Neurociências 71A1 (heterogeneous nuclear ribonuclearprotein-A1, hnRNP-A1) presente em neurônioscausando a paraparesia espásticatropical [50]; a resposta auto-imune, deflagradapela infecção pelo Trypanosomacruzi, em pacientes com a miocardiopatiaChagásica [51]; ou aquela dirigida contraAg compartilha<strong>dos</strong> entre a Klebsiellapneumoniae e o hospedeiro, que poderiaparticipar da gênese da espondiliteanquilosante no homem [52]. Outrasdoenças auto-imunes cuja gênese podeestar ligada a uma reatividade cruzadaentre, Ag microbianos e auto-Ag, incluemdiabetes melitus tipo 1 [53], esclerosemúltipla [54], síndrome de Guillain-Barré[55], polineuropatia desmielinizante inflamatóriacrônica [56], artrite da doençade Lyme [57], espondiloartropatias [58],síndrome poliglandular auto-imune [58],cirrose biliar primária [59]. A lista é, novamente,grande.Há também casos em que produzimosauto-Ac não (ou pouco) patogênicosdurante infecções. Um exemplo famosoé a produção de hemaglutininas friasdurante a infecção por Mycoplasmapneumoniae [60]. Pacientes com essacondição podem desenvolver Ac da classeIgM contra um Ag presente na superfíciedas hemácias denominado Ag I. EssesAc se ligam às células vermelhas <strong>dos</strong>angue e causam sua aglutinação quandoa 4 o C e, por isso, são denominadas hemaglutininasfrias. Elas se desenvolvementre a primeira e a segunda semana deinfecção, têm seu pico de produção comtrês semanas e declinam lentamentedepois de alguns meses. Apesar de servirempara o diagnóstico de infecção porMycoplasma, apenas raramente essesAc causam patologia (hemólise) durantea infecção e, quando isso ocorre, é porque,por alguma razão desconhecida, elescomeçaram a reagir com as hemácias a37 o C [61-63]. Do mesmo modo, não hápatologia associada com os auto-Ac dirigi<strong>dos</strong>contra a cardiolipina complexadacom lecitina e colesterol, desenvolvi<strong>dos</strong>durante infecções por Treponema spp[64] e usado para o diagnóstico laboratorial(VDRL) da sífilis.Cabe lembrar que produzimos, permanentemente,e antes mesmo de entrarmosem contato com qualquer Ag externo,uma população de autoAc, ditos naturais.A função desses autoAc ainda não estádefinitivamente estabelecida, emboraalguns considerem que ajam como umaprimeira barreira de resposta anti-microbiana,graças justamente à sua grandecapacidade de reação cruzada com Agexternos [65]. Do mesmo modo, a fisiologia<strong>dos</strong> processos de amadurecimentoe diferenciação linfocitárias inclui um mecanismo(dito de seleção positiva) no qualjustamente serão consideradas aptas aintegrar o repertório de células madurase diferenciadas aquelas que reagiremcom auto-Ag no nível do timo. Embora taisexemplos ilustrem a normalidade fisiológicade vários tipos de autoreatividade,sabemos que as respostas auto-imunesse mantém controladas como resultadoda integridade de eficientes mecanismosde tolerância e regulação da respostaimune IX [66]. Assim, a maior parte dasIXUma infecção pode desencadear o desenvolvimentosimultâneo de múltiplos autoAc, que podem ounão derivar do fenômeno de compartilhamentoantigênico. Pode-se ilustrar tal eventualidadecom um exemplo “da casa”. A infecção maláricase acompanha da produção de Ac contra umaenorme gama de auto-Ag como DNA, fosfolipídios,ribonucleoproteínas, músculo liso, cardiolipina eAg eritrocitários e linfocitários [66]. O padrão deprodução desses Ac parece variar de acordo como grau de imunidade à infecção e, embora algunsdeles tenham sido associa<strong>dos</strong> a complicações dadoença (como anemia, nefrite, trombocitopenia
