strong>de</strong> mingau (<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> calórica <strong>de</strong> 97 cal/100 ml comconteúdo <strong>de</strong> lactose inferior a 3 %);• oferecer a dieta <strong>em</strong> intervalos menores;• reavaliar a criança após 5 dias. Se a diarréia melhoroumanter esta dieta por mais uma s<strong>em</strong>ana, avaliando ganhopon<strong>de</strong>ral e retornar, paulatinamente à dieta usual.As crianças <strong>de</strong>verão ficar com dieta adicional pelomenos por um mês para total recuperação nutricional,e as <strong>de</strong>snutridas até normalização do índice peso/altura.Se a diarréia persiste com comprometimento do estadonutricional avaliar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> troca da proteína(soja, frango ou preferencialmente, hidrolisado protéico).Crianças <strong>em</strong> uso <strong>de</strong> alimentos sólidos:• usar misturas a base <strong>de</strong> cereais, legumes e carnes comacréscimo <strong>de</strong> óleo vegetal (1 a 2 colheres das <strong>de</strong> cháno prato);• <strong>em</strong> caso <strong>de</strong> intolerância a lactose po<strong>de</strong> ser oferecidoiogurte – apresenta melhor digestibilida<strong>de</strong> <strong>em</strong> funçãoda presença da beta-galactosidase;• suspen<strong>de</strong>r leite e <strong>de</strong>rivados nos casos <strong>de</strong> intolerânciaà proteína heteróloga;• manter frutas.11


REPOSIÇÃO DE MICRONUTRIENTES: vitamina A (2.000 a 4.000UI), zinco (estudos <strong>de</strong>monstraram redução na duração,intensida<strong>de</strong> da diarréia e agravamento do estadonutricional (<strong>em</strong> especial, <strong>em</strong> <strong>de</strong>snutridos graves com asupl<strong>em</strong>entação <strong>de</strong> 10 a 20 mg <strong>de</strong> zinco el<strong>em</strong>entar/dia) ecobre - 0,3 mg/kg/dia.A internação <strong>de</strong>ve ser indicada nos casos on<strong>de</strong> ainstabilida<strong>de</strong> do estado <strong>de</strong> hidratação persiste, naocorrência <strong>de</strong> agravo infeccioso associado e na <strong>de</strong>snutriçãosevera. Nestes casos, a dieta inicialmente utilizada <strong>de</strong>ve sera isenta <strong>de</strong> lactose por via oral ou naso-gástrica (lactentescom aceitação inferior a 80 kcal/kg/dia ou com persistênciadas manifestações <strong>de</strong> intolerância ao hidrato <strong>de</strong> carbono).Se as manifestações persistir<strong>em</strong>, introduzir o hidrolisadoprotéico (lactoalbumina ou caseína).Referências BibliográficasAMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS - Provisional Committee onQuality Improv<strong>em</strong>ent, Subcommittee on Acute Gatroenteritis - TheManag<strong>em</strong>ent of Acute Gastroenteritis in Young children. Pediatrics97(3):1-22, 1996.AMERICAN SOCIETY FOR PARENTERAL AND ENTERAL NUTRITION- The ASPEN Nutrition Support Manual, USA, 1998.BAKER, S.S.; DAVIS, A.M. - Hyocaloric Oral Therapy during na episo<strong>de</strong>of diarrhea and vomiting can lead to severe malnutrition. J. Ped.Gastroenterol.Nutr.21:1-5, 1998.BHAN, M.K.; BHANDARI, N. - Type of milk feeding acute diarrhea andthe risk of persistent diarrhea. Acta Paediatr (Suppl):93-7, 1992.BHUTTA, Z.A.; HENDRICKS, K.M. - Nutritional Manag<strong>em</strong>ent ofPersistent Diarrhea in Childhood: A perspective from the DevelopingWorld. J.Pediatr.Gastrenterol.Nutr.22(17):17-37, 1996.CARRAZZA, F.R.; MARCONDES, E. - Nutrição Clínica <strong>em</strong> <strong>Pediatria</strong>.Sarvier, São Paulo, 1991.320p.CHEW, F.; PENNA, F.J.; PERET FILHO, L.A..; QUAN, C.; LOPES, M.C.;MOTA, J.A.C.; FONTAINE, O. - Is dilution of cows’ milk formulanecessary for dietary manag<strong>em</strong>ent of acute diarrhea in infantsaged less than 6 months ? Lancet341:194-7, 1993.DUGGAN,C.; NURKO, S. - “Feeding the gut”: The scientific basis forcontinued enteral nutrition during acute diarrhea. J. Pediatr.131:801-8, 1997.INTERNATIONAL STUDY GROUP ON REDUCED-OSMOLARITY ORSSOLUTIONS. Multicentre evaluation of reduced-osmolarity oralrehydration salts solution. Lancet.345:281-5,1995.INTERNATIONAL WORKING GROUP ON PERSISTENT DIARRHEA -Evaluation of na algorithm for the treatment of persistent diarrhea:a multicentre study. Bull Who.74(5):479, 89, 1996.MONTE, C.M.G.; ASHWORTH, A.; SÁ, M.L.B.; DINIZ, R.L.P.-Effectiveness of nutrition centres in Ceará State, Northeast Brazil.Pan.Am.J.Publ.Health.3:375-82, 1998.NURKO, S.; GARCIA-ARANDA, J.A.;FISHBEIN, E.; PEREZ-ZUNIGA, M.I.- Succesful use of a chicken-based diet for the treatment of severelymalnourished children with persistent diarrhea: A prospective,randomized study. J.Ped.131:405-12, 1997.SANDHU, B.K.; ISOLAURI, E. WALKER-SMITH, J.A.; BANCHINI, G.;CAILIE-BERTRAND, V.; DIAS, J.A.; GUANDALINI, S.; HOEKSTRA,J.H.; JUNTUNEN, M.; KOLACEK, S.; MARX, D.; MICETIC-TURK,D.; RAZENBERG, M.C.A.C.; SZAJEWSKA, H.; TAMINIAU, J.;WEIZMAN, Z.; ZANACCA, C.; ZETTERSTROM, R. - Early feeding inChildhood Gastroenteritis - A Multicentre Study on Behalf of theEuropean Society of Pediatric Gastroenterology and NutritionWorking Group. J.Pediatr.Gastroenterol.Nutr.24:522-7, 1997.SPEROTTO, G.; BARISON,E.M.; BALDACCI,E.R.; OKAY,Y. - Use ofundiluted whole cow’s milk is effective for the routine treatmentof children with acute diarrhea and severe <strong>de</strong>hydratation. Arq.Gastroenterol.35(2):132-6, 1998.TOPOROVSKY, M.S.; MIMICA, I.M.; CHIEFFI, P.P.; PASCHOALOTTI,M.A.; DIAS, A.M.G.; SILVA, C.B. - Diarréia aguda <strong>em</strong> criançasmenores <strong>de</strong> 3 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>: recuperação <strong>de</strong> enteropatógenosnas amostras fecais <strong>de</strong> paciente comparada à <strong>de</strong> grupo controle.J. Pediatr. (Rio J.) 75(2):97-104, 1999.WHO - Manag<strong>em</strong>ent of Severe Malnutrition: A manual for physiciansand the other senior health workers. World Health Organization.Geneva, 1999.12


Atendimento a criança <strong>de</strong>snutrida<strong>em</strong> ambulatório e comunida<strong>de</strong>Relatora: Cristina M. G. Monte“Todos os homens, mulheres e crianças têmo direito inalienável <strong>de</strong> não pa<strong>de</strong>cer <strong>de</strong> fome e <strong>de</strong>snutrição”Conferência Mundial <strong>de</strong> Alimentação das Nações Unidas, 19741. IntroduçãoA <strong>de</strong>snutrição infantil é uma doença <strong>de</strong> orig<strong>em</strong>multicausal que t<strong>em</strong> suas raízes na pobreza, e ocorrequando o organismo não recebe os nutrientes <strong>de</strong> quenecessita para o seu metabolismo fisiológico, <strong>em</strong><strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> falta <strong>de</strong> aporte ou probl<strong>em</strong>a na utilizaçãodo que lhe é ofertado. Na maioria dos casos, a<strong>de</strong>snutrição é o resultado <strong>de</strong> uma ingestão insuficienteou fome, e <strong>de</strong> doenças. Tanto a fome como as doençaspo<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> inúmeros fatores, <strong>de</strong> uma longasequência <strong>de</strong> acontecimentos interligados. Isto dificultaanálises conclusivas sobre os <strong>de</strong>terminantes da<strong>de</strong>snutrição <strong>em</strong> uma dada população.Segundo a Organização Mundial da Saú<strong>de</strong>(OMS), o termo“<strong>de</strong>snutrição energético-proteica” engloba um grupo <strong>de</strong>condições patológicas resultantes da falta concomitante<strong>de</strong> calorias e proteínas, <strong>em</strong> proporções variáveis, queacomete com maior frequência os lactentes e preescolares.Reconhece-se atualmente que a <strong>de</strong>snutriçãoinfantil é uma <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> natureza predominant<strong>em</strong>entecalórica. Deficiências <strong>de</strong> minerais e vitaminas estãocomumente presentes.A nutrição a<strong>de</strong>quada, além ser um direito <strong>de</strong> cadaindivíduo, é essencial para que as socieda<strong>de</strong>s e naçõespossam se <strong>de</strong>senvolver. A <strong>de</strong>snutrição infantil, quandoprobl<strong>em</strong>a <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública, ero<strong>de</strong> o potencial humano<strong>de</strong> uma nação. Seus efeitos são repassados <strong>de</strong> geração ageração, particularmente através da nutrição das mulheres.A maior parte da literatura disponível sobre o tratamentoda criança <strong>de</strong>snutrida <strong>de</strong>screve o tratamento a nívelhospitalar e <strong>em</strong> centros <strong>de</strong> recuperação nutricional <strong>de</strong>atendimento diário ou <strong>em</strong> regime <strong>de</strong> s<strong>em</strong>i-internato.A OMS/OPAS lançou recent<strong>em</strong>ente a Iniciativa AtençãoIntegrada às Doenças Prevalentes da Infância(AIDIPI)que foi adotada <strong>em</strong> 1997 pelo Ministério da Saú<strong>de</strong> doBrasil e inclui o aconselhamento nutricional ambulatorialàs mães <strong>de</strong> crianças menores <strong>de</strong> 5 anos sadias e doentes.Mas a conduta referente à criança <strong>de</strong>snutrida ainda épouco <strong>de</strong>talhado e não cont<strong>em</strong>pla a interdisciplinarieda<strong>de</strong>essencial para o sucesso do tratamento <strong>de</strong> criançascom esta condição.A maior parte da literatura disponível sobre o tratamentoda criança <strong>de</strong>snutrida <strong>de</strong>screve o tratamento a nívelhospitalar e <strong>em</strong> centros <strong>de</strong> recuperação nutricional <strong>de</strong>atendimento diário ou <strong>em</strong> regime <strong>de</strong> s<strong>em</strong>i-internato.A <strong>de</strong>finição da pauta para sist<strong>em</strong>atização <strong>de</strong> condutaspara tratamento da criança <strong>de</strong>snutrida a nível ambulatoriale <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong> aqui apresentada adapta as pautaspreexistentes e inclui relatos <strong>de</strong> experiências práticase isoladas <strong>de</strong> instituições governamentais e nãogovernamentais. A adaptação às diferentes realida<strong>de</strong>ssocio-culturais do pais <strong>de</strong>ve ser feitas, <strong>em</strong>basada nos atuaisprincípios básicos <strong>de</strong> tratamento para se maximizar aschances <strong>de</strong> sucesso no acompanhamento <strong>de</strong>stas crianças.As condutas recomendadas nesta pauta não <strong>de</strong>v<strong>em</strong>ser aplicadas a crianças grav<strong>em</strong>ente <strong>de</strong>snutridas queapresentam alguma das seguintes condições: sinais<strong>de</strong> <strong>de</strong>sidratação grave com inconsciência; distúrbioshidroeletrolíticos graves ou choque ou convulsões; sinais<strong>de</strong> infecção grave localizada ou diss<strong>em</strong>inada; ulcerações <strong>de</strong>córnea; an<strong>em</strong>ia grave que necessite <strong>de</strong> correção transfusional.Estas crianças necessitam <strong>de</strong> hospitalização e cuidadosmédicos especializados nos primeiros dias <strong>de</strong> tratamento,para que possam ser tratadas <strong>em</strong> consonância com afisiopatologia da <strong>de</strong>snutrição grave. Alguns tratamentos<strong>de</strong> <strong>em</strong>ergência para a criança grav<strong>em</strong>ente <strong>de</strong>snutrida, porex<strong>em</strong>plo, são feitos <strong>de</strong> forma diferente da criança normal.13


Saneamentobásico ausenteou ina<strong>de</strong>quadoBaixaestimulaçãoMo<strong>de</strong>lo causal da <strong>de</strong>snutriçãoA <strong>de</strong>snutrição t<strong>em</strong> um efeito universal sobre os órgãose metabolismo da criança. As alterações resultantes dadoença <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser terapeuticamente corrigidas para evitarconsequências graves e <strong>de</strong>sastrosas para as crianças,incluindo <strong>de</strong>ficits <strong>de</strong>finitivos <strong>de</strong> crescimento e<strong>de</strong>senvolvimento, e morte. Um mo<strong>de</strong>lo causalcompreensivo da <strong>de</strong>snutrição é proposto por Nóbregae Campos. À diferença dos mo<strong>de</strong>los tradicionais, nest<strong>em</strong>o<strong>de</strong>lo está incluido o aspecto do fraco vínculo mãecriança,como importante fator para a instalaçãoe perpetuação da <strong>de</strong>snutrição.Mo<strong>de</strong>lo Causal da <strong>de</strong>snutrição infantilBaixo pesoao nascerBaixaescolarida<strong>de</strong>DESNUTRIÇÃOBaixo nívelsócio-econômicoFraco vínculomãe-filhoAbandonodo aleitamentomaternoDesajustamentofamiliarO fraco vínculo mãe-filho é um importante fator <strong>de</strong> riscopara <strong>de</strong>snutrição infantil. Vários fatores como sentimentos<strong>de</strong> ambiguida<strong>de</strong> <strong>em</strong> relação à maternida<strong>de</strong>, insegurança damulher quanto a sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser boa mãe e esposa,e a relação interna da mãe com a criança que ela mesmafoi, o tipo <strong>de</strong> filha que ela foi e <strong>de</strong> mãe que teve, adiscriminação social da mulher (particularmente <strong>em</strong> classessocio-econômicas menos favorecidas), as característicasfísicas da criança (cor <strong>de</strong> olhos, cabelo, pele), entre outros,influenciam na forma como se estabelece a relação mãe-filho.Mães imaturas e inseguras vê<strong>em</strong> no bebê um reflexoconstante da sua incapacida<strong>de</strong> materna. Cuidar do bebêpassa a ser um investimento insatisfatório que resulta <strong>em</strong>mais diminuição auto-estima materna e mais auto<strong>de</strong>svalorizaçãomaterna. Consequent<strong>em</strong>ente constitui-seum círculo vicioso on<strong>de</strong> a mãe cada vez investe menos e acriança cada vez se <strong>de</strong>senvolve menos e se <strong>de</strong>snutre mais.Uma forte evidência para a importância do vínculo mãefilhona gênese e perpetuação da <strong>de</strong>snutrição infantil sãorelatos <strong>de</strong> literatura que indicam que uma proporçãoconsi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> mães <strong>de</strong> crianças grav<strong>em</strong>ente <strong>de</strong>snutridasapresentam peso normal ou até mesmo sobrepeso.O “complexo <strong>de</strong>snutrição-infecção”A <strong>de</strong>snutrição reduz a resistência à infecção e acentua asua duração e gravida<strong>de</strong>. As infecções reduz<strong>em</strong> o aporte<strong>de</strong> nutrientes à criança através da redução do apetite e doaumento das perdas a nível intestinal e por catabolismometabólico. Deficiências <strong>de</strong> vitamina A, riboflavina, Ferroe Zinco, presentes na <strong>de</strong>snutrição calórico-proteica, po<strong>de</strong>minfluenciar a resposta do hospe<strong>de</strong>iro à infecção e as taxas<strong>de</strong> proliferação bacteriana no organismo e assim, paraprolongar a duração da reabilitação nutricional.A alta exposição a infecções e dieta ina<strong>de</strong>quada, sãocaraterísticas comuns das comunida<strong>de</strong>s menos favorecidas.Esta relação <strong>de</strong>snutrição-infecção também é influenciadapelos fatores econômicos. Se, por ex<strong>em</strong>plo, 2 crianças damesma faixa etária são vizinhas e sofr<strong>em</strong> um episódiodiarréico, a rapi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> recuperação po<strong>de</strong> variar,<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da alimentação e do cuidado materno quelhe são dados. Se a mãe, por ex<strong>em</strong>plo, trabalha fora e nãot<strong>em</strong> dinheiro para comprar alimento para a criança e/oucondições <strong>de</strong> amamentá-la, esta criança po<strong>de</strong>rá ter umagravo nutricional mais sério e maior risco <strong>de</strong> morrer do quea sua vizinha amamentada cuja mãe não trabalha fora.É importante saber que as crianças <strong>de</strong>snutridas têm um altorisco <strong>de</strong> infecção, <strong>em</strong> qualquer comunida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> vivam.Importância e magnitu<strong>de</strong> do probl<strong>em</strong>a da <strong>de</strong>snutriçãocarencial infantil no mundoO direito essencial <strong>de</strong> todo ser humano à alimentação enutrição a<strong>de</strong>quadas, t<strong>em</strong> sido afirmado sucessivamente <strong>em</strong>conferências dos países m<strong>em</strong>bros das Nações Unidas <strong>de</strong>s<strong>de</strong>1948 (Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1948;Conferência Mundial <strong>de</strong> Alimentação das Nações Unidas,1974; Pacto Internacional <strong>de</strong> Direitos Econômicos eDeclaração da OMS sobre “Saú<strong>de</strong> para todos no ano 2000”,1978; e na Convenção sobre os Direitos da Criança <strong>em</strong>1989), mas a <strong>de</strong>snutrição infantil continua a ser um dos14


probl<strong>em</strong>as mais importantes <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública do mundoatual, apesar dos esforços governamentais realizados.A Organização Mundial da Saú<strong>de</strong> estima que a <strong>de</strong>snutriçãoestá associada a 29% das mortes <strong>de</strong> crianças <strong>de</strong> 0-4 anosnos países <strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. Se os efeitospotencializadores das formas leves são incluídos, estapercentag<strong>em</strong> se eleva para 56%. Cerca <strong>de</strong> 150 milhões <strong>de</strong>menores <strong>de</strong> 5 anos têm peso inferior ao normal. Mais <strong>de</strong>20 milhões <strong>de</strong> crianças nasc<strong>em</strong> com baixo peso a cada ano.A situação no BrasilNos últimos anos no Brasil, como na maioria dos países<strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, a situação nutricional das criançasmelhorou mas a <strong>de</strong>snutrição infantil ainda continua a serum probl<strong>em</strong>a <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública.Entre 1975 e 1989, e particularmente durante os ganhoseconômicos extraordinários e gran<strong>de</strong> expansão <strong>de</strong> serviçose programas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da década <strong>de</strong> 70, a prevalência da<strong>de</strong>snutrição foi reduzida <strong>em</strong> cerca <strong>de</strong> 60% e o contingente <strong>de</strong>crianças <strong>de</strong>snutridas foi reduzido <strong>em</strong> mais <strong>de</strong> 1 milhão. Osbenefícios foram menores para as regiões Norte e Nor<strong>de</strong>stee seus extratos populacionais mais pobres. Nestas regiões,a prevalência era inicialmente mais elevada, os ganhoseconômicos foram menos expressivos e a universalizaçãodos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ocorreu <strong>de</strong> forma mais lenta.O Ministério da Saú<strong>de</strong>, na avaliação do avanço atingidoaté o momento para atingir as metas governamentaispropostas para o ano 2000, consi<strong>de</strong>ra que o indicadormais a<strong>de</strong>quado para aferir a prevalência <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição<strong>em</strong> menores <strong>de</strong> 5 anos no Brasil é a altura/ida<strong>de</strong>. Noperíodo <strong>de</strong> 1989-1996, foi <strong>de</strong>tectada uma redução <strong>de</strong>cerca <strong>de</strong> 1/3 na prevalência da <strong>de</strong>snutrição segundo esteindicador, coletado <strong>em</strong> 2 estudos transversais nacionais.Disparida<strong>de</strong>s foram observadas entre as zonas urbanas erurais. Nas áreas urbanas ocorreram reduções superiores àmédia, enquanto nas áreas rurais, o <strong>de</strong>clínio foi menor, <strong>em</strong>torno <strong>de</strong> 20%. No Nor<strong>de</strong>ste, on<strong>de</strong> se concentra o maiorcontingente <strong>de</strong> crianças <strong>de</strong>snutridas no país, a redução daprevalência da <strong>de</strong>snutrição foi <strong>de</strong> 34,4%, chegando a45,6% nas áreas urbanas. Estes valores sãorespectivamente similar ao resto da América Latina (34%)e mais alto que o observado para a África (41%).Apesar <strong>de</strong> o indicador peso/altura ser reconhecido comomais a<strong>de</strong>quado para acompanhar o perfil nutricional dascrianças do país, o indicador peso/ida<strong>de</strong>, t<strong>em</strong> sidofrequent<strong>em</strong>ente usado para as crianças menores <strong>de</strong> 2 anoscomo alternativa, <strong>de</strong>vido a dificulda<strong>de</strong>s operacionais nãosolucionadas para a medida do peso/estatura, apesar <strong>de</strong>treinamento a<strong>de</strong>quado. De acordo com o peso/ida<strong>de</strong>, aprevalência da <strong>de</strong>snutrição no Brasil nos 6 primeiros mesesé muito baixa (0,4%) mas aumenta <strong>em</strong> 6 vezes entre ascrianças <strong>de</strong> 6-11 meses, indicando que as crianças menores<strong>de</strong> 1 ano são a priorida<strong>de</strong> indiscutível para ações preventivasda <strong>de</strong>snutrição infantil. Estudos indicam que esta é a faixaetária on<strong>de</strong> se inicia o <strong>de</strong>senvolvimento do nanismonutricional nos paises <strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, <strong>em</strong> direta relaçãocom <strong>de</strong>smame e alimentação compl<strong>em</strong>entar ina<strong>de</strong>quados.Impõ<strong>em</strong>-se, no minimo, o incansável estímulo ao aleitamentomaterno e a cuidadosa orientação durante a alimentaçãocompl<strong>em</strong>entar ao seio até os 2 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.Estratégias do setor saú<strong>de</strong> para o combate à <strong>de</strong>snutriçãoA <strong>de</strong>snutrição a nível <strong>de</strong> população, enquanto produto<strong>de</strong> pobreza e <strong>de</strong>privação, só po<strong>de</strong> ser eliminada a longoprazo, através <strong>de</strong> uma ação política a<strong>de</strong>quada para aredução das inequalida<strong>de</strong>s socio-econômicas.A atenção primária à saú<strong>de</strong>, como internacionalmente<strong>de</strong>finida <strong>em</strong> Alma-Ata é a essência <strong>de</strong> estratégias do setorsaú<strong>de</strong> para a promoção da nutrição a<strong>de</strong>quada. A OMS noentanto, t<strong>em</strong> chamado atenção para o fato <strong>de</strong> que, <strong>de</strong>vido asua natureza multi-causal, a <strong>de</strong>snutrição é frequent<strong>em</strong>entepreocupação <strong>de</strong> muitos mas a sua solução t<strong>em</strong> sidoresponsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> poucos. Muitos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>rotulam a <strong>de</strong>snutrição infantil como sendo um “probl<strong>em</strong>asocial” e adotam atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>scaso, <strong>de</strong> pouca importânciaou <strong>de</strong>rrotista face à criança <strong>de</strong>snutrida ou <strong>em</strong> risco <strong>de</strong><strong>de</strong>snutrição. Da mesma forma, adotando uma atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>menosvalia <strong>em</strong> relação à importância prática da nutriçãopara a saú<strong>de</strong> da criança e <strong>de</strong> seu caráter interdisciplinar,eles atuam <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>sintegrada e também se mantémdistanciados dos avanços que continuam ocorrendo paratentar solucionar o probl<strong>em</strong>a da <strong>de</strong>snutrição.Na Reunião da Cúpula Mundial <strong>em</strong> Favor da Infância, <strong>em</strong>1989, o Brasil se comprometeu a reduzir <strong>em</strong> 50% até o15


