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Revista Sebrae Agronegócios : inovação no campo

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www.sebrae.com.br Nº 8 – Abril de 2008DiversificaçãoCriar <strong>no</strong>vos produtos é uma das formas maiseficientes de ganhar espaço <strong>no</strong> mercadoCredibilidadeCertificação e Indicação Geográfica ampliamconfiabilidade de pequenas propriedades ruraisINOVAÇÃO NO CAMPOPeque<strong>no</strong>s negócios rurais apostam nadiferenciação para ampliar competitividade


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Expediente<strong>Revista</strong> <strong>Sebrae</strong> Agronegócios – nº 8abril de 2008SumárioSEBRAEServiço Brasileiro de Apoio às Microe Pequenas EmpresasPresidente do Conselho Deliberativo NacionalADELMIR SANTANADiretor-presidentePAULO TARCISO OKAMOTTODiretor-técnicoLUIZ CARLOS BARBOZA40AgroenergiaProdução de biocombustível apóia desenvolvimentosustentável em pequenas propriedades ruraisDiretor de Administração e FinançasCARLOS ALBERTO DOS SANTOSGerente da Unidade de Atendimento Coletivo –Agronegócios e Territórios EspecíficosJUAREZ DE PAULAGerente da Unidade de Marketing e ComunicaçãoMÁRCIO GODINHO OLIVEIRAProduçãoAgência <strong>Sebrae</strong> de Notícias30OrgânicosProdução orgânica éboa alternativa parageração de emprego erenda <strong>no</strong> <strong>campo</strong>SUPERNOVA DESIGNatendimento@super<strong>no</strong>vadesign.com.brJornalista responsávelALESSANDRO MENDES(Azimute Comunicação)Projeto GráficoGRUPO 108 COMUNICAÇÃODiagramação e montagemRIBAMAR FONSECAConferência de montagemADRIANA MATTOSTratamento de imagemCRISTINA GUIMARÃESAssistente de tratamento de imagemNATÁLIA COUTOAssistente de produçãoANDREA CAVALCANTIFoto da capaPROJETO SEMPRE-VIVA/DIVULGAÇÃORevisãoVALDINEA PEREIRA DA SILVAPublicação<strong>Sebrae</strong> – Unidade de Atendimento Coletivo –Agronegócios e Territórios Específicos (Uagro)SEPN 515, bloco C, loja 32CEP: 70770-530 – Brasília – DF(61) 3347-7422/7433/73896 Artigo – Investimento emi<strong>no</strong>vação é essencial aocrescimento do agronegóciodo Brasil8 Artigo – O desafio da i<strong>no</strong>vação10 Entrevista – Glauco Arbix12 Entrevista – Humberto Oliveira14 Sucesso na conquista depúblico-alvo dependede informação qualificada16 Sui<strong>no</strong>cultores investem emcampanha para aumentarconsumo da carne de porco18 Cadeia solidária do algodãoecológico garante emprego erenda em vários estados do país20 Cooperativa de produçãoresgata cultura tradicionaldo Estado da Paraíba22 Diferenciar o produto é umadas formas mais eficientes dei<strong>no</strong>vação24 Fécula de mandioca é utilizadana fabricação de embalagenseco-sustentáveis26 Flor típica do Cerrado poderá seradmirada nas casas brasileiras28 Propriedades cosméticas da floraamazônica motivam L’Occitanea produzir linha <strong>no</strong> Brasil32 Fazenda Malunga é referência <strong>no</strong>cultivo de orgânicos <strong>no</strong> DF34 Tec<strong>no</strong>logia social i<strong>no</strong>vadoratraz melhoria de vida paraagricultores de baixa renda36 Cooperativismo garantecompetitividade para produtosorgânicos <strong>no</strong> <strong>no</strong>rte do MatoGrosso4 <strong>Sebrae</strong> Agronegócios


Agência <strong>Sebrae</strong> de NotíciasEditorialSérgio AlbertoI<strong>no</strong>var paracompetirPAULO OKAMOTTODiretor-presidente do <strong>Sebrae</strong>38 Produção de chás e ervasmedicinais i<strong>no</strong>va agriculturaorgânica <strong>no</strong> Nordeste brasileiro42 Cooperativa produz energiaprópria com resíduo da produçãode açúcar e álcool combustível44 Óleo de cozinha usado abasteceveículos <strong>no</strong> Rio Grande do Sul46 Produtor de suí<strong>no</strong>s ganhacompetitividade e muda cara dafazenda com agroenergia48 Certificação e IndicaçãoGeográfica ampliamconfiabilidade de pequenaspropriedades rurais50 Cachaçarias gaúchas certificamprodutos para aumentarparticipação <strong>no</strong> mercadonacional52 Cerrado mineiro é primeiraregião do mundo a ter café comIndicação Geográfica54 Certificação abre portas domercado exter<strong>no</strong> a produtores defrutas do Vale do São Francisco56 Setor de gado de corte apostaem tradição e qualidadeda carne do pampa gaúchoOfuturo dos empreendimentos de micro e peque<strong>no</strong> portes doBrasil e sua sobrevivência em um mercado cada vez maisexigente pautam cotidianamente o trabalho realizado pelo<strong>Sebrae</strong>. É preciso garantir competitividade e diferenciação aum segmento que responde pela maior parte dos postos de trabalhogerados <strong>no</strong> país. E essa estratégia, seja na indústria, <strong>no</strong> comércio ou <strong>no</strong><strong>campo</strong>, passa necessariamente pela i<strong>no</strong>vação.Desde o início dos tempos, o ser huma<strong>no</strong> fascina-se pelo <strong>no</strong>vo,pelo original. Quem nunca se sentiu atraído por alguma <strong>no</strong>vidade queviu na vitrine? Quem nunca desejou ter algo i<strong>no</strong>vador, diferente? Oferecerao mercado um produto i<strong>no</strong>vador ou com uma cara <strong>no</strong>va podeser a diferença entre o sucesso e o fracasso dos peque<strong>no</strong>s empreendimentos<strong>no</strong> mercado.No agronegócio, a i<strong>no</strong>vação vem se mostrando uma ferramentade grande eficiência. Engana-se quem pensa que investimentos nessaárea são possíveis apenas para os grandes produtores. I<strong>no</strong>var vai muitoalém do uso de alta tec<strong>no</strong>logia. Com soluções muitas vezes simplese baratas, é possível se diferenciar e ser competitivo. Sobretudo, épreciso ser criativo e estar disposto a trabalhar muito pelo sucesso <strong>no</strong>empreendimento.O apoio à i<strong>no</strong>vação é uma das prioridades do <strong>Sebrae</strong>. Realizamosum forte trabalho de consultoria e capacitação para que as pequenaspropriedades rurais possam se diferenciar. E isso pode acontecer dediferentes maneiras: <strong>no</strong> desenvolvimento de um <strong>no</strong>vo produto, emexperiências inéditas de associativismo e encadeamento produtivo,na busca por <strong>no</strong>vas áreas de atuação, na garantia da qualidade pormeio de certificações e Indicações Geográficas e na eco<strong>no</strong>mia e ganhoambiental obtidos na produção própria de energia, entre outros.Nesta edição da <strong>Revista</strong> <strong>Sebrae</strong> Agronegócios, trazemos diversashistórias de sucesso de peque<strong>no</strong>s empreendedores rurais que garantirammais qualidade e produtividade e uma vida melhor para suas famíliascom um investimento certeiro em i<strong>no</strong>vação. Não queremos, com isso,mostrar que a tarefa é fácil, mas sim que é possível e que deve ser focode todos os produtores que buscam a longevidade de seus negócios.<strong>Sebrae</strong> Agronegócios 5


ArtigoLuiz Carlos BarbozaDiretor-técnico do <strong>Sebrae</strong>Investimento emi<strong>no</strong>vação é essencialao crescimento doagronegócio do BrasilSegundo previsão da Conferência das Nações Unidas parao Comércio e Desenvolvimento (Unctad), o país será, napróxima década, o maior produtor mundial de alimentos.Para cumprir tal vocação, produtores precisam enxergarsuas propriedades como um empreendimento, que necessitade profissionalização em todas as etapas“Pequenaspropriedades estãocaminhando rumo àsustentabilidade pormeio da produçãoprópria de energia como uso de resíduos doprocesso produtivo”Luiz Carlos BarbozaSérgio AlbertoModer<strong>no</strong> e competitivo, oagronegócio é vital paraa eco<strong>no</strong>mia brasileira. Em2007, segundo a Confederaçãoda Agricultura e Pecuária do Brasil(CNA), o setor registrou receita recordede R$ 611,8 bilhões, equivalente a22,4% do Produto Inter<strong>no</strong> Bruto (PIB)do país. Desse total, cerca de R$ 100bilhões tiveram como desti<strong>no</strong> o mercadoexter<strong>no</strong> e corresponderam a 36,4%das exportações brasileiras. O volumeexportado pelo setor <strong>no</strong> a<strong>no</strong> passado,segundo o Ministério da Agricultura,Pecuária e Abastecimento (Mapa), foi18,2% maior do que em 2006 e a tendênciaé que essa expansão se mantenhaexpressiva <strong>no</strong>s próximos a<strong>no</strong>s.O Brasil tem diversas característicasque favorecem o agronegócio e sãofundamentais para que o país seja hojeum dos principais participantes domercado mundial do setor. Além de umclima diversificado, com chuvas regularese sol abundante, e quase 13% detoda a água doce disponível <strong>no</strong> mundo,o país tem 62 milhões de hectaresde terras agriculturáveis férteis e 210milhões de hectares de pastagem,segundo dados do Mapa e da CompanhiaNacional de Abastecimento (Conab).Esses diferenciais tornam o Brasilvocacionado ao agronegócio. Segundoprevisão da Conferência das NaçõesUnidas para o Comércio e Desenvolvimento(Unctad), opaís será, na próximadécada, o maiorprodutor mundialde alimentos. Aexploração de todoesse potencial émuito importantepara a geração deemprego e renda,sobretudo <strong>no</strong> <strong>campo</strong>,onde costumamestar o maioríndice de pobreza eos me<strong>no</strong>res indicadoressociais.Para que o paíscumpra sua vocação<strong>no</strong> setor, é essencialque haja um olhar i<strong>no</strong>vador para os negóciosdo <strong>campo</strong>. O potencial do agronegóciobrasileiro é gigante, mas paraque haja competitividade, sobretudo“O potencial doagronegócio brasileiro égigante, mas para quehaja competitividade,sobretudo para ospeque<strong>no</strong>s produtores, éindispensável que hajafoco em diversificação”Luiz Carlos Barbozapara os peque<strong>no</strong>s produtores, é indispensávelque haja foco em diversificação.É importante buscar <strong>no</strong>vos produtos,<strong>no</strong>vas estratégias de mercado,<strong>no</strong>vas maneiras de trabalhar. E paraque isso ocorra, os produtores precisamenxergar suas propriedadescomo umempreendimento,o qual necessita deprofissionalizaçãoem todas as etapas.Para se diferenciareme terem condiçõesde competirem um mercadocada vez mais exigente,os peque<strong>no</strong>sprodutores precisamter objetivos clarose planejar e executarações que permitamalcançá-los. Ouseja, é indispensávelque haja a todomomento foco <strong>no</strong>s resultados. É precisotambém avaliar sempre o trabalho, paraque eventuais correções de rota sejampossíveis durante o processo.6 <strong>Sebrae</strong> Agronegócios


