11.07.2015 Views

uma empresa, várias gerações - Gazeta Das Caldas

uma empresa, várias gerações - Gazeta Das Caldas

uma empresa, várias gerações - Gazeta Das Caldas

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

1957Tertúlias e eventos culturais têm lugar cativo no restaurante Pachá A padaria Pão Nosso Todos os Dias é a mais recente aposta desta sociedade hoteleiraServiço e produtos de qualidade aliados apreços “simpáticos”Em 1972 Antero Feliciano comprou o prédio ondecontinua o estabelecimento e, em 1987, abriram o restaurantePachá. Foi nesse mesmo ano que Paulo e airmã, Anabela, tomaram as rédeas do negócio. A decisãode o passar aos filhos foi tomada n<strong>uma</strong> viagemque o casal Feliciano fez a Espanha, mas o patriarcaainda esteve mais dois anos a comandar o barco.“Têm feito um bom trabalho”, diz, satisfeito,Antero Feliciano.Com capacidade para 45 lugares sentados, o restauranteacabou por ser o desenvolvimento da tabernaque, na altura, já não tinha a capacidade para acolheros muitos clientes que ali se dirigiam. O nomesurgiu de <strong>uma</strong>s férias em Benidorm (Espanha) ondeexistia <strong>uma</strong> cadeia hoteleira apelidada de Pachá, masque ia mudar. “Aproveitei, pois fazia lembrar-me esse tempo de férias”, brinca.Inovadores no conceito de prato do dia, os empresáriosgarantem também um serviço e produtos dequalidade, aliados a preços “simpáticos” para todaa gente.Os petiscos, de onde se destaca a salada de povo,de orelha, rins, moela, ovas, mexilhão de escabeche,ovos mexidos ou alheira, continuam a ser o ex-librisda casa e têm tido <strong>uma</strong> grande aceitação por toda aregião. Têm clientes que vêm um pouco de todo o paíspara os provar.A sandes de ovo mexido com chouriço, <strong>uma</strong> especialidadeque conta já com mais de três décadas, continuaa ser muito procurada. Começou por ser vendidaa 12$50 (6 cêntimos) e agora, na era do euro, custa1,30 euros a unidade.As paredes do Pachá convertem-se periodicamenteem galeria de arte e a sala é muitas vezes anfitriãde eventos culturais, desde tertúlias, lançamentos delivros e jantares temáticos com animação musical.O objectivo é simples: mudar para que o clientequando voltar sinta que há sempre algo de novo, revelaPaulo Feliciano, que gosta de preservar um elo deligação com quem frequenta a sua casa. Uma característicaque herdou do seu pai que revela que “coisaque ainda me deixa muito satisfeito é anti-gos clientes virem à minha procura”.Padaria é a aposta mais recenteO conhecimento do fabrico do pão e a existência deespaço físico disponível levou os empresários a apostarn<strong>uma</strong> nova área. Em Fevereiro de 2009 inauguravama padaria Pão Nosso Todos os Dias, defronte daCasa Antero, no Beco do Forno. O cheiro que emananão deixa esconder as iguarias que diariamente alisão preparadas, como o pão com azeitona, com manjericão,com tomilho, com torresmos, leitão, bacalhau,ou o pão de diversos cereais.As tranças de salmão são das mais procuradas ea última novidade ao dispor dos clientes é o pão comqueijo da ilha. A inovação e a criatividade sãopalavras de ordem porque estão conscientesque as pessoas gostam de variar e a concorrênciaé cada vez mais feroz.Filipa Feliciano Rosário, de 25 anos, neta deAntero e filha de Anabela Feliciano continua onegócio da família. Tirou o curso de Contabilidadee como não conseguia arranjar trabalhodecidiu fazer o estágio profissional no Pachá,a tratar principalmente da “papelada”. Um anodepois de fazer o estágio abriram a padaria eFilipa ficou responsável pelo negócio. A jovem,que mesmo antes de ali trabalhar, já ajudava afamília, pretende continuar com a actividadeque herda do avô. Tem muito pouco tempo livre,mas gosta do que faz. “É um ambientefamiliar”, diz.Actualmente trabalham 12 pessoas nos trêsestabelecimentos da família Antero (quatro nacozinha, duas na padaria e mais três ao balcão).Nos últimos anos o Pachá teve <strong>uma</strong> facturaçãoanual em torno dos 290 mil euros.No próximo Verão o número de funcionáriosvai aumentar com a vinda de um estagiáriodo curso de turismo da Escola SecundáriaRafael Bordalo Pinheiro. As parcerias estendem-sea outros estabelecimentos, como como turismo rural Casal da Eira Branca (Salir deMatos).Paulo Feliciano reconhece que os tempossão difíceis. “Tenta-se sobreviver a estacrise com dificuldade, tem que se fa-zer <strong>uma</strong> grande ginástica”, conta o empresário,que se socorre da sua larga experiênciano ramo para ter as coisas sempre maisou menos preparadas para o caso de conseguirresponder se houver <strong>uma</strong> enchente declientes, mas “não estarmos a inventarmuito”. Cada dia é <strong>uma</strong> incógnita e se antes aquinta-feira era o dia mais fraco, agora já nãose consegue definir. Paulo Feliciano continuaa ver as <strong>Caldas</strong> como <strong>uma</strong> cidade com grandescaracterísticas comerciais, mas que temvindo a perder muitas das valências que criaramo pólo de outros tempos.Como projectos para o futuro, fixa o tentarmanter o negócio, “sem falhar nem