ano 2000 constam a redução <strong>em</strong> 50% da taxa <strong>de</strong><strong>de</strong>snutrição mo<strong>de</strong>rada e grave <strong>em</strong> crianças menores <strong>de</strong> 5anos e a redução do baixo peso ao nascer para menos <strong>de</strong>10% dos nascidos vivos a nível nacional. As ações paracolocar <strong>em</strong> prática as estratégias programáticas nacionais eadaptá-las à realida<strong>de</strong> local, <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser impl<strong>em</strong>entadas anível dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> dos estados e municípios, <strong>em</strong>conjunto com a participação da comunida<strong>de</strong>. Este é o nível<strong>de</strong> contato direto com as mães e suas crianças on<strong>de</strong> cabeao profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> agir.Abordagens no tratamento da <strong>de</strong>snutriçãoI<strong>de</strong>ntificar e impl<strong>em</strong>entar estratégias e abordagens <strong>de</strong>tratamento que sejam viáveis, a<strong>de</strong>quadas à realida<strong>de</strong> locale eficazes para a prevenção e combate a <strong>de</strong>snutrição não éuma tarefa fácil e exige uma ação interinstitucionalintegrada e <strong>de</strong> caráter multidisciplinar. Apenas no que serefere à reabilitação nutricional por ex<strong>em</strong>plo, a literaturaatual revela que exist<strong>em</strong> 3 abordagens principais sobreon<strong>de</strong> <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser tratadas as crianças:1. internação hospitalar;2. centros <strong>de</strong> reabilitação nutricional; e3. domicílio.Estas abordagens variam no seu nível custo, <strong>de</strong> supervisão,e <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> resultados.Centros <strong>de</strong> recuperação, particularmente os que trabalhamcom s<strong>em</strong>i-internatos, po<strong>de</strong>m também dar mais ênfase aoscuidados curativos <strong>em</strong> <strong>de</strong>trimento da educação. Se istoocorre, o potencial existente para prevenir a <strong>de</strong>snutriçãoé então perdido.TRATAMENTO A NÍVEL AMBULATORIAL/DOMICILIARÉ o mais barato para o setor saú<strong>de</strong> e po<strong>de</strong> ser o preferidopelas mães. Gran<strong>de</strong> parte da responsabilida<strong>de</strong> do sucessodos resultados é colocada sobre os pais e há menosoportunida<strong>de</strong> para uma educação efetiva do que aquelaque po<strong>de</strong> ser feita <strong>em</strong> centros <strong>de</strong> reabilitação nutricional.É extr<strong>em</strong>an<strong>em</strong>te importante que, orientações culturalmentea<strong>de</strong>quadas e viáveis <strong>de</strong> execução <strong>em</strong> condição <strong>de</strong> pobreza,sejam repassadas às mães no ambulatório e comunida<strong>de</strong>para prevenir que a reabilitação se prolonge<strong>de</strong>snecessariamente/ou que ocorram recaídas.A recuperação nutricional <strong>em</strong> tratamento ambulatorial/nível domiciliar é possível <strong>em</strong>bora seja mais lenta que ahospitalar. Dura entre 2 a 3 meses, e <strong>de</strong>ve incluir efetivaorientação nos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e garantia <strong>de</strong> extensãodos cuidados ambulatoriais para o nível domiciliar atravésdas estruturas <strong>de</strong> atenção comunitária. Isto é essencial parao sucesso do tratamento e prevenção <strong>de</strong> novas recaídas eagravamentos <strong>de</strong> situação com consequente internação.TRATAMENTO HOSPITALAREste tipo <strong>de</strong> tratamento po<strong>de</strong> ser muito efetivo mas écaro. É sist<strong>em</strong>aticamente indicado especificamente apenaspara os <strong>de</strong>snutridos graves que apresentam complicaçõesgraves e necessitam <strong>de</strong> cuidados médicos especializadosdurante os primeiros dias <strong>de</strong> tratamento.TRATAMENTO EM REGIME DE SEMI-INTERNATOEsta é uma alternativa intermediária entre o hospital e oambulatório e é habitualmente <strong>de</strong>nominada Centro <strong>de</strong>Nutrição. Também po<strong>de</strong> ser efetiva, mas, mais comumenteos resultados são <strong>de</strong>sapontadores <strong>de</strong>vido principalmente àfalta <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão política para apoiá-los <strong>de</strong> forma efetiva agarantir a qualida<strong>de</strong> da prestação <strong>de</strong> serviços. Outra razãopo<strong>de</strong> ser dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> comparecimento diário das mães,preconizado na maioria <strong>de</strong>stes centros. Em consequência,abandono <strong>de</strong> tratamento e recaídas po<strong>de</strong>m ocorrer.2. ObjetivoO objetivo do atendimento da criança <strong>de</strong>snutrida a nívelambulatorial e na comunida<strong>de</strong> é propiciar a reabilitaçãonutricional e prevenir recaídas.3. Como proce<strong>de</strong>rOs pressupostos básicos da conduta para o sucesso narealização <strong>de</strong>ste atendimento são:a. a i<strong>de</strong>ntificação precisa do melhor local <strong>de</strong> tratamentopara uma dada criança;b. o atendimento da criança e sua família por uma equipe,<strong>de</strong> preferência, interdisciplinar;c. processo educativo intenso para as mães a fim <strong>de</strong>capacitá-las, <strong>de</strong> forma prática, a tratar e prevenir a<strong>de</strong>snutrição a nivel domiciliar;16


d. o envolvimento <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos da comunida<strong>de</strong> treinadospara dar o suporte a<strong>de</strong>quado à mãe no domicílio, taiscomo Agentes <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, visitadores domiciliares,profissionais do Programa <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Família, evoluntários da comunida<strong>de</strong>. Todos estes po<strong>de</strong>m sercapacitados, <strong>de</strong> acordo com a especificida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suaatuação, <strong>em</strong> todos os aspectos do atendimentomultidisciplinar do <strong>de</strong>snutrido;e. a i<strong>de</strong>ntificação precisa das crianças que não po<strong>de</strong>m sertratadas a nível ambulatorial e na comunida<strong>de</strong> e seuencaminhamento imediato pra tratamento nos níveis <strong>de</strong>referência <strong>de</strong> maior complexida<strong>de</strong>.Os seguintes passos são recomendados:1º Passo - Diagnóstico da <strong>de</strong>snutrição, sua gravida<strong>de</strong>e <strong>de</strong>cisão do local <strong>de</strong> tratamentoEste passo compreen<strong>de</strong> as seguintes tarefas:a. Coletar a história da criança, incluindo: a histórianutricional pregressa e atual da criança (amamentação,ingestão recente <strong>de</strong> alimentos e líquidos, frequência <strong>de</strong>alimentação, apetite, pessoa que cuida da criança,utensílios utilizados para alimentar a criança e suahigiene, duração e frequência <strong>de</strong> diarréia e vômitos,circunstâncias familiares, contato com sarampo etuberculose.b. Pesar e medir a criança <strong>de</strong> acordo com técnicaspadronizadas, verificar a tendência da sua curva <strong>de</strong>crescimento, e classificar o seu estado nutricional<strong>de</strong> acordo com os indicadores peso por altura(preferencialmente), peso por ida<strong>de</strong> e altura por ida<strong>de</strong>,<strong>de</strong> acordo com o padrão <strong>de</strong> referência do NCHS. Sãonormais as crianças com peso/altura entre a mediana e-1DP, <strong>de</strong>snutridas leves entre -1DP e -2DP, mo<strong>de</strong>radasentre -2DP e -3DP, e grav<strong>em</strong>ente <strong>de</strong>snutridas aquelascom DP igual ou maior que -3DP.De uma forma prática, as crianças grav<strong>em</strong>ente<strong>de</strong>snutridas são as que apresentam <strong>em</strong>agrecimentograve(menos <strong>de</strong> 70% do peso por altura padrão para asua ida<strong>de</strong> segundo o NCHS) ou peso para ida<strong>de</strong> muitobaixo(menor <strong>de</strong> 60% do padrão <strong>de</strong> referência doNCHS), associado ou não à presença <strong>de</strong> e<strong>de</strong>ma e <strong>de</strong>sinais clínicos <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> nutrientes específicos.A maioria dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>utiliza apenas o peso por ida<strong>de</strong> para classificar o estadonutricional. Neste caso, consi<strong>de</strong>rar como:i. <strong>de</strong>snutridas as crianças com P/I igual ou menor queo percentil 3 do gráfico do Cartão da Criança, eii. <strong>em</strong> risco nutricional aquelas com P/I menor que 10.No primeiro caso, as crianças precisam ser encaminhadasa centros ou postos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. As <strong>em</strong> risco <strong>de</strong>v<strong>em</strong> sercuidadosamente monitorizadas. Em algumas situações,estas crianças t<strong>em</strong> sido encaminhadas para supl<strong>em</strong>entaçãoalimentar <strong>em</strong> programas governamentais.A supl<strong>em</strong>entação alimentar através <strong>de</strong>, por ex<strong>em</strong>plo,leite <strong>em</strong> pó, açúcar e óleo, ou cesta básica <strong>de</strong> alimentosdoados para ser<strong>em</strong> dados pela mãe no domicílio é umrecurso que v<strong>em</strong> sendo amplamente utilizado. Esterecurso po<strong>de</strong> ser mais eficiente quando a administraçãodo alimento é feita no próprio serviço, como no casodos centros <strong>de</strong> recuperação nutricional.Algumas das crianças com peso muito baixo paraa ida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ter nanismo nutricional ao invés <strong>de</strong><strong>em</strong>agrecimento grave. Nanismo indica um probl<strong>em</strong>anutricional crônico ao invés <strong>de</strong> agudo e o seutratamento não precisa ter caráter intensivo diário,a menos que tenham uma série <strong>de</strong> complicações.c. Pesar e medir a mãe e avaliar o vínculo mãe-filho2º Passo - Tratar/prevenir a infecçãoA frequência <strong>de</strong> infecções <strong>em</strong> crianças <strong>de</strong>snutridas é alta,a severida<strong>de</strong> é maior e a duração mais prolongada que nascrianças normais. Tratamento vigoroso das infecções e suaprevenção sist<strong>em</strong>ática são aspectos chave para asobrevivência e reabilitação a<strong>de</strong>quada dos <strong>de</strong>snutridos.Particularmente na forma mais grave <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição, sinaisusuais <strong>de</strong> infecção tais como a febre, frequent<strong>em</strong>ente estãoausentes. Infecções (respiratória, <strong>de</strong> ouvido, urinária, <strong>de</strong>pele, etc) <strong>de</strong>v<strong>em</strong>, portanto, ser cuidadosamente rastreadase vigorosamente tratadas <strong>em</strong> todas as crianças <strong>de</strong>snutridas.A escolha a<strong>de</strong>quada do antibiótico a ser usado é críticapara o sucesso da evolução da criança. Antibióticos <strong>de</strong>largo espectro e/ou associação <strong>de</strong> antibióticos são maisaconselháveis para as crianças <strong>de</strong>snutridas, particularmentegraves, do que para crianças normais.17


Se possíveis sinais <strong>de</strong> infecção generalizada e/ou grave(hipotermia, letargia, aspecto <strong>de</strong> criança muito doente,meningite, dispneia importante) são <strong>de</strong>tectados, a criança<strong>de</strong>ve ser imediatamente encaminhada para serviço <strong>de</strong><strong>em</strong>ergência e hospitalização.Se a criança tiver mais <strong>de</strong> 6 meses e ainda não estiverimunizada contra sarampo, <strong>de</strong>verá ser imediatamenteencaminhada para imunização, exceto se estiver <strong>em</strong>choque. Neste caso, a imunização será retardada até quea criança saia <strong>de</strong>sta complicação.O manejo dietético a<strong>de</strong>quado da criança é umimportante instrumento tanto para a prevenção comodurante o tratamento <strong>de</strong> infecções. Na prevenção, oobjetivo é assegurar uma dieta nutricionalmente a<strong>de</strong>quadae limitação do gasto <strong>de</strong> energia para proteger o estadonutricional. Durante a infecção, o manejo dietético visamodificar o curso e <strong>de</strong>sfecho da doença, através daingestão <strong>de</strong> alimentos durante a infecção e convalescença,particularmente nas crianças pequenas. As ações gerais <strong>de</strong>manejo dietético que po<strong>de</strong>m ser promovidas através <strong>de</strong>orientação direta às mães po<strong>de</strong>m ser vistas na Tabela 1.Tabela 1 - Ações que po<strong>de</strong>m ser promovidas pelos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> para o manejo dietético das criançasAção a ser promovida Prevenção da infecção Tratamento da infecçãoAleitamento maternoExclusivo até 4- 6 mesesContinuar até o segundo ano <strong>de</strong> vidaContinuar, e <strong>de</strong> preferência, aumentara frequência e duração das mamadasAlimentaçãocompl<strong>em</strong>entar para ascrianças acima <strong>de</strong> 4-6mesesFrequência e quantida<strong>de</strong> a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong>alimentos com valor nutricional, <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>energética e <strong>em</strong> condições a<strong>de</strong>quadas<strong>de</strong> higieneManter os mesmos princípios usadosna prevenção EAumentar a ingestão durante o período<strong>de</strong> convalescençaEncorajar métodos que aument<strong>em</strong> a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>energética e/ou a palatabilida<strong>de</strong> da dietaÉ particularmente importante na diarréiaprolongadaMicronutrientes taiscomo Vitamina A, Ferro,Zinco, Vitamina DAssegurar a ingestão a<strong>de</strong>quada, aconselhandoà mãe alimentos ricos <strong>em</strong> vitamina A elocalmente disponíveisDar supl<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> vitamina A periodicamente<strong>em</strong> áreas <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> vitaminaA. Isto é particularmente importante se existerisco <strong>de</strong> sarampo e/ou alta prevalência <strong>de</strong>infecções respiratórias.Caso haja programa para distribuição <strong>de</strong> vitaminaA na sua área, motive o comparecimento da mãee monitore a frequência <strong>de</strong> administraçãoUtilizar os mesmos princípios <strong>de</strong> aconselhamentodietético que para a prevençãoSe a criança não recebeu vitamina A nos últimos6 meses e vive <strong>em</strong> área <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência<strong>de</strong> vitamina A, administrá-la particularmentedurante e na fase imediatamente apóssarampo e infecções do trato respiratórioReidratação oral nadiarréia agudaAconselhe, preferencialmente o uso da SROEstimule a ampla ingestão <strong>de</strong> líquidosa<strong>de</strong>quados, comumente usados pelas mãese facilmente disponíveis a nível local18


3º Passo - Corrigir a <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> micronutrientesTodas as crianças <strong>de</strong>snutridas t<strong>em</strong> algum grau <strong>de</strong><strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> vitaminas e minerais que é tão maisacentuado quanto maior a gravida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>snutrição.Embora an<strong>em</strong>ia seja comum, Ferro NÃO DEVE ser dadoinicialmente <strong>em</strong> <strong>de</strong>snutrido grave, com processoinfeccioso, mas sim apenas quando for afastada a infecçãoe a criança começar a ganhar peso.Recomenda-se a administração diária <strong>de</strong>:• supl<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> multivitaminas• ácido fólico 1mg/d (dê 5mg no Dia 1)• acetato <strong>de</strong> zinco 2mg Zn/kg/d• sulfato <strong>de</strong> cobre (0.2mg Cu/kg/dia)• sulfato ferroso 3mg Fe/kg/d apenas quandoo crescimento já recomeçou.NB: Se vitamina A não foi dada durante o último mês, dê:• vitamina A 200000 UI via oral no início do tratamento(ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 6-12 meses dê 100000UI; ida<strong>de</strong> 0-5m dê50000iu).Se existe a possibilida<strong>de</strong>, supl<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> Zinco e Cobrepo<strong>de</strong>m ser adicionados às refeições. Alternativamente, seestiver<strong>em</strong> disponíveis, use sachets pre-misturados contendoeletrólitos e todos os micronutrientes apropriados; eles sãomais completos e mais fáceis <strong>de</strong> usar.As crianças grav<strong>em</strong>ente <strong>de</strong>snutridas po<strong>de</strong>m ter <strong>de</strong>ficiências<strong>de</strong> potássio e magnésio que po<strong>de</strong>m tomar pelo menos 2s<strong>em</strong>anas para corrigir.4º Passo - Realimentar/reorientar a alimentação <strong>de</strong>forma a facilitar o crescimento rápidoAtualmente consi<strong>de</strong>ra-se que o tratamento da criança<strong>de</strong>snutrida inclui uma fase inicial <strong>de</strong> estabilização e uma fase<strong>de</strong> reabilitação propriamente dita ou <strong>de</strong> crescimento rápido.A fase inicial <strong>de</strong> estabilização é particularmentedirecionada para as crianças grav<strong>em</strong>ente <strong>de</strong>snutridastratadas <strong>em</strong> hospital. Nesta fase, as condições médicasagudas são manejadas e a alimentação <strong>de</strong>ve ser<strong>de</strong>senhada para prover apenas a energia suficiente eproteína para manter os processos biológicos básicos.A abordag<strong>em</strong> alimentar nesta fase <strong>de</strong>ve ser cuidadosa,respeitando-se o estado fisiológico frágil e a reduzidacapacida<strong>de</strong> homeostática da criança.• Na fase <strong>de</strong> crescimento rápido ou recuperação docrescimento, o objetivo é propiciar a reposição dostecidos perdidos. Nesta fase <strong>de</strong> reabilitação, é necessáriauma abordag<strong>em</strong> vigorosa para atingir ingestões muitoaltas e crescimento rápido <strong>de</strong> >10g/kg <strong>de</strong> peso/dia.Para esta fase recomenda-se:• Ter como alvo nutricional o fornecimento <strong>de</strong> 150 -220kcal/kg/dia e <strong>de</strong> 4-6 g <strong>de</strong> proteína/kg/dia.Para atingir a meta mínima <strong>de</strong> 150kcal/kg/dia e <strong>de</strong>proteína a<strong>de</strong>quada (no mínimo 4g/kg/dia), a criança <strong>de</strong>veser alimentada pelo menos 5 vezes ao dia, com alimentosque contêm aproximadamente 100kcal/100g e 2-3g <strong>de</strong>proteína/100g <strong>de</strong> alimento. Mingaus e alimentoscompl<strong>em</strong>entares preparados a partir <strong>de</strong> alimentos dafamília po<strong>de</strong>m ser utilizados <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que forneçamquantida<strong>de</strong>s equivalentes <strong>de</strong> energia a proteína• Orientar a mãe a dar essencialmente alimentos <strong>de</strong>nsos<strong>em</strong> energia e nutrientes e preparadas com os alimentosdisponíveis no domicílio.• Orientar refeições frequentes, i<strong>de</strong>almente no máximo<strong>de</strong> 3 <strong>em</strong> 3 horas.• Orientar para que o volume seja <strong>de</strong> acordo com aaceitação da criança. O ponto <strong>em</strong> que a criança <strong>de</strong>ixaresto é provável <strong>de</strong> ocorrer quando a refeição atingecerca <strong>de</strong> 30ml/kg/refeição.• Recomendar à mãe que as merendas oferecidas sejam<strong>de</strong> alto conteúdo energético entre as refeições (ex: leite,banana, pão, biscoito).• Dar orientação prática e viável às mães sobre comopreparar os alimentos.• Recomendar que os alimentos sejam preferencialmentedados <strong>de</strong> copo e prato e colher, para facilitar a higienedos utensílios e reduzir o risco <strong>de</strong> diarréia.• Oriente para que a criança seja encorajada a comer todaa refeição.19


• No caso <strong>de</strong> infecção, recomen<strong>de</strong> que mais alimento(frequência e volume) seja oferecido à criança tão logoo apetite volte.• Se a criança é amamentada, encoraje a continuar aamamentação tão freqüent<strong>em</strong>ente quanto a criançaqueira.• A adição <strong>de</strong> gordura é <strong>de</strong>sejável para facilitar que acobertura calórica seja atingida. Freqüent<strong>em</strong>ente, noentanto, exist<strong>em</strong> tabus por parte das mães sobre autilização <strong>de</strong> oleo para a alimentação das crianças. Isto<strong>de</strong>ve ser trabalhado <strong>de</strong> forma culturalmente aceitável.Recomen<strong>de</strong> a adição <strong>de</strong> óleo a 3% <strong>em</strong> mama<strong>de</strong>iras.5º Passo - Monitorar, frequent<strong>em</strong>ente, a formacomo o crescimento está ocorrendo durantea reabilitaçãoO progresso da reabilitação é avaliado através da taxa <strong>de</strong>ganho pon<strong>de</strong>ral.a. pese a criança s<strong>em</strong>analmente no início do tratamento e<strong>de</strong>pois no máximo quinzenalmente. Registre o peso nográfico e veja a tendência da curva <strong>de</strong> crescimento.b. a cada s<strong>em</strong>ana calcule e registre o ganho <strong>de</strong> peso <strong>em</strong>g/kg/dia.L<strong>em</strong>bre que e<strong>de</strong>ma discreto po<strong>de</strong> levar a alguma pequenaperda <strong>de</strong> peso nos primeiros dias s<strong>em</strong> que isto signifiquefalha no tratamento.O ganho <strong>de</strong> peso durante a reabilitação é classificado <strong>em</strong>:Para crianças acima <strong>de</strong> 6 meses• Deficiente < 5g/kg/dia• Mo<strong>de</strong>rado 5-10g/kg/dia• Bom > 10g/kg/diaPara as crianças <strong>de</strong>snutridas e menores <strong>de</strong> 6 meses <strong>de</strong>ida<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar como bom 25g/kg/dia.Se o ganho <strong>de</strong> peso é <strong>de</strong>ficiente ( 100kcal/100g. (Se não, r<strong>em</strong>odifique).Se recursos para modificação são limitados ou ascrianças não estão internadas, compense através dasubstituição por fórmula láctea que contenha 135 kcal/100ml para fase <strong>de</strong> crescimento rápido da reabilitação.b. investigue infecçãoSe a alimentação é a<strong>de</strong>quada e não há malabsorção,investigue infecções tais como <strong>de</strong> trato urinário, otit<strong>em</strong>édia, tuberculose, HIV e parasitoses como giardíase,que são facilmente <strong>de</strong>sapercebidas.• reexamine a criança cuidadosamente• repita o exame <strong>de</strong> urina para células sanguíneas brancas• examine as fezes• se possível faça RX• trate com antibióticos como indicado• s<strong>em</strong>pre consi<strong>de</strong>re a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> infecção comHIV e investigara. investigue se as metas <strong>de</strong> ingestão estão sendoatingidas.20


c. verifique se há <strong>de</strong>ficiências específicas <strong>de</strong> nutrientes• verifique a a<strong>de</strong>quação da composição da multivitaminaque está sendo dada e verifique o prazo <strong>de</strong> valida<strong>de</strong>• verifique se minerais estão sendo corretamenteadministrados. Se <strong>em</strong> região com bócio, dê a todas ascrianças lugol io<strong>de</strong>to (5-10 gotas/dia) ou adicioneio<strong>de</strong>to <strong>de</strong> potássio à mistura <strong>de</strong> minerais (12mg/2500ml)Se ganho <strong>de</strong> peso insuficiente está ocorrendo para amaioria dos casos tratados, isto sugere necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mudança importante do manejo como um todo.• reveja as rotinas <strong>de</strong> atendimento estão sendocorretamente impl<strong>em</strong>entadas;• reveja a qualida<strong>de</strong> dos serviços prestados à criançae sua famíliaSe ocorre para casos específicos, reavalie a criança eseu componente materno/familiar aprofundadamente.• investigue <strong>de</strong>talhadamente a qualida<strong>de</strong> do vínculomãe filho• verifique se a criança t<strong>em</strong> algum comportamentoanormal tal como movimentos estereotipados (rolandosobre si mesmo), ruminação (auto-estimulação através<strong>de</strong> regurgitação) e busca <strong>de</strong> atenção.• encaminhe para orientação especializada6º Passo - Prover estimulação essencial e suporte<strong>em</strong>ocionalPara que a reabilitação nutricional tenha sucesso éfundamental prover a estimulação essencial. Isto é aindamais crítico na <strong>de</strong>snutrição grave, on<strong>de</strong> ocorre retardo<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento mental e comportamental.Oriente a mãe para:• ter cuidado <strong>de</strong>licado e amoroso com a criança.• propiciar à criança um ambiente alegre e estimulante.• brincar com a criança conforme orientação dada peloprofissional que trabalha com estimulação essencial oufazer terapia recreativa, durante 15-30 minutos/dia.• ativida<strong>de</strong> física, s<strong>em</strong>pre que a criança estejasuficient<strong>em</strong>ente b<strong>em</strong> para isto.• envolvimento materno, s<strong>em</strong>pre que possível, nocuidado direto da criança (ex: confortar, alimentar,dar banho, brincar).• participação <strong>de</strong> outros familiares no cuidado da criança.É útil citar para a mãe formas práticas <strong>de</strong> interagir com acriança usando, ao máximo possível e criando situaçõesfavoráveis para interagir com a criança no dia-a-dia.7º Passo - Preparar para acompanhamento apósa recuperação, objetivando a prevenção<strong>de</strong> recaídasUma criança que t<strong>em</strong> 90% do peso para altura oucomprimento (equivalente a - 1DP) po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>radacomo recuperada. A criança provavelmente ainda t<strong>em</strong> umbaixo peso para a ida<strong>de</strong> por causa do nanismo. Deverá seracompanhada até que recupere também a altura. Boaspráticas <strong>de</strong> alimentação e estimulação psicológica <strong>de</strong>ve sercontinuada <strong>em</strong> casa.Ensine/Mostre aos pais ou a qu<strong>em</strong> cuida da criança a:• como alimentar frequent<strong>em</strong>ente e com alimentos<strong>de</strong>nsos <strong>em</strong> energia e nutrientes• como fazer estimulação essencial/terapia recreativaestruturadaAconselhe:• imunizações atualizadas• vitamina A a cada 6 meses8º Passo - Assegurar o suporte comunitário para arealização do tratamento prescritoO suporte comunitário para a realização do tratamentoprescrito e prevenção <strong>de</strong> recaídas <strong>de</strong>ve ser dado a níveldomiciliar mais diretamente por Agentes Comunitários <strong>de</strong>Saú<strong>de</strong> e Visitadores Sanitários. Estes trabalhadores <strong>de</strong>saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>v<strong>em</strong>, essencialmente:• ser b<strong>em</strong> treinados <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> e nutrição infantil• ser especificamente treinados para examinar a criançaclinicamente <strong>em</strong> casa, para saber quando reencaminhar,pesar a criança, e para dar aconselhamento apropriado<strong>de</strong> acordo com o prescrito e ou corrigir distorçõesporventura introduzidas pelas mães21