Nesse caminho, o produtor contacom o apoio do <strong>Sebrae</strong>, por meio decursos, palestras, consultorias e suportepara certificações de qualidade,entre outros. A competitividade dospeque<strong>no</strong>s negócios rurais, assim comotambém de outros setores, é uma de<strong>no</strong>ssas grandes preocupações e a instituiçãonão mede esforços para que elesse tornem cada vez mais profissionaise preparados para o mercado.As possibilidades de crescimento<strong>no</strong> agronegócio brasileiro são e<strong>no</strong>rmese a i<strong>no</strong>vação é fundamental <strong>no</strong> processo.A aqüicultura, por exemplo, éum setor que deve experimentar forteavanço <strong>no</strong>s próximos a<strong>no</strong>s, tantona pesca como <strong>no</strong> cultivo de ostras,favorecido pelo <strong>no</strong>sso vasto litoral epela presença de diversos rios e lagos.A fruticultura, a floricultura e ahorticultura também estão em francaexpansão, graças a diversas iniciativasi<strong>no</strong>vadoras, muitas delas de iniciativade peque<strong>no</strong>s produtores, sozinhos oude forma associada.O setor de alimentos orgânicostambém é dos mais expressivos emtermos de potencial futuro. O crescimentomédio anual do setor <strong>no</strong> Brasilé de 30%, o dobro <strong>no</strong> registrado <strong>no</strong>spaíses da União Européia. Os bonsnúmeros são reflexo do aumento daexigência dos consumidores inter<strong>no</strong>s eexter<strong>no</strong>s com a qualidade e segurançados alimentos e com os impactos daagricultura convencional sobre o meioambiente. Além disso, o cultivo orgânicotem grande importância social,por permitir melhor remuneração aosprodutores.A agroenergia é outra área comfortes investimentos em i<strong>no</strong>vação.Os biocombustíveis brasileiros, comoo eta<strong>no</strong>l e o biodiesel, são líderes demercado <strong>no</strong> mundo, tanto em termosde volume de produção como de qualidadee produtividade. Além disso,diversas pequenas propriedades estãocaminhando rumo à sustentabilidadepor meio da produção própria de energiacom o uso de resíduos do processoprodutivo, o que significa me<strong>no</strong>s custose mais cuidado ambiental.Fotos: Agência <strong>Sebrae</strong> de NotíciasAqüicultura, fruticultura e floricultura são setores com potencial de crescimento<strong>Sebrae</strong> Agronegócios 7


ArtigoJuarez de PaulaSociólogo e gerente da Unidade de Agronegóciose Desenvolvimento Territorial do SEBRAEO desafio da i<strong>no</strong>vaçãoPeque<strong>no</strong>s empreendimentos do agronegócio precisam investir decisivamenteem i<strong>no</strong>vação para serem competitivos. Novos produtos, estratégias de marketinge encadeamento produtivo, certificações e Indicações Geográficas, produçãoorgânica e agroenergia são algumas estratégias utilizadas pelos peque<strong>no</strong>s produtorespara se diferenciarem <strong>no</strong> mercadoOs peque<strong>no</strong>s empreendimentosde agronegócios produzemem pequena escala, oque geralmente implica numasignificativa redução da sua competitividadeem termos de preço final doproduto. Isso não significa que a pequenaprodução agropecuária seja eco<strong>no</strong>micamenteinviável. Apenas evidenciaque os peque<strong>no</strong>s negócios de baserural precisam investir decisivamenteem i<strong>no</strong>vação.Quando não dispomos de um produtocapaz de apresentar vantagemsobre os seus concorrentes pelo me<strong>no</strong>rpreço, a alternativa é apresentar outrostipos de vantagens, decorrentes deatributos de qualidade que promovam adiferenciação do produto. É justamenteesse o papel mais relevante da i<strong>no</strong>vação<strong>no</strong>s peque<strong>no</strong>s negócios.Entretanto, é necessário compreendero conceito de i<strong>no</strong>vação de umaforma mais abrangente. Geralmente associamosi<strong>no</strong>vação à idéia de “alta tec<strong>no</strong>logia”ou de “tec<strong>no</strong>logia de últimageração”. Esse, certamente, é um dossignificados possíveis. Porém, tambémé certo que o acesso das pequenasempresas a esse tipo de tec<strong>no</strong>logia égeralmente bastante difícil. Existemoutras formas de i<strong>no</strong>var.O modo de i<strong>no</strong>vação mais evidente,mais facilmente perceptível, é ai<strong>no</strong>vação do produto. Criar um produtoi<strong>no</strong>vador, sem similares <strong>no</strong> mercado, écertamente a forma mais absoluta dediferenciação. Isso geralmente estáassociado a investimentos em pesquisae desenvolvimento. Muitas vezes, oAgência <strong>Sebrae</strong> de Notíciascusto de pesquisa e desenvolvimentode um <strong>no</strong>vo produto pode ser bastanteelevado, mas nem sempre.O algodão naturalmente coloridodesenvolvido pela EMBRAPA e transformadoem produto pela marca NaturalFashion; as embalagens biodegradáveisproduzidas a partir da fécula demandioca desenvolvidas pela CBPAK; adomesticação e reprodução controladada “Sempre-viva” - uma flor nativa docerrado brasileiro – conseguida pelopesquisador Luiz Gluck Lima, possibilitandoa redução do extrativismo etransformando-a em produto de floricultura;a utilização de óleos, essênciase extratos naturais da <strong>no</strong>ssa biodiversidadepelas indústrias de fármacos ecosméticos para o desenvolvimento deprodutos, como os <strong>no</strong>vos bronzeador,protetor solar e creme hidratante daL’Occitane Brasil; são exemplos importantesde i<strong>no</strong>vação de produtos.Também é possível i<strong>no</strong>var atravésdo marketing, da promoção i<strong>no</strong>vadorado produto, buscando mudar hábitosde consumo, apresentar um produtotradicional de uma forma mais práticae atraente, mais adequada ao estilo devida do público-alvo que se quer atingir,ampliando a sensação de satisfaçãodos desejos e necessidades do consumidorfinal. A campanha “Um <strong>no</strong>voolhar sobre a carne suína” da ABCS –Associação Brasileira de Criadores deSuí<strong>no</strong>s é um ótimo exemplo de estratégiai<strong>no</strong>vadora de marketing de produto,com reflexos significativos não só <strong>no</strong>sresultados das vendas, mas também nareorganização da cadeia produtiva.Os alimentos orgânicos são um exemplo bem-sucedido de produtos diferenciados8 <strong>Sebrae</strong> Agronegócios


