231.2 Planejamento Energético e o PIBIndicador de um sistema finitoPaula Franco MoreiraNum mundo em que ficam cada vez mais claros os limites planetários para o sustento da humanidadee das futuras gerações, é evidente a inadequação da atual métrica econômica utilizada para medir as“riquezas” de um país, o PIB – Produto Interno Bruto. O grande problema do PIB é que ele não registra aquantidade de riquezas não renováveis que estamos retirando das futuras gerações e, por consequência,não registra as perdas irreversíveis decorrentes do esgotamento do uso de recursos não renováveis.No último meio século, a economia global, medida pelo somatório do PIB dos países, cresceu cinco vezes.Em contrapartida, aproximadamente 60% dos ecossistemas mundiais foram degradados. Este fatoé reflexo de uma regra bastante óbvia: a economia é um subsistema de um sistema ecológico finito, oplaneta. Logo, se um subsistema está em expansão contínua dentro de um sistema limitado, pode-seconcluir que é apenas uma questão de tempo para que o subsistema entre em colapso.A superação do PIB como indicador de progressoO PIB representa a soma de todos os valores monetários dos bens e serviços finais, produzidos numa determinadaregião, durante um período, excluindo da conta todos os bens de consumo de intermediário.Assim, o PIB considera a produção de riqueza constante em bens e serviços finais, porém não contabilizaas condições em que estes foram criados. Ou seja, o PIB não registra o quanto de energia, água, ar, solo,floresta, minerais, biodiversidade e vidas foram gastos, nem contabiliza monetariamente a deterioraçãode recursos naturais e de comunidades afetadas pela atividade da produção de tais bens e serviços.Paradoxalmente, de acordo com esta sistemática, se um país está em guerra e milhares de soldados ecivis inocentes morrem, isso é considerado “progresso” e “desenvolvimento” e ainda crescimento econômico,porque as armas produzidas aumentam o PIB, enquanto as mortes das pessoas elevam a rendaper capita. Na mesma linha, os motoristas que utilizam seus veículos sem outros passageiros e ficamparados no congestionamento, colaboram para aumentar o PIB porque sobe o consumo de gasolina percapita.A fixação pelo PIB desloca a atenção exclusivamente para os bens e serviços de consumo finais, distanciandocada vez mais da natureza os seres humanos os produzem. O distanciamento do ser humano domeio ambiente acaba provocando o uso ilimitado dos recursos naturais do planeta e aumenta a desigualdadesocial decorrente do acesso desigual a bens de consumo.Contraditoriamente, o aumento no investimento em mais hospitais, escolas, transporte coletivo, saneamento,eficiência energética, que se traduzem em inegável melhora na qualidade de vida da sociedade,não alteram o PIB de um país. A projeção de crescimento do PIB, além de ser frequentemente superesti-O Setor Elétrico Brasileiro e a Sustentabilidade no Século 21:<strong>Oportunidades</strong> e <strong>Desafios</strong>
24mada pelo governo, retrata uma situação fictícia ao público uma vez que oculta o fato de que aumentossucessivos do PIB isoladamente provocarão na realidade tremendas perdas em termos sociais e ambientaispara as futuras gerações.Diante da precariedade do PIB e inadequação desta métrica para um planeta cujos limites de recursosnaturais e diversidade cultural são cada vez mais evidentes, vale a pena destacar outras métricas quepodem ser mais realistas para medir a riqueza de um país.Indicadores alternativos ao PIBEntre os Índices Alternativos já desenvolvidos, podemos mencionar o Índice de Felicidade Bruta, que foi desenvolvidoem 1972 no Butão (Ásia) para medir a felicidade de um país aao invés de sua produção. Ele é compostopelos seguintes eixos: (i) saúde (ii) educação, (iii) boa governança (iv) uso do tempo, (v) diversidadecultural, (vi) vitalidade comunitária, (vii) padrão de vida, (viii) bem estar psicológico e (ix) diversidadeecológica. Os nove eixos se desdobram em mais 33 indicadores.O IDH - Índice de Desenvolvimento Humano desenvolvido em 1990, por orientação do Programa das NaçõesUnidas para o Desenvolvimento – PNUD, é a primeira tentativa para medir o progresso de um país acoplandoao PIB os aspectos sociais, especialmente educação e saúde.CONTEXTO E CENÁRIOS E DO SETOR DO SETOR ELÉTRICO ELÉTRICO BRASILEIRO BRASILEIROFoto: Marcelo Salazar / ISARiozinho do Anfrísio, Pará
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