• motivados• capazes <strong>de</strong> usar linguag<strong>em</strong> clara e culturalmentea<strong>de</strong>quada para falar com as mães.O pediatra <strong>de</strong>ve dar apoio e supervisão e estar envolvido nacoor<strong>de</strong>nação das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>stes trabalhadores <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.Orientações úteis para ser<strong>em</strong> repassadas às mães nacomunida<strong>de</strong>, <strong>em</strong> reforço ao já ensinado <strong>em</strong> ambulatório<strong>de</strong>v<strong>em</strong> visar fornecer informações básicas <strong>de</strong> nutrição,incluindo:• importância dos nutrientes,• aleitamento materno,• aproveitamento, higiene e conservação <strong>de</strong> alimentos,• i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> receitas apropriadas e <strong>de</strong> baixo custoe orientação prática sobre como prepará-las, incluindocuidados <strong>de</strong> higiene.As oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> contato com as mães <strong>de</strong>v<strong>em</strong>também ser usadas para promover a mudança <strong>de</strong> hábitosalimentares <strong>de</strong>sfavoráveis, esclarecer sobre tabus e crençasalimentares com repercussão no estado nutricional,promover melhorias nas condições <strong>de</strong> higiene do lar,orientar o tratamento/cuidados com a água <strong>de</strong> beber.9º Passo - Assegurar o encaminhamento da criança aonível <strong>de</strong> complexida<strong>de</strong> a<strong>de</strong>quado para o seutratamentoO atendimento ambulatorial e na comunida<strong>de</strong><strong>de</strong>s<strong>em</strong>penham importante papel na prevenção da<strong>de</strong>snutrição e <strong>de</strong> seu agravamento. Isto é facilitado quandoo controle <strong>de</strong> crescimento da criança é realizadosist<strong>em</strong>aticamente. As crianças que não ganham peso ouque per<strong>de</strong>m peso <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser monitoradas <strong>de</strong> formaprioritária pelos programas comunitários e ambulatoriais,e com mais freqüência que as crianças que cresc<strong>em</strong> b<strong>em</strong>.As crianças com P/I igual ou menor que o percentil 3 dográfico do Cartão da Criança, <strong>de</strong>snutridas, <strong>de</strong>v<strong>em</strong> serencaminhadas da comunida<strong>de</strong> para o tratamento <strong>em</strong>ambulatório, e <strong>de</strong>ste para o centro <strong>de</strong> nutrição, se existir, oupara hospital se a gravida<strong>de</strong> do caso da criança assim o exigir.As crianças com P/I maior que 3 e menor que 10 sãoconsi<strong>de</strong>radas <strong>em</strong> risco nutricional e <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ter a sua curva<strong>de</strong> crescimento cuidadosamente monitorizada, <strong>de</strong> formaprioritária no ambulatório e na comunida<strong>de</strong>. Em algumassituações, estas crianças têm sido encaminhadas parasupl<strong>em</strong>entação alimentar <strong>em</strong> programas governamentais epara atendimento <strong>em</strong> centros <strong>de</strong> recuperação nutricional paraintensificar o processo educativo das mães. A participaçãodas mães é fundamental para o sucesso do tratamento.A supl<strong>em</strong>entação alimentar através <strong>de</strong>, por ex<strong>em</strong>plo, leite<strong>em</strong> pó, açúcar e óleo, ou cesta básica <strong>de</strong> alimentos doadospara ser<strong>em</strong> dados pela mãe no domicílio é um recurso quepo<strong>de</strong> ser mais eficiente quando a administração doalimento é feita no próprio serviço, como no caso soscentros <strong>de</strong> recuperação nutricional.Algumas das crianças com peso muito baixo para a ida<strong>de</strong>po<strong>de</strong>m ter nanismo nutricional ao invés <strong>de</strong> <strong>em</strong>agrecimentograve. Nanismo indica um probl<strong>em</strong>a nutricional crônico aoinvés <strong>de</strong> agudo e o seu tratamento não precisa ter caráterintensivo diário, a menos que tenham uma série <strong>de</strong>complicações.10º Passo - Assegurar às crianças que receberamtratamento hospitalar um segmentoambulatorial na comunida<strong>de</strong> para completara reabilitação, prevenir recaídas e manter obom crescimento e a saú<strong>de</strong>As crianças <strong>de</strong>snutridas graves tratadas <strong>em</strong> hospitalcomumente receb<strong>em</strong> alta antes que a reabilitação estejacompleta, para continuar o tratamento a nível domiciliar.Para dar suporte a<strong>de</strong>quado a esta criança além <strong>de</strong>existir<strong>em</strong> no ambulatório e na comunida<strong>de</strong> os recursosqualificados anteriormente <strong>de</strong>scritos, os seguintes critériossão preenchidos a nível <strong>de</strong> domicílio:a. criança• ida<strong>de</strong> > 12 meses;• tratamento antibiótico completo no hospital;• bom apetite;• bom ganho pon<strong>de</strong>ral;• já recebeu 2 s<strong>em</strong>anas <strong>de</strong> supl<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> potássio/magnésio/ mineral/ vitaminas (ou fornecimento domesmo para continuação da supl<strong>em</strong>entação <strong>em</strong> casa).22


. mãe/pessoa que cuida da criança• não trabalha fora <strong>de</strong> casa;• especificamente treinada para dar alimentaçãoapropriada (tipos, quantida<strong>de</strong>, frequência <strong>de</strong> refeições);• accessível para readmissão urgente se a criança adoecer;• po<strong>de</strong> ser visitada s<strong>em</strong>analmente;• treinada para dar estimulação essencial ou terapia <strong>de</strong>recreação estruturada;• motivada.Caso estas condições não existam, a criança <strong>de</strong>verá sermonitorada ainda com mais rigor que o habitual para ascrianças <strong>de</strong>snutridas tratadas <strong>em</strong> ambulatório. Apossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recaída e necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reinternaçãonestes casos, é alta.Referências BibliográficasACC/SCN- First Report on the World Nutrition Situation; ACC/SCN.Geneva.1988.ACC/SCN- Controlling iron <strong>de</strong>ficiency. State-of-Art series no 9. ACC/SCN. Geneva.1991ACC/SCN- Second World Report on the World Nutrition Situation.ACC/SCN. Geneva. 1992ACC/SCN- Third World Report on the World Nutrition Situation. ACC/SCN. Geneva. 1997Ashworth A, Bell R, James WPT, Waterlow JC - Calorie requir<strong>em</strong>entsof children recovering from protein calorie malnutrition. Lancet2600-603. 1968.Beaton GH, Kelly A, Kevany J, Martorell R, Mason J - Appropriate usesof anthropometric indices in children. ACC/SCN State-of-Art series.Nutrition Policy Discussion Paper no 7. Geneva. ACC/SCN. 1990Brewster D, Manary M. Treatment of severe malnutrition. Lancet 1995;345:1046-1047.Cavalcante AAM, Pinheiro LMP, Monte CMG, Guimarães ARP,Ashworth A- Treatment of malnutrition in Brazil: simple solutionto common probl<strong>em</strong>s. Trop Doctor 1998; 28:95-97.IPREDE- Rotina <strong>de</strong> atendimento nutricional. Mimeo 10p. Fortaleza.1999Khanun S. Ashworth A, Huttly SRA- Controlled trial of threeapproaches to the treatment of severe malnutrition. Lancet.1994:344:1728- 1732.Martorell R, Kettel K, Schroe<strong>de</strong>r DG- Reversibility of stunting:epi<strong>de</strong>miological findings in children from <strong>de</strong>veloping countries.,in Waterlow JC & Schurch B(eds). Causes and mechanisms of lineargrowth. I/D/E/C/G/ workshop held in London, January 15-18,1993. Eur Jour Clin Nutr. 1994: 48(suppl) 45-57.Ministério da Salú<strong>de</strong>. Metas governamentais para o ano 2000. Brasília.1996.Monte CMG, Ashworth A, Sá MLB, Diniz RLP - Effectiveness of nutritioncentres in Ceará state, norheast Brazil- Pan Am J Public Health.1998:375-382.Monte CMG & Sá MLB(eds)- Guias alimentares para as crianças <strong>de</strong> 6-23 meses do Nor<strong>de</strong>ste do Brasil: da teoria à prática. The BritishCouncil Northeast Brazil. Fortaleza. 1998Monte CMG - Epi<strong>de</strong>miologia da <strong>de</strong>snutrição infantil <strong>em</strong> Amaral J(ed)-epi<strong>de</strong>miologia da Saú<strong>de</strong> Infantil. Editora Atheneu. Rio <strong>de</strong> Janeiro.1999 (no prelo).Monteiro CA- Velhos e novos males da sau<strong>de</strong> publica no Brasil.Hucitec. São Paulo. 1995.MS-OPAS/OMS-UNICEF/Tacro-Aconselhar a mãe ou ao acompanhante-Curso <strong>de</strong> Capacitação - Atenção Integrada às Doenças Prevalentes daInfância. OPS/ HCT/ ARI/ CDD/ 96.4.(original inglês) versão preliminarBrasilia, 1997, 79p. Nobrega F & Campos - Distúrbios nutricionaise fraco vínculo mãe-filho. Ed Revinter. Rio <strong>de</strong> Janeiro. 1996.Nobrega F &Queroz- Fraco vínculo mãe-filho como fator <strong>de</strong> risco. In.Distúrbiosd da Nutrição. Ed Revinter. Rio <strong>de</strong> Janeiro. 1998Pelletier DL, Frongillo EA, Schroe<strong>de</strong>r DG, Habicht J-P. The effects ofmalnutrition and child mortality in <strong>de</strong>veloping countries. Bull WorldHealth Org 1995; 73: 443-448.SESA-Ce/SeSA-Pi/UNICEF- Alimentação da criança nos 3 primeiros anos<strong>de</strong> vida. Manual para auxiliares <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>, agentes <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>e supervisores. Fortaleza, 1994.Sherry TM- The effect of the inflammatory response on bone growth.Eur Jour Clin Nut 1989:49:646-653.Schrimpton R- Ecologia da <strong>de</strong>snutricao na infancia: analise das evi<strong>de</strong>nciasdas relacoes entre variaveis socio-economicas e estadonutricional. CNRH/IPEA/UNICEF. Brasilia, 1986, 104p.UNICEF- Saú<strong>de</strong> e Nutriçao das Criancas Nor<strong>de</strong>stinas. Pesquisas estaduais1987-1992. Brasilia. 1995, 78p.UNICEF- The State of the World’s children 1998. United NationsChildren Fund. Oxford University Press. Oxford. 1997.Victora CG- The association between wasting and stunting: aninternational perspective. J Nutr. 122:5:1105-1110.1992Waterlow JC- Protein and energy malnutrition. Edward Arnold.London. 1992.WHO- The inci<strong>de</strong>nce of low birth weight: an update. Wkl Epi<strong>de</strong>m.Rec. 1984: 59:( 27):202-212.WHO. The World Health Report 1995: Bridging the Gaps. Geneva.World Health Organization. 1995.WHO - Manag<strong>em</strong>ent of Severe Malnutrition: A manual for physiciansand other senior health workers. World Health Organization.Geneva. 1999.23


Tratamento hospitalar da criançagrav<strong>em</strong>ente <strong>de</strong>snutridaRelatora: Cristina M.G. Monte e Roseli Sarni1. IntroduçãoA <strong>de</strong>snutrição continua a ser uma das causas <strong>de</strong>morbida<strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> mais comuns entre crianças<strong>de</strong> todo o mundo. No Brasil, apesar dos resultadospositivos alcançados para a melhoria da saú<strong>de</strong> enutrição das crianças nos últimos anos, a <strong>de</strong>snutriçãoentre as crianças menores <strong>de</strong> 5 anos, eparticularmente entre os menores <strong>de</strong> 3 anos, continuasendo um grave probl<strong>em</strong>a <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública. Emboraas mais altas prevalências <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição na infânciaocorram entre as crianças das regiões Nor<strong>de</strong>ste eNorte do País, o probl<strong>em</strong>a também ocorre nas outrasregiões, particularmente nas localida<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> exist<strong>em</strong>bolsões <strong>de</strong> pobreza.Apesar do progresso <strong>de</strong> conhecimento científico, amortalida<strong>de</strong> das crianças grav<strong>em</strong>ente <strong>de</strong>snutridas nasúltimas 5 décadas, continua inalterada einaceitavelmente alta, atingindo cerca <strong>de</strong> 20 a 30%sendo as taxas mais altas, <strong>em</strong> torno <strong>de</strong> 50 a 60%,observadas <strong>em</strong> crianças <strong>de</strong>snutridas graves come<strong>de</strong>ma. As principais causas para isto t<strong>em</strong> sido oencaminhamento tardio das crianças para tratamentohospitalar e as condutas ina<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong> tratamentodurante a internação. Uma alta proporção <strong>de</strong> criançasmorre durante os primeiros dias <strong>de</strong> internação portratamento ina<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> distúrbios hidro-eletrolíticos,hipotermia, hipoglic<strong>em</strong>ia, infecção e/ou morte súbitapor realimentação ina<strong>de</strong>quada.Face a esta situação, a Organização Mundial da Saú<strong>de</strong>(OMS), recent<strong>em</strong>ente, <strong>de</strong>finiu diretrizes para promovera melhor terapia para o tratamento <strong>de</strong> criançasgrav<strong>em</strong>ente <strong>de</strong>snutridas, <strong>de</strong> forma a reduzir o risco <strong>de</strong>morte, encurtar o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> permanência <strong>em</strong> hospital,e facilitar a reabilitação e recuperação completa.Sabe-se atualmente que o sucesso do tratamento dascrianças grav<strong>em</strong>ente <strong>de</strong>snutridas requer o diagnósticoimediato e a abordag<strong>em</strong> terapêutica dos aspectosmédicos, nutricionais e probl<strong>em</strong>as sociais. Emboraas recomendações para o tratamento médico nãotenham modificado muito, o tratamento dietéticomudou consi<strong>de</strong>ravelmente.No Brasil, apesar dos avanços já atingidos nesteaspecto até o momento a experiência dosprofissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que atuam no atendimentoa crianças <strong>de</strong>snutridas graves indica que é pr<strong>em</strong>enteo aperfeiçoamento e atualização da conduta eprocedimentos adotados, para incluir os novosconhecimentos científicos disponíveis. Este documentocontém uma pauta <strong>de</strong> condutas para o tratamento dacriança grav<strong>em</strong>ente <strong>de</strong>snutrida <strong>em</strong> hospital e seuacompanhamento até que se atinja a sua reabilitação.Está prioritariamente <strong>em</strong>basado nas atuais diretrizesda OMS para a reabilitação da criança grav<strong>em</strong>ente<strong>de</strong>snutrida e na experiência <strong>de</strong> longos anos <strong>de</strong> trabalhodos profissionais do Departamento <strong>de</strong> Nutrição daSocieda<strong>de</strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> (SBP) sobre este t<strong>em</strong>a.2. Desnutrição na infância: suascausas e consequênciasSegundo a Organização Mundial da Saú<strong>de</strong>, o termo<strong>de</strong>snutrição energético-protéica engloba um grupo <strong>de</strong>condições patológicas resultantes da faltaconcomitante <strong>de</strong> calorias e proteínas, <strong>em</strong> proporçõesvariáveis, que acomete com maior frequência oslactentes e pré-escolares. Reconhece-se atualmenteque a <strong>de</strong>snutrição infantil é uma <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong>natureza predominant<strong>em</strong>ente calórica. Deficiências <strong>de</strong>minerais e vitaminas estão comumente presentes.A <strong>de</strong>snutrição é uma <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m tanto <strong>de</strong> naturezamédica como social que t<strong>em</strong> as suas raízes napobreza. É o resultado final da privação nutricional e,freqüent<strong>em</strong>ente, <strong>em</strong>ocional por parte daqueles que24


cuidam da criança os quais, <strong>de</strong>vido a falta <strong>de</strong> entendimento,pobreza ou probl<strong>em</strong>as familiares, são incapazes <strong>de</strong> provera nutrição e o cuidado que a criança requer.Embora a solução imediata dos probl<strong>em</strong>as sociais não sejafunção dos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, é <strong>de</strong> sua responsabilida<strong>de</strong>assegurar que, na medida do possível as crianças <strong>de</strong>snutridascujo tratamento está sob sua responsabilida<strong>de</strong> recebam amelhor qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> assistência possível. É essencial aarticulação entre os serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e outros recursosque possibilit<strong>em</strong> a correção também do probl<strong>em</strong>a social.Se isto não é feito, a criança fica exposta ao risco <strong>de</strong>recaída quando retorna a sua casa, e é possível que outrosmenores <strong>de</strong> 5 anos daquele domicílio estejam também <strong>em</strong>risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição.As causas e consequências da <strong>de</strong>snutrição po<strong>de</strong>m ser vistasno esqu<strong>em</strong>a sugerido por Nóbrega e Campos. À diferençados mo<strong>de</strong>los tradicionais, neste mo<strong>de</strong>lo está incluido oaspecto do fraco vínculo mãe-criança, como importantefator para a instalação e perpetuação da <strong>de</strong>snutrição.MODELO CAUSAL DA DESNUTRIÇÃO NA INFÂNCIAconseqüências graves e <strong>de</strong>sastrosas para as crianças,incluindo déficits <strong>de</strong>finitivos <strong>de</strong> crescimento e<strong>de</strong>senvolvimento, e morte. A fisiopatologia das crianças<strong>de</strong>snutridas está sumarizada no Anexo 1.3. Diagnóstico e Conduta3.1. Avaliação inicial da criançaEm qualquer serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que a criança for assistida,a <strong>de</strong>finição do local <strong>de</strong> encaminhamento e tipo <strong>de</strong>tratamento <strong>de</strong>ve ser feita com base na sua avaliação inicial.Esta <strong>de</strong>ve incluir a avaliação nutricional e o diagnóstico <strong>de</strong>condições associadas apresentadas pela criança, obtidosatravés da história médica e exame físico, incluindo aclassificação do seu estado nutricional e, quando possívele necessário, a realização <strong>de</strong> exames laboratoriais.3.1.1. História médica e exame físicoUma lista <strong>de</strong> checag<strong>em</strong> para colher a história médica dacriança e conduzir o exame físico é mostrada a seguir. É útilusar um formulário impresso, <strong>de</strong> modo que a informaçãoseja coletada e registrada <strong>de</strong> maneira padronizadada.Baixo pesoao nascerBaixo nívelsócio-econômicoDados que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser consi<strong>de</strong>rados (história e antece<strong>de</strong>ntes):• Dieta habitual antes do episódio <strong>de</strong> doença atualSaneamentobásico ausenteou ina<strong>de</strong>quadoBaixaestimulaçãoDESNUTRIÇÃOAbandonodo aleitamentomaternoDesajustamentofamiliar• História <strong>de</strong> amamentação e alimentação compl<strong>em</strong>entar• Alimentos e líquidos ingeridos nos últimos dias e perda<strong>de</strong> apetite• Olhos encovados recent<strong>em</strong>enteBaixaescolarida<strong>de</strong>Fraco vínculomãe-filho• História patológica pregressa• Duração e freqüência <strong>de</strong> vômitos ou diarréia,aparência do vômito ou das fezes diarréicasA <strong>de</strong>snutrição t<strong>em</strong> um efeito universal sobre os órgãos <strong>em</strong>etabolismo da criança, causando alterações que <strong>de</strong>v<strong>em</strong>ser levadas <strong>em</strong> conta e corrigidas através dosprocedimentos terapêuticos adotados. O sucesso domanejo inicial requer avaliação clínica freqüente ecuidadosa e a antecipação <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as comuns, para quepossam ser prevenidos, ou reconhecidos e tratados <strong>em</strong>estágio precoce. Do tratamento ina<strong>de</strong>quado po<strong>de</strong> resultar• Hora <strong>em</strong> que urinou pela última vez• Contato com pessoas com sarampo ou tuberculose• Morte <strong>de</strong> algum irmão e sua causa• Peso ao nascer• Marcos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento atingidos (sentar, ficar<strong>de</strong> pé, etc.)• Imunizações• Antece<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> internação ou tratamentopara <strong>de</strong>snutrição25


• Presença <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição <strong>em</strong> outros irmãosmenores <strong>de</strong> 5 anos• Presença <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição <strong>em</strong> adultos da família• Vínculo mãe-criança• Condições <strong>de</strong> vida da família• Impressão sobre o informanteDurante o exame físico observe, colete e registre apresença ou ausência <strong>de</strong>, no mínimo, os seguintes dados:• Peso e comprimento ou altura• E<strong>de</strong>ma• Hepatomegalia e icterícia• Distensão abdominal, movimentos peristálticosintestinais, sinal do piparote• Pali<strong>de</strong>z grave• Nível <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>• Sinais <strong>de</strong> colapso circulatório: mãos e pés frios, pulsoradial fraco, consciência diminuída• T<strong>em</strong>peratura: hipotermia ou febre• Se<strong>de</strong>• Olhos: lesões corneais indicativas <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência<strong>de</strong> vitamina A• Ouvidos, boca, garganta: evidência <strong>de</strong> infecção• Pele: evidência <strong>de</strong> infecção ou púrpura• Freqüência respiratória e tipos <strong>de</strong> respiração: sinais<strong>de</strong> pneumonia ou insuficiência cardíaca• Características das fezes• Reação ao exame físico• Relação mãe-filho3.1.2 Classificação do estado nutricionale critérios <strong>de</strong> internaçãoDesnutrição grave é <strong>de</strong>finida nesta pauta como sendo<strong>em</strong>agrecimento acentuado (menos <strong>de</strong> 70% do indicadorpeso/estatura ou escore z <strong>de</strong> peso/estatura < – 3 DP) comou s<strong>em</strong> presença <strong>de</strong> e<strong>de</strong>ma.Um resumo da avaliação <strong>de</strong> estado nutricional <strong>de</strong> acordocom os indicadores peso para a estatura ou estatura para aida<strong>de</strong>, e e<strong>de</strong>ma po<strong>de</strong> ser visto na tabela que se segue.TABELA 1 - CLASSIFICAÇÃO DA DESNUTRIÇÃODesnutrição mo<strong>de</strong>radaDesnutrição grave (tipo)E<strong>de</strong>ma simétrico Não Sim (<strong>de</strong>snutrição e<strong>de</strong>matosa)Peso para estatura – 3 ≤ DP escore < – 2 (70-79%) DP escore < – 3 (< 70%)Estatura para ida<strong>de</strong> – 3 ≤ DP escore < – 2 (85-89%) DP escore < – 3 (< 85%)Nanismo mo<strong>de</strong>radoNanismo graveDP= Desvio Padrão os escore Z; Um peso por estatura <strong>de</strong> -2DP indica que a criança está no limite inferior da faixa normal, e - 3DP indica<strong>em</strong>agrecimento severo. Um peso por estatura <strong>de</strong> - 3DP é aproximadamente equivalente a 70% do peso por estatura da criança.O escore <strong>de</strong> DP é <strong>de</strong>finido como o afastamento do valor <strong>de</strong> um indivíduo <strong>em</strong> relação ao valor da mediana da população <strong>de</strong> referência,dividido pelo <strong>de</strong>svio padrão da população <strong>de</strong> referência.Escore <strong>de</strong> DP =(valor observado) – (mediana <strong>de</strong> referência)Desvio padrão da população <strong>de</strong> referênciaO padrão <strong>de</strong> população <strong>de</strong> referência atualmente recomendado pela OMS e pelo Ministério da Saú<strong>de</strong> é o do NCHS.26


O diagnóstico será obtido pela análise dos dados acimareferidos, sendo os diagnósticos chave:• <strong>em</strong>agrecimento acentuado visível (menos <strong>de</strong> 70% dopeso para a altura ou comprimento)• e<strong>de</strong>ma (kwashiorkor ou kwashiorkor marasmático)NOTASe o peso por estatura não po<strong>de</strong> ser avaliado, use os sinaisclínicos <strong>de</strong> acentuado <strong>em</strong>agrecimento.Crianças com < 60% do peso por ida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ternanismo nutricional, e não <strong>em</strong>agrecimento acentuado.Algumas crianças não necessitam <strong>de</strong> admissão hospitalar amenos que tenham uma doença grave. As crianças que sãoreferidas apenas na base do baixo peso por ida<strong>de</strong> <strong>de</strong>v<strong>em</strong>ser reavaliadas para ver se algum dos aspectoscaracterísticos chave <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição grave está presente.3.1.3. Exames laboratoriaisA clínica da criança é soberana <strong>em</strong> todos osmomentos do tratamento, inclusive nas situações <strong>de</strong>impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realização ou <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>interpretações <strong>de</strong> exames laboratoriais.On<strong>de</strong> os recursos o permitir<strong>em</strong>, exames laboratoriaispo<strong>de</strong>m ser feitos para ajudar no tratamento. Os examesque mais freqüent<strong>em</strong>ente são solicitados serão abordadosconjuntamente com o tratamento.3.1.4. Critérios <strong>de</strong> internaçãoDev<strong>em</strong> ser internadas <strong>em</strong> hospital, as crianças queapresentam uma ou mais das seguintes características::• Criança com Peso para a Ida<strong>de</strong> (P/I) menor que - 3DP oumenos <strong>de</strong> 70% da mediana dos valores <strong>de</strong> referência doNCHS , associado às seguintes complicações:a. Inapetência acentuada; e/oub. Diarréia e/ou vômitos; e/ouc. Qualquer infecção associada• Crianças com DEP grave (P/I < -3DP) que não po<strong>de</strong>mser referidas a tratamento ambulatorial, centros <strong>de</strong>recuperação nutricional e outros.4. TratamentoO tratamento po<strong>de</strong> ser didaticamente dividido <strong>em</strong> três fases:• Fase <strong>de</strong> Estabilização (1º ao 7º dia)• Fase <strong>de</strong> Reabilitação (2ª a 6ª s<strong>em</strong>ana)• Fase <strong>de</strong> Acompanhamento (7ª a 26ª s<strong>em</strong>ana)Quando a criança tiver completado a fase inicial dotratamento, não apresentar complicações, e estivercomendo e ganhando peso satisfatoriamente (geralmente2-3 s<strong>em</strong>anas após a admissão), ela po<strong>de</strong> usualmente sermanejada <strong>em</strong> um centro <strong>de</strong> reabilitação nutricional(CRN), s<strong>em</strong> ser <strong>em</strong> regime <strong>de</strong> internação. Um CRN é umhospital dia, centro <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ou instalação s<strong>em</strong>elhante,que presta cuidado diário através <strong>de</strong> equipe treinada <strong>em</strong>reabilitação <strong>de</strong> crianças <strong>de</strong>snutridas. A criança dorme <strong>em</strong>casa, é trazida ao centro a cada manhã e retorna à sua casaao final <strong>de</strong> cada dia. É necessário haver colaboração entreo hospital e o CRN para assegurar a continuida<strong>de</strong> docuidado da criança e facilitar o seu rápido retorno aohospital, caso surja algum probl<strong>em</strong>a grave. Em áreasurbanas, os CRNs <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser preferivelmente estabelecidosperto do hospital. Em áreas on<strong>de</strong> não há centrosespecializados, o hospital <strong>de</strong>ve continuar a acompanhar acriança até que ela esteja pronta para a alta do tratamento.O sucesso do tratamento <strong>em</strong> um serviço <strong>de</strong>ve seravaliado através da taxa <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong>, relacionandosea mesma com o tipo e o grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição naadmissão, a abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong> tratamento utilizada e <strong>em</strong> queperíodo do tratamento o óbito ocorreu. Esterelacionamento é importante para que se possa i<strong>de</strong>ntificar<strong>em</strong> que aspecto do tratamento estão ocorrendo probl<strong>em</strong>as.Consi<strong>de</strong>ra-se que uma taxa <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> > 20% éinaceitável, 10-20% é ruim, 5-10% é mo<strong>de</strong>rada, 1-4% éboa, e < 1% é excelente.27