“Estamos certosde que acompetitividadedos agronegóciosde peque<strong>no</strong> portedepende fortementeda cooperaçãoe da i<strong>no</strong>vação”Juarez de PaulaOutra forma de i<strong>no</strong>var é buscar asubstituição de produtos por similares,com vantagens adicionais nem semprerelativas a preço. É o caso do mercadode agroenergia. O encarecimento dopreço do petróleo resultante da crescenteescassez do produto e os efeitosambientais da sua crescente utilização– aquecimento global e mudançasclimáticas – impulsionam a busca poralternativas re<strong>no</strong>váveis e limpas parageração de energia.A produção de biogás e biofertilizantea partir de dejetos animais e aprodução de biodiesel e saneantes apartir da gordura animal descartada ematividades de abate, eliminando resíduosde forte impacto ambiental, comona experiência da Fazenda Pork Terra,Sérgio Albertopode ser uma excelente e i<strong>no</strong>vadoraalter nativa de produção de energia paraautoconsumo em médias e pequenaspropriedades rurais, reduzindo custos epreservando o meio ambiente.Aproveitar o óleo vegetal utilizadoem frituras como biocombustível paramotores diesel, evitando o seu descarte<strong>no</strong> meio ambiente, o que geralmenteimplica na contaminação de recursoshídricos e obstrução de tubulações deesgoto, com custos sociais muito expressivos,é outro exemplo de produçãode energia para o autoconsumo, absolutamenteviável para micro e pequenasempresas urbanas e rurais. A tec<strong>no</strong>logiadesenvolvida por Paulo Lenhardtpara este fim, além de i<strong>no</strong>vadora, temas características de uma “tec<strong>no</strong>logiasocial”, por ser simples, barata e geradorade qualidade de vida.Porém, também é possível demonstrara viabilidade da participação depeque<strong>no</strong>s empreendedores <strong>no</strong> competitivomercado do eta<strong>no</strong>l, a exemplo daCooperativa Pindorama, proprietária deuma grande usina produtora de açúcare álcool, que i<strong>no</strong>va ao não reproduzir omodelo tradicional, seja pela integraçãodo plantio de cana-de-açúcar com afruticultura e a horticultura, escapandoda mo<strong>no</strong>cultura, seja pelo modelo degestão cooperativista e pela propriedadecoletiva do empreendimento.A forma mais comum de i<strong>no</strong>vação éa busca pela diferenciação do produto.Isso implica na valorização de atributosde qualidade, que precisam ser comprovadospara o consumidor através deprocedimentos de certificação.Os produtos certificados como“orgânicos”, isto é, comprovadamenteproduzidos sem a utilização de agroquímicos(fertilizantes, pesticidas,anti bióticos e outras substâncias quepodem deixar resíduos químicos <strong>no</strong>salimentos) são um exemplo exitosodeste tipo de diferenciação. Os produtosorgânicos são vendidos compreços geralmente 30% superiores aosconvencionais e mesmo assim o mercadode produtos orgânicos cresce entre20 a 30% ao a<strong>no</strong>. É um forte sinalde mudança de hábitos de consumo,onde o consumidor está cada vez maispreocupado com a aquisição de produtossaudáveis e disposto a pagar maispor isso.Empreendimentos de sucesso comoa Fazenda Malunga, a Cooperativa deAgricultura Ecológica do Portal da Amazônia,a Cooperativa Justa Trama, a CoopNaturale os chás Namastê demonstrama potencialidade deste mercado.A própria multiplicação da tec<strong>no</strong>logiasocial de Produção Agroecológica Integradae Sustentável – PAIS demonstrao forte apelo da agroecologia comoum modo i<strong>no</strong>vador de produção de alimentos.Outra forma de diferenciação deprodutos é a valorização de atributosde qualidade resultantes de característicasterritoriais, certificados atravésdas Indicações Geográficas e dasDe<strong>no</strong>minações de Origem dos produtos.O vinho do Vale dos Vinhedos, aCachaça de Paraty, a carne do PampaGaúcho da Campanha Meridional e oCafé do Cerrado são exemplos brasileirosdeste tipo de certificação.Há ainda uma forma de diferenciaçãode produtos através das certificaçõesde qualidade, com a obtençãode selos resultantes de processosde auditoria regulados por <strong>no</strong>rmasde conformidade. As certificações dequalidade com foco na sanidade e rastreabilidadede produtos tendem a seruma exigência de mercado cada vezmais comum. Os exemplos dos produtoresgaúchos de cachaça e dos fruticultoresdo Vale do Rio São Franciscodemonstram a importância da certificaçãode qualidade como instrumentode i<strong>no</strong>vação da gestão dos processosprodutivos.O SEBRAE, ao dar visibilidade atodas estas experiências, busca evidenciara importância da i<strong>no</strong>vaçãoem seus diversos aspectos, inclusivea i<strong>no</strong>vação nas formas de organizaçãodos peque<strong>no</strong>s empreendedores, valorizandoo cooperativismo e a gestãoparticipativa. Estamos certos de que acompetitividade dos agronegócios depeque<strong>no</strong> porte depende fortemente dacooperação e da i<strong>no</strong>vação.<strong>Sebrae</strong> Agronegócios 9


EntrevistaGlauco ArbixCoordenador-geral do Observatório de I<strong>no</strong>vação e Competitividade do Institutode Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP)Peque<strong>no</strong>snegócios devemse diferenciarpara seremcompetitivosAcervo pessoalPara Arbix, o empreendedor, ao i<strong>no</strong>var, mostra que é capaz de transformar uma idéiaem algo concreto que movimenta a eco<strong>no</strong>mia de uma forma diferente e agrega valor ediferencial ao produto ou serviçoA importância da i<strong>no</strong>vação ganhou reconhecimento entreempresários, governantes, formuladores de políticas públicase comunidade científica graças aos resultados positivosproporcionados às eco<strong>no</strong>mias que a aplicaram. A i<strong>no</strong>vação éresponsável por saltos na competitividade e na qualidade desistemas produtivos <strong>no</strong>s setores de comércio, serviços, indústriae agricultura e na melhoria das atividades públicas egovernamentais. “Difundir uma cultura i<strong>no</strong>vadora é um desafio,mas vital para a competitividade dos peque<strong>no</strong>s negócios”,destaca o sociólogo Glauco Arbix, coordenador-geraldo Observatório de I<strong>no</strong>vação e Competitividade do Institutode Estudos Avançados da Universidade de São Paulo(USP) e ex-presidente do Instituto de Pesquisa EconômicaAplicada (Ipea).Nesta entrevista exclusiva à <strong>Revista</strong> <strong>Sebrae</strong> Agronegócio,Arbix, que também é membro do Conselho Nacional deCiência e Tec<strong>no</strong>logia e consultor do Pnud/ONU, fala da importânciade se difundir e consolidar iniciativas de i<strong>no</strong>vação<strong>no</strong>s micro e peque<strong>no</strong>s empreendimentos brasileiros,trabalho que conta com forte participação do <strong>Sebrae</strong>.Qual a relação entre i<strong>no</strong>vação e diferenciação deprodutos?A idéia de i<strong>no</strong>var está cada vez mais forte <strong>no</strong> mundoempresarial, em órgãos de gover<strong>no</strong>, em entidades representativas,em organizações, na indústria, <strong>no</strong> comércio etambém na agricultura. Há uma realidade <strong>no</strong>va <strong>no</strong> mundoque se refere exatamente às questões ligadas à capacidadedas empresas de gerarem <strong>no</strong>vas idéias. Não bastaapenas criar uma idéia, é preciso transformá-la em algoconcreto <strong>no</strong> mercado, de forma a mover a eco<strong>no</strong>mia deuma maneira diferente. Ou seja, i<strong>no</strong>vação não é ter umaidéia brilhante para ficar guardada em um laboratório esim a capacidade de transformá-la em algo real que movimentea eco<strong>no</strong>mia.I<strong>no</strong>vação está sempre ligada à alta tec<strong>no</strong>logia?Essa é uma visão comum, mas limitada e preconceituosa.Esse entendimento é sedutor, pois a alta tec<strong>no</strong>logia trazidéia de modernidade, de avanço e de futuro que encantaas pessoas. Em um país como o Brasil, diversificado eheterogêneo, com micro, pequenas, médias e grandes empresas,essa associação entre alta tec<strong>no</strong>logia e i<strong>no</strong>vação éum problema. É preciso tratar adequadamente o estímulo ài<strong>no</strong>vação e não correr o risco de sugerir a um empreendedoruma atividade que pode paralisar a empresa dele. Imaginedizer para um empresário que para i<strong>no</strong>var é preciso investirforte em pesquisa e desenvolvimento? Ele vai pensar quenão é para o “bico dele”.Como i<strong>no</strong>var sem investir em pesquisa e desenvolvimento?A i<strong>no</strong>vação pode ocorrer de várias maneiras: na tec<strong>no</strong>logiausada, <strong>no</strong> produto, <strong>no</strong> atendimento ao cliente, nagestão do negócio e na logística de distribuição, entre outros.Na maior parte das vezes, a idéia de i<strong>no</strong>vação não étec<strong>no</strong>lógica e não significa apenas a criação de conhecimento<strong>no</strong>vo, como o que sai de um laboratório. Esse tipo10 <strong>Sebrae</strong> Agronegócios


Agência <strong>Sebrae</strong> de NotíciasA i<strong>no</strong>vação ocorre de várias maneiras: na tec<strong>no</strong>logia, <strong>no</strong> produto, <strong>no</strong> atendimento, na gestão e na distribuição, entre outrosde i<strong>no</strong>vação, ligada à pesquisa e ao desenvolvimento, temum volume muito peque<strong>no</strong>. No cotidia<strong>no</strong>, a i<strong>no</strong>vação aconteceaos milhares em toda parte, inclusive <strong>no</strong> Brasil, e dizrespeito a pequenas modificações com as quais as empresasse diferenciam uma das outras.Há muitos exemplos desse tipo de i<strong>no</strong>vação que independede alta tec<strong>no</strong>logia <strong>no</strong> Brasil?Essa situação é encontrada aos milhares <strong>no</strong> Brasil,tanto <strong>no</strong> <strong>campo</strong> quanto nas cidades. Há, por exemplo,empresas que utilizam a borracha (o látex extraído dasseringueiras) para produzir telhas e até camisetas. Nãofoi inventado nada de <strong>no</strong>vo, mas houve i<strong>no</strong>vação ao diversificaras formas de uso de um conhecimento já antigo.Por isso, a idéia de i<strong>no</strong>vação não pode ser associadaexclusivamente à idéia de alta tec<strong>no</strong>logia. Micro, pequenas,médias e grandes empresas não podem trabalhar apartir desse conceito.Quando fui jurado da premiação feita pela Financiadorade Estudos e Projetos (Finep) do Ministério da Ciência eTec<strong>no</strong>logia (MCT), o Prêmio Finep de I<strong>no</strong>vação Tec<strong>no</strong>lógica,uma das empresas premiadas desenvolveu um processodiferente de fornecimento de oxigênio para rede hospitalar.A i<strong>no</strong>vação foi construir pequenas usinas de oxigêniodentro dos hospitais. Ela não inventou nem o oxigênio nemum sistema diferente de armazenagem e recorreu a umatec<strong>no</strong>logia totalmente madura, conhecida e disponível paracriar o que está sendo chamada de miniusina. A grandemudança foi ter desenvolvido uma forma de logística totalmente<strong>no</strong>va.Como você caracteriza um processo eficiente de i<strong>no</strong>vação?É aquele que resulta em uma diferença para a empresa,que consegue se destacar <strong>no</strong> mercado e não ser confundidacom as outras. Esse reconhecimento pode ser, por exemplo,pela marca ser mais confiável, o que significa que foi feitoum trabalho que deu mais confiança ao consumidor. Cadavez que micro e pequenas empresas, <strong>no</strong> <strong>campo</strong> ou na cidade,encontram um lugar para mostrar que são diferentes daconcorrência há i<strong>no</strong>vação. Essa é a questão-chave.Quando uma empresa i<strong>no</strong>va?Ao fazer, por exemplo, o mesmo que os concorrentesfazem, mas de uma maneira diferente. Uma empresa pode,por exemplo, inventar um sistema de produção mais eficienteque resulte em uma mercadoria mais barata. Muitasvezes o consumidor não sabe desse diferencial, mas elesente <strong>no</strong> bolso.Então nem sempre o consumidor sabe que uma empresaé i<strong>no</strong>vadora?A i<strong>no</strong>vação pode ser interna e invisível aos olhos doconsumidor. Ocorre quando a empresa i<strong>no</strong>va <strong>no</strong> sistema deprodução e distribuição, por exemplo. Mas também podeser externa e <strong>no</strong>tada pelos consumidores, como quandoestá presente na embalagem e na marca.Qual o segredo para i<strong>no</strong>vação?Ao diferenciar um produto de outros iguais que existam<strong>no</strong> mercado, o produtor mostra que tem algo a mais,que tem valor agregado. Essa diferença pode ser <strong>no</strong> uso deum material na embalagem – trocar papel por plástico – oude inteligência e conhecimento. Quando uma costureirafaz uma camisa em 20 minutos e não em quatro horas,ela acrescentou criatividade e inventividade à maneirade produzir e criou um diferencial. Essa diferença nãose deve a nenhum tipo de formação formal e acontecemuito <strong>no</strong> <strong>campo</strong> brasileiro. Os peque<strong>no</strong>s negócios que movimentama eco<strong>no</strong>mia acabam se diferenciando entre elespelas pequenas mudanças que conferem personalidadepara cada um. Não tem nada de material, só tem base <strong>no</strong>conhecimento. O empreendedor mais inteligente e preparadoconsegue mais sucesso.<strong>Sebrae</strong> Agronegócios 11