72Neurociênciasrespostas auto-imunes (auto-imunidade),inclusive as geradas por exposição a Agexternos microbianos, só se acompanhararamente de patologia (doença auto--imune).Se a diversidade do repertório de Agcomuns entre microorganismos e seushospedeiros for realmente grande, asprobabilidades de encontro de Ag externospareci<strong>dos</strong> com os nossos própriosAg (leia-se dota<strong>dos</strong> de propriedades dereação cruzada com auto-Ag) serão bastantealtas.Mas qual o tamanho da ameaçapotencial? Quantos Ag em média compartilhamoscom um microrganismo? Podemoster uma idéia realista da resposta àessa pergunta comparando proteomas.Como vimos, menos de 1% <strong>dos</strong> nossosgenes são exclusivos da nossa espécie,isso quando consideramos to<strong>dos</strong> osgenes de todas as espécies conhecidasaté hoje [3]. Um trabalho interessantedividiu o proteoma humano em pequenosoligopeptídeos de cinco aminoáci<strong>dos</strong> decomprimento (pentapeptídeos ou 5-mers)de um modo a que to<strong>dos</strong> os peptídeospossíveis que pudessem ser feitos comesse tamanho a partir do nosso proteomafossem representa<strong>dos</strong>. Os autoresadotaram, em seguida, o mesmo procedimentocom proteomas de alguns víruspatogênicos e determinaram a quantidadede peptídeos idênticos entre os doisproteomas. Observou-se que entre 89,3%e 93,5% <strong>dos</strong> peptídeos deriva<strong>dos</strong> <strong>dos</strong>proteomas virais tinham um homólogoperfeito no proteoma humano [67]. Umoutro trabalho do mesmo grupo utilizouessa metodologia para analisar quarentabactérias diferentes (20 patogênicas e 20e malária cerebral), não há evidências concretasde que alguns deles, como os Ac anti-DNA, sejampatogênicos [66].não patogênicas) e o proteoma humano eencontrou números semelhantes (89,8%a 93,3%) quando pentapeptídeos foramconsidera<strong>dos</strong>. A percentagem de homologiadiminuiu para 28,8%-37,5% quandohexapeptídeos foram considera<strong>dos</strong>, para3%-4,9% no caso de heptapeptídeos epara 0,4%-0,7% no caso de octapeptídeos[41]. Se considerarmos que o comprimentoótimo de um epítopo proteico linearde célula B é de cinco aminoáci<strong>dos</strong> [68](embora epítopos de até 16 aminoáci<strong>dos</strong>de comprimento tenham sido relata<strong>dos</strong>[69,70]) e que o número de pentapeptídeospossíveis de serem construí<strong>dos</strong>utilizando-se os 20 aminoáci<strong>dos</strong> queocorrem naturalmente no nosso mundoé de 3.200.000 (esse número sobepara 6,55 x 10 14 quando consideramos16 aminoáci<strong>dos</strong> de extensão) somosinduzi<strong>dos</strong> à conclusão de que as altaspercentagens de homologia encontradasnão são devidas ao acaso. Na realidade,o fato de um vírus ou uma bactériapossuir em torno de 90% de estruturassemelhantes às nossas nos mostra quenosso sistema imune é bombardeadorotineiramente por um número enorme deAg homólogos aos nossos apresenta<strong>dos</strong>numa roupagem parasitária. Logicamenteesse tipo de abordagem não consideraepitopos conformacionais ou os gera<strong>dos</strong>por modificações pós-transcricionais enem indica um valor médio de homologiaentre os dois organismos levando em contato<strong>dos</strong> os possíveis epitopos (de cincoaté 16 aminoáci<strong>dos</strong> de comprimento).Na Tabela I, tentamos quantificara percentagem média de homologia doproteoma de alguns organismos eucariotaspatogênicos (com genoma completamentesequenciado) com o humano,utilizando o Procom e uma abordagemum pouco diferente. Calculamos a per-
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