4.1. Fase <strong>de</strong> Estabilização4.1.1. Diagnóstico, tratamento, monitorizaçãoe prevenção das seguintes condiçõesA. HIPOGLICEMIAFato: Todas as crianças grav<strong>em</strong>ente <strong>de</strong>snutridas estão <strong>em</strong>risco <strong>de</strong> hipoglic<strong>em</strong>ia (glicose sangüínea


B.2. TRATAMENTOAquecer a criança através <strong>de</strong> algumas das formas a seguir:• Técnica Canguru (colocar a criança sobre a pele <strong>de</strong>spidado tórax ou abdome da mãe(pele a pele) e cobrirambos.• Vestir b<strong>em</strong> a criança(inclusive a cabeça).• Cobrir com cobertor aquecido e colocar aquecedor oulâmpada próxima da criança (evite contato ouproximida<strong>de</strong> excessiva com a fonte <strong>de</strong> aquecimento.Não use bolsa <strong>de</strong> água quente sobre a pele da criança.Lâmpadas fluorescentes não são úteis para aquecimento.• Alimentar a criança imediatamente (se necessário,reidrate primeiro).• Trate as infecções associadas <strong>de</strong> forma apropriada.• Verifique e trate/previna hipoglic<strong>em</strong>ia.com <strong>de</strong>snutrição grave. Em muitos casos <strong>de</strong> choqueséptico, há uma história <strong>de</strong> diarréia e um grau <strong>de</strong><strong>de</strong>sidratação leve ou mo<strong>de</strong>rada, produzindo um quadroclínico misto.FATO 2Muitos dos sinais habitualmente usados para avaliar<strong>de</strong>sidratação não são confiáveis <strong>em</strong> uma criança com<strong>de</strong>snutrição grave, tornando difícil ou impossível <strong>de</strong>tectar<strong>de</strong>sidratação e sua gravida<strong>de</strong> <strong>de</strong> forma confiável. Além domais, muitos sinais <strong>de</strong> <strong>de</strong>sidratação também sãoencontrados no choque séptico. Assim, <strong>de</strong>sidratação ten<strong>de</strong>a ser hiperdiagnosticada e sua gravida<strong>de</strong> hiperestimada.C.1. DIAGNÓSTICOOs aspectos clínicos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sidratação e choque séptico nacriança grav<strong>em</strong>ente <strong>de</strong>snutrida são comparados na Tabela 2.B.3. MONITORIZAÇÃO• Meça a t<strong>em</strong>peratura axilar a cada 30 minutos, se estiverusando algum aquecedor ou lâmpada, uma vez que acriança po<strong>de</strong> se tornar hipertérmica rapidamente..• Assegure que a criança esteja coberta todo o t<strong>em</strong>po,particularmente a cabeça para reduzir a perda <strong>de</strong> calor.• Sinta a t<strong>em</strong>peratura da criança.B.4- PREVENÇÃO• Alimente a cada 2 horas, inclusive no período noturno.• Mantenha a criança coberta e coloque a sua cama <strong>em</strong>uma parte quente da enfermaria, livre <strong>de</strong> correntes <strong>de</strong> ar.• Mu<strong>de</strong> as fraldas, roupas e lençois molhados, paramanter as roupas e cobertas secas.• Evite exposição ao frio (ex: banho prolongado e exam<strong>em</strong>édico).• Deixe a criança dormir junto com sua mãe para receberaquecimento durante a noite.C. Distúrbios hidro-eletrolíticosFATO 1:É difícil diferenciar <strong>de</strong>sidratação e choque <strong>em</strong> uma criançaTABELA 2 - COMPARAÇÃO DE SINAIS CLÍNICOS DE DESIDRATAÇÃO EDE CHOQUE SÉPTICO NA CRIANÇA GRAVEMENTE DESNUTRIDASinais clínicosDesidrataçãoMo<strong>de</strong>radaDesidrataçãograveChoque sépticoDiarréia aquosa Sim Sim Sim ou não aSe<strong>de</strong> Bebe com avi<strong>de</strong>z b Bebe pouco Não aHipotermia Não Não Sim a ou nãoOlhos encovados Sim bc Sim bc Não aPulso radial fracoou ausenteNão b Sim SimMãos e pés frios Não b Sim SimFluxo <strong>de</strong> urina Sim Não NãoEstado mentalInquieta, Letárgica, Apática ouirritável b comatosa letárgica aHipoglic<strong>em</strong>ia Às vezes Às vezes Às vezesa Sinais que po<strong>de</strong>m ser úteis para o diagnóstico <strong>de</strong> choque sépticob Sinais que po<strong>de</strong>m ser úteis para diagnosticar <strong>de</strong>sidrataçãoc Se confirmado pela mãe como sendo recenteA presença das veias superficiais dilatadas, especialmente a jugular e asveias capilares, sugere o choque séptico. Existe dificulda<strong>de</strong> respiratória poraumento da congestão pulmonar levando a criança a tossir, g<strong>em</strong>er e a terdificulda<strong>de</strong> para respirar. Insuficiência intestinal (distensão abdominal,vômitos <strong>em</strong> borra <strong>de</strong> café), insuficiência renal, hepática e cardíaca sãosituações <strong>de</strong> catástrofe metabólica que costuma ocorrer na evolução dacriança <strong>de</strong>snutrida grave que não recebe tratamento a<strong>de</strong>quado a t<strong>em</strong>po.29


C.2. TRATAMENTO DA DESIDRATAÇÃOA. PRINCÍPIOS BÁSICOS E COMO DAR A REIDRATAÇÃO ORAL• A via oral é a preferencial. Usar a via IV apenas quandohá sinais <strong>de</strong>finitivos <strong>de</strong> choque. Infusão IV facilmentecausa hiperidratação e insuficiência cardíaca.• As crianças grav<strong>em</strong>ente <strong>de</strong>snutridas são <strong>de</strong>ficientes <strong>em</strong>potássio e têm nível <strong>de</strong> sódio corporal total alto e,portanto, a solução para reidratação oral <strong>de</strong>ve termenos sódio e mais potássio que a solução padrão(SRO) recomendada pela OMS (veja no anexo 2 acomposição e como preparar a ReSoMal recomendadapela OMS para <strong>de</strong>snutridos graves).• Magnésio, zinco e cobre também <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser dados paracorrigir a <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong>stes minerais.Quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ReSoMal a ser dada• Usualmente, uma quantida<strong>de</strong> entre 70 e 100ml <strong>de</strong>ReSoMal por Kg <strong>de</strong> peso é o bastante para restaurara hidratação normal.• Dê esta quantida<strong>de</strong> durante 12 horas, <strong>em</strong> velocida<strong>de</strong>mais lenta que para as crianças não grav<strong>em</strong>ente<strong>de</strong>snutridas.• Comece com 5ml/kg a cada 30 minutos duranteas primeiras 2 horas.• E então dê 5-10ml/kg/hora.• Reavalie a criança a cada hora, no mínimo.• A quantida<strong>de</strong> exata a ser dada <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>terminada apartir <strong>de</strong> a) quantida<strong>de</strong> que a criança bebe, b) quantida<strong>de</strong><strong>de</strong> perdas fecais existentes na ocasião, e c) <strong>de</strong> se a criançaestá vomitando e t<strong>em</strong> algum sinal <strong>de</strong> hiperidratação,especialmente sinais <strong>de</strong> insuficiência cardíaca.Como dar a reidratação oral• Para as crianças que po<strong>de</strong>m beber, dar a quantida<strong>de</strong>necessária <strong>em</strong> goles ou com colher a intervalos curtos,<strong>de</strong> alguns minutos.• Em situações <strong>de</strong> estomatite dolorosa ou dispnéia intensautilizar sonda naso-gástrica.A reidratação oral <strong>de</strong>ve ser suspensa se:• a frequência respiratória e <strong>de</strong> pulso aumentam• as veias jugulares se tornam ingurgitadas; ou• há um e<strong>de</strong>ma crescente (ex<strong>em</strong>plo: pálpebras inchadas).A reidratação está completa quando:• a criança não apresentar mais se<strong>de</strong>• apresentou diurese e quaisquer outros sinais <strong>de</strong><strong>de</strong>sidratação <strong>de</strong>saparecer<strong>em</strong>Fluidos dados para manter a hidratação <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser baseadosna vonta<strong>de</strong> da criança <strong>de</strong> beber e, se possível, na quantida<strong>de</strong><strong>de</strong> perdas fecais que ocorram. Como um guia, as criançasabaixo <strong>de</strong> 2 anos <strong>de</strong>v<strong>em</strong> receber 50-100ml (entre umquarto a meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> um copo gran<strong>de</strong>) <strong>de</strong> ReSoMal <strong>de</strong>pois<strong>de</strong> cada evacuação com fezes amolecidas, enquanto ascrianças mais velhas <strong>de</strong>v<strong>em</strong> receber 100-200ml. Continueeste tratamento até que a diarréia tenha parado.B. REIDRATAÇÃO VENOSAA principal indicação <strong>de</strong> infusão intravenosa <strong>em</strong> umacriança grav<strong>em</strong>ente <strong>de</strong>snutrida é colapso circulatóriocausado por <strong>de</strong>sidratação ou choque séptico.Use uma das soluções, <strong>em</strong> or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> preferência:• 0,45% (meta<strong>de</strong> normal) salina com glicose a 5% 2(soro glicosado fisiológico a 5% - 1:1)• solução <strong>de</strong> Ringer lactato com glicose a 5%Como proce<strong>de</strong>rÉ essencial ficar ao lado da criança e estar atento ao pulsoe à frequência respiratória a todo o t<strong>em</strong>po.• Dê 15ml/kg IV durante 1 hora e monitore a criançacuidadosamente para sinais <strong>de</strong> hiperidratação.• Reavalie a criança <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 1 hora.• Se a criança melhorar, a freqüência respiratória e pulsotiver<strong>em</strong> baixado mas, persistir<strong>em</strong> sinais <strong>de</strong> <strong>de</strong>sidrataçãorepita 15ml/kg durante 1 hora e então troque para areidratação oral com solução apropriada para criança<strong>de</strong>snutrida grave, oralmente ou por sonda NG (10ml/kgpor hora), por até 10 horas.30


• Se a criança não melhorar <strong>de</strong>pois do primeiro tratamentoIV e seu pulso radial ainda está ausente, então assumaque a criança t<strong>em</strong> choque séptico e trate a<strong>de</strong>quadamente.Alimente durante a reidratação• se a criança for amamentada, continue a amamentação.• a criança não amamentada, po<strong>de</strong> ser alimentada aofinal <strong>de</strong>ssa fase com F75 e caso recuse, comece ainfundir pequenos volumes por sonda naso-gástrica.C.3. DISTÚRBIOS ELETROLÍTICOS MAIS FREQÜENTESFATOTodas as crianças <strong>de</strong>snutridas têm <strong>de</strong>ficiências <strong>de</strong> potássioe magnésio que po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>morar 2 ou mais s<strong>em</strong>anas paraser<strong>em</strong> corrigidas. E<strong>de</strong>ma é parcialmente resultante <strong>de</strong>stas<strong>de</strong>ficiências. Excesso <strong>de</strong> sódio corporal existe <strong>em</strong>bora osódio plasmático possa ser baixo. A administração <strong>de</strong> altasquantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sódio po<strong>de</strong> levar a criança a óbito.• Dê potássio extra (2-4mmol/kg/dia).• Dê magnésio extra (0,3-0,6mmol/kg/dia).• Não trate e<strong>de</strong>ma com diurético.Como proce<strong>de</strong>r:• Potássio e o magnésio extra <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser adicionados àsrefeições durante a preparação. (Veja a solução <strong>de</strong>eletrólitos e minerais e como adicioná-la aos alimentos eReSoMal no Anexo 4).• Durante a reidratação, dê fluidos com baixo teor <strong>de</strong> sódio.• Prepare alimento s<strong>em</strong> adicionar sal.D. INFECÇÃO E CHOQUE SÉPTICOConforme visto na seção anterior, o colapso circulatório po<strong>de</strong>ocorrer na criança grav<strong>em</strong>ente <strong>de</strong>snutrida, <strong>em</strong> conseqüênciada <strong>de</strong>sidratação ou do choque séptico. Trata-se <strong>de</strong> umasituação <strong>de</strong> urgência e que i<strong>de</strong>almente <strong>de</strong>ve contar com apresença do médico. A avaliação das necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fluidos eeventualmente <strong>de</strong> drogas para o colapso circulatório, não <strong>de</strong>veser preconizada por indivíduos não <strong>de</strong>vidamente capacitados.D.1. INFECÇÃOA criança grav<strong>em</strong>ente <strong>de</strong>snutrida não costuma ter febre esinais inflamtórios como as eutróficas. Muitas vezes oprocesso infeccioso é suspeitado apenas porqueapresentam-se apáticas ou sonolentas. Dessa formapresume-se que todas as crianças grav<strong>em</strong>ente <strong>de</strong>snutridastenham infecção que freqüent<strong>em</strong>ente é sub-clínica. Issoaceito, significa que a antibioticoterapia <strong>de</strong>va ser instituídapara tratar esse quadro.Cada instituição <strong>de</strong>ve normatizar qual antimicrobiano<strong>de</strong>verá ser utilizado. Um l<strong>em</strong>brete ao médico que acolheessas crianças é o <strong>de</strong> não <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> recomendar avacinação rotineira assim que tiver<strong>em</strong> condições para tal.D.2. CHOQUE SÉPTICOToda as crianças grav<strong>em</strong>ente <strong>de</strong>snutridas com sinais <strong>de</strong>choque séptico <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser tratadas com urgência. Istoinclui especialmente crianças com os seguintes sinais:• sinais <strong>de</strong> <strong>de</strong>sidratação mas s<strong>em</strong> uma história <strong>de</strong> diarréiacom fezes aquosa• hipotermia ou hipoglic<strong>em</strong>ia• e<strong>de</strong>ma e sinais <strong>de</strong> <strong>de</strong>sidratação• hipotensão• alterações <strong>de</strong> ritmo cardíacoComo proce<strong>de</strong>r:• Dê antibioticoterapia <strong>de</strong> largo espectro.• Se possível encaminhe a criança para uma Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Cuidados Intensivos ou S<strong>em</strong>i-Intensivos• Mantenha a criança aquecida e faça a limpeza compano úmido ao invés <strong>de</strong> banhar inicialmente.• Comece a reidratação IV imediatamente• Dê soro fisiológico 10ml/kg ou , se não estiverdisponível, apenas Ringer lactato (15ml/kg IV durante1 hora). Pese a criança (ou estime o peso) para calcularo volume <strong>de</strong> fluido a ser dado.31


NOTAA OMS recomenda que a criança receba primeiro soluçãosalina ao meio, sendo 10ml <strong>de</strong> soro fisiológico por kgsendo dado quando a criança não evolui satisfatoriamente.• Observe e reavalie cuidadosamente a criança acada 5-10 minutos para <strong>de</strong>tectar sinais <strong>de</strong>hiperidratação e insuficiência cardíaca.Permaneça ao lado do paciente avaliando:• pulso e frequência respiratória: assim que o pulso radialse tornar mais forte e a criança recuperar a consciênciaintroduza a reidratação oral e a alimentação com F-75com o objetivo <strong>de</strong> retirá-la da hidratação venosa tãologo a sua condição permitir.• algum sinal sugestivo <strong>de</strong> insuficiência hepática (ex.:púrpura, icterícia, fígado aumentado e doloroso), dê umadose única <strong>de</strong> 1 mg <strong>de</strong> vitamina K1 por via intramuscular.Observar e fazer controle laboratorial para avaliar anecessida<strong>de</strong> subsequente <strong>de</strong> doses subsequentes.Hidratação• assim que mostrar melhora da <strong>de</strong>sidratação, inicieResomal <strong>em</strong> volumes <strong>de</strong> 10 ml/kg, durante as próximas7 a 10 horas. Cogite iniciar a alimentação com F 75.Instabilida<strong>de</strong> h<strong>em</strong>odinâmica• se após os primeiros 25 a 30 ml/kg <strong>de</strong> soluçãocristalói<strong>de</strong> IV a criança não apresentar melhoraconsi<strong>de</strong>rar papa <strong>de</strong> h<strong>em</strong>ácias ou solução colói<strong>de</strong>(plasma ou albumina - 20 ml/kg).• e reavaliar; alterações <strong>de</strong> coagulação (t<strong>em</strong>po <strong>de</strong>tromboplastina e/ou t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> protrombina alongados)po<strong>de</strong>m ser corrigidas com uso <strong>de</strong> plasma fresco - 10 ml/kg a cada 12 horas, por vários dias até normalizaçãodos parâmatros <strong>de</strong> coagulação.Insuficiência Cardíaca• distensão das jugulares, taquicardia, arritmias,<strong>de</strong>sconforto respiratório e hepatomegalia são sinaissugestivos <strong>de</strong> insuficiência cardíaca.• Pense: recebeu muito líquido (VO ou IV)?, t<strong>em</strong> an<strong>em</strong>iaimportante?, recebeu muito sódio?• Tratamento:• diminua a infusão <strong>de</strong> líquidos,• inicie furos<strong>em</strong>i<strong>de</strong> - 1 a 3 mg/kg,• não use digitálico até ter certeza que existe aumento<strong>de</strong> pressão venosa central e que os níveis <strong>de</strong> potássiosão normais, quando estritamente necessário usar5 microgramas/kg <strong>de</strong> peso <strong>de</strong> digoxina IV (ou oral) -dose única.NOTAO uso <strong>de</strong> drogas vasoativas é controvertido <strong>em</strong> <strong>de</strong>terminadassituações e <strong>de</strong>ve Ter seu uso criteriosamente avaliado.E. DEFICIÊNCIAS DE MICRONUTRIENTESFATO 1Todas as crianças grav<strong>em</strong>ente <strong>de</strong>snutridas têm <strong>de</strong>ficiência<strong>de</strong> vitaminas e minerais. Muitas crianças <strong>de</strong>snutridas são<strong>de</strong>ficientes <strong>em</strong> vitamina A e também <strong>em</strong> riboflavina, ácidoascórbico, piridoxina, tiamina e <strong>em</strong> vitaminas lipossolúveisD, E e K. O déficit <strong>de</strong> potássio, presente <strong>em</strong> todas ascrianças <strong>de</strong>snutridas, afeta <strong>de</strong> forma adversa a funçãocardíaca e o esvaziamento gástrico. Magnésio é essencialpara o potássio entrar nas células e ser retido. Todas asdietas <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser fortificadas com estas vitaminas atravésda adição da mistura <strong>de</strong> vitaminas e minerais.FATO 2Embora a <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> Ferro seja comum, na opinião <strong>de</strong>vários autores a adminstração <strong>de</strong> Ferro a partir do primeirodia <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong>ve ser evitada pois o Ferro po<strong>de</strong> piorara lesão tecidual já existente. Altos níveis <strong>de</strong> ferritina plasmática(um pró-oxidante) e baixa transferrina estão intimamenterelacionadas a mortalida<strong>de</strong> aumentada, indicando queexiste ferro disponível no plasma. A recomendação daOMS é que Ferro seja administrado apenas a partir domomento <strong>em</strong> que a criança começa a ter bom apetite e aganhar peso (geralmente na segunda s<strong>em</strong>ana <strong>de</strong> tratamento).32


Como proce<strong>de</strong>rDê diariamente (por um mínimo <strong>de</strong> 2 s<strong>em</strong>anas):• supl<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> multivitaminas (s<strong>em</strong> ferro)• ácido fólico (dê 5mg no Dia 1 e a partir daí 1mg/dia)• zinco (2mg /kg/d)• cobre (0,2mg Cobre/kg/dia)• quando começar a ganhar peso, sulfato ferroso(3mgFe/kg/d)• Vitamina A oralmente no dia 1 (crianças menores <strong>de</strong> 6meses: 50000UI; 6-12 meses: 100000UI; crianças maisvelhas: 200000 UI).Supl<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> Zinco e Potássio po<strong>de</strong>m ser combinadoscom potássio e magnésio para fazer uma solução <strong>de</strong>eletrólitos/minerais (Anexo 4) e adicionar a ReSoMale às refeições.E.1. DEFICIÊNCIA DE VITAMINA AFATOCrianças grav<strong>em</strong>ente <strong>de</strong>snutridas estão <strong>em</strong> alto risco <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolver cegueira <strong>de</strong>vida a <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> vitamina A.• Dê vitamina A rotineiramente a todas as crianças<strong>de</strong>snutridas graves no primeiro dia <strong>de</strong> internação, amenos que uma dose <strong>de</strong> vitamina A foi dada no mêsanterior. A dose é como se segue:TABELA 5 - TRATAMENTO DE DEFICIÊNCIA CLÍNICA DE VITAMINA A EM CRIANÇAST<strong>em</strong>poDosag<strong>em</strong>(a,b)Dia 1< 6 meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> 50 000UI6-12 meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> 100.000UI> 12 meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> 200. 000UIDia 2Dose específica para a ida<strong>de</strong>No mínimo 2 s<strong>em</strong>anas <strong>de</strong>pois Dose específica para a ida<strong>de</strong>a) Para administração oral, preferivelmente <strong>em</strong> umapreparação <strong>de</strong> base oleosa, exceto <strong>em</strong> crianças comanorexia grave, <strong>de</strong>snutrição e<strong>de</strong>matosa ou choqueséptico. Para estas dar a preparação aquosa via IM.b) Se há sinais clínicos <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> vitamina A(cegueira noturna, xerose conjuntival com mancha <strong>de</strong>Bitot, xerose corneana ou ulceração, ou queratomalácia),uma dose alta <strong>de</strong>ve ser dada nos primeiros 2 dias,seguida <strong>de</strong> uma terceira dose no mínimo 2 s<strong>em</strong>anas<strong>de</strong>pois. Examine os olhos, com cuidado para evitarrompimentos. Procure sinais <strong>de</strong> xeroftalmia, xerose eulceração da córnea, opacificação e queratomalácia.Se há inflamação ocular ou ulceração, proteja os olhoscom compressas úmidas <strong>em</strong> salina 0.9% e instile gotasoftálmicas <strong>de</strong> tetraciclina (1%) 4 vezes ao dia, até queos sinais <strong>de</strong> inflamação e ou ulceração <strong>de</strong>sapareçam.Gotas oftálmicas <strong>de</strong> atropina(1%) também <strong>de</strong>v<strong>em</strong> seraplicadas. O olho(s) lesado(s) <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser tamponados,pois se arranhado(s) com <strong>de</strong>do po<strong>de</strong> ocorrer rotura <strong>de</strong>uma córnea ulcerada.E.2. ANEMIA MUITO GRAVE• Hb é < 4g/dl• Ou HB entre 4 e 6g/dl e há dificulda<strong>de</strong> respiratória.Dê:• Papa <strong>de</strong> h<strong>em</strong>ácias 10ml/kg lentamente, durante 3 horas(Na <strong>de</strong>snutrição grave, a transfusão <strong>de</strong>ve ser mais lentae menor que para uma criança b<strong>em</strong> nutrida)• Furos<strong>em</strong>ida 1mg/kg IV no começo datransfusão.• Prefira papa <strong>de</strong> h<strong>em</strong>ácias ao invés <strong>de</strong> sanguetotal, uma vez que este provavelmentepiorará a condição cardíaca da criança.• Monitore o pulso e respiração a cada15 minutos durante a transfusão. Se um dosdois aumenta (respiração <strong>em</strong> 5/minuto e pulso<strong>em</strong> 25/minuto), transfunda mais lentamente.(Nota: se <strong>de</strong>pois da transfusão,a Hb ainda estiver baixa, não repitaa transfusão).33