EntrevistaHumberto OliveiraSecretário de Desenvolvimento Territorial do Ministério do Desenvolvimento AgrárioTerritórios daCidadania éaposta do Gover<strong>no</strong>brasileiro parasuperar pobreza <strong>no</strong>meio ruralUbirajara Machado/Ascom MDAPara o secretário de Desenvolvimento Territorial do Ministério do DesenvolvimentoAgrário (MDA), Humberto Oliveira, programa lançado em fevereiro de 2008 seráimportante para combater as desigualdades entre as regiões metropolitanas, asgrandes e médias cidades e o interior do Brasil, que vive distante das oportunidadesde desenvolvimento econômico e de acesso a políticas públicas de qualidade. Serãoinvestidos, <strong>no</strong> primeiro a<strong>no</strong>, R$ 11,3 bilhões em 958 municípios do paísOPrograma Territórios da Cidadania, lançado emfevereiro deste a<strong>no</strong> pelo Gover<strong>no</strong> Federal, tem oobjetivo de superar a pobreza <strong>no</strong> meio rural pormeio do desenvolvimento equilibrado dos territóriosrurais, da melhoria de qualidade de vida e da garantiade direitos e cidadania, entre outras ações. No primeiro a<strong>no</strong>,serão investidos R$ 11,3 bilhões em 958 municípios de todasas 27 unidades da Federação. Serão 60 territórios, ondevivem 24 milhões de brasileiros, sendo 7,8 milhões <strong>no</strong> <strong>campo</strong>.A característica em comum é a situação de pobreza e o baixodinamismo econômico e a alta concentração de agricultoresfamiliares, assentados da reforma agrária, populações quilombolase comunidades indígenas.Para o secretário de Desenvolvimento Territorial do Ministériodo Desenvolvimento Agrário, Humberto Oliveira, oprograma será importante para combater as desigualdadesentre as regiões metropolitanas, as grandes e médias cidadese o interior do Brasil, que vive distante das oportunidadesde desenvolvimento econômico e de acesso a políticaspúblicas de qualidade. “O Territórios da Cidadania ajudaráa enfrentar o que considero o maior desafio da sociedadebrasileira, que é reduzir as e<strong>no</strong>rmes desigualdades com asquais vínhamos convivendo com incompreensível naturalidade”,destaca.Nessa entrevista exclusiva para a <strong>Revista</strong> <strong>Sebrae</strong> Agronegócios,Oliveira cita algumas das ações que serão executadas<strong>no</strong> âmbito do Programa e fala da importância dos peque<strong>no</strong>snegócios e da agricultura familiar para o crescimento e desenvolvimentodo país, entre outros temas.Quais são os principais benefícios que o ProgramaTerritórios da Cidadania pode trazer para os peque<strong>no</strong>s negóciosdo Brasil, principalmente na agricultura familiar?O Programa traz um modelo de gestão que permitirámelhor aplicação dos recursos públicos, ao integrar açõesda política agrícola entre si e dessa com ações de educação,saúde, infra-estrutura e cultura, entre outras. O objetivoé garantir um apoio integral do estado, promovendoacesso à cidadania e direitos às famílias, ao mesmo tempoem que financia e apóia atividades de geração de renda.O efeito esperado é de uma agricultura familiar ainda maisconsolidada e estratégica para o país, que contribua emsuas múltiplas funções econômica, social e ambiental deforma sustentável.12 <strong>Sebrae</strong> Agronegócios


Agência BrasilO Territórios da Cidadania foi lançado em fevereiro de 2008 pelo presidente LulaComo o Programa estimulará a sustentabilidade daspequenas propriedades rurais de regiões de baixa renda?Começaremos tratando os principais problemas quecausam a pobreza e a estagnação econômica. Por exemplo,as questões de saúde e educação receberão importante reforço,a regularização do acesso à terra trará segurança aosagricultores familiares e investimentos em infra-estruturamelhorarão diversos aspectos da vida dessas famílias. Masações como essas tem um alcance reduzido se não há tambémum forte trabalho para fortalecer a capacidade localde gerar alternativas e i<strong>no</strong>vações. É preciso reforçar tambémredes solidárias e parcerias para ampliar e aprofundara participação de setores tradicionalmente não alcançadospor políticas de desenvolvimento.De que forma o Gover<strong>no</strong> Federal pretende fortalecer oprotagonismo social <strong>no</strong>s Territórios da Cidadania?Para promover o protagonismo social <strong>no</strong>s territórios éfundamental ampliar e fortalecer os atuais ambientes institucionaisde gestão de políticas públicas, como os conselhosmunicipais, e as instâncias regionais existentes,como os consórcios de segurança alimentar e desenvolvimentolocal e as associações de municípios. Entretanto,por tratar-se de uma visão integradora do espaço territoriale dos setores, o Programa Territórios da Cidadaniaestabeleceu como referência na gestão local o ColegiadoTerritorial.Como será composto esse colegiado? Haverá espaçopara a representação das pequenas empresas?O Colegiado Territorial será composto paritariamente porgover<strong>no</strong>s e sociedade civil. Estarão presentes as prefeiturasdos municípios de cada território e órgãos dos gover<strong>no</strong>sestaduais e federal que tenhamações <strong>no</strong> Programa Territórios daCidadania. Haverá também amplae diversificada participação devários setores e segmentos sociaisque traduzam a composiçãodas forças sociais e econômicasdo território.A participação das pequenasempresas <strong>no</strong>s colegiados é fundamental,pois afirmará um valorimportante do Programa, que é aintegração <strong>campo</strong> e cidade, re<strong>no</strong>vandoo conceito de ruralidade<strong>no</strong> Brasil. Além disso, ajudará arevelar a importância da agriculturafamiliar e da reforma agráriana eco<strong>no</strong>mia do território, vistoque ali circulam recursos destinadosa financiar esse público.Outro benefício é a possibilidadede produzir importantes alianças com projetos comuns entreos agricultores e as pequenas empresas urbanas.De que maneira o poder das compras governamentaispoderá ser usado para fortalecer a eco<strong>no</strong>mia local dosTerritórios da Cidadania?As compras governamentais, principalmente operadaspelo Programa de Aquisição de Alimentos e pelo ProgramaNacional de Alimentação Escolar, devem alavancar osprocessos de comercialização, com a abertura e ampliaçãode mercados, e contribuir para a circulação interna do capital,gerando mais ocupação e renda <strong>no</strong>s territórios. Alémdisso, haverá também disponibilização de espaços de comercialização,apoio à organização de redes cooperativase solidárias e assessoramento técnico especializado para acomercialização. Esse conjunto de ações possibilitará melhoreficácia das organizações associativas, garantindo ainserção sustentável dos produtos <strong>no</strong>s mercados locais e,conseqüentemente, aquecimento da eco<strong>no</strong>mia local.Quais são as principais metas e prioridades em médioe longo prazo?Em médio e longo prazo, espera-se que a sistemática deplanejamento da oferta de políticas públicas para o meio ruralbrasileiro com foco na abordagem territorial se consolidee integre os três níveis federativos e a sociedade local organizada.Com isso, é possível fazer com que demanda e ofertase encontrem em um diálogo contínuo entre as partes,ajudando a superar os níveis de pobreza e as situações dedesigualdades atualmente existentes. Temos também a expectativade que projetos locais estratégicos e estruturantespossam ser orientadores nessa relação entre gover<strong>no</strong>s e sociedade,atuando em uma perspectiva de desenvolvimento.<strong>Sebrae</strong> Agronegócios 13


