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uma empresa, várias gerações - Gazeta Das Caldas

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UMA EMPRESA, VÁRIAS GERAÇÕESBraz Mendonça da Conceição, Lda. – da venda de prPara se conhecer a históriadesta firma é preciso recuar aoseu fundador, Braz Mendonçada Conceição (1923-1982), umescalabitano que veio fazer atropa às <strong>Caldas</strong> da Rainha nosanos quarenta e por cá ficou,tendo começado por trabalharno Thomaz dos Santos e empregando-semais tarde naCasa Caldeano.É nessa altura que se apaixona.O romance começoun<strong>uma</strong> data e num local bemcaldenses: 15 de Maio de 1947,dia das Festas da Cidade, juntoao antigo casino (mais tardeCasa da Cultura). Ângela RibeiroMarques, então com 26anos, trabalhava nos Correioscomo telefonista e recordabem o dia em que conheceu ohomem que viria a ser o se<strong>uma</strong>rido.Casaram-se em 1949 e durantemais de <strong>uma</strong> década, BrazConceição continuaria empregadoda Casa Caldeano, atéque em 1960 resolve trabalharpor conta própria num armazémque aluga na Rua da Electricidade(hoje Rua Dr. Saudadee Silva). A actividade centra-seno fabrico de cera parasoalho e em ganchos para telha(um artigo feito em arameque segurava as telhas burro,muito em uso na época). Fabricatambém, ele próprio (nãotinha empregados), os pacotesde papel pardo para o embalamentoe faz também filtrospara automóveis, chegandomesmo a importar feltro de Inglaterrapara integrar na suaprodução caseira.“Era muito habilidoso e ti-nha muitas ideias. E era umperfeccionista. Com condi-ções apropriadas, teriadado um bom engenheirode produção ou um projec-tista”, diz o filho mais velhoJosé Mendonça, ele próprio engenheiro,acerca do seu pai.Graças à sua habilidade ecapacidade de trabalho, o negóciocorria de feição. Ângelacontinuava como telefonistanos Correios e entretanto ocasal tivera já dois filhos: Joséem 1950, e Carlos em 1954.Mas às vezes a desgraçabate à porta e esta tomou aforma de um grande incêndio.“Avistava-se até na Foz daArelho”, conta Ângela Conceição,que ainda hoje, 40 anosvolvidos, fala com emoção daqueledia de 1962 em que o fabricode cera descambou numfogo que queimou a cara e asmãos ao seu marido e o obrigoua recomeçar do zero.Braz Conceição manteve oBraz Mendonça da Conceição (1923-1982) fundou a firma homónima em 1965 na Rua Dr. Miguel Bombarda, que é hoje gerida pela viúva e pelos dois filhos.É em Agosto de 1965 que Braz Mendonça da Conceição abre na Rua Dr. Miguel Bombarda <strong>uma</strong> casaque vende essencialmente atomizadores e motores de rega. Um passo de gigante para um empresárioque até então se dedicara a <strong>várias</strong> actividades comerciais, artesanais e industriais, mas quereceara avançar para que, à época, representava algum fôlego – um trespasse de 8000 escudos (40euros) para instalar a sua firma.Hoje esta casa é <strong>uma</strong> das mais conhecidas das <strong>Caldas</strong> e é gerida pela viúva do fundador e pelosdois filhos, ambos engenheiros, que souberam olhar para o futuro e criar ofertas para responder anovas necessidades.armazém, mas desistiu de fabricarcera. E continuou nos negócios:foi vendedor de aglomeradosde madeira e artigosde drogaria, lâmpadas, pilhas,fechaduras e - com o aparecimentodos plásticos - tambémde baldes e alguidares. Embreve está também n<strong>uma</strong> actividadeprópria da época, queconsistia em zincar pregos. Efaz mesmo <strong>uma</strong> incursão narecauchutagem de pneus decamiões.Outros produtos emergemno mercado: os motores derega e os atomizadores, quevêm substituir os velhos pulverizadoresde cobre. É comestes que irá abrir em 1965 aloja que ainda hoje existe naRua Dr. Miguel Bombarda, geridapela sua mulher e os doisfilhos.“Ele soube que o espa-nhol ia trespassar a casa eandou muito indeciso. Omeu marido era muito tra-Braz Mendonça da Conceição e Ângela Ribeiro Marquesn<strong>uma</strong> fotografia de 1948balhador, mas dizia quegostava de dormir descan-sado. Tinha medo de tomarcompromissos que nãofosse capaz de cumprir. Eué que lhe dei força. Disse-lhe que a loja ficava mesmono caminho da estação”.Ângela Conceição conta quenaquele tempo a feira das segundas-feirasdecorria no espaçoque é hoje a Av. da IndependênciaNacional e queaquela rua era das mais frequentadasda cidade. “Estarua era um corrupio degente que chegava doscomboios... vinham à pi-nha”, recorda a viúva, hojecom 89 anos.O trespasse é formalizadonum documento que faria hojearrepiar qualquer notário oucausídico – um pedaço de papelpardo onde o “espanhol”Avelino Cendor Portela cede asua loja de chapéus de chuvaàs actividades de Braz Conceiçãopor oito contos (40 euros).A Braz Mendonça da Conceição,Lda. abre ao público a 15de Agosto de 1965. “Sem fes-tas nem inaugurações, quenesse tempo não havianada disse”, conta Ângela.A aposta do comerciante revela-seacertada: atomizadores,motores de rega e acessóriossão um mercado emergentepara o sector agrícolanos anos sessenta.Sempre cauteloso, BrazMendonça não arriscou pôrlogo um empregado e trabalhousempre sozinho à frenteda loja. Só poucos meses depoisda morte do seu fundador,em 1982, a firma viria ater um empregado – Paulo Sérgio,então com 14 anos que aindahoje nela se mantém (vercaixa).Carlos Ciprianocc@gazetacaldas.comNelson, Neves, Rui, José Mendonça e Paulo Sérgio. Funcionários e patrão em 1988 durante<strong>uma</strong> mudança provisória de instalações para fazer obras na loja.

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