NOTAOn<strong>de</strong> não for possível fazer teste para HIV e hepatite viral,transfusão só <strong>de</strong>verá ser dada quando a concentração <strong>de</strong>h<strong>em</strong>oglobina cair abaixo <strong>de</strong> 30g/l(ou h<strong>em</strong>atócrito abaixo<strong>de</strong> 10%), ou quando há sinais <strong>de</strong> insuficiência cardíacacom risco <strong>de</strong> vida.4.2. REALIMENTAÇÃO4.2.1. REALIMENTAÇÃO POR OCASIÃO DA ADMISSÃOFATONo momento da admissão para tratamento hospitalar,quase todas as crianças grav<strong>em</strong>ente <strong>de</strong>snutridas têminfecções, função hepática e intestinal impedidas, e<strong>de</strong>sequilíbrio <strong>de</strong> eletrólitos. Porisso elas são incapazes <strong>de</strong>tolerar as quantida<strong>de</strong>s dietéticas habituais <strong>de</strong> proteína,gordura e sódio e <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser inicialmente alimentadas comdieta na qual o conteúdo <strong>de</strong>stes nutrientes é baixo, e o <strong>de</strong>carboidratos é alto. A realimentação inicial a<strong>de</strong>quada é tãoimportante quanto qualquer outra medicação dada à criança.Os requerimentos nutricionais diários para as criançasgrav<strong>em</strong>ente <strong>de</strong>snutridas são apresentados no Anexo 5.Princípios básicos:• Começar a alimentar tão logo quanto possível após aadmissão,• Dar refeições que forneçam energia e proteínasuficientes para manter os processos fisiológicos básicos.Características essenciais da alimentação inicial são:• pequenas e frequentes refeições com baixaosmolarida<strong>de</strong> e baixo teor <strong>de</strong> lactose a cada 2, 3 ou4 horas, dia e noite.• refeições preferencialmente por via oral ou por sondanasogástrica (Não se recomenda a alimentação IV paraa <strong>de</strong>snutrição primária. Esta só <strong>de</strong>ve ser usada <strong>em</strong> casosexcepcionais, sob critério médico).• 100kcal/kg/dia (mínimo aceitável 80kcal/kg/dia).• 1-1.5g proteína/kg/dia.• 130ml/kg/d <strong>de</strong> líquido(100ml/kg/dia se a criança t<strong>em</strong>e<strong>de</strong>ma grave).Fórmulas lácteas utilizadas:• preparações lácteas tais como a inicial F-75 contendo75kcal/100ml e 0.9g <strong>de</strong> proteína/100ml, serão satisfatóriaspara a maioria das crianças (veja Apêndice para asreceitas). F-75 preparada com uma substituição parcial doaçúcar com farinha <strong>de</strong> cereal t<strong>em</strong> a vantag<strong>em</strong> <strong>de</strong> baixar aosmolarida<strong>de</strong>, o que po<strong>de</strong> beneficiar algumas criançascom diarréia persistente, mas necessita cozimento.• fórmulas infantis com teor reduzido ou isentas <strong>de</strong>lactose po<strong>de</strong>m ser utilizadas.Como proce<strong>de</strong>r:• Dê <strong>de</strong> copo ou <strong>de</strong> um prato fundo. Crianças muitofracas po<strong>de</strong>m ser alimentadas <strong>de</strong> colher, contagotas ouseringa. Evite ao máximo o uso <strong>de</strong> mama<strong>de</strong>iras.Coloque a criança no colo da mãe ou da pessoa que aalimenta.• Mantenha o volume <strong>de</strong> F-75 <strong>em</strong> 130ml/kg/dia.• Inicie com refeições a cada 2 horas e gradativamentereduza a freqüência e aumente o volume por mamadaaté que atinja a freqüência <strong>de</strong> 4 <strong>em</strong> 4 horas (6 refeiçõespor dia).• Assegure que a criança receba no mínimo 80kcal/kg/diae no máximo 100kcal/kg/dia. Se a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> caloriasingerida for inferior a 80 kcal/kg/dia, o catabolismo tissularcontinua e o estado da criança se <strong>de</strong>teriorará. Se superior a100 kcal/kg/dia nesta fase <strong>de</strong> estabilização, a criança po<strong>de</strong><strong>de</strong>senvolver sério <strong>de</strong>sequilíbrio metabólico <strong>de</strong>vido á suafragilida<strong>de</strong> metabólica neste período).• Encoraje a criança a comer toda a refeição.• Se ocorrer<strong>em</strong> vômitos, reduza a quantida<strong>de</strong> dada<strong>em</strong> cada refeição e o intervalo entre as refeições.• Se a ingestão (<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontar para vômitos)não atingir 80kcal/kg/dia a <strong>de</strong>speito das refeiçõesfrequentes, insista gentilmente e reofereça.Dê o restante por sonda nasogástrica. Não exceda100kcal/kg/dia nesta fase inicial. As sondas, sepossível, <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser <strong>de</strong> calibre o mais reduzido possível(< 6) e <strong>de</strong> material maleável (silicone ou poliuretano)reduzindo, <strong>de</strong>sta forma, a ocorrência <strong>de</strong> complicações34


mecânicas. A criança <strong>de</strong>ve ser mantida <strong>em</strong> <strong>de</strong>cúbitoelevado durante a infusão da dieta e o posicionamentoda sonda frequent<strong>em</strong>ente monitorizado.A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> F-75 a ser dada para atingir as metasnutricionais propostas para a fase <strong>de</strong> estabilização po<strong>de</strong>mser vistas no anexo 5.NOTA 1Se o staff é limitado e for impossível ampliá-lo, priorizerefeições <strong>de</strong> 2 <strong>em</strong> 2 horas para as crianças mais graves, etenha como meta alimentar pelo menos <strong>de</strong> 3 <strong>em</strong> 3 horasinicialmente. Busque ajuda das mães ou <strong>de</strong> outras pessoasque cuidam das crianças. As refeições noturnas sãoessenciais e os esqu<strong>em</strong>as <strong>de</strong> trabalho do staff po<strong>de</strong>mnecessitar <strong>de</strong> ajuste. Se, a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> todos os esforços,n<strong>em</strong> todas as refeições noturnas po<strong>de</strong>m ser dadas, asrefeições <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser igualmente espaçadas durante a noite,para evitar longos períodos s<strong>em</strong> refeição (o que resulta <strong>em</strong>aumento da mortalida<strong>de</strong> Uma forma confiável <strong>de</strong> medir ovolume da refeição rapidamente e <strong>de</strong> forma acurada <strong>de</strong>veestar disponível na enfermaria.NOTA 2Se a criança precisar ser alimentada por sonda isto <strong>de</strong>veser feito <strong>de</strong> forma cuidadosa e por profissional experienteno uso <strong>de</strong> sonda. A alimentação <strong>de</strong>verá ser s<strong>em</strong>preoferecida primeiro por via oral. A sonda <strong>de</strong>ve ser retiradaquando a criança aceita 3/4 do total da dieta diáriaoralmente, ou que aceitar pela boca o volume total darefeição <strong>em</strong> 2 refeições consecutivas. Observarrigorosamente a aceitação da criança nas 24 horassubsequentes á retirada da sonda. Se a ingesta nestaspróximas 24 horas não atingir o mínimo <strong>de</strong> 80kcal/kg/dia,reintroduzir a sonda.MonitoramentoMonitorize e registre:• quantida<strong>de</strong>s oferecidas e restosDurante a fase inicial, a diarréia <strong>de</strong>ve diminuir gradualmentee as crianças e<strong>de</strong>matosas <strong>de</strong>v<strong>em</strong> per<strong>de</strong>r peso à proporção queo e<strong>de</strong>ma <strong>de</strong>saparece. Para a orientação sobre o que fazer sea diarréia continua inalterada ou piora substancialmente,veja a seção adiante sobre “Intolerância ao leite”.Para uma criança com bom apetite e s<strong>em</strong> e<strong>de</strong>ma,a fase <strong>de</strong> estabilização, se feita cuidadosamente,po<strong>de</strong> ser completada <strong>em</strong> 2 a 3 dias s<strong>em</strong> probl<strong>em</strong>a.Isto inclui ter uma forma confiável e acurada <strong>de</strong>medir as quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> alimentos ingeridos pelacriança na enfermaria.4.2.2. FASE DE REABILITAÇÃOProcedimentoNesta fase a alimentação visa propiciar a volta docrescimento rápido da criança. Faça uma transição gradualda fórmula inicial para a fórmula <strong>de</strong> crescimento rápido.• substitua a F-75 com a mesma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> F-100(para crescimento rápido) durante 48 horas. Po<strong>de</strong>rão serutilizadas fórmulas infantis com conteúdo <strong>de</strong> lactoseinferior a 4%.• Dê uma fórmula láctea tal como a fórmula paracrescimento rápido F-100, contendo 100kcal e 2.9g <strong>de</strong>proteína/100ml (veja Anexo 4 e 5). Mingausmodificados ou alimentos compl<strong>em</strong>entares modificadospo<strong>de</strong>m ser usados <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que forneçam quantida<strong>de</strong>scomparáveis <strong>de</strong> energia e concentrações <strong>de</strong> proteína.• Então aumente cada refeição sucessiva <strong>em</strong> 10ml até quea criança <strong>de</strong>ixe resto.O ponto <strong>em</strong> que a criança <strong>de</strong>ixa resto é provável <strong>de</strong>ocorrer quando a ingesta atinge 200ml/kg/dia.Depois da transição gradual dê:• refeições frequentes e <strong>de</strong> acordo com a aceitação(quantida<strong>de</strong>s não limitadas)• 150-220kcal/kg/dia• 4-6g <strong>de</strong> proteína/kg/dia• vômitos• frequência e consistência das evacuações• peso corporal diário <strong>em</strong> gráfico <strong>de</strong> peso35


Se a criança é amamentada, encoraje a continuar.Entretanto, o leite materno não t<strong>em</strong> energia e proteínasuficiente para prover o crescimento rápido <strong>de</strong> que acriança severamente <strong>de</strong>snutrida precisa. Então, se fornecessário para assegurar a ingestão <strong>de</strong> nutrientes, dêF-100 primeiro <strong>em</strong> cada refeição).Se a criança t<strong>em</strong> mais <strong>de</strong> 24 meses po<strong>de</strong>m ser dadosalimentos comumente utilizados para a alimentação dafamília, garantindo-se o conteúdo nutricional. Dar F-100entre as refeições <strong>de</strong> outros alimentos para evitar aredução da absorção <strong>de</strong> minerais contidos na F-100.Monitoramento:• Evite causar insuficiência cardíacaÉ improvável que ocorra insuficência cardíaca se atransição gradual <strong>de</strong>scrita acima for seguida. Entretanto,por precaução, monitorizar para <strong>de</strong>tectar sinais precoces<strong>de</strong> insuficiência cardíaca (pulso e respiração rápidos).Se ambos, o pulso e a frequência respiratória aumentam(respiração <strong>em</strong> 5 respirações por minuto e pulso <strong>em</strong> 25batimentos por minuto), e este aumento se mant<strong>em</strong> <strong>em</strong> 2tomadas sucessivas feitas com intervalo <strong>de</strong> 4 horas então:• reduza o volume dado para 100ml/kg/24 horas• lentamente aumente como se segue:• 115ml/kg/dia durante as próximas 24 horas• 130ml/kg/dia pelas próximas 48 horas e então,• aumente cada refeição <strong>em</strong> 10ml, como <strong>de</strong>scrito acimaAvalie o progresso:Depois da transição, o progresso é avaliado através da taxa<strong>de</strong> ganho pon<strong>de</strong>ral.• pese a criança a cada manhã, antes <strong>de</strong> que sejaalimentada. Registre o peso no gráfico.• a cada s<strong>em</strong>ana calcule e registre o ganho <strong>de</strong> peso <strong>em</strong>g/kg/dia (veja como calcular no Anexo 6).Se o ganho <strong>de</strong> peso é:• insuficiente (


Registro da ingestão alimentarO tipo <strong>de</strong> refeição dada, as quantida<strong>de</strong>s oferecidas eingeridas, e a data e o horário <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser acuradamenteregistrados <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> cada refeição. Se a criança vomitar,a quantida<strong>de</strong> perdida <strong>de</strong>ve ser estimada <strong>em</strong> relação aotamanho da refeição (ex.: a refeição toda, meta<strong>de</strong> darefeição), e <strong>de</strong>duzida da ingestão total. Uma vez por dia,a ingestão <strong>de</strong> energia nas últimas 24 horas <strong>de</strong>ve ser<strong>de</strong>terminada e comparada com o peso da criança. Se aingestão diária é menos que 80kcals/kg, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>refeição oferecida <strong>de</strong>ve ser aumentada. Se mais <strong>de</strong> 100kcals/kg foram dadas, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> refeição oferecida<strong>de</strong>ve ser reduzida.4.3. FASE DE ACOMPANHAMENTO4.3.1. ESTIMULAÇÃO ESSENCIAL, RECREAÇÃO, CUIDADO AFETIVO,E REFORÇAR O VÍNCULO MÃE CRIANÇANa <strong>de</strong>snutrição grave há um retardo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentomental e comportamental. Portanto, assegure:• cuidado <strong>de</strong>licado e amoroso• um ambiente alegre e estimulante• terapia recreativa estruturada, durante 15-30 minutos/dia• ativida<strong>de</strong> física, assim que a criança estejasuficient<strong>em</strong>ente b<strong>em</strong> para isto• envolvimento materno, quando possível (ex: confortar,alimentar, dar banho, brincar)• ensine a mãe a como fazer estimulação essencial4.3.2. PREPARAÇÃO PARA A ALTAUma criança que t<strong>em</strong> 85% - 90% do peso para estatura(altura ou comprimento) equivalente a - 1DP, po<strong>de</strong> serconsi<strong>de</strong>rada como recuperada. A criança provavelmenteainda t<strong>em</strong> um baixo peso para a ida<strong>de</strong> por causa do nanismo.Boas práticas <strong>de</strong> alimentação e estimulação psicológica<strong>de</strong>ve ser continuadas <strong>em</strong> casa. Mostre aos pais ou a qu<strong>em</strong>cuida da criança:• como alimentar frequent<strong>em</strong>ente e com alimentos<strong>de</strong>nsos <strong>em</strong> energia e nutrientes• como fazer terapia recreativa estruturada/estimulaçãoessencialPeça aos pais para trazer a criança regularmente para asconsultas <strong>de</strong> acompanhamento (s<strong>em</strong>anas 1, 2 e 4 e entãomensalmente por 6 meses, e assegure que a criança recebe:• imunizações sist<strong>em</strong>aticamente• vitamina A a cada 6 mesesToda tentavia <strong>de</strong>ve ser feita para o manejo da criançaaté a recuperação e evitar recaída e morte <strong>de</strong>pois daalta. On<strong>de</strong> for possível encaminhe para centros ouunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> reabilitação nutricional.5. Seguimento5.1. QUANDO DA ALTA HOSPITALARÉ importante que você e os pais tenham aprendido a dara<strong>de</strong>quado cuidado no domicílio e que eles estejamconfiantes <strong>em</strong> como alimentar sua criança <strong>em</strong> casa.Oriente as mães sobre como preparar as refeições e digaque é necessário alimentar a criança no mínimo 5 vezespor dia com alimentos que contêm aproximadamente100kcal e 2-3 g <strong>de</strong> proteína por 100g <strong>de</strong> alimento. Umaabordag<strong>em</strong> prática <strong>de</strong>ve ser adotada, usando-se simplesmodificações dos alimentos usuais da casa. Os supl<strong>em</strong>entos<strong>de</strong> vitamina, ferro e eletrólitos/minerais <strong>de</strong>v<strong>em</strong> sercontinuados <strong>em</strong> casa.Faça um plano <strong>de</strong> acompanhamento até que a criançaesteja completamente recuperada. Isto po<strong>de</strong> ser feito nohospital, <strong>em</strong> uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reabilitação nutricional, nocentro <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> local ou <strong>em</strong> casa por um trabalhador <strong>de</strong>saú<strong>de</strong> treinado, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo das circunstâncias locais edisponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços. É importante que um <strong>de</strong>stesserviços tome a responsabilida<strong>de</strong> para assegurar oacompanhamento da criança.Escreva um resumo <strong>de</strong> alta dirigido ao trabalhador <strong>de</strong>saú<strong>de</strong> que vai acompanhar a criança, contendo informaçãoessencial sobre o tratamento do paciente no hospital, sobrea continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> qualquer tratamento, o peso da criançapor ocasião da alta, as recomendações nutricionais e asações que se espera que sejam tomadas pelo trabalhador<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Geralmente a criança <strong>de</strong>ve ser pesadas<strong>em</strong>analmente <strong>de</strong>pois da alta .Se a criança não ganha ouper<strong>de</strong> peso durante um período <strong>de</strong> 2 s<strong>em</strong>anas, ela <strong>de</strong>verá37


ser referida <strong>de</strong> volta ao hospital para reavaliação. Se acriança evolui b<strong>em</strong> o comparecimento po<strong>de</strong> serprogressivamente espaçado por 1 vez a cada 15 diasdurante 3 meses, mensalmente durante 3 meses, a cada 2meses por 6 meses e <strong>de</strong>pois s<strong>em</strong>estralmente, até que acriança complete 3 anos.5.2. QUANDO DA ALTA PRECOCEUma criança po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada como recuperada epronta para alta quando atinge 85-90% do peso para aaltura (90% é equivalente a - 1DP). Alguns hospitais nãotêm recursos para cuidar <strong>de</strong> todas as crianças grav<strong>em</strong>ente<strong>de</strong>snutridas até que elas estejam completamenterecuperadas. Em alguns casos, os pais insist<strong>em</strong> para que assuas crianças tenham alta precoc<strong>em</strong>ente, <strong>de</strong>vido acompromissos familiares.Para algumas crianças, a alta precoce po<strong>de</strong> ser planejada(e reduzirá o risco <strong>de</strong> infecção hospitalar) se supervisãoalternativa confiável e efetiva estiver disponível. Ascrianças que ainda não estão completamente recuperadas,têm um risco consi<strong>de</strong>ravelmente alto <strong>de</strong> recaída e morte.Se for preciso consi<strong>de</strong>rar dar alta para a criança antes darecuperação completa, faça uma cuidadosa avaliação dacriança e do provável suporte comunitário disponível(agentes <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>). Veja <strong>de</strong>talhes sobre isto <strong>em</strong> outrapauta do Departamento <strong>de</strong> Nutrição da SBP para atençãoà criança <strong>de</strong>snutrida no ambulatório e na comunida<strong>de</strong>.• <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> 72 horas: verifique se a realimentação foifeita com um volume muito alto/refeição ou se com aformulação incorreta.• à noite: consi<strong>de</strong>re hipotermia <strong>de</strong>vido a aquecimentoinsuficiente ou ausência <strong>de</strong> refeições noturnas.• quando começa a recuperar com F-100: consi<strong>de</strong>retransição <strong>de</strong>masiadamente rápida.b. Baixo ganho pon<strong>de</strong>ral durante a fase <strong>de</strong> reabilitaçãoCalcule o ganho pon<strong>de</strong>ral das crianças e calssifique-o <strong>em</strong>:• Deficiente 5%, <strong>de</strong>termine se a maioria dasmortes ocorre:• <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> 24 horas: consi<strong>de</strong>re o não tratamento ouretardo no tratamento <strong>de</strong> hipoglic<strong>em</strong>ia, hipotermia,septic<strong>em</strong>ia, an<strong>em</strong>ia severa ou líquido ou volume <strong>de</strong>reidratação incorretos.• se as refeições noturnas estão sendo dadas• se as metas <strong>de</strong> ingesta <strong>de</strong> energia e proteína estãosendo atingidas. A ingestão real (oferecido - restos) estásendo corretamente registrada? A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>refeição é recalculada à proporção que a criança ganhapeso? A criança está vomitando ou ruminando?• a técnica <strong>de</strong> alimentação. A criança está sendoalimentada frequent<strong>em</strong>ente, quantida<strong>de</strong>s ilimitadas (<strong>de</strong>acordo com o que aceita)• qualida<strong>de</strong> do cuidado. O staff é motivado/gentil/amoroso/ paciente?38


• todos os aspectos da preparação dos alimentos: balanças,medidas <strong>de</strong> ingredientes, mistura, sabor, higiene <strong>de</strong>estocag<strong>em</strong>, mistura a<strong>de</strong>quada na ocasião da separação.• se estão sendo dados alimentos compl<strong>em</strong>entarescom F-100, verifique se eles são a<strong>de</strong>quadament<strong>em</strong>odificados para prover mais <strong>de</strong> 100kcal/100g.• a<strong>de</strong>quação da composição da multivitamina/vida média<strong>em</strong> prateleira.• preparação <strong>de</strong> mistura <strong>de</strong> minerais e se corretamenteprescrita e administrada. Se <strong>em</strong> região <strong>de</strong> bócio,verifique se KI está adicionado à mistura <strong>de</strong> eletrólitose minerais (12mg/2500ml). Ou dê a todas as criançasgotas <strong>de</strong> lugol iodine (5-10 gotas/dia)• que se alimentos compl<strong>em</strong>entares estão substituindoconsi<strong>de</strong>ravelmente a formulação <strong>de</strong> crescimento rápidoF-100, a solução <strong>de</strong> eletrólitos/minerais é adicionada aoalimento compl<strong>em</strong>entar(20 ml/dia).Infecção não tratadaSe a alimentação é a<strong>de</strong>quada e não há malabsorção,suspeite <strong>de</strong> infecção escondida. As seguintes infecçõespo<strong>de</strong>m passa <strong>de</strong>sapercebidas: infecções do trato urinário,otite média, tuberculose e giardíase.• reexamine cuidadosamente• repita o exame <strong>de</strong> urina tipo I e urocultura• examine as fezes (parasitológico)• se possível faça RXSó mu<strong>de</strong> o esqu<strong>em</strong>a <strong>de</strong> antibiótico se uma infecçãoespecífica for i<strong>de</strong>ntificada.HIV/AIDSÉ possível uma boa recuperação da <strong>de</strong>snutrição <strong>em</strong>pacientes com HIV/<strong>em</strong>bora possa <strong>de</strong>morar mais e falhas<strong>de</strong> tratamento ocorram mais comumente. A intolerânciaà lactose é comum <strong>em</strong> diarréia crônica severa associadaa HIV. O tratamento da <strong>de</strong>snutrição <strong>em</strong> HIV/AIDS <strong>de</strong>ve sero mesmo para as crianças HIV negativo.Probl<strong>em</strong>as psicológicosVerifique se há comportamento anormal tal com movimentosestereotipados (rolando sobre si mesmo), ruminação (autoestimulaçãoatravés <strong>de</strong> regurgitação) e busca <strong>de</strong> atenção.Trate as crianças dando carinho especial e atenção. Para aruminação, firmeza e atenção po<strong>de</strong>m ajudar.39


Anexo 1Base fisiológica para o tratamento da <strong>de</strong>snutrição graveEfeitosTratamentoSist<strong>em</strong>a cardiovascularDébito cardíaco e volume circulatório reduzidoInfusão <strong>de</strong> salina po<strong>de</strong> causar aumento da pressão venosaQualquer aumento no volume sangüíneo po<strong>de</strong> facilmenteproduzir insuficiência cardíaca aguda: qualquer reduçãoposterior comprometerá mais ainda a perfusão tissularPressão sangüínea é baixaPerfusão renal e t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> circulação estão reduzidosVolume plasmático é usualmente normal e o h<strong>em</strong>atócritoé baixoSe a criança parece <strong>de</strong>sidratada, dê ReSoMal ou a dietaF-75(veja seção 4.4 do texto principal); não dê líquidointra-venoso a menos que a criança esteja <strong>em</strong> choqueRestrinja transfusão <strong>de</strong> sangue para 10ml/kg e dêdiuréticoFígadoSíntese <strong>de</strong> todas as proteínas está reduzidaMetabólitos anormais <strong>de</strong> amino-ácidos são produzidosA capacida<strong>de</strong> do fígado para retirar, metabolizar eexcretar toxinas está severamente reduzidaA produção <strong>de</strong> energia a partir <strong>de</strong> substratos tais comogalactose e frutose é muito mais lenta que o normalA gliconeogênese está reduzida o que aumenta o risco<strong>de</strong> hipoglic<strong>em</strong>ia durante infecçãoA secreção <strong>de</strong> bile está reduzidaNão dê refeições gran<strong>de</strong>s à criançaAssegure que a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> proteína dada não exce<strong>de</strong>a capacida<strong>de</strong> metabólica do fígado, mas é suficiente paragarantir a síntese <strong>de</strong> proteínas (1-2g/kg/dia)Reduza a dose das drogas que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> excreçãohepática ou são hepatotóxicasAssegure que carboidrato suficiente é dado para evitar anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gliconeogêneseNão dê supl<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> ferro, que po<strong>de</strong> ser perigosoporque os níveis <strong>de</strong> transferrina estão reduzidosSist<strong>em</strong>a gênito-urinárioA filtração glomerular está reduzidaA capacida<strong>de</strong> do rim <strong>de</strong> excretar excesso <strong>de</strong> ácido ousobrecarga <strong>de</strong> água está reduzidaA excreção <strong>de</strong> fosfato urinário é baixaA excreção <strong>de</strong> sódio é reduzidaInfecção do trato urinário é comumPrevina catabolismo tratando as infecções e dando umaquantida<strong>de</strong> a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> energia (80-100kcal ou 336-420kJ/kg/dia)Não dê à criança mais proteína que o necessário paramanter os tecidosAsegure que seja dada proteína <strong>de</strong> alta qualida<strong>de</strong>, comanimo ácido balanceados e com aminoacidos equilibradosEvite nutrientes que dão sobrecarga ácida tais comocloreto <strong>de</strong> magnésioRestrinja o sódio da dieta (veja Apêndice 5) Assegure quea ingesta <strong>de</strong> água é suficiente mas não excessiva40


EfeitosTratamentoSist<strong>em</strong>a gastrointestinalProdução <strong>de</strong> ácido gástrico reduzidaMotilida<strong>de</strong> intestinal reduzidaPâncreas está atrofiado e a secreção <strong>de</strong> enzimas digestivasestá reduzida A mucosa do pequeno intestino estáatrofiada, a secreção <strong>de</strong> enzimas digestivos está reduzidoAbsorção <strong>de</strong> nutrientes reduzida quando são ingeridasgran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> alimentoDê à criança refeições pequenas e freqüentesSe a absorção é <strong>de</strong>ficiente, aumente a freqüência e reduzao volume das refeiçõesSe há na absorção <strong>de</strong> gorduras o tratamento com enzimaspancreáticas po<strong>de</strong> ser útilSist<strong>em</strong>a imuneTodos os aspectos da imunida<strong>de</strong> estão diminuídosGlândulas linfáticas, amígdalas e timo estão atrofiadosA imunida<strong>de</strong> mediada por células T está severamente<strong>de</strong>primidaOs componentes do compl<strong>em</strong>ento estão baixosOs fagócitos não matam eficient<strong>em</strong>ente as bactériasingeridasLesão tissular não resulta <strong>em</strong> inflamação ou migração <strong>de</strong>células brancas para a área afetadaA fase aguda da resposta imune está diminuídaSinais típicos <strong>de</strong> infecção, tais como aumento dacontag<strong>em</strong> <strong>de</strong> células brancas e febre estãofreqüent<strong>em</strong>ente ausentesHipoglic<strong>em</strong>ia e hipotermia são ambos sinais <strong>de</strong> infecçãosevera e usualmente estão associadas com choque sépticoTrate todas as crianças com antibiótico <strong>de</strong> largo espectroDevido ao risco <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> infecção assegure queas crianças recém-admitidas sejam mantidas isoladas <strong>de</strong>crianças que estão recuperando <strong>de</strong> infecçãoSist<strong>em</strong>a endócrinoNíveis <strong>de</strong> insulina estão reduzidos e a criança t<strong>em</strong>intolerância à glicoseNíveis <strong>de</strong> fator 1 <strong>de</strong> crescimento insulina(IGF 1) estãoreduzidos <strong>em</strong>bora o hormônio <strong>de</strong> crescimento estejaaumentadoNíveis <strong>de</strong> cortisol geralmente aumentadosDê á criança refeições pequenas e freqüentesNão dê esteroi<strong>de</strong>s41