ApresentaçãoMARKETING E ENCADEAMENTO PRODUTIVOSucesso na conquista depúblico-alvo dependede informação qualificadaConhecimento adequado e planejamento são preponderantes para os peque<strong>no</strong>sempreendimentos do agronegócio, que em muitos casos envolvem produção familiar. Para eles,faz toda a diferença obter informações qualificadas de marketing, de mercado e de gestãoColocar um produto agrícola nasgôndolas de um supermercadoou de um hortifrutigranjeirorequer tantas ou mais habilidadesque as exigidas durante o cultivo.Para obter sucesso na verdadeira odisséiaque é ter acesso ao mercado, o peque<strong>no</strong>produtor rural precisa de informaçãoqualificada. Com o objetivo deajudar nessa tarefa, o <strong>Sebrae</strong> mantémuma unidade de negócio que forneceaos produtores conhecimentos que vãoalém das práticas de venda e ultrapassamuma visão de curto prazo.“Nosso trabalho tem o objetivo depreparar os produtores para acessaremo mercado em médio e longo prazo, oque exige estratégias que envolvamnão só a venda em si, mas tambémo momento anterior e posterior. Umdos focos principais é a definição demetas e objetivos com um olhar peloviés dos conceitos de marketing”, descrevea gerente da Unidade de Acessoa Mercados do <strong>Sebrae</strong> Nacional, RaissaAlessandra Rossiter.O trabalho da Unidade de Acesso aMercados é executado em quatro etapas.A primeira consiste em um diagnósticodetalhado do negócio. O produtor ruralrecebe orientações sobre as condiçõesdo mercado em que atua e também sobreos produtos. No processo, avalia-sese como o empreendimento explora asoportunidades e qual a capacidade deprodução em relação à demanda. O empreendedortambém é informado sobreos requisitos para obter certificações de“Depois da venda,é preciso avaliaro resultado, pois oobjetivo de um negócioé o lucro. Não adiantaaumentar as vendase ficar <strong>no</strong> prejuízo pornão conseguir,por exemplo, ajustaro preço”Raissa Rossiterqualidade e recebe consultorias paraadequar os produtos à quantidade equalidade exigidas pelos compradores.No segundo momento, ocorre a seleçãodo mercado-alvo, com base emraios X feito na primeira etapa. “Há casosem que o melhor público é o atual.Sérgio AlbertoEm outros, a recomendação é aumentara presença geográfica e levar os produtospara outras cidades, estados e atépaíses”, comenta Raissa. Tudo dependeda avaliação do potencial de inserção<strong>no</strong> mercado do empreendimento e deseus produtos e serviços.A terceira etapa prevê a criação daestratégia de atuação. O cliente recebeorientação quanto à maneira mais adequadade acessar o mercado-alvo definido.Ele encontrará resposta sobre oscanais de distribuição mais efetivos,as parcerias que podem ser estabelecidas,se precisará fazer algum tipo deadaptação <strong>no</strong> produto ou estabeleceruma definição diferenciada de preço,entre outros. É nessa hora que seráfeito todo o planejamento das ações,inclusive a estratégia de comunicaçãopara chegar ao mercado escolhido.Na fase final, ocorrem os ajustes.Definidos o mercado-alvo e a estratégiapara atingi-lo, é preciso apararalgumas arestas. Raissa cita comoexemplo a experiência de produtoresde uva da Bahia, que, com orientaçãodo <strong>Sebrae</strong>, conseguiram colocar seusprodutos nas gôndolas de supermercadosdo Distrito Federal. “Definimos queo DF seria o mercado-alvo pelo poderaquisitivo, pelas exigências requeridase pelo padrão de qualidade adequadodo produto que estávamos apoiando”,relembra. Para isso, foram necessáriasadaptações para que a quantidade, aembalagem e o preço fossem adequados,entre outros.14 <strong>Sebrae</strong> Agronegócios


Agência <strong>Sebrae</strong> de NotíciasO <strong>Sebrae</strong> trabalha estratégias de acesso a mercado em diversos segmentos do agronegócio, como a apicultura“Depois da venda é preciso avaliaro resultado, pois o objetivo de um negócioé o lucro. Não adianta aumentaras vendas e ficar <strong>no</strong> prejuízo pornão conseguir, por exemplo, ajustar opreço”, pondera Raissa. A etapa dosajustes, ressalta, é muito importanteporque revisa os outros momentos dotrabalho.A principal vantagem para o clienteatendido pela Unidade de Acesso aoMercado é ter contato com um insumofundamental para a gestão de qualquernegócio: a informação. Isso é preponderantepara os peque<strong>no</strong>s empreendimentosdo agronegócio, que em muitoscasos envolvem produção familiar.Para eles, faz toda a diferença obterinformações qualificadas de marketing,de mercado e de gestão. “Nossa intençãoé que os envolvidos tenham aumentode faturamento, ganhem <strong>no</strong>vosmercados e tenham informações qualificadaspara a tomada de decisões”,comenta Raissa.Os produtores que procuram ajudapara acesso a mercados <strong>no</strong> <strong>Sebrae</strong> contamtambém com ferramentas como oprojeto Comércio Brasil. “Atuamos comvários segmentos do agronegócio, como“Um dos focosprincipais do trabalhodo <strong>Sebrae</strong> com osprodutores é a definiçãode metas e objetivoscom um olhar demarketing”Raissa Rossitera apicultura e fruticultura”, explica.A gerente relata que foram selecionadose treinados consultores exter<strong>no</strong>sque atuam como agentes comerciaispara apoiar os peque<strong>no</strong>s e microempreendedoresna identificação de canaisde mercado, de comercialização e dedistribuição. “Eles orientam o clientepara facilitar a chegada do produto atéo canal e vice-versa. É uma forma queos <strong>Sebrae</strong>s estaduais encontraram paradisseminar e multiplicar esse trabalho”,destaca.Uma estratégia de marketing quevem sendo utilizada com sucesso pelosclientes do setor de agronegócios é a doComércio Justo (Fair Trade em inglês).Trata-se de um dos pilares da sustentabilidadeeconômica e ecológica, cujopropósito é estabelecer preços justos,padrões sociais e ambientais nas cadeiasprodutivas de vários produtos,em especial os agrícolas, com foco nasexportações de países em desenvolvimentopara países desenvolvidos.“Há um espaço muito grande paraprodutos com enfoque nessa estratégia.O <strong>Sebrae</strong> mineiro, por exemplo,está trabalhando com parceiros umaforma de atendimento a 500 famíliasprodutoras de café. O produto hoje évendido <strong>no</strong> mercado brasileiro e o objetivoagora é expandir para os EstadosUnidos sob os pilares do ComércioJusto”, informa Raissa.Disseminar a filosofia do ComércioJusto é um desafio que o <strong>Sebrae</strong> tembuscado superar atuando com váriosparceiros, pois é uma tarefa que pedeo esforço de várias instituições. “Antesde tudo é uma filosofia diferente defazer negócios em que se busca transparênciae relacionamento justo entretodos os elos da cadeia produtiva”,finaliza.<strong>Sebrae</strong> Agronegócios 15


ABCSSui<strong>no</strong>cultores investem emcampanha para aumentarconsumo da carne de porcoMARKETINGBrasil é o quarto maior produtor mundial do produto, mas o consumo inter<strong>no</strong> ainda estámuito abaixo das expectativas do setor, principalmente de carne in natura. Preparação dacadeia produtiva é primeira estratégia para eliminar gargalos da comercializaçãoOBrasil é o quarto maior produtormundial de carne deporco, com três milhões detoneladas em 2007, segundodados da Associação Brasileira dos Criadoresde Suí<strong>no</strong>s (ABCS). Entretanto, <strong>no</strong>consumo inter<strong>no</strong>, o país deixa muito adesejar. Enquanto na União Européia e<strong>no</strong>s Estados Unidos o consumo médioper capita é de, respectivamente, 44e 30 quilos por a<strong>no</strong>, aqui esse volumechega a apenas 13 quilos – <strong>no</strong>ve deembutidos e quatro de carne in natura.Segundo a Organização das NaçõesUnidas para Agricultura e Alimentação(FAO), na média mundial, a carne suínaé a mais consumida, com 42% do total.No Brasil, representa apenas 14%e está atrás de aves e bovi<strong>no</strong>s.Para reverter esse quadro, a ABCSiniciou, em setembro de 2006, a campanhaUm <strong>no</strong>vo olhar sobre a carnesuína, a qual já vem mostrando resultados.“Iniciamos o trabalho com baseem uma pesquisa que identificou osprincipais gargalos da comercializaçãoda carne suína <strong>no</strong> Brasil”, conta opresidente da ABCS, Rubens Valentini.De acordo com o estudo, as maioresrestrições são o preconceito com relaçãoao impacto sobre a saúde doconsumidor; cortes pouco práticos, naperspectiva do cliente; cortes volumosos,quase sempre associados a eventosfestivos; apresentação inadequada<strong>no</strong>s pontos de venda, quase sempreassociada à gordura; e percepção depreço elevado.Segundo Valentini, o aumento devendas <strong>no</strong>s mercados trabalhados pelaABCS variou entre 50% e 210%A primeira etapa da campanha,que ainda está sendo realizada é a preparaçãoda cadeia produtiva. A ABCSescolheu dez redes de supermercados,em quatro estados (São Paulo, RioGrande do Sul, Mato Grosso e MinasGerais) e <strong>no</strong> Distrito Federal e iniciouum trabalho para modificar o conceitode comercialização. “Na maioria doslugares do Brasil, compra-se carne deporco do mesmo modo que <strong>no</strong>ssas avóscompravam, ou seja, os mesmos cortese em grandes quantidades. Para que acarne suína seja competitiva, o primeiropasso é mudar essa idéia”, afirmaValentini.Ao resumir o suí<strong>no</strong> a uma meia dúziade cortes, como lombo, costela eABCS/Divulgaçãopernil, a indústria de processamentoe os pontos de venda reduzem consideravelmenteas alternativas de uso.“Iniciamos <strong>no</strong>s mercados um trabalhopara mostrar que existem mais de 70cortes, como carne moída, estrogo<strong>no</strong>fesuí<strong>no</strong> e picanha e não apenas os tradicionais.É preciso ter formatos diversificados,contemporâneos, que atraiame satisfaçam o consumidor”, destaca.Ao trabalhar diversos cortes, aABCS incentiva o comerciante a utilizartoda a carcaça do animal. Desse modo,evita-se que o produto seja vendido aum preço mais elevado para compensarperdas com determinadas partesdo animal que anteriormente teriampouco giro. “Ao trabalhar com maisvariedades, o ponto de venda pode comercializara carne suína a um preçomais competitivo, reduzindo a percepçãoque existe hoje de que o produto écaro”, ressalta Valentini.Outro item trabalhado pela ABCSforam os formatos de embalagens <strong>no</strong>s“Nossas pesquisasmostram que 46% dosbrasileiros preferem acarne suína. Logo, nãohá motivos para que ademanda não cresça”Rubens Valentini16 <strong>Sebrae</strong> Agronegócios


Agência <strong>Sebrae</strong> de NotíciasABCS/DivulgaçãoABCS/DivulgaçãoAntigamente, os porcos da sui<strong>no</strong>cultura eram gordos, pois o objetivo era produzirbanha. Hoje, o animal é magro e a carne tem baixo índice de gordurapostos de vendas. “Não dá para venderapenas peças inteiras ou em grandesquantidades, como ocorre com freqüênciaem diversos estabelecimentos. É precisodar alternativas. Um solteiro oupes soas idosas, por exemplo, só irãocomprar a carne suína se a encontraremem embalagens pequenas e práticas.Tem que sair da bandeja direto para apanela”, observa.As ações realizadas com as indústriase postos de vendas já geram resultados.“O aumento de vendas da carnesuína <strong>no</strong>s mercados com os quais trabalhamosvariou entre 50% e 210%”,informa Valentini. As metas para ocrescimento <strong>no</strong> consumo são ousadas.Em 2006, o consumo per capita de carnede porco <strong>no</strong> Brasil era de 11 quilosanuais. Em 2007, com apoio da campanha,subiu para 12 quilos. Em 2009, oobjetivo é chegar a 14 quilos. “Nossaspesquisas mostram que 46% dos brasileirospreferem a carne suína. Logo,não há motivos para que a demandanão cresça”, avalia.Outra ação que está sendo realizada<strong>no</strong> âmbito da campanha é o usode trabalhos e pesquisas médicas paradesmistificar o impacto da carne suínana saúde. Um documento intitulado Impactodo consumo da carne suína sobrea saúde humana, com quatro mo<strong>no</strong>grafiasestá sendo utilizado pela ABCS emreuniões, simpósios e seminários commédicos, nutricionistas, chefs de cozinhae estudantes de medicina, nutriçãoe gastro<strong>no</strong>mia. “Queremos mostrar osbenefícios da carne suína, como o baixoíndice de gordura em comparação comoutras carnes e o alto teor de proteínas,vitaminas e sais minerais”, contaValentini.A próxima etapa da campanha,que será iniciada ao fim do trabalhode adequação da cadeia produtiva é adivulgação da proposta em mídias demassa. “Nossa intenção é atingir o públicopor meio de anúncios em televisão,rádio, jornais e revistas”, informaValentini. “Mas para que isso ocorra,precisamos garantir que <strong>no</strong>ssos produtoscheguem aos pontos de venda comqualidade e <strong>no</strong> formato adequado paraos mais diversos consumidores. Nãoadianta chamar a atenção do compradorse não tivermos o produto adequadopara oferecer”, completa.O <strong>Sebrae</strong> (DF), por meio do projetoDesenvolvimento da Sui<strong>no</strong>cultura <strong>no</strong>Distrito Federal, é um dos apoiadoresda campanha Um <strong>no</strong>vo olhar sobre acarne suína. “O <strong>Sebrae</strong> foi um parceiromuito importante <strong>no</strong> desenvolvimentode modelos e conceitos para a campanha”,destaca Valentini. “Nossa metaagora é estender essa parceria em nívelnacional, com o objetivo de transmitirconhecimento por meio de vídeos, catálogose outras ferramentas”, afirma.Consumo per capita/a<strong>no</strong>2006: 11 quilos2007: 12 quilos2009: 14 quilos (previsão)Cortes suí<strong>no</strong>s em balcão de supermercadoContatowww.abcs.com.br(61) 2109-1620<strong>Sebrae</strong> Agronegócios 17


Justa TramaENCADEAMENTO PRODUTIVOCadeia solidária do algodãoecológico garante emprego erenda em vários estados do paísJusta Trama Fibra Ecológica coordena o trabalho de cerca de 800 homens e mulheres, queganham a vida por meio de um i<strong>no</strong>vador projeto de desenvolvimento sustentável que reúnetodos os elos da indústria têxtil, do plantio à produção das roupasOalgodão vem do Ceará. Os botõese tinturas são feitos emsete estados da Amazônia.O fio e o tecido são produzidosem São Paulo, e as roupas e acessórios,em Santa Catarina e <strong>no</strong> Rio Grandedo Sul. Desde 2005, a Justa Trama FibraEcológica coordena o trabalho de cercade 800 homens e mulheres de várioscantos do país, que ganham a vida pormeio de um i<strong>no</strong>vador projeto de desenvolvimentosustentável e solidário – acadeia produtiva solidária do algodãoecológico.O projeto nasceu por meio da articulaçãode integrantes do Fórum Brasileirode Eco<strong>no</strong>mia Solidária. O primeirotrabalho foi a produção de 60 milbolsas de algodão orgânico, que foramdistribuídas aos participantes doFórum Social Mundial 2005, realizadoem Porto Alegre. “Para fazer o serviço,envolvemos 36 grupos dos três estadosda região Sul”, conta Idalina MariaBoni, diretora da Justa Trama. “Com oresultado positivo, vimos que valia apena investir em um trabalho solidárioque reunisse todos os elos da indústriatêxtil, do plantio à roupa, e que gerasseocupação e renda tanto <strong>no</strong> <strong>campo</strong>como na cidade”, destaca.A eco<strong>no</strong>mia solidária é um modoespecífico de organização de atividadeseconômicas, caracterizado pela autogestão,ou seja, pela auto<strong>no</strong>mia decada unidade e pela igualdade entre osseus membros. O capital dos empreendimentosdesse gênero é constituído porO primeiro trabalho realizado pela Justa Trama, de Idalina Boni (esquerda) e NelsaNespolo (direita) foram 60 mil bolsas para o Fórum Social Mundial de 2005cotas, distribuídas por igual entre todosos membros, que são sócios do negócio.No caso da Justa Trama, todos os participantessão proprietários da marca.Além da ideologia coletiva, a JustaTrama tem como um dos mais importantespilares o respeito ambiental,que foi um dos principais motivos paraa escolha do algodão orgânico. “OBrasil é um dos cinco países que maisutilizam agrotóxicos e na plantação dealgodão os números são assustadores.Para produzir matéria-prima para umacamiseta, são necessários 160 gramasdo produto, que acabam ficando na roupa”,ressalta Nelsa Nespolo, diretora daJusta Trama. “O cultivo orgânico permiteque ofereçamos produtos seguros,desenvolvidas de forma coletiva eagroecológica”, observa.A cadeia produtiva da marca JustaTrama começa <strong>no</strong> Ceará. Agricultores familiaresde quatro municípios do estado(Tauá, Massapê, Choró e Quixadá), organizadospela Associação de DesenvolvimentoEducacional e Cultural de Tauá,plantam e colhem o algodão orgânico,sem uso de nenhum agrotóxico. No processo,são empregadas técnicas de conservaçãodo solo e da água. O cultivodo algodão é feito de forma consorciadacom outras plantas e corresponde a, emFotos: Sérgio Alberto18 <strong>Sebrae</strong> Agronegócios


média, 50% do espaço plantado porcada produtor.Em 2005, primeiro a<strong>no</strong> de trabalho,foram produzidos 1.500 quilos de plumas.Esse a<strong>no</strong>, a meta é chegar a deztoneladas. Segundo Nelsa, o agricultorrecebe pela produção o dobro do valorde mercado do algodão convencional.“O cultivo orgânico exige cuidados especiais,mas o retor<strong>no</strong> é muito melhor.O objetivo é que todos os produtorespossam trabalhar de forma sustentável”,destaca.Do Ceará, o algodão segue paraNova Odessa (SP), onde cerca de 120trabalhadores da Cooperativa Nova Esperança(Cones) realizam a fiação. Depois,em Santo André (SP), os tecidossão produzidos por 90 integrantes daCooperativa Industrial de Trabalhadoresem Fiação, Tecelagem e Confecções(Textilcooper). Nesses processos,a receita dos participantes é até 40%maior que a média de mercado.As roupas são confeccionadas porcostureiras coordenadas pela Cooperativade Costureiras Unidas Venceremos(Univens), de Porto Alegre, epela Fio Nobre, empresa autogestionárialocalizada na cidade catarinensede Itajaí. São feitos diversos produtos,como calças, bermudas, túnicas,camisas, saias, vestidos, batas, bolsase cangas. O principal foco comercial éo mercado inter<strong>no</strong>, mas alguns produtosjá foram exportados para Espanhae Itália.A finalização das peças é feita porhomens e mulheres de sete estados daAmazônia, coordenados pela CooperativaAçaí. Eles produzem corantes naturais,que são usados como tinturas, ecoletam e beneficiam sementes para acriação de botões e outras peças. Partedo trabalho é feita por presidiárias daPenitenciária Feminina de Porto Velho,que têm oportunidade de se profissionalizareme terem a pena reduzida.Para que o trabalho seja realizadocom eficiência, uma das principaispreocupações é com a qualificação damão-de-obra. “Realizamos um trabalhoforte de capacitação com todosos elos da cadeia, com foco na melhoriada técnica e equipamentos ena conscientização da importânciado envolvimento e comprometimentodos participantes”, ressalta Idalina.“Uma única parte que falhe prejudicao trabalho de todos e o sucesso doprojeto”, afirma.Empregos: 720Volume de produção: 10toneladas em 2008Exportação: Espanha e ItáliaContatowww.justatrama.com.br(51) 3028-2381Justa Trama/DivulgaçãoAs roupas são confeccionadas por costureiras de Porto Alegre, <strong>no</strong> Rio Grande do Sul, e de Itajaí, em Santa Catarina<strong>Sebrae</strong> Agronegócios 19


CoopNaturalENCADEAMENTO PRODUTIVOCooperativa de produçãoresgata cultura tradicionaldo Estado da ParaíbaDesde 2000, agricultores, empresas têxteis e confecções da região de Campina Grandetrabalham em parceria na produção e na comercialização de roupas de algodão orgânicocolorido. São três cores – marrom, rubi e safira – desenvolvidas pela EmbrapaNatural Fashion/DivulgaçãoAcultura do algodão teve, pormuitos a<strong>no</strong>s, forte relevânciana eco<strong>no</strong>mia da Paraíba. Nosa<strong>no</strong>s 1970, chegou a ocuparuma área de 750 mil hectares. No entanto,a partir de 1983, um peque<strong>no</strong>besouro, o bicudo-do-algodoeiro, alastrou-secomo praga nas plantações, queforam praticamente dizimadas em poucotempo. O mesmo ocorreu em toda aRegião Nordeste, que automaticamenteparou de vender e pas sou a importaralgodão, gerando forte de sem prego.Hoje, empresas têxteis e confecçõesda região de Campina Grande, <strong>no</strong>agreste paraiba<strong>no</strong>, trabalham para devolverao algodão parte da importânciaque teve, a<strong>no</strong>s atrás, na geração de empregoe renda <strong>no</strong> estado. A Cooperativade Produção Têxtil e Afins do Algodãodo Estado da Paraíba (CoopNatural) coordenaum grupo de empresas e associaçõesque produzem roupas em algodãoorgânico colorido. Todo o processo, doplantio à finalização das peças, é realizadopelos participantes.O trabalho em conjunto começouem 2000, quando dez empresas da cidadedecidiram criar um consórcio paraaumentar a competitividade de seuspro dutos têxteis <strong>no</strong> mercado internacional.O grupo escolheu trabalhar como algodão naturalmente colorido emO plantio é feito de formaorgânica por famílias de agricultoresdo alto sertão20 <strong>Sebrae</strong> Agronegócios


ApresentaçãoPRODUTOS INOVADORESDiferenciar o produtoé uma das formasmais eficientes dei<strong>no</strong>vaçãoBusca constante pela diferenciação deve ser encaradacomo estratégia empresarial. Estratégia independe damatéria-prima e dos insumos utilizados e pode serrealizada na indústria, <strong>no</strong> comércio e <strong>no</strong> agronegócioOs produtos e serviços podemser diferentes e o público-alvotambém, mas micro e peque<strong>no</strong>snegócios dos mais diversosramos de atividade têm um pontoem comum: para serem competitivos,precisam se diferenciar. A busca constantepela i<strong>no</strong>vação deve ser encaradacomo estratégia empresarial e uma dasmelhores maneiras de ser original é colocar<strong>no</strong> mercado um produto <strong>no</strong>vo, semsimilares, com forte valor agregado.“A i<strong>no</strong>vação é uma das formasmais eficientes de diferenciar o produtoe buscar melhores espaços <strong>no</strong>mercado”, destaca o gerente de acessoà i<strong>no</strong>vação e tec<strong>no</strong>logia do <strong>Sebrae</strong>Nacional, Paulo Alvim. “É um trabalhoque independe da matéria-prima e dosinsumos utilizados e que pode ser realizadona indústria, <strong>no</strong> comércio e <strong>no</strong>agronegócio. Com uma estratégia eficientee bem acompanhada, é semprepossível agregar valor”, destaca.No agronegócio, a i<strong>no</strong>vação deprodutos apresenta crescimento e éimportante sobretudo para a agriculturafamiliar. “Para quem não tem escala,é a grande oportunidade de inserção <strong>no</strong>mercado”, observa Alvim. “Com produtosdiferenciados, o peque<strong>no</strong> produtorobtém melhor remuneração por seutrabalho e garante mais qualidade devida para sua família. A busca pela i<strong>no</strong>vaçãotem se mostrado importante nageração de emprego e renda e na fixaçãodo homem <strong>no</strong> <strong>campo</strong>”, completa.O aquecimento da eco<strong>no</strong>mia brasileirae a evolução científica trazemum cenário bastante favorável para ai<strong>no</strong>vação. “A agricultura familiar nuncateve um momento tão bom para lançar<strong>no</strong>vos produtos”, avalia Alvim. “O mercadoconsumidor está em franco crescimentoe estamos vivenciando muitosavanços na biotec<strong>no</strong>logia. Isso facilita otrabalho do produtor e cria um conjuntogrande de oportunidades”, destaca.A diferenciação de produtos podeocorrer de diversas formas. É possível,por exemplo, criar produtos com elementostotalmente <strong>no</strong>vos, que aindanão foram utilizados <strong>no</strong> agronegócio.Outra maneira é empregar de formai<strong>no</strong>vadora matérias-primas já comunsà atividade, como fécula de mandioca,usada na produção de embalagens.Também é possível, com apoio da tec<strong>no</strong>logia,resgatar insumos primários queaté então estavam restritos à natureza,como algumas variedades de flores.Um dos segmentos do agronegóciocom mais resultados positivos emi<strong>no</strong>vação são os produtos orgânicos. “Adiversidade é cada vez maior, tanto dealimentos in natura, como verduras e“A agricultura familiarnunca teve ummomento tãobom para lançar <strong>no</strong>vosprodutos. O mercadoconsumidor está emfranco crescimento eestamos vivenciandomuitos avançosna biotec<strong>no</strong>logia”Paulo Alvimfrutas, como de produtos manipulados,como bebidas, mel e geléias. Tambémmerecem destaque os minilegumes, quetêm boa aceitação <strong>no</strong> mercado”, afirmaAlvim. Segundo ele, outros setores emalta na i<strong>no</strong>vação de produtos são a floriculturae a fruticultura.ATUAÇÃO DO SEBRAEO trabalho do <strong>Sebrae</strong> com o acessoà i<strong>no</strong>vação <strong>no</strong> agronegócio começacom a identificação de regiões de baixarenda e forte presença de peque<strong>no</strong>sprodutores rurais, sobretudo com focona agricultura familiar. A instituiçãorealiza capacitações em diversas áreas,como boas práticas agrícolas, gestãodo negócio, técnicas de manejo, produçãode insumo, qualidade e produtividade,armazenagem de produtos eSérgio Alberto22 <strong>Sebrae</strong> Agronegócios


Fotos: Agência <strong>Sebrae</strong> de NotíciasAlimentos orgânicos e produtos manipulados, como cachaça e mel, têm apresentado resultados positivos em i<strong>no</strong>vaçãoseleção de espécies animais e vegetais,entre outros.O <strong>Sebrae</strong> também dá suporte paraque os peque<strong>no</strong>s produtores possam interagircom universidades e institutosde pesquisa. “O desenvolvimento de <strong>no</strong>vosprodutos depende fundamentalmentede informação e é importante que osprodutores tenham parcerias nesse processo”,aponta. “O desconhecimentoassusta o agricultor, que <strong>no</strong>rmalmentepensa que a i<strong>no</strong>vação é apenas para osgrandes. Essa interação é interessantepara mostrar que, mesmo sendo trabalhosae exigindo dedicação, a buscapela i<strong>no</strong>vação é viável”, acrescenta.Outro trabalho priorizado pela instituiçãoé o incentivo ao cooperativismo.De acordo com Alvim, há muitomais produtos i<strong>no</strong>vadores em agronegóciodesenvolvidos por associaçõese cooperativas que por peque<strong>no</strong>s produtoresindividuais. “Trabalhar sozinhonessa área é muito mais difícil. A atuaçãode forma associada permite reduçãode custos, ganho de escala e uma maiortroca de idéias, que é muito importantena busca pela i<strong>no</strong>vação”, destaca.A acesso ao mercado é mais umfoco do <strong>Sebrae</strong>. “Hoje, os principaisdesafios dos produtos i<strong>no</strong>vadores sãoganharem a confiança do consumidore terem preços similares aos dos produtosconvencionais”, afirma Alvim.“As certificações são uma boa formade dar credibilidade ao produto. E parareduzir o custo final e garantir maiorescala, uma boa alternativa é apostarem práticas sustentáveis”, completa.<strong>Sebrae</strong> Agronegócios 23


CBPAKFécula de mandioca é utilizadana fabricação de embalagenseco-sustentáveisPRODUTOS INOVADORESProduto desenvolvido pela CBPAK, de São Carlos (SP), é biodegradável e utiliza fontere<strong>no</strong>vável de matéria-prima. Comercialização começa este a<strong>no</strong>, após financiamento deR$ 4,2 milhóes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)Um dos principais problemasambientais da atualidade éa dificuldade em livrar-seda grande quantidade delixo produzida <strong>no</strong> dia-a-dia. O processoé demorado, oneroso e com resultado,muitas vezes, aquém do desejado.A CBPAK Embalagens Biodegradáveis,de São Carlos (SP), traz para o mercadouma tec<strong>no</strong>logia i<strong>no</strong>vadora, que tempor objetivo facilitar esse trabalho. Estea<strong>no</strong>, a empresa inicia a comercializaçãode embalagens eco-sustentáveis, produzidascom fécula de mandioca, quepoderão substituir, em médio prazo,produtos similares feitos em isopor.“Trabalhei durante muitos a<strong>no</strong>s emempresas de grande porte, mas semprequis que meu legado profissional fossena área ambiental”, conta o engenheiroCláudio Bastos, criador e sócioda CBPAK. “Ao olhar nas latas de lixo,percebi que as embalagens constituema maior parte dos dejetos, além deAgência <strong>Sebrae</strong> de NotíciasDe acordo com Bastos, a meta é expandir a capacidade de produção de 150 toneladas por a<strong>no</strong> para 750 toneladas ainda em 200824 <strong>Sebrae</strong> Agronegócios