baixara qualidade e manter os eventos”.A família, essa continua unida e a trabalharna casa à qual dedicaram a sua vida. A D. Olímpiacontinua a ajudar no estabelecimento e osr. Antero vai todos os dias de manhã às comprasà Praça da Fruta....Fátima Ferreirafferreira@gazetacaldas.com“Foi sempre um local de encontro e convívio, que aindahoje se mantém”Guilherme Santos, hoje com 60 anos,entes tem. “E tal é o am-começou a frequentar a Casa Antero aosbiente que aqui se vive13. Tinha começado a trabalhar num es-que os empregados secritório na Rua do Jardim e ali ia buscarsandes de manhã e à tarde. “Era omelhor que havia aqui na zona”,diz, lembrando as sandes com dois pastéisde bacalhau e um bocadinho demanteiga. “Uma maravilha!”, exclama.Aos sábados era dia de jogo de dominócom os amigos. “Foi sempre umlocal de encontro e convívio, queainda hoje se mantém”, conta GuilhermeSantos, que continua a ali ir quasetodos os dias. “É o santuário aquida zona”, adianta, especificando que asua família já sabe que quando ele nãoestá em casa, só pode estar no Antero.O local é o mesmo de antes, mas foimodernizado, revela o cliente que, daquelaaltura, lembra-se de ver a D. Olímpiaa sair da cozinha, pela porta que aindahoje se mantém. “As mesas eramdiferentes, os bancos são outros,mas fazem lembrar os de antiga-mente”, diz, lembrando que a CasaAntero faz parte da vida de centenas depessoas.Guilherme Santos não se lembra deassistir a <strong>uma</strong> zaragata naquela casa,realçando o espírito de amizade que reiteraentre os donos e os clientes do espaço.Realça que esta é, provavelmente,a casa de restauração dentro da cidadeque “mais emprega e mais cli-Natural da Vermelha, Herculano Ferreira,77 anos, trabalhou durante bastantesanos como cobrador e, mais tarde,motorista da <strong>empresa</strong> Claras (que sucedeuaos Capristanos e precedeu a RodoviáriaNacional). Começou a frequentara Casa Antero há cerca de 50 anosdurante a hora de almoço. “Se trazíamosalmoço, a D. Olímpia aque-cia-o e comíamos, senão íamos àpraça e as peixeiras normalmentedavam-nos peixe, que aqui gre-lhávamos e comíamos”, conta,acrescentando que o prato era sempreacompanhado de <strong>uma</strong> “ciganinha”.Naquele tempo o peixe era transpor-que os empregados semantêm, não se reno-vamsemanalmente,nem de seis em seismeses”, disse.O antigo cliente diz que osfilhos de Antero conseguiramdinamizar e modernizara parte de restauração, quetem actualmente <strong>uma</strong> clientelamuito eclética. Não perdeum jantar temático e consideraque “o Paulo está para futuro esegue as pisadas do pai, mantendomuita amizade com os clientes”.“Coziam-me as batatas combacalhau que trazia de casa”Sentado na antiga taverna a acompanharGuilherme Santos num prato de Bacalhau àBrás, estava o seu cunhado, Francisco Ribeiro,74 anos, também ele cheio de histórias.Frequenta a Casa Antero desde 1959, do tempoem que o chão era de cimento, a mesa emmadeira com tampo de zinco, os bancos eramcorridos e o espaço era iluminado à noite comdois candeeiros a petróleo.Acompanhou a vida dos responsáveis econhece os filhos desde que eram pequenos.“Foi <strong>uma</strong> grande família que aqui ad-quiri e que nunca mais deixei”, conta,acrescentando que lhes deve favores que nuncaconseguirá pagar. “Ninguém me faziaOs cunhados Francisco Ribeiro eGuilherme Santos são clientes assíduos háo que ele [Antero Feliciano] me fez”, disseFrancisco Ribeiro, lembrando que trazia decasa, da Serra d’el Rei, duas ou três batatascom <strong>uma</strong> postinha de bacalhau e eles coziamnaspara o seu almoço. “Bebíamos na altura<strong>uma</strong> “ciganinha”, que era <strong>uma</strong> gar-rafa de cerveja ([2,5dl] cheia de vinhotinto tirado do barril e era apenas essaa despesa que eu fazia”, recorda o cliente,que tinha na altura 23 anos e estava a estagiarno Tribunal Judicial das <strong>Caldas</strong>.Depois de estagiar foi colocado no Tribunalde Tomar onde esteve durante três anos,altura em que vinha aos fins-de-semana às<strong>Caldas</strong> visitar a namorada e também a CasaAntero. Em 1963 casa e vem trabalhar para oTribunal do Trabalho das <strong>Caldas</strong> (onde esteveaté se reformar) e continua a ir aquele estabelecimentoduas a três vezes por semana.“É <strong>uma</strong> casa do melhor”, remata FranciscoRibeiro, que não se consegue decidirsobre qual dos petiscos prefere.“O peixe saltava da camioneta e era levado para ofogareiro do Sr. Antero”tado para as <strong>Caldas</strong> emcima das camionetas dacarreira, tanto de Penichecomo da Nazaré. “E àsvezes quando apareciaum peixe jeitoso, vinha“muito vivo” e saltavadas caixas para fora, eera levado para assarno fogareiro do Sr. An-O casal Ferreira ainda hoje vem datero”, recorda o funcioná-Vermelha matar saudades à Casa Anterorio dos Claras que guardabastantes lembranças do convívio com o casalFeliciano.trabalha nas Finanças, é cliente habitual.A esposa também frequenta a casa espora-F.F.dicamente, quando vai às <strong>Caldas</strong>, e o filho, que

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!