EfeitosTratamentoPele, músculos e glândulas Função celularSist<strong>em</strong>a circulatórioA taxa <strong>de</strong> metabolismo basal está reduzida <strong>em</strong> cerca <strong>de</strong> 30%O gasto <strong>de</strong> energia <strong>de</strong>vido a ativida<strong>de</strong> é muito baixoTanto a geração <strong>de</strong> calor como a perda <strong>de</strong> calor estãoimpedidas, a criança se torna hipotérmica <strong>em</strong> ambientefrio e hipertérmica <strong>em</strong> ambiente quenteA ativida<strong>de</strong> da bomba <strong>de</strong> sódio está reduzida e asm<strong>em</strong>branas estão mais permeáveis que o normal, o queleva a um aumento do sódio intracelular e uma reduçãono potássio intracelular e magnésioA síntese <strong>de</strong> proteína está reduzidaA pele e a gordura subcutânea estão atrofiadas, o queleva a pregas frouxas da peleMuitos sinais <strong>de</strong> <strong>de</strong>sidratação não são confiáveis; olhospo<strong>de</strong>m ser encovados <strong>de</strong>vido a perda <strong>de</strong> gordurasubcutânea na órbitaMuitas glândulas, incluindo as sudoríparas, lacrimais eglândulas salivares estão atrofiadas; a criança t<strong>em</strong> securada boca e olhos e a produção <strong>de</strong> suor é reduzidaOs músculos respiratórios são facilmente fatigados; faltaenergia à criançaMantenha a criança aquecida para prevenir hipotermia;seque a criança rápida e a<strong>de</strong>quadamente após lavar ecubra com roupas e cobertores, assegure que as janelasestejam fechadas á noite e mantenha a t<strong>em</strong>peratura doambiente a 25-30º C.Se a criança t<strong>em</strong> febre, esfrie a criança passando umaesponja com água tépida (não fria) (nunca passe álcool)Dê doses gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong> potássio e magnésio para todas ascrianças(veja Apêndice 5)Restrinja a ingesta <strong>de</strong> sódio(veja Apêndice 5)Reidrate a criança com ReSoMal ou dieta F-75 (veja seção4.4 do texto principal)42


Anexo 2Valores <strong>de</strong> referência normalizados do NCHS/OMS para peso para altura e peso para comprimentoMeninos (peso <strong>em</strong> kg)ComprimentoMeninas (peso <strong>em</strong> kg)-4 DP -3 DP -2DP -1DP Mediana ª (cm) Mediana -1DP -2DP -3DP -4DP1.8 2.1 2.5 2.8 3.1 49 3.3 2.9 2.6 2.2 1.81.8 2.2 2.5 2.9 3.3 50 3.4 3.0 2.6 2.3 1.91.8 2.2 2.6 3.1 3.5 51 3.5 3.1 2.7 2.3 1.91.9 2.3 2.8 3.2 3.7 52 3.7 3.3 2.8 2.4 2.01.9 2.4 2.9 3.4 3.9 53 3.9 3.4 3.0 2.5 2.12.0 2.6 3.1 3.6 4.1 54 4.1 3.6 3.1 2.7 2.22.2 2.7 3.3 3.8 4.3 55 4.3 3.8 3.3 2.8 2.32.3 2.9 3.5 4.0 4.6 56 4.5 4.0 3.5 3.0 2.42.5 3.1 3.7 4.3 4.8 57 4.8 4.2 3.7 3.1 2.62.7 3.3 3.9 4.5 5.1 58 5.0 4.4 3.9 3.3 2.72.9 3.5 4.1 4.8 5.4 59 5.3 4.7 4.1 3.5 2.93.1 3.7 4.4 5.0 5.7 60 5.5 4.9 4.3 3.7 3.13.3 4.0 4.6 5.3 5.9 61 5.8 5.2 4.6 3.9 3.33.5 4.2 4.9 5.6 6.2 62 6.1 5.4 4.8 4.1 3.53.8 4.5 5.2 5.8 6.5 63 6.4 5.7 5.0 4.4 3.74.0 4.7 5.4 6.1 6.8 64 6.7 6.0 5.3 4.6 3.94.3 5.0 5.7 6.4 7.1 65 7.0 6.3 5.5 4.8 4.14.5 5.3 6.0 6.7 7.4 66 7.3 6.5 5.8 5.1 4.34.8 5.5 6.2 7.0 7.7 67 7.5 6.8 6.0 5.3 4.55.1 5.8 6.5 7.3 8.0 68 7.8 7.1 6.3 5.5 4.85.3 6.0 6.8 7.5 8.3 69 8.1 7.3 6.5 5.8 5.05.5 6.3 7.0 7.8 8.5 70 8.4 7.6 6.8 6.0 5.25.8 6.5 7.3 8.1 8.8 71 8.6 7.8 7.0 6.2 5.46.0 6.8 7.5 8.3 9.1 72 8.9 8.1 7.2 6.4 5.66.2 7.0 7.8 8.6 9.3 73 9.1 8.3 7.5 6.6 5.86.4 7.2 8.0 8.8 9.6 74 9.4 8.5 7.7 6.8 6.06.6 7.4 8.2 9.0 9.8 75 9.6 8.7 7.9 7.0 6.26.8 7.6 8.4 9.2 10.0 76 9.8 8.9 8.1 7.2 6.47.0 7.8 8.6 9.4 10.3 77 10.0 9.1 8.3 7.4 6.67.1 8.0 8.8 9.7 10.5 78 10.2 9.3 8.5 7.6 6.77.3 8.2 9.0 9.9 10.7 79 10.4 9.5 8.7 7.8 6.97.5 8.3 9.2 10.1 10.9 80 10.6 9.7 8.8 8.0 7.17.6 8.5 9.4 10.2 11.1 81 10.8 9.9 9.0 8.1 7.27.8 8.7 9.6 10.4 11.3 82 11.0 10.1 9.2 8.3 7.47.9 8.8 9.7 10.6 11.5 83 11.2 10.3 9.4 8.5 7.68.1 9.0 9.9 10.8 11.7 84 11.4 10.5 9.6 8.7 7.7DP: escore <strong>de</strong> <strong>de</strong>sviopadrão(ou escore Z). Embora ainterpretação <strong>de</strong> valor fixo <strong>de</strong>percentag<strong>em</strong> da mediana variecom a ida<strong>de</strong> e altura, egeralmente as 2 escalas nãopossam ser comparadas, osvalores aproximados <strong>de</strong>percentag<strong>em</strong> da mediana para-1DP e - 2DP são 90% e 80%da mediana, respectivamente(Gorstein et al. Issues in theassessment of nutritional statususing anthropometry. Bulletin ofthe World Health Organization,1994. 72:273-283).ªComprimento é medido paracrianças abaixo <strong>de</strong> 85cm. Paracrianças com 85cm ou mais, émedida a altura. Comprimento<strong>de</strong>itado é <strong>em</strong> média 0.5cmmaior que a altura <strong>em</strong> pé;<strong>em</strong>bora a diferença não sejaimportante para uma criançaindividual, uma correção po<strong>de</strong>ser feita, subtraindo-se 0.5cm<strong>de</strong> todos os comprimentosacima <strong>de</strong> 84.9cm se a altura<strong>em</strong> pé não po<strong>de</strong> ser medida .43


Meninos (peso <strong>em</strong> kg)ComprimentoMeninas (peso <strong>em</strong> kg)-4 DP -3 DP -2DP -1DP Mediana ª (cm) Mediana -1DP -2DP -3DP -4DP7.8 8.9 9.9 11.0 12.1 85 11.8 10.8 9.7 8.6 7.67.9 9.0 10.1 11.2 12.3 86 12.0 11.0 9.9 8.8 7.78.1 9.2 10.3 11.5 12.6 87 12.3 11.2 10.1 9.0 7.98.3 9.4 10.5 11.7 12.8 88 12.5 11.4 10.3 9.2 8.18.4 9.6 10.7 11.9 13.0 89 12.7 11.6 10.5 9.3 8.28.6 9.8 10.9 12.1 13.3 90 12.9 11.8 10.7 9.5 8.48.8 9.9 11.1 12.3 13.5 91 13.2 12.0 10.8 9.7 8.58.9 10.1 11.3 12.5 13.7 92 13.4 12.2 11.0 9.9 8.79.1 10.3 11.5 12.8 14.0 93 13.6 12.4 11.2 10.0 8.89.2 10.5 11.7 13.0 14.2 94 13.9 12.6 11.4 10.2 9.09.4 10.7 11.9 13.2 14.5 95 14.1 12.9 11.6 10.4 9.19.6 10.9 12.1 13.4 14.7 96 14.3 13.1 11.8 10.6 9.39.7 11.0 12.4 13.7 15.0 97 14.6 13.3 12.0 10.7 9.59.9 11.2 12.6 13.9 15.2 98 14.9 13.5 12.2 10.9 9.610.1 11.4 12.8 14.1 15.5 99 15.1 13.8 12.4 11.1 9.810.3 11.6 13.0 14.4 15.7 100 15.4 14.0 12.7 11.3 9.910.4 11.8 13.2 14.6 16.0 101 15.6 14.3 12.9 11.5 10.110.6 12.0 13.4 14.9 16.3 102 15.9 14.5 13.1 11.7 10.310.8 12.2 13.7 15.1 16.6 103 16.2 14.7 13.3 11.9 10.511.0 12.4 13.9 15.4 16.9 104 16.5 15.0 13.5 12.1 10.611.2 12.7 14.2 15.6 17.1 105 16.7 5.3 13.8 12.3 10.811.4 12.9 14.4 15.9 17.4 106 17.0 15.5 14.0 12.5 11.011.6 13.1 14.7 16.2 17.7 107 17.3 15.8 14.3 12.7 11.211.8 13.4 14.9 16.5 18.0 108 17.6 16.1 14.5 13.0 11.412.0 13.6 15.2 16.8 18.3 109 17.9 16.4 14.8 13.2 11.612.2 13.8 15.4 17.1 18.7 110 18.2 16.6 15.0 13.4 11.9DP: escore <strong>de</strong> <strong>de</strong>svio padrão (ou escore Z). Embora a interpretação <strong>de</strong> um valor fixo <strong>de</strong> percentag<strong>em</strong> da mediana varie com a ida<strong>de</strong> ealtura, e geralmente as 2 escalas não possam ser comparadas, os valores aproximados <strong>de</strong> percentag<strong>em</strong> da mediana para -1DP e - 2DP são90% e 80% da mediana, respectivamente (Gorstein et al. Issues in the assessment of nutritional status using anthropometry. Bulletin of theWorld Health Organization, 1994. 72:273-283).aComprimento é medido para crianças abaixo <strong>de</strong> 85cm. Para crianças com 85 cm ou mais, é medida a altura. Comprimento <strong>de</strong>itado é <strong>em</strong>média 0.5cm maior que a altura <strong>em</strong> pé; <strong>em</strong>bora a diferença não seja importante para uma criança individual, uma correção po<strong>de</strong> ser feita,subtraindo-se 0.5cm <strong>de</strong> todos os comprimentos acima <strong>de</strong> 84.9cm se a altura <strong>em</strong> pé não po<strong>de</strong> ser medida44


Anexo 3Composição da solução da mistura <strong>de</strong> mineraisAnexo 4Composição da ReSoMal (solução <strong>de</strong> sais <strong>de</strong> reidrataçãooral para crianças grav<strong>em</strong>ente <strong>de</strong>snutridas)SubstânciaQuantida<strong>de</strong>Cloreto <strong>de</strong> potássio89.5 gComponenteConcentração (mmol)Citrato tripotássicoCloreto <strong>de</strong> magnésio (MgCl 2. 6H 2O)Acetato <strong>de</strong> zincoSulfato <strong>de</strong> CobreSelenato <strong>de</strong> Sódio ªIodi<strong>de</strong> <strong>de</strong> potássio ªÁgua para32.4 g30.5 g3.3 g0.56 g10 mg5 mg1000 mlGlicose 125Sódio 45Potássio 40Cloreto 70Citrato 7Magnésio 3Zinco 0.3ª Se não for possível pesar estas substâncias acuradamente quantida<strong>de</strong>smuito pequenas, estas substâncias po<strong>de</strong>m ser omitidas.A solução acima po<strong>de</strong> ser estocada à t<strong>em</strong>peratura ambiente, É adicionada aReSoMal ou refeição líquida <strong>em</strong> concentração <strong>de</strong> 20ml/litro.Cobre 0,045Osmolalida<strong>de</strong> 300Preparar a solução <strong>de</strong> reidratação oral ReSoMalIngredienteQuantida<strong>de</strong>Água2 litrosSRO-OMSum pacote para 1 litro*Sacarose50 gramasSolução <strong>de</strong> eletrólitos/mineral40 ml* 3.5g <strong>de</strong> cloreto <strong>de</strong> sódio, 2.5g <strong>de</strong> bicarbonato <strong>de</strong>sõdio, 1.5g <strong>de</strong> cloreto <strong>de</strong> potássio, 20g <strong>de</strong> glicoseReSoMal contém aproximadamente 45mmol <strong>de</strong> sódio,36mmol <strong>de</strong> potássio e 3mmol <strong>de</strong> magnésio por litro45


Receita para a solução <strong>de</strong> eletrólitos/mineraisª usada na preparação <strong>de</strong> ReSoMal e refeições lácteasPrepare os seguintes ingredientes para 2500ml:GramasConteúdo molar <strong>de</strong> 20mlCloreto <strong>de</strong> Potássio: KCl 224 24mmolCitrato tripotássico (Tripotassium citrate) 1 2mmolCloreto <strong>de</strong> Magnésio: Mg Cl 26H 2O 76 3mmolAcetato <strong>de</strong> Zinco: Zn acetate2H 2O 8.2 300umolSulfato <strong>de</strong> Cobre: CuSO 45H 2O 1.4 45umolÁgua: quantida<strong>de</strong> para completar 2500mlSe estiver disponível, adicione também selênio (Selenato<strong>de</strong> sódio 0.028g NaSeO 410H 2O) e io<strong>de</strong>to (io<strong>de</strong>to <strong>de</strong>potássio 0.012g KI) por 2500ml.NOTAdissolva os ingredientes <strong>em</strong> água fervida e fria• Estoque a solução <strong>em</strong> frascos esterilizados para retardara <strong>de</strong>teriorização. Despreze se se tornar turva. Faça asolução fresca a cada mês.• Adicione 20ml da solução <strong>de</strong> eletrólitos e minerais acada 1000ml <strong>de</strong> refeição láctea.Se a preparação <strong>de</strong>sta solução <strong>de</strong> eletrólitos/minerais não épossível e se os sachets pré-misturados não estãodisponíveis, dê K (potássio), Mg (magnésio) e Zn (Zinco)separadamente:• Faça uma solução estoque <strong>de</strong> Cloreto <strong>de</strong> Potássioa 10% (100g KCl <strong>em</strong> 1 litro <strong>de</strong> água) e uma soluçãoa 1.5% <strong>de</strong> Acetato <strong>de</strong> Zinco (15 <strong>de</strong> acetato <strong>de</strong> Zinco<strong>em</strong> 1 litro <strong>de</strong> água).• Para a solução <strong>de</strong> reidratação oral, use 45ml da soluçãoestoque <strong>de</strong> KCl ao invés <strong>de</strong> 40ml da solução <strong>de</strong>eletrólitos/minerais.• Para refeições lácteas, adicione 22.5ml da soluçãoestoque <strong>de</strong> KCl ao invés <strong>de</strong> 20ml da solução <strong>de</strong>eletrólitos/minerais a 1000ml da preparação láctea.• Dê a solução <strong>de</strong> Acetato <strong>de</strong> Zinco a 1.5% pela boca1ml/kg/dia.• Dê 2ml <strong>de</strong> Sulfato <strong>de</strong> Magnésio a 50%, intramuscular,1 vez.46


Anexo 5Ingestão diária <strong>de</strong>sejável <strong>de</strong> nutrientes durante a faseinicial <strong>de</strong> tratamentoAnexo 6Fórmulas lácteas para a realimentação inicial e durante ocrescimento rápido.Nutriente corporalQuantida<strong>de</strong>por kg <strong>de</strong> pesoReceitas para preparação das formulações F-75 e F-100Água120-140 mlEnergia100kcal (420kJ)Proteínas1-2 gEletrólitosSódio 1.0 mmol (23mg) ªPotássio4.0 mmol (160 mg)Magnésio0.6 mmol (10 mg)Fósforo2.0 mmol (60 mg)Cálcio2.0 mmol (80mg)Minerais traçoZinco30 mol (2.0 mg)Cobre 4.5 mol (0.3 g)Selênio60 mol (4.7 g)Iodo0.1 mol (12 g)Vitaminas solúveis <strong>em</strong> águaIngredienteQuantida<strong>de</strong>Leite <strong>em</strong> pó integral F-75 F-100S<strong>em</strong> farinha <strong>de</strong> cereaisLeite <strong>em</strong> pó integral 35g 110gAçúcar 100g 50gÓleo vegetal 20g 30gMistura mineral/eletrólitos g 20 ml 20 mlÁgua para completar 1000 ml 1000 mlCom farinha <strong>de</strong> cereaisLeite <strong>em</strong> pó integral35gAçúcar70gFarinha <strong>de</strong> cereal35gÓleo vegetal17gMistura mineral/eletrólitos g 20 mlÁgua para completar1000 mlTiamina (vitamina B 1)Riboflavina (vitamina B 2)Ácido NicotínicoPiridoxina (vitamina B 6)Cianocobalamina(vitamina B 12)Acido fólicoAcido ascórbico (vitamina C)Ácido pantotênico (vitamina B 5)BiotinaVitaminas lipossolúveis70 g0.2 mg1 mg70 g0.1 mg0.1 mg10 g0.3 mg10 gNOTALeite <strong>de</strong> vaca líquido(se leite <strong>em</strong> pó integral não estiver disponível)S<strong>em</strong> farinha <strong>de</strong> cereaisLeite integral 300ml 880mlAçúcar 100g 75gÓleo vegetal 20g 20gMistura mineral/eletrólitos g 20 ml 20 mlÁgua para completar 1000 ml 1000 mlRetinol (vitamina A)0.15 mgCalciferol (vitamina D)3 g– Tocoferol (vitamina E) 2.2 mgVitamina KªValor se refere à máxima ingesta diária recomendadaSe está sendo preparada quantida<strong>de</strong> pequena po<strong>de</strong>rá serdifícil usar a solução <strong>de</strong> eletrólitos e minerais. Neste casobuscar preparações comerciais que permitam aadministração das necessida<strong>de</strong>s diárias da criança paraestes nutrientes da melhor forma possível.47


Quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> F-75 a ser dada <strong>em</strong> cada refeição na fase <strong>de</strong> estabilização para atingir uma ingestão diária <strong>de</strong> 100kcal/kg/diaPeso da criança (kg)Volume <strong>de</strong> F-75 por refeição (ml)ª2 <strong>em</strong> 2 horas 3 <strong>em</strong> 3 horas 4 <strong>em</strong> 4 horas12 refeições 8 refeições 6 refeições2.0 20 30 452.2 25 35 502.4 25 40 552.6 30 45 55.8 30 45 603.0 35 50 653.2 35 55 703.4 35 55 753.6 40 60 803.8 40 60 854.0 45 65 904.2 45 70 904.4 50 70 954.6 50 75 1004.8 55 80 1055.0 55 80 1105.2 55 85 1155.4 60 90 1205.6 60 90 1255.8 65 95 1306.0 65 100 1306.2 70 100 1356.4 70 105 1406.6 75 110 1456.8 75 110 1507.0 75 115 1557.2 80 120 16048


Peso da criança (kg)Volume <strong>de</strong> F-75 por refeição (ml)ª2 <strong>em</strong> 2 horas 3 <strong>em</strong> 3 horas 4 <strong>em</strong> 4 horas12 refeições 8 refeições 6 refeições7.4 80 120 1607.6 85 125 1657.8 85 130 1708.0 90 13 1758.2 90 135 1808.4 90 140 1858.6 95 140 1908.8 95 145 1959.0 100 145 2009.2 100 150 2009.4 105 155 2059.6 105 155 2109.8 110 160 21510.0 110 160 220ª Arredondado para o próximo 5mlAnexo 7Como calcular o ganho pon<strong>de</strong>ral (g/kg/dia)O ex<strong>em</strong>plo abaixo é para ganho pon<strong>de</strong>ral s<strong>em</strong>anal,po<strong>de</strong>ndo o mesmo procedimento ser aplicado a qualquerintervalo.• Subtraia o peso da criança (PI) do peso <strong>de</strong> uma s<strong>em</strong>ana<strong>de</strong>pois (P2) e exprima <strong>em</strong> gramas.• Divida o valor obtido por 7 para <strong>de</strong>terminar a médiadiária <strong>de</strong> ganho <strong>de</strong> peso <strong>em</strong> g/kg/dia.Veja o ex<strong>em</strong>plo:Terça-feira 3 <strong>de</strong> Maio peso= 5.830kg (PI)Terça-feira 10 <strong>de</strong> maio peso = 6.500g (P2)ganho <strong>de</strong> peso s<strong>em</strong>anal P2 – P1= 0.67kg = 670gganho <strong>de</strong> peso diário = 670g dividido por 7 = 95.7 g/diapeso médio da criança = 5.830 + 6.500 = 6.16kg2taxa <strong>de</strong> ganho <strong>de</strong> peso = 95.7 = 15.5g/kg/dia6.1649


Referências BibliográficasACC/SCN - First Report on the World Nutrition Situation; ACC/SCN.Geneva.1988.ACC/SCN - Second World Report on the World Nutrition Situation.ACC/SCN. Geneva. 1992ACC/SCN - Third World Report on the World Nutrition Situation. ACC/SCN. Geneva. 1997.ACC/SCN State-of-Art series. Nutrition Policy Discussion Paper nº 7.Geneva. ACC/SCN. 1990.Ashworth A, Bell R, James WPT, Waterlow JC - Calorie requir<strong>em</strong>entsof children recovering from protein calorie malnutrition. Lancet2600-603. 1968.Ashworth A, Schofield C - Latest <strong>de</strong>velopments in the treatment ofsevere malnutrition in children. Nutr. 1998; 14:244-245.Beaton GH, Kelly A, Kevany J, Martorell R, Mason J - Appropriateuses of anthropometric indices in children.Brewster D, Manary M. Treatment of severe malnutrition. Lancet 1995;345:1046-1047.Cardoso AL, Sperotto G, Carrazza FR. Metabolismo do potássio <strong>em</strong>crianças <strong>de</strong>snutridas marasmáticas durante a <strong>de</strong>sidratação pordiarréia. <strong>Pediatria</strong> (São Paulo). 1979:1:164-71.Carraza FR & Marcon<strong>de</strong>s E. Hidratação no Desnutrido - In: NutriçãoClínica <strong>em</strong> <strong>Pediatria</strong> - São Paulo, Sarvier, 1991.Cavalcante AAM, Pinheiro LMP, Monte CMG, Guimarães ARP,Ashworth - Treatment of malnutrition in Brazil: simple solution tocommon probl<strong>em</strong>s. Trop Doctor 1998; 28:95-97.IPREDE - Rotina <strong>de</strong> atendimento nutricional. Mimeo 10p. Fortaleza.1999Ministério da Saú<strong>de</strong>. Metas governamentais para o ano 2000. Brasilia.1996.Monte CMG & Sá MLB(eds) - Guias alimentares para as crianças <strong>de</strong>6-23 meses do Nor<strong>de</strong>ste do Brasil: da teoria à prática. The BritishCouncil Northeast Brazil. Fortaleza. 1998.Monte CMG, Ashworth A, Sá MLB, Diniz RLP - Effectiveness of nutritioncentres in Ceará state, norheast Brazil- Pan Am J Public Health.1998:375-382.Monte CMG - Desnutrição: um <strong>de</strong>safio secular à nutrição infantil.Jornal <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong>.2000: S285-297Monteiro CA - Velhos e novos males da saú<strong>de</strong> pública no Brasil.Hucitec. São Paulo. 1995.MS-OPAS/OMS-UNICEF/Tacro - Aconselhar a mãe ou ao acompanhante- Curso <strong>de</strong> Capacitação - Atenção Integrada às Doenças Prevalentesda Infância. OPS/ HCT/ ARI/ CDD/ 96.4. (original inglês)versão preliminar Brasilia, 1997, 79p.Nobrega F & Queiroz S S - Fraco vínculo mãe-filho como fator <strong>de</strong>risco. In. Distúrbios da Nutrição. Ed Revinter. Rio <strong>de</strong> Janeiro. 1998Nobrega F & Campos - Distúrbios nutricionais e fraco vínculo mãefilho.Ed Revinter. Rio <strong>de</strong> Janeiro. 1996.Pelletier DL, Frongillo EA, Schroe<strong>de</strong>r DG, Habicht J-P. The effects ofmalnutrition and child mortality in <strong>de</strong>veloping countries. Bull WorldHealth Org 1995; 73: 443-448.Scherbaum V & Furst P - New concepts on nutritional manag<strong>em</strong>entof severe malnutrition: the role of protein. Curr. Opin. Clin. Nut.Metab. Care 2000:3:31-38.Schrimpton R - Ecologia da <strong>de</strong>snutrição na infância: análise das evidênciasdas relações entre variáveis sócio-econômicas e estadonutricional. CNRH/IPEA/UNICEF. Brasília, 1986, 104p.Schofield C, Ashworth A. Why have nortality rates for sever<strong>em</strong>alnutrition r<strong>em</strong>ained so high? Bull World Health Organization.1996; 74:223-229.Stape, A, Troster, J, Kimura, H M, Gilio, A E, Bousso, A, CarvalhoBritto J L B - Terapia Intensiva Pediátrica (Manual <strong>de</strong> Normas).Sarvier. São Paulo, 1998.UNICEF - Saú<strong>de</strong> e Nutriçao das Criancas Nor<strong>de</strong>stinas. Pesquisas estaduais1987-1992. Brasília. 1995, 78p.UNICEF - The State of the World’s children 1998. United NationsChildren Fund. Oxford University Press. Oxford. 1997.Victora CG - The association between wasting and stunting: aninternational perspective. J Nutr. 1992:122:5:1105-1110.Waterlow JC - Protein and energy malnutrition. Edward Arnold.London. 1992.WHO - The inci<strong>de</strong>nce of low birth weight: an update. Wkl Epi<strong>de</strong>m.Rec. 1984: 59:( 27):202-212.WHO - The World Health Report 1995: Bridging the Gaps. Geneva.World Health Organization. 1995.WHO - Manag<strong>em</strong>ent of Severe Malnutrition: A manual for physiciansand other senior health workers. World Health Organization.Geneva. 1999.50


Manejo nutricional na obstipação intestinalRelatora: Virgínia Resen<strong>de</strong> Silva Weffort1. DefiniçõesObstipação ou constipação intestinal é geralmente<strong>de</strong>finida como a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> eliminação <strong>de</strong> fezes,quase s<strong>em</strong>pre endurecidas, com menor conteúdohídrico, ressecadas, <strong>em</strong> pequenas quantida<strong>de</strong>s, comsofrimento, dor e dificulda<strong>de</strong>. Geralmente ela v<strong>em</strong>acompanhada por aumento do intervalo entre asevacuações, pela não eliminação intestinal completa <strong>em</strong>cada evacuação. Po<strong>de</strong>rá apresentar, também, escapefecal e sangue <strong>em</strong> torno das fezes.Escape fecal é quando ocorre evacuação s<strong>em</strong> controle<strong>em</strong> criança que já <strong>de</strong>veria ter controle esfincteriano anal.Po<strong>de</strong>mos ter 3 tipos <strong>de</strong> escapes:• Incontinência fecal orgânica: escape fecalconseqüente à lesão neurológica e/ou muscularao nível do aparelho esfincteriano anal.• Encoprese: eliminação fecal completa na suaseqüência fisiológica, porém ext<strong>em</strong>porânea. Implica<strong>em</strong> probl<strong>em</strong>as psíquicos.• “Soiling”: “sujida<strong>de</strong>”, a roupa <strong>de</strong> baixo está s<strong>em</strong>presuja por pequena quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fezes líquidas ous<strong>em</strong>ilíquidas que escorr<strong>em</strong> ao redor do fecalomaformado <strong>de</strong>vido à retenção voluntária <strong>de</strong> fezes,conseqüente ao medo <strong>de</strong> evacuar e sentir dor. Essamassa fecal retida disten<strong>de</strong> e irrita a pare<strong>de</strong> do reto,que passa a produzir uma secreção que fluiinvoluntariamente, através do ânus. Caracteriza aobstipação intestinal crônica funcional psicogênica,mas também po<strong>de</strong> ocorrer no megacólon congênito,varieda<strong>de</strong>s curta ou ultracurta.Às vezes, os termos encoprese e “soiling” são usadosindiferent<strong>em</strong>ente.Algumas situações <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser l<strong>em</strong>bradas, para não ser<strong>em</strong>tomadas erroneamente como obstipação intestinal:• Os lactentes, <strong>em</strong> aleitamento natural, nos primeirosmeses <strong>de</strong> vida po<strong>de</strong>m ter gran<strong>de</strong> variação no hábitointestinal. Muitos <strong>de</strong>les eliminam fezes s<strong>em</strong>ipastosasvárias vezes ao dia, outros po<strong>de</strong>m passar até <strong>de</strong>z diass<strong>em</strong> evacuar, mas quando o faz<strong>em</strong> eliminam fezescom características normais.• Lactentes entre 8 e 12 meses perceb<strong>em</strong> a sensação <strong>de</strong>po<strong>de</strong>r reter as fezes através da contração do esfíncteranal externo. Estas crianças ao evacuar<strong>em</strong>, flet<strong>em</strong> aspernas, ficam vermelhas e faz<strong>em</strong> esforço quefreqüent<strong>em</strong>ente é confundido como sofrimento,quando na realida<strong>de</strong>, o esforço é uma tentativa <strong>de</strong>reter as fezes e não <strong>de</strong> evacuar.2. PrevalênciaOs distúrbios da evacuação são freqüentes <strong>em</strong> lactentese pré-escolares. Nesta faixa etária não há prevalênciaquanto ao sexo. A ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> início da obstipação costumaser inferior a 1 ano <strong>em</strong> 25% dos casos e atinge o picomáximo entre 2 e 4 anos.As crianças <strong>em</strong> ida<strong>de</strong> escolar muitas vezes sãoencaminhadas à consulta pediátrica somente quandojá apresentam “soiling”, e a prevalência é <strong>de</strong> 2,5 a 6 dosexo masculino para 1 do f<strong>em</strong>inino. Estas criançasgeralmente têm seus escapes fecais durante o dia,<strong>em</strong> casa e freqüent<strong>em</strong>ente no final da tar<strong>de</strong>.A freqüência da encoprese varia <strong>de</strong> uma a várias vezesao dia, po<strong>de</strong>ndo haver períodos nos quais <strong>de</strong>saparece.A reação dos familiares costuma ser <strong>de</strong> raiva, puniçãoou medo <strong>de</strong> doença não esclarecida, aumentando ainsegurança da criança.3. Fatores potencializadores parao risco <strong>de</strong> escape fecal:Até 2 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>:• A própria constipação;• Probl<strong>em</strong>as anorretais;• Intervenções médicas ina<strong>de</strong>quadas.51


Dos 2 aos 5 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>:• Treinamento <strong>de</strong> controle esfincteriano ina<strong>de</strong>quado;• Angústias psicossociais durante o período <strong>de</strong>treinamento;• Dor à evacuação.Escolares:• Proibição ou medo <strong>de</strong> usar banheiros extradomicilares;• Gastroenterocolites prolongadas;• Intolerâncias alimentares;• “stress”4. ClassificaçãoUma vez feito o diagnóstico <strong>de</strong> obstipação intestinal <strong>de</strong>veseclassificá-la quanto a sua etiologia ou os fatores queparticipam da sua fisiopatogenia.Obstipação intestinal agudaObstipação intestinal crônicaFUNCIONAL• Simples• Complicada (genética, erro alimentar, fatorespsicológicos)ORGÂNICAIntestinal• Estenose retal ou anal• Má-formação anorretal (ânus imperfurado, ânusectópico anterior, ânus anteriorizado)• Aganglionose (congênita - doença <strong>de</strong> Hirschsprungadquirida)Extra-intestinal• Endócrina e metabólica (hipotireoidismo, diabetesmelito, hipercalc<strong>em</strong>ia, hipocal<strong>em</strong>ia)• Neurológica (encefalopatia crônica, lesão da medulaespinhal)• Drogas (sais <strong>de</strong> ferro, antiácidos, anticonvulsivantes,anticolinérgicos, co<strong>de</strong>ínicos, fenitoína)5. Manifestações clínicasA avaliação da obstipação <strong>de</strong>ve começar com umaanamnese <strong>de</strong>talhada, verificando a existência <strong>de</strong>obstipação e caracterizando-a. O exame físico <strong>de</strong>ve serminucioso, inclusive com toque retal. Após estesprocedimentos avalia-se a necessida<strong>de</strong> da realização <strong>de</strong>investigação laboratorial.A obstipação intestinal aguda é <strong>de</strong> curta duração, ocorre<strong>em</strong> situações como intervenção cirúrgica e doença aguda.A <strong>de</strong>fecação geralmente é restabelecida espontaneamente,s<strong>em</strong> necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratamento. Exame físico normal.A obstipação crônica funcional simples é resultante <strong>de</strong> umadieta com pouco resíduo. Essas crianças geralmente nãoapresentam distúrbios <strong>em</strong>ocionais e têm história familiar<strong>de</strong> constipação. O início dos sintomas geralmente se dáentre 6 e 12 meses e o exame físico, <strong>de</strong> modo geral, énormal. Respon<strong>de</strong>m b<strong>em</strong> ao uso <strong>de</strong> dieta rica <strong>em</strong> fibra.Mais <strong>de</strong> 95% das crianças com obstipação crônicaenquadram-se na forma funcional, on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>stacaro fator constitucional e familiar, provavelmente associadoa distúrbio da motilida<strong>de</strong> intestinal, dieta pobre <strong>em</strong> fibrase o comportamento <strong>de</strong> retenção, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ado porepisódios <strong>de</strong> evacuação dolorosa.Na obstipação intestinal crônica funcional complicadaou psicogênica observamos como ponto fundamental aretenção voluntária das fezes que se <strong>de</strong>senvolve e seagrava a partir <strong>de</strong> distúrbios <strong>em</strong>ocionais <strong>de</strong> que a criançaé portadora. Na maioria das vezes, existe também, históriafamiliar <strong>de</strong> obstipação. São fatores precipitantesimportantes, o início precoce e ina<strong>de</strong>quado dotreinamento esfincteriano. O <strong>de</strong>sconforto e a dor causadospela eliminação <strong>de</strong> fezes endurecidas e calibrosasacarretam medo <strong>de</strong> evacuar, aumentam a retenção fecale agravam ainda mais o quadro, com a formação <strong>de</strong>fecaloma, aparecimento do “soiling” , do megacólonfuncional e <strong>de</strong> estase e infecção urinária. O início doquadro, geralmente, se dá entre os 18 e 24 meses, masnão chama atenção dos pais nesse período. A criança, porocasião do <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> evacuar, adquire atitu<strong>de</strong>s estranhasrecusando-se a eliminar as fezes pelo medo da dor egeralmente é rebel<strong>de</strong> ao exame físico <strong>de</strong>vido aos52


distúrbios <strong>em</strong>ocionais que apresenta. Ocorre distensãoabdominal, é habitual a palpação <strong>de</strong> massas fecais nohipogástrio e fossa ilíaca esquerda e, às vezes, exist<strong>em</strong>fissuras e escoriações anais. Deve-se consi<strong>de</strong>rar nodiagnóstico diferencial a possibilida<strong>de</strong> da obstipação seruma manifestação <strong>de</strong> uma doença <strong>de</strong> base (doença <strong>de</strong>Hirschsprung, hipotireoidismo, convalescença <strong>de</strong> doençascrônicas, etc).A obstipação intestinal orgânica po<strong>de</strong> ser causada pordoenças intestinais ou extra-intestinais, <strong>de</strong>vendo serinvestigadas e tratadas <strong>de</strong> acordo com a sua etiologia.6. Manejo nutricional da constipaçãointestinal crônica funcional:A prevenção da obstipação <strong>de</strong>ve ser feita <strong>de</strong>s<strong>de</strong> osprimeiros meses <strong>de</strong> vida da criança, orientando asmelhores práticas alimentares, incentivando o aleitamentomaterno e as dietas a<strong>de</strong>quadas para as respectivas faixasetárias. Orientar a mãe sobre o treinamento esfincteriano<strong>em</strong> ida<strong>de</strong> a<strong>de</strong>quada e ajudar a criança estabelecer umhorário para o hábito intestinal.O tratamento visa:• Eliminar o bolo fecal impactado no reto através <strong>de</strong>lavag<strong>em</strong> intestinal com soro fisiológico morno associadoa glicerina a 10% ou vaselina líquida ou soro fisiológicocom óleo <strong>de</strong> cozinha na proporção <strong>de</strong> 2:1, para criançasmenores <strong>de</strong> 2 anos ou en<strong>em</strong>as para as maiores.• Evitar que a criança retenha as fezes, diminuindo suaconsistência e aumentando a freqüência das evacuações.Para essa finalida<strong>de</strong> utiliza-se óleo mineral(1-3 ml/Kg/dia durante 1 mês, <strong>de</strong>pois diminuigradativamente), dieta rica <strong>em</strong> fibras solúveis e insolúveisna proporção <strong>de</strong> 3:1 e aumentar ingestão <strong>de</strong> líquidos.• Estabelecer um hábito intestinal normal, através dotreinamento evacuatório. Estimular o uso do vasosanitário durante aproximadamente 10 minutos após asprincipais refeições. Garantir uma postura fisiológicadurante a evacuação. Aten<strong>de</strong>r prontamente ao reflexoque prece<strong>de</strong> a evacuação.• Orientação familiar é indispensável <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início dotratamento, informando que o quadro po<strong>de</strong> <strong>de</strong>morar aapresentar melhoras, po<strong>de</strong> haver recidivas e que <strong>de</strong>veser <strong>de</strong>finido um horário para o hábito intestinal. Asvezes, é necessário o acompanhamento com psicólogo.• Incentivar a prática <strong>de</strong> exercícios físicos, visandoestimular as contrações <strong>em</strong> massa e fortalecer amusculatura da pare<strong>de</strong> abdominal.O planejamento do tratamento dietético da obstipaçãointestinal <strong>de</strong>ve levar <strong>em</strong> conta alguns fatores:• Oferecer maior quantida<strong>de</strong> do alimento que a criançaestá recebendo. A obstipação, principalmente <strong>em</strong>lactentes, po<strong>de</strong> ser sinal <strong>de</strong> fome.• Na época do <strong>de</strong>smame, se a criança apresentarobstipação, antecipar o início do suco (laranja), <strong>de</strong>frutas (mamão, ameixa, abacate), da primeira esegunda refeição <strong>de</strong> sal.• A<strong>de</strong>quar a dieta da família, provavelmente a dieta <strong>em</strong>uso está <strong>de</strong>sviada para a obstipação, aumentar aquantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fibras e água. Deve-se levar <strong>em</strong> conta aqualida<strong>de</strong> e as quantida<strong>de</strong>s proporcionais dos hidratos<strong>de</strong> carbono, das gorduras e das proteínas da dieta, usarfarinha <strong>de</strong> trigo integral, farelo <strong>de</strong> trigo, aveia, etc.Não há dúvida que as fibras afetam os hábitos intestinais.As dietas ricas <strong>em</strong> fibras amolec<strong>em</strong> as fezes e aumentamseu peso, excitam as terminações nervosas dos plexosmioentéricos, diminu<strong>em</strong> o t<strong>em</strong>po do trânsito intestinal ereduz<strong>em</strong> o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> fermentação tendo por isso gran<strong>de</strong>eficácia no manejo da obstipação, exceto quando esta ésecundária às causas orgânicas.Alguns estudos clínicos confirmam que um aportesupl<strong>em</strong>entar <strong>em</strong> fibras dietéticas, particularmente cereaisintegrais, é suficiente para tratar pacientes constipados.Porém, não <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ingerir apenas o farelo <strong>de</strong> trigo comoalimento rico <strong>em</strong> fibras dietéticas; não só porque aquantida<strong>de</strong> a ser ingerida teria <strong>de</strong> ser volumosa po<strong>de</strong>ndoser mal tolerada, mas também porque po<strong>de</strong>ria provocarredução na absorção <strong>de</strong> minerais como cálcio, ferro, zinco,cobre, magnésio e fósforo. O paciente <strong>de</strong>ve aumentar aingestão <strong>de</strong> verduras, frutas, legumes, água e outrosalimentos naturais.53


Os principais probl<strong>em</strong>as relacionados ao hábito alimentar<strong>de</strong> crianças com obstipação são: dieta geralmente pobre<strong>em</strong> fibras; excesso <strong>de</strong> alimentos industrializados altamenterefinados e <strong>de</strong> refeições lácteas; indisciplina alimentar, amaioria dos pacientes não obe<strong>de</strong>c<strong>em</strong> a horários <strong>de</strong>alimentação, consumindo bolos, balas e bolachas; e ahipoalimentação.O Comitê <strong>de</strong> Nutrição da Acadêmia Americana <strong>de</strong><strong>Pediatria</strong> recomenda que a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fibra alimentarseja da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 0,5 g/Kg/dia, atingindo um valor limitena adolescência <strong>de</strong> 30 g/dia.Conteúdo (<strong>em</strong> g) <strong>de</strong> fibras dietéticas <strong>em</strong> 100g <strong>de</strong> alguns alimentosTRIGOPão branco 2,7Pão integral 8,5Farinha <strong>de</strong> trigo branca 3,1Farinha <strong>de</strong> trigo integral 9,5Farelo <strong>de</strong> trigo 44,0LEGUMINOSAS E CEREAISArroz branco 2,88Ervilha fresca 7,8Ervilha 5,6Farelo <strong>de</strong> aveia 27,0Farelo <strong>de</strong> milho 62,0Farinha mandioca 9,78Farinha <strong>de</strong> soja 12,0Feijão carioca 7,2 a 7,9Grão <strong>de</strong> bico 8,0Lentilha 11,7Milho ver<strong>de</strong> 4,7 a 5,4Pipoca 17,79FRUTASAbacate 1,6Abacaxi 2,1Ameixa 2,1Amaixa seca 16,1Azeitona 10,5Banana 1,7 a 3,7Caqui 2,6Carambola 1,6Coco 13,5Figo 3,3Figo seco 18,5Goiaba 3,6 a 5,4Laranja 2,5Lima 4,1Maçã 2,3Mamão 2,3Manga 1,6Maracujá 13,9Marmelo 5,2Melancia 0,6Morango 1,4Pêra 2,4 a 3,1Pêssego 2,1Romã 6,4Tangerina 1,6Uva 2,3 a 3,5Uva-passa 2,9Uva-passa seca 7,9HORTALIÇASAbóbora 2,24Agrião 3,8Alface 1,5Batata cozida 2,2 a 2,3Batata doce 4,2Batata frita 5,14Berinjela 2,5Beterraba 3,6Brócolis 3,6 a 3,9Cebola 1,9 a 2,1Cenoura 3,6 a 3,7Couve 2,0Couve-flor 1,8 a 3,3Chicória 1,8Espinafre 3,0Mandioca cozida 4,6Mandioca frita 8,56Nabo 2,8Palmito 1,88Pepino 1,2Quiabo 6,3Rabanete 2,1Repolho 2,8 a 3,1Tomate 1,654


7. Receitas para constipação crônicaPESO EM GRAMASAlimento 1 xícara (chá) 1 colher (sopa) 1 colher (chá)1 copoAçúcar refinado 190 12 4Farinhas e fubá 160 10 4Maisena 130 8 2Manteiga 255 16 6Óleo 190 12 -Leite e água 250 16 5Fermento <strong>em</strong> pó - 9 31 pitada <strong>de</strong> sal - - 1/4 <strong>de</strong> colher (1gr)7.1. MingausPeneirar e torrar. Misturar ao leite. Não há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>levar ao fogo. Se quiser engrossar, <strong>de</strong>ve-se ferver a mistura.• Farelo <strong>de</strong> arroz: 1/3 <strong>de</strong> copo; fubá: 2/3 <strong>de</strong> copo• Farelo <strong>de</strong> arroz: 1/3 <strong>de</strong> copo; fubá: 1/3 <strong>de</strong> copo; farinha<strong>de</strong> mandioca: 1/3 <strong>de</strong> copo• Farelo <strong>de</strong> arroz: 1/3 <strong>de</strong> copo; fubá: 1/3 <strong>de</strong> copo; farinha<strong>de</strong> trigo: 1/3 <strong>de</strong> copo7.2. SopasDe farinha <strong>de</strong> mandioca1 litro <strong>de</strong> água fervendo; 1/2 copo <strong>de</strong> farinha <strong>de</strong>mandioca dissolvida na água, suficiente para engrossar.Cebola picada e cheiro ver<strong>de</strong>, alho; 1 colher (sopa) <strong>de</strong>óleo; 2 colheres (sopa) <strong>de</strong> farelo <strong>de</strong> trigo. Levar ao fogopara cozinhar. Po<strong>de</strong> ser enriquecida com ovo.De fubá1 litro <strong>de</strong> água fervendo; 1 copo <strong>de</strong> fubá; cebola picada echeiro ver<strong>de</strong>; folhas refogadas (couve e espinafre); 1 colher(sopa) <strong>de</strong> óleo. Levar ao fogo até cozinhar.De coco3 tabletes <strong>de</strong> caldo <strong>de</strong> galinha dissolvidos <strong>em</strong> 1/2 litro <strong>de</strong>água fervente; 2 vidros <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> coco <strong>de</strong> 200ml; nozmoscada; 1 lata <strong>de</strong> cr<strong>em</strong>e <strong>de</strong> leite s<strong>em</strong> o soro; 1 colher(sopa rasa - 6gr) <strong>de</strong> farinha <strong>de</strong> trigo; 1/2 pacote <strong>de</strong> coco<strong>em</strong> flocos. Misture o caldo <strong>de</strong> galinha já dissolvido ao leite<strong>de</strong> coco e t<strong>em</strong>pere a gosto com a noz moscada e pimenta(se quiser). Leve ao fogo, mexendo <strong>de</strong> vez <strong>em</strong> quando.Deixar ferver alguns minutos <strong>em</strong> fogo baixo. Desmanche afarinha no cr<strong>em</strong>e <strong>de</strong> leite e junte à sopa até levantarfervura. À parte, numa frigi<strong>de</strong>ira pequena, doure o coco<strong>em</strong> flocos. Sirva b<strong>em</strong> quente, colocando antes no prato umpouco do coco dourado. Por cima, salpique salsinha picada.7.3. FarofasDe fubá1 copo <strong>de</strong> fubá; 1 cebola média picada; 1/2 copo <strong>de</strong> óleo;2 ovos; 1/3 copo <strong>de</strong> farelo <strong>de</strong> trigo. Refogar a cebola comduas colheres <strong>de</strong> óleo. Colocar os 2 ovos batidos eacrescentar o fubá torrado ou cozido. Juntar o farelotorrado. Acrescentar um pouco <strong>de</strong> água e o restante doóleo. Colocar o cheiro ver<strong>de</strong>.De farinha <strong>de</strong> mandioca com carne <strong>de</strong> soja1 copo <strong>de</strong> farinha <strong>de</strong> mandioca; 1/2 copo <strong>de</strong> fubá;1 copo <strong>de</strong> carne <strong>de</strong> soja seca; 1/4 copo <strong>de</strong> farelo <strong>de</strong> trigo;1 cebola média; 1/2 copo <strong>de</strong> óleo. T<strong>em</strong>peros a gosto e1 pires <strong>de</strong> cheiro ver<strong>de</strong>. Torrar a carne <strong>de</strong> soja <strong>em</strong> um55


pouco <strong>de</strong> óleo. Acrescentar o farelo, o fubá, a farinha<strong>de</strong> mandioca, a cebola e o restante do óleo. Por último,acrescentar o cheiro ver<strong>de</strong>.De cenoura e ameixa500 gr <strong>de</strong> cenoura ralada crua; 200 gr <strong>de</strong> ameixa preta;4 colheres (sopa) <strong>de</strong> manteiga; 1cebola ralada; 100 gr <strong>de</strong>uvas passas s<strong>em</strong> s<strong>em</strong>entes; 1 colher (sopa) <strong>de</strong> açúcar; sal;farinha <strong>de</strong> mandioca torrada. Afervente as ameixasrapidamente, <strong>em</strong> uma calda feita com 1 copo <strong>de</strong> água e oaçúcar. Escorra b<strong>em</strong>, <strong>de</strong>ixe esfriar e pique as ameixas <strong>em</strong>pedacinhos. Leve ao fogo 3 colheres <strong>de</strong> manteiga e acebola para dourar. Junte as uvas passas e as cenouras.Refogue rapidamente, t<strong>em</strong>pere com sal e s<strong>em</strong>pr<strong>em</strong>exendo, vá adicionando a farinha (<strong>em</strong> quantida<strong>de</strong> parafarofa úmida). Acrescente mais 1 colher <strong>de</strong> manteiga e asameixas picadinhas. Misture b<strong>em</strong> e sirva.7.4. BolinhoDe mandioca3 xícaras <strong>de</strong> mandioca cozida e moída; 3 xícaras <strong>de</strong>polvilho; 3 xícaras <strong>de</strong> queijo ralado (opcional); 1/7 xícara<strong>de</strong> farelo <strong>de</strong> trigo; 3 ovos; 3 colheres <strong>de</strong> óleo; sal; leite ouágua, até o ponto <strong>de</strong> enrolar com a mão. Fritar ou assar.7.5. BoloDe fubá2 1/2 xícaras <strong>de</strong> fubá ou <strong>de</strong> coco ralado; 1 1/2 xícara <strong>de</strong>açúcar; 3 1/2 xícaras <strong>de</strong> água ou leite; 3 ovos; 3 colheres(sopa) <strong>de</strong> manteiga ou 6 <strong>de</strong> óleo; 1 colher (sopa) <strong>de</strong>fermento <strong>em</strong> pó; 3 colheres (sopa) <strong>de</strong> farelo <strong>de</strong> trigo;3 colheres (sopa) <strong>de</strong> farinha <strong>de</strong> trigo; 1 pitada <strong>de</strong> sal.Bater tudo no liqüidificador e assar <strong>em</strong> tabuleiro untado.De fubá2 xícaras (chá) <strong>de</strong> açúcar; 2 <strong>de</strong> fubá; 2 colheres (sopa) <strong>de</strong>manteiga; 2 colheres (sopa) <strong>de</strong> farinha <strong>de</strong> trigo; 4 colheres(sopa) <strong>de</strong> queijo ralado; 1 colher (sopa) <strong>de</strong> fermento <strong>em</strong>pó; 4 ovos; 3 copos <strong>de</strong> leite. Bater tudo no liqüidificadore levar para assar <strong>em</strong> forma untada.De chocolate2 xícaras <strong>de</strong> farinha <strong>de</strong> trigo; 1 xícara <strong>de</strong> farelo <strong>de</strong> trigo;2 xícaras <strong>de</strong> açúcar; 1 xícara <strong>de</strong> chocolate; 1 xícara <strong>de</strong>óleo; 2 ovos; 1 colher (chá) <strong>de</strong> fermento; 1 colher (chá) <strong>de</strong>bicarbonato; 1 pitada <strong>de</strong> sal. Misturar b<strong>em</strong> e acrescentar2 xícaras <strong>de</strong> água fervendo. Levar para assar <strong>em</strong> forma untada.De mandioca50 gr <strong>de</strong> manteiga; 350 gr <strong>de</strong> açúcar; 4 ovos; 1 pacote<strong>de</strong> coco ralado (250gr) ume<strong>de</strong>cido com leite; 2 colheres(sopa) <strong>de</strong> farinha <strong>de</strong> trigo; 300 gr <strong>de</strong> mandioca cruaralada; 3 colheres <strong>de</strong> pó royal. Bata b<strong>em</strong> a manteiga como açúcar. Junte as g<strong>em</strong>as, o coco ralado, a farinha, amandioca e o fermento. Por último as claras <strong>em</strong> neve.Leve ao forno quente, <strong>em</strong> forma untada com manteiga.7.6. SucoDe couve com limão3 limões b<strong>em</strong> lavados (com casca); 2 folhas <strong>de</strong> couve b<strong>em</strong>lavadas; 1 litro <strong>de</strong> água filtrada; açúcar a gosto. Bater noliqüidificador e servir com gelo. Po<strong>de</strong>-se substituir o limãopor lima, laranja, abacaxi ou a couve por alface.7.7. SaladasCenoura, beterraba raladas cruasFolhas: alface, couve, repolho7.8. DiversosTutu <strong>de</strong> feijão ou virado2 copos <strong>de</strong> feijão cozido, amassados com um copo <strong>de</strong>caldo. Refogar com óleo, cebola, alho e sal. Acrescentarfarinha <strong>de</strong> mandioca e cheiro ver<strong>de</strong>.Feijão tropeiro500 gr <strong>de</strong> feijão; 250 gr <strong>de</strong> toucinho para torresmo; 100gr <strong>de</strong> toucinho <strong>de</strong>fumado; 2 cebolas picadas; 3 <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>alho socados; 1 pimentão ver<strong>de</strong> <strong>em</strong> ro<strong>de</strong>las; 1 maço <strong>de</strong>cheiro ver<strong>de</strong>; 1 xícara (chá) <strong>de</strong> farinha <strong>de</strong> mandioca.Escorra o feijão cozido e reserve. Corte o toucinho,t<strong>em</strong>pere com sal e frite até que amarele. Escorra e reserve.Pegue 1/2 xícara (chá) <strong>de</strong>ssa gordura e refogue o toucinho56


<strong>de</strong>fumado, o alho, a cebola, o pimentão (pimenta segostar). Acrescente o feijão, refogue e junte a farinha, ostorresmos e o cheiro ver<strong>de</strong>, mexendo s<strong>em</strong> <strong>de</strong>ixar grudar.Hambúrguer com fibra <strong>de</strong> trigo1 Kg <strong>de</strong> carne moída; 2 ovos; 3/4 <strong>de</strong> xícara <strong>de</strong> farelo<strong>de</strong> trigo; 1 cebola média b<strong>em</strong> picada; 2 colheres (sopa) <strong>de</strong>molho inglês; sal e pimenta a gosto. Misture b<strong>em</strong> todos osingredientes. Forme os hambúrgueres. Coloque <strong>em</strong> assa<strong>de</strong>irauntada. Leve ao forno para assar <strong>de</strong> um lado e do outro.Sorvete250g <strong>de</strong> gordura vegetal; 1 copo <strong>de</strong> açúcar; 2 copos <strong>de</strong>leite fervente; 4 g<strong>em</strong>as; 1 colher (sopa) <strong>de</strong> farelo <strong>de</strong> trigotorrado. Bata no liqüidificador todos os ingredientes. Bataas claras <strong>em</strong> neve e misture ao cr<strong>em</strong>e. Para dar sabor,acrescente 100g <strong>de</strong> ameixa preta, coco, outra fruta ou2 colheres (sopa) <strong>de</strong> chocolate.Referências BibliográficasBEYER, P.L; FLYNN, M.A. Effects of high-and-low fiber diets on humanfeces. J Am Diet Assoc, 72:271, 1978CARRAZZA, R.F.; MARCONDES, E. Nutrição clínica <strong>em</strong> <strong>pediatria</strong>.Sarvier: São Paulo.1991.CLAYDEN,G.S. Manag<strong>em</strong>ent of chronic constipatio. Arch Dis Child.1992; 67:340-344.FERREIRA, A.M.C.; PASSOS, A.O.; CANEDO, P.R. Receitas para constipaçãointestinal crônica. Serviço <strong>de</strong> Gastroenterologia Pediátricado Departamento <strong>de</strong> Puericultura e <strong>Pediatria</strong> da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong>Medicina <strong>de</strong> Ribeirão Preto - USP. 1994.LOENING-BAUCKE,V. Chronic constipation in children.Gastroenterology. 1993; 105:1557-1564.MARCONDES, E. <strong>Pediatria</strong> básica. 8 ª ed., Sarvier: São Paulo; 1999.MARLETT J.A. Content and composition of dietary fiber in 117frequently consumed foods. J.Am Diet Assoc, 92:175, 1992.MENDEZ, M.H.M.; DERIVI,S.C.N; RODRIGUES, M.C.R.; FERNANDES,M.L. Tabela <strong>de</strong> composição <strong>de</strong> alimentos: amiláceos, cereais e<strong>de</strong>rivados, hortaliças, leguminosas. EDUFF: Niterói; 1992MORAIS, M.B; FAGUNDES-NETO, U. Constipação intestinal. <strong>Pediatria</strong>Mo<strong>de</strong>rna. 1995; 31:1030-1043.MORAIS, MB.; VITOLO,M.R.; AGUIRRE, A.N.C.; MEDEIROS, E.H.G.R.;ANTONELI, E.M.A.L.; FAGUNDES-NETO,U. Teor <strong>de</strong> fibra alimentare <strong>de</strong> outros nutrientes na dieta <strong>de</strong> crianças com e s<strong>em</strong> constipaçãointestinal crônica funcional. Arquivos <strong>de</strong> Gastroenterologia.1996; 33:93-101.MURAHOVSCHI, J. <strong>Pediatria</strong> Diagnóstico + tratamento. 5 ª ed.Sarvier: São Paulo; 1994.NIMER,M.; MARCHINI,J.S.; DUTRA DE OLIVEIRA, J.E. Efeito <strong>de</strong> umadieta rica <strong>em</strong> fibras sobre o trânsito intestinal. Medicina (RibeirãoPreto) 17:7,1984.PENNA,F.J.; WEHBA,J.; FAGUNDES-NETO, U. GastroenterologiaPediátrica. Medsi: Rio <strong>de</strong> Janeiro: 1983.VANNUCHI,H e cols. Fibra alimentar. In SBAN: Aplicações das recomendaçõesNutricionais Adaptadas à população <strong>Brasileira</strong>, S.1:73-78, 1990.TAYLOR,R. Manang<strong>em</strong>ent of constipatio. Hig fibre diets work. Fr MedJ, 300:1063, 1990.57


Conduta frente à an<strong>em</strong>ia ferroprivana criança hospitalizadaRelatora: Suzana <strong>de</strong> Souza QueirozComo se sabe, a an<strong>em</strong>ia ferropriva é um dos maioresprobl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública que enfrentamos <strong>em</strong>nosso país. Apesar <strong>de</strong> todos os conhecimentosadquiridos e todas as informações repassadas,ocorreram poucas mudanças, nos últimos anos, noperfil <strong>de</strong>sta <strong>de</strong>ficiência nutricional.Uma gran<strong>de</strong> preocupação é a constatação <strong>de</strong>tectada,<strong>em</strong> quase todos os Estados do Brasil, da an<strong>em</strong>ia serprevalente <strong>em</strong> cerca <strong>de</strong> 50% ou mais <strong>de</strong> criançasentre 06 a 36 meses.Nos processos infecciosos, ocorre, no organismo, umasérie <strong>de</strong> modificações, com o intuito <strong>de</strong> não tornar oferro livre, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que, nesta circunstância, atua comoradical livre, agravando a lesão tecidual e piorando oquadro geral, além <strong>de</strong> torna-se disponível para oagente patogênico, que necessita <strong>de</strong> ferro parasobreviver. Desta forma, po<strong>de</strong>mos tecer algumasconsi<strong>de</strong>rações:1. sendo o ferro essencial para o crescimento bacteriano,encontra-se ligado a proteínas transportadorascomo lactoferrina e transferrina séricas;2. a ação das proteínas catiônicas lisossomais dosneutrófilos é neutralizada pelo excesso <strong>de</strong> ferro;3. no processo infeccioso, a mudança dometabolismo <strong>de</strong> ferro é induzido pela interleucina_ 1 que, por sua vez, ativa a saída da lactoferrinados neutrófilos, com conseqüente redução nadisponibilida<strong>de</strong> do ferro à bactéria. Além disso, ainterleucina ativa a febre, <strong>de</strong> forma a tornar umasituação <strong>de</strong> difícil sobrevivência para as bactérias.4. essas situações <strong>de</strong>tectadas po<strong>de</strong>m também ocorrernos processos virais, talvez pelo fato do organismonão conseguir distinguir um agente do outro.Como resultados <strong>de</strong>stes fatos, o hospe<strong>de</strong>iro respon<strong>de</strong>,diante da infecção, r<strong>em</strong>ovendo o ferro para oparênquima <strong>de</strong> estocag<strong>em</strong> e diminui a sua absorção,com conseqüente redução do ferro plasmático e datransferrina <strong>em</strong> mais <strong>de</strong> 50%.Estas condições <strong>de</strong>tectadas são prontamenterestabelecidas, assim que as condições do pacient<strong>em</strong>elhoram.Portanto, po<strong>de</strong>mos concluir:• a an<strong>em</strong>ia po<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver-se associadamente aprocessos infecciosos, b<strong>em</strong> como a doençascrônicas, sendo o comportamento das variáveislaboratoriais muito s<strong>em</strong>elhante às observadas naan<strong>em</strong>ia por <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> ferro, ou seja, Hb baixa,ferro sérico e capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saturação <strong>de</strong>transferrina também baixos;• a dosag<strong>em</strong> <strong>de</strong> ferritina, sendo um indicadordos estoques <strong>de</strong> ferro, po<strong>de</strong> ser importante nadistinção entre estas duas situações, (an<strong>em</strong>ia por<strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> ferro ou por processo infeccioso)<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que na infecção há sequestro do ferro paraos locais <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos, levando, consequent<strong>em</strong>ente,à aumento da ferritina. Por outro lado, na sequênciada <strong>de</strong>pleção do ferro, até se chegar à instalação daan<strong>em</strong>ia, nota-se nítida queda nas reservas <strong>de</strong> ferroe, consequent<strong>em</strong>ente, na ferritina sérica;• outra variável que t<strong>em</strong> sido colocada <strong>em</strong> pautaé a zincoprotoporfirina, isto porque alguns autoresconsi<strong>de</strong>ram que a seqüencia <strong>de</strong> fatos que levam à<strong>de</strong>pleção da ferritina não é linear, pois chega ummomento <strong>em</strong> que não ocorre mais queda dos seusvalores. Portanto, muitas vezes, não se conseguecorrelação <strong>de</strong> variáveis como h<strong>em</strong>oglobina baixa evalores também baixos <strong>de</strong> ferritina sérica.Conseqüent<strong>em</strong>ente, a Zincoprotorporfirina po<strong>de</strong> ser avariável que elimina dúvidas, apresentando naan<strong>em</strong>ia, valores particularmente elevados. Destaforma, essas variáveis formam uma dupla <strong>de</strong> bonsindicadores na distinção da an<strong>em</strong>ia por <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong>ferro da an<strong>em</strong>ia <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> processos infecciosos.58


A resultante <strong>de</strong>sses fatos é que a redução do ferro nosprocessos infecciosos po<strong>de</strong> representar uma <strong>de</strong>fesa para oorganismo. Frente a este aspecto, a conduta seguida,nesses casos, é <strong>de</strong> não se preconizar o ferro na fase agudada doença, pois o metabolismo do ferro logo voltaria aonormal, com sua liberação dos parênquimas <strong>de</strong> reserva econseqüente incorporação na protoporfirina para formaçãoda h<strong>em</strong>oglobina.Esta preconização foi prontamente adotada, entretanto, noBrasil não po<strong>de</strong> ser esquecido o fato <strong>de</strong> estarmos lidandocom uma população <strong>de</strong> crianças que, sabidamente, na suamaioria, já é anêmica por <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> ferro no momentoda hospitalização, e que ao sofrer um processo infecciosoagrava ainda mais sua situação <strong>de</strong> an<strong>em</strong>ia anterior. Estacriança recebe alta s<strong>em</strong> nenhuma conduta, orientação oureferência para a Unida<strong>de</strong> Básica <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> para controleambulatorial do quadro anêmico. Nos últimos anos nãoforam feitas novas reflexões sobre o assunto, sendo quenossas crianças estão sendo conduzidas à s<strong>em</strong>elhança dasprovenientes <strong>de</strong> países <strong>de</strong>senvolvidos, on<strong>de</strong> a prevalência<strong>de</strong> an<strong>em</strong>ia ferropriva encontra-se <strong>em</strong> outro patamar.Devido a esses aspectos assinalados, urg<strong>em</strong> medidasvisando a minimização <strong>de</strong>sta situação constatada <strong>em</strong> nossopaís, para propiciar outra perspectiva frente a an<strong>em</strong>ia dascrianças hospitalizadas.Po<strong>de</strong>mos nos <strong>de</strong>parar com as seguintes situações:• criança eutrófica não anêmica, com processo agudoinfeccioso: não se <strong>de</strong>ve tomar nenhuma medida pararestabelecer o nível da h<strong>em</strong>oglobina durante ahospitalização. No momento da alta, se a criança estiver<strong>de</strong>ntro da faixa etária cabível <strong>de</strong> supl<strong>em</strong>entação, a mãe<strong>de</strong>ve ser orientada para oferecer supl<strong>em</strong>entação profilática<strong>de</strong> ferro, quer por meio <strong>de</strong> medicamento, quer pormeio <strong>de</strong> introdução <strong>de</strong> leite fortificado, conforme apreconização da SBP (anexo 1). É <strong>de</strong>sejável que, nomomento da alta hospitalar, a criança seja referenciadapara um serviço ambulatorial, no máximo até 01 mêsapós a internação. Se o nível <strong>de</strong> h<strong>em</strong>oglobina aindanão tiver voltado ao normal, há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>introdução <strong>de</strong> tratamento (anexo 2) e, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo dafaixa etária, <strong>de</strong>ve-se, posteriomente, dar continuida<strong>de</strong> àprofilaxia, conforme citado acima.• criança eutrófica <strong>de</strong>tectada como anêmica1 : nahospitalização, assim que tiver sido restabelecida ascondições metabólicas, que <strong>de</strong>ve ocorrer entre a 1a ou2a s<strong>em</strong>ana <strong>de</strong> internação2, a criança <strong>de</strong>ve recebertratamento com supl<strong>em</strong>entação <strong>de</strong> sais <strong>de</strong> ferro. A mãe<strong>de</strong>ve ser orientada para prosseguir o tratamento <strong>de</strong> seufilho após a sua alta. Neste momento, a criança <strong>de</strong>ve serreferenciada à Unida<strong>de</strong> Básica <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> para controlesperiódicos. Após sua recuperação, a mãe <strong>de</strong>ve receberorientação para dar início à profilaxia, caso sejaproce<strong>de</strong>nte, da mesma forma que referido no it<strong>em</strong> 1.• criança anêmica <strong>de</strong>snutrida: <strong>de</strong>ve ser conduzida <strong>de</strong>maneira diferente, segundo a intensida<strong>de</strong> da<strong>de</strong>snutrição: 1º grau ou 2º e 3º graus (anexo3). Noscasos menos graves, após estabilização do processoinfeccioso 2, a conduta <strong>de</strong>ve ser s<strong>em</strong>elhante àpreconizada para a criança eutrófica anêmica. Já para as<strong>de</strong>snutridas graves, é preferível correr menos risco comessas crianças, <strong>de</strong>vendo, portanto, ser utilizada dosagensprofiláticas <strong>de</strong> ferro, ainda durante a hospitalização,com os mesmos cuidados anteriormente assinalados.Esta conduta é respaldada por vários trabalhos daliteratura que já <strong>de</strong>monstraram resultados efetivos naresposta da h<strong>em</strong>oglobina, com esse tipo <strong>de</strong> proposta.A mãe <strong>de</strong>ve ser orientada para dar continuida<strong>de</strong> àpreconização feita para seu filho no momento da altahospitalar. A criança <strong>de</strong>snutrida <strong>de</strong>verá ter retornoambulatorial o mais rápido possível e, neste momento,nas duas situações <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição, a criança <strong>de</strong>ve seravaliada, com pon<strong>de</strong>ração, com o intuito <strong>de</strong>, no primeirocaso, iniciar a profilaxia após o tratamento e no segundocaso <strong>de</strong>ve-se avaliar a manutenção da profilaxia ou aindicação terapêutica, com posterior profilaxia.Notas1. Em nosso meio, sabe-se que na maioria dos hospitais eambulatórios é muito difícil fazer o controle da criançacom exames laboratoriais como ferro sérico, ferritinasérica, saturação da transferrina ou zincoprotoporfirina.Diante <strong>de</strong>sses fatos, a constatação da condição <strong>de</strong>an<strong>em</strong>ia da criança anterior à hospitalização, po<strong>de</strong> sersuspeitada pelo encontro <strong>de</strong> algumas das situações <strong>de</strong>59


isco tais como: abandono precoce do aleitamentomaterno, <strong>de</strong>smame ina<strong>de</strong>quado, erros alimentares,condição socioeconômica baixa, história <strong>de</strong> an<strong>em</strong>iaanterior, referência <strong>de</strong> outras internações ou processosinfecciosos frequentes, ausência <strong>de</strong> profilaxiamedicamentosa até 24 meses, nascimentos pr<strong>em</strong>aturose/ou <strong>de</strong> baixo peso.2. O controle do processo infeccioso po<strong>de</strong> ser feito porexames como: proteína C reativa, relação albumina /globulina e h<strong>em</strong>ograma. Estas provas laboratoriais<strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser pedidas no momento da internação e,posteriomente, principalmente no momento que se<strong>de</strong>seja <strong>de</strong>tectar a estabilização do processo infeccioso.3. O controle da an<strong>em</strong>ia po<strong>de</strong> ser realizado com exames<strong>de</strong> rotina como: h<strong>em</strong>oglobina, volume corpuscularmédio, h<strong>em</strong>oglobina corpuscular média e concentraçãoda h<strong>em</strong>oglobina corpuscular média. Caso hajacondições locais também são <strong>de</strong>sejáveis examescompl<strong>em</strong>entares como ferritina, ferro sérico ou atémesmo a zincoprotoporfirina (anexos 4,5 e 6).ANEXO 1Comitê <strong>de</strong> Nutrição da Aca<strong>de</strong>mia Americana <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong>RNT .......................................................... 1 mg/kg/diaRNPT e RNBP ........................................... 2 mg/kg/diaDepartamento <strong>de</strong> Nutrição da Socieda<strong>de</strong> <strong>Brasileira</strong><strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong>RNT• <strong>em</strong> aleitamento materno6º a 24º mês ........................................ 1 mg/kg/dia• <strong>em</strong> aleitamento artificial<strong>de</strong>smame até o 24º mês ........................ 1 mg/kg/diaRNPT E RNBPANEXO 2Tratamento da an<strong>em</strong>ia ferroprivaA an<strong>em</strong>ia po<strong>de</strong> ser diagnosticada por meio <strong>de</strong> históriaalimentar, sinais clínicos (pali<strong>de</strong>z, falta <strong>de</strong> apetite, cansaçoe retardo no crescimento e no <strong>de</strong>senvolvimento), b<strong>em</strong>como por meio <strong>de</strong> exames laboratoriais (anexos 3, 4, 5 e 6).O tratamento <strong>de</strong> escolha consiste na administração oral <strong>de</strong>sais ferrosos (sulfato, fumarato, gluconato, succinato,citrato, entre outros). Transfusões <strong>de</strong> sangue somente sãoindicadas <strong>em</strong> casos extr<strong>em</strong>amente graves (h<strong>em</strong>oglobinasinferiores a 3,0 g/dl, ressaltando-se situações especiais comrepercussões h<strong>em</strong>odinâmicas ou doenças <strong>de</strong> base).A velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> eritropoiética com o início daadministração do ferro está diretamente relacionada com agravida<strong>de</strong> da an<strong>em</strong>ia: o incr<strong>em</strong>ento da h<strong>em</strong>oglobina éinversamente proporcional a sua concentração inicial.A absorção do ion ferro é muito maior nas primeirass<strong>em</strong>anas <strong>de</strong> tratamento. Estima-se uma absorção <strong>de</strong> 14%do ferro ingerido durante a primeira s<strong>em</strong>ana <strong>de</strong>tratamento, 7% após 3 s<strong>em</strong>anas e 2% após 4 meses.O primeiro mês <strong>de</strong> terapia é fundamental para o sucessodo tratamento. Uma resposta positiva ao tratamento po<strong>de</strong>ser medida com o incr<strong>em</strong>ento diário <strong>de</strong> 0,1 g/dl naconcentração da h<strong>em</strong>oglobina, a partir do quarto dia.O t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> administração <strong>de</strong> sal <strong>de</strong> ferro <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> dagravida<strong>de</strong> da an<strong>em</strong>ia. Uma vez corrigida a concentraçãoda h<strong>em</strong>oglobina é recomendável manter a medicaçãopor mais dois a três meses, para repor os estoques <strong>de</strong>ferro no organismo.A dose diária <strong>de</strong> ferro recomendada é <strong>de</strong> 3 a 5 mg/kg/dia.A absorção do ferro é favorecida quando a droga éadministrada com o estômago vazio ou no intervalo dasrefeições. A ingestão concomitante <strong>de</strong> vitamina C ou <strong>de</strong>alimentos ricos <strong>em</strong> vitamina C aumenta a sua absorção, poismantém o ferro <strong>em</strong> forma mais reduzida e mais solúvel.• a partir do 30º diadurante dois meses ................................ 2 mg/kg/dia4º ao 24º ............................................. 1 mg/kg/dia60


➔ ➔ ➔ ➔➔ ➔➔ANEXO 3Diagnóstico clínico• antece<strong>de</strong>ntes gestacionais, parto• anamnese alimentar• sintomasDiagnóstico laboratorialESTÁGIOS DE DEFICIÊNCIA DE FERRODepleção <strong>de</strong> Estoques S<strong>em</strong> An<strong>em</strong>ia Com An<strong>em</strong>iaFerritinaFerro SéricoNormalCapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ligação do ferro Normal Aumentada➔Proto Normal Normal➔Porfirina Eritrocitária LivreVolume Corpuscular MédioNormalNormalH<strong>em</strong>oglobina Normal NormalANEXO 4Pontos <strong>de</strong> corte na <strong>de</strong>tecção da an<strong>em</strong>iaFAIXA ETÁRIA / HBCONCENTRAÇÃO• 06 meses - 5 anos ....................................... < 11 g/dl• 6 - 14 anos ................................................. < 12 g/dl• Homens .....................................................< 13 g/dl• Mulheres ....................................................< 12 g/dl• Gestantes ....................................................< 11 g/dl61


➔➔ANEXO 5Esqu<strong>em</strong>a do status <strong>de</strong> ferro, <strong>de</strong> acordo com a protoporfirina e ferritina séricasStatus <strong>de</strong> FerroDesconhecidoZPP normalZPPeritropoiese ferro <strong>de</strong>ficiente➔excluída <strong>de</strong>pleção<strong>de</strong> ferro clinicamenterelevante. Se sintomasestão presentes, eles nãosão causados pela DFHb normalFerritina Ferritina N/Hb➔Doenças inflamatóriasou crônicasEnvenenamentos pormetais pesadosDF grau IIIDF grau IISíndrome <strong>de</strong>mieloplastiaFalsos valores <strong>de</strong>Ferritina?In: Hastka, J. et al. Clin. Ch<strong>em</strong>. 42: 718-24, 1996.Eventualmente,exame <strong>de</strong> medulaANEXO 6Valores das principais variáveis laboratoriais na avaliação do status do ferroNormalCarência <strong>de</strong><strong>de</strong>pósitoEritropoiese<strong>de</strong>ficiente porcarência <strong>de</strong> ferroAn<strong>em</strong>iaferroprivaH<strong>em</strong>oglobina (G/%) > 11 > 11 > 11 < 11Ferritina (NG/ML) 100 + 60 < 12 < 12 < 12Ferro sérico (MCG%) 91 + 54 91 + 54 Diminuído DiminuídoSaturação da transferrina (%) 35 + 15 35 + 15 < 16 < 16Capacida<strong>de</strong> total <strong>de</strong> ferro ligado (MCG/DL) 335 + 28 335 + 28 Aumentado AumentadoIn: MMWR 1998, 47(No.RR-3):10-1862


Nota importanteAs gestantes e nutrizes precisam ser informadas que o leite materno éo i<strong>de</strong>al para o bebê, constituindo-se a melhor nutrição e proteção para olactente. A mãe <strong>de</strong>ve ser orientada quanto à importância <strong>de</strong> uma dietaequilibrada neste período e quanto à maneira <strong>de</strong> se preparar para oaleitamento ao seio até os dois anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> da criança ou mais. O uso<strong>de</strong> mama<strong>de</strong>iras, bicos e chupetas <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>sencorajado, pois po<strong>de</strong> trazerefeitos negativos sobre o aleitamento natural. A mãe <strong>de</strong>ve ser prevenidaquanto à dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> voltar a amamentar seu filho uma vezabandonado o aleitamento ao seio. Antes <strong>de</strong> ser recomendado o uso <strong>de</strong>um substituto do leite materno, <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser consi<strong>de</strong>radas as circunstânciasfamiliares e o custo envolvido. A mãe <strong>de</strong>ve estar ciente das implicaçõeseconômicas e sociais do não aleitamento ao seio - para um recém-nascidoalimentado exclusivamente com mama<strong>de</strong>ira será necessária mais <strong>de</strong> umalata por s<strong>em</strong>ana. Deve-se l<strong>em</strong>brar à mãe que o leite materno não ésomente o melhor, mas também o mais econômico alimento para o bebê.Caso venha a ser tomada a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> introduzir a alimentação pormama<strong>de</strong>ira é importante que sejam fornecidas as instruções sobre osmétodos corretos <strong>de</strong> preparo com higiene, ressaltando-se que o uso <strong>de</strong>mama<strong>de</strong>ira e água não fervidas e diluição incorreta po<strong>de</strong>m causar doenças.OMS - Código Internacional <strong>de</strong> Comercialização <strong>de</strong> Substitutos doLeite Materno. WHA 34:22, maio <strong>de</strong> 1981. Portaria nº 2051, <strong>de</strong> 08 <strong>de</strong>nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2001. MS.63


Patrocínio

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!