ocuparem muito espaço. Na mesmahora, pensei que minha contribuiçãopoderia ser exatamente desenvolveruma embalagem que fosse, ao mesmotempo, biodegradável e utilizasse fontere<strong>no</strong>vável de matéria-prima”, ressalta.A idéia de usar a fécula de mandiocana produção das embalagens surgiuem uma conversa com estudantes docampus de São Carlos da Universidadede São Paulo (USP). Após comprar oconceito dos pesquisadores, em 2000,Bastos iniciou um longo processo depesquisa e desenvolvimento, com oobjetivo de ter o domínio ple<strong>no</strong> doproduto, das ferramentas de produçãoem escala industrial e da matéria-prima,a fécula de mandioca, compradapronta das fecularias.Para esse trabalho, a CBPAK, oficialmentecriada em 2002, recebeuapoio da Financiadora de Estudos eProjetos (Finep) e da Fundação deAmparo à Pesquisa do Estado de SãoPaulo (Fapesp). A parceria permitiu aBastos contratar pesquisadores e bolsistaspara trabalharem <strong>no</strong> desenvolvimentodo produto. A empresa tambémfirmou acordos de cooperação técnicacom universidades. “Foram apoios importantespara que desenvolvêssemostec<strong>no</strong>logia própria. Para ser bem sucedido<strong>no</strong> mercado, não pode haver dependência”,observa Bastos.A matéria-prima é produzida pormeio de um processo de termoexpansãoda massa orgânica da fécula damandioca, utilizando água e um moldecomo plastificante. Os principaisfatores de diferenciação dos produtos,de acordo com Bastos, são a fonte re<strong>no</strong>vávelde matéria-prima e o fato deserem 100% biodegradáveis e compostáveis.A decomposição ocorre em umperíodo de 60 a 180 dias, dependendoda impermeabilização, contra mais de100 a<strong>no</strong>s do isopor.Até o momento, foram investidoscerca de R$ 2 milhões <strong>no</strong> projeto.O mon tante valeu a pena, uma vez quea CBPAK inicia a comercialização de seusprodutos, este a<strong>no</strong>, como a única empresado gênero <strong>no</strong> país. No começo, serãovendidas bandejas – de vários formatos“O mundo inteiroprocura uma soluçãopara os produtos deplástico e isopor como objetivo de reduzir apoluição <strong>no</strong> descarte”Cláudio Bastose modelos – e tubetes para produção demudas de plantas, totalmente produzidoscom fécula de mandioca.O início da operação comercialcontou com o apoio do Banco Nacionalde Desenvolvimento Econômico eSocial (BNDES), que aprovou, em outubrode 2007, um financiamento deR$ 4,2 milhões para a CBPAK. Essemontante inclui um empréstimo de R$2,3 milhões, por meio de uma linha dei<strong>no</strong>vação e produção, e a compra, porR$ 1,9 milhão, de 35% do capital daempresa paulista.Segundo Bastos, os principais mercadosda CBPAK são o Brasil, os EstadosUnidos e a União Européia. Nessestrês locais, já há patentes registradasda tec<strong>no</strong>logia. “O mundo inteiro estáprocurando uma solução para os produtosde plástico e isopor com o objetivode reduzir a poluição <strong>no</strong> descarte.Com isso, temos boas perspectivas àvista”, avalia Bastos.Com os recursos do BNDES, a metada CBPAK é expandir a capacidade deprodução das atuais 150 toneladaspor a<strong>no</strong> para 750 toneladas ainda em2008. O público-alvo inicial são asindústrias alimentícias e de produtosflorestais, mas a empresa tem comometa, em médio prazo, produzir embalagenspara a indústria eletroeletrônica.“As características de <strong>no</strong>ssosprodutos fazem com que eles sejamadequados para diversos usos e necessidades”,afirma.Hoje, o custo do produto da CBPAKainda é quase o dobro do isopor, mas,para ele, esse preço tende a se equilibrar.“A degradabilidade traz muitasvantagens e isso se reflete <strong>no</strong> custo–benefício”, avalia. “Além disso, estudosmostram que <strong>no</strong>sso produto nuncaterá custo superior a 3,5% do preçofinal de uma mercadoria na gôndola dosupermercado, ou seja, a embalagemvai custar, <strong>no</strong> máximo, 3,5 centavospara cada real que custe o produto”,destaca Bastos.Empregos: 15Volume de produção: 300 milunidadesExportação: não exportaContatowww.cbpak.com.br(16) 3368-5935Embalagens estão em uso experimental <strong>no</strong>s supermercados Wall-MartCBPAK/Divulgação<strong>Sebrae</strong> Agronegócios 25


Projeto sempre-vivaPRODUTOS INOVADORESFlor típica do Cerradopoderá ser admirada nascasas brasileirasBiólogo desenvolve protocolo para reprodução da sempre-viva para uso ornamental. Um dosobjetivos do trabalho é reduzir o extrativismo predatório da planta, usada para a produçãode artesanato em cidades próximas às serras do Cipó e do Espinhaço, em Minas GeraisProjeto sempre-viva/DivulgaçãoAsempre-viva, antes restrita apoucos locais do Cerrado brasileiro,como as serras do Cipóe do Espinhaço, em Minas Gerais,poderá em breve ser admirada nascasas brasileiras. Com apoio do <strong>Sebrae</strong>,o biólogo Luiz Gluck de Lima, de Barbacena(MG), desenvolveu um protocolopara reprodução da flor para usoornamental, com foco <strong>no</strong> mercado defloricultura. Com a tec<strong>no</strong>logia, o pesquisadorcria oportunidade para o usosustentável da planta, que hoje sofreforte ação extrativista para ser utilizadacomo matéria-prima em peças de artesanatofabricadas na região.As pesquisas com a sempre-vivacomeçaram em 2003 na UniversidadeFederal de Minas Gerais (UFMG). Comrecursos próprios, Gluck conseguiu desenvolverum procedimento para cultivoda planta em laboratório. No fim de2004, o pesquisador obteve apoio do<strong>Sebrae</strong> (MG) para o desenvolvimentode umpla<strong>no</strong> de negócios paraum projeto maior, commais espécies e focado<strong>no</strong> ajustes de procedimentose <strong>no</strong> desenvolvimentodo cultivo de<strong>campo</strong>, em parceria com produtores deflores da região de Barbacena, principalpólo de floricultura do estado.“Eu sempre quis ter em casa umpedacinho da Serra do Cipó. Todaaquela exuberância e diversidade semprechamaram minha atenção. FicavaPlantel: 50 mil mudasPreço para uso <strong>no</strong> artesanato:R$ 3,00 o quiloPreço para uso na floricultura:R$ 25,00 a plantainconformado que houvesse tão poucostrabalhos e investimentos na utilizaçãocomercial da flora da serra”, contaGluck. “A sempre-viva era perfeitapara o projeto, por serbonita, um dos símbolosda <strong>no</strong>ssa região esofrer uma exploraçãopredatória que poderiaser reduzida como cultivo em laboratório”,completa.Em Diamantina, prin cipal localde ocorrência da sempre-viva, a flor ébastante coletada na natureza para produçãode peças artesanais. “A plantaé muito bonita e chama atenção. Elaganhou esse <strong>no</strong>me por parecer sempreviva, mesmo depois de colhida”, explica26 <strong>Sebrae</strong> Agronegócios


O plantel do projeto é de 50mil mudas de sempre-vivaGluck. “Esse extrativismo agride o meioambiente e põe em risco várias espéciesda flor”, acrescenta.Com apoio do <strong>Sebrae</strong>, Gluck desenvolveum trabalho com extrativistasda região, conscientizando-os davantagem do cultivo da planta. “A florda sempre-viva para uso artesanal évendida a R$ 3,00 o quilo. Já a mudada planta é vendida a R$ 25,00. Nomesmo espaço, dá para ter um lucromuito maior”, destaca. “Desse modo,é possível gerar emprego e renda paramuitas comunidades que atualmenteexploram de maneira predatória a floranativa”, afirma. O projeto já está sendoimplantado em comunidades dosmunicípios de Diamantina, Conceiçãodo Mato Dentro e Ouro Preto.Desde o a<strong>no</strong> passado, Gluck dominao procedimento de cultivo completo daespécie Acti<strong>no</strong>cephalus bongardii (sempre-vivachuveirinho). “Hoje controlamostodo o processo, da produção demudas em escala comercial e desenvolvimentodelas em <strong>campo</strong> até a floraçãoem vaso e <strong>no</strong> solo fora do ambiente natural”,explica. “Para iniciar a comercialização,falta apenas finalizar o processode registro <strong>no</strong> Ministério da Agricultura,Pecuária e Abastecimento (Mapa)”,das mudas. Hoje, 100% delas são produzidasem laboratório na cidade dePiracicaba (SP), com apoio da Universidadede São Paulo (USP). A aclimataçãoda planta, para torná-la maisrústica, é realizada em Barbacena, assimcomo o plantio, feito por duas famíliasde agricultores. Segundo Gluck, já foiproduzido um plantel de 50 mil mudas,que demoram, em média, um a<strong>no</strong> e meiopara florir.Para o biólogo, o projeto é importantepara a floricultura do país. “Nossomercado nesse segmento sempre foibaseado em poucos produtos exóticos.Além disso, é dependente do lançamentode <strong>no</strong>vas variedades de plantas e florespor empresas estrangeiras”, explicaGluck. “Além de mostrar ao mercadoda floricultura mundial o potencial dosprodutos brasileiros, o cultivo sustentáveldas sempre-vivas irá contribuirpara a melhoria de qualidade de vidade diversas famílias que vivem do extrativismo.Além, é claro, de preservara planta”, afirma.Contatoluizgluck@oreades.com.br(31) 3047-9761As mudas são produzidas em laboratório na cidade paulista de PiracicabaFotos: Projeto sempre-viva/Divulgação“A planta é muitobonita e chamaatenção. Ela ganhoueste <strong>no</strong>me por parecersempre viva, mesmodepois de colhida”Luiz Gluckcompleta. Inicialmente, os principaismercados serão o estado de São Pauloe outros países como Holanda, EstadosUnidos e Guatemala.No início, foi necessário coletarsementes na natureza para a produçãoGluck: “sempre quis ter em casa um pedacinho da Serra do Cipó”<strong>Sebrae</strong> Agronegócios 27


L’OccitaneÓLEOS ESSENCIAISPropriedades cosméticas da floraamazônica motivam L’Occitanea produzir linha <strong>no</strong> BrasilMultinacional francesa fabrica produtos orgânicos, como protetor solar e bronzeador, comburiti, castanha-do-pará e cupuaçu. Fornecimento da matéria-prima é feito por centenasde famílias do Estado do Pará, que realizam a coleta na natureza de forma ecológica esustentável. Além do mercado nacional, produtos têm como foco Europa e Estados UnidosAL’Occitane, um dos principaisfabricantes de cosméticos domundo, escolheu o Brasilpara lançar seus primeirosprodutos feitos fora da França. A empresadescobriu que três espécies típicasda Amazônia, o buriti, o cupuaçue a castanha-do-pará, têm excelentespropriedades cosméticas, e resolveuusá-las na fabricação de uma linhasolar orgânica, com protetor, loçãopós-sol e bronzeador, lançada <strong>no</strong> paísem janeiro desse a<strong>no</strong>. O fornecimentoda matéria-prima é feito pela empresaBeraca Ingredients, que executa otrabalho em parceria com centenas defamílias do Estado do Pará.“Ainda não havíamos criado umalinha solar, que era um objetivo da empresa.No Brasil, o sol aparece a maiorparte do a<strong>no</strong>, está ligado ao estilo devida das pessoas, o que seria interessantepara o produto”, destaca VirginiaNicolaides, gerente de marketing daL’Occitane do Brasil. “Além disso, a biodiversidadedo país é e<strong>no</strong>rme. As propriedadescosméticas que encontramosnas espécies da Amazônia são excelentes”,ressalta. O buriti, por exemplo, éa mais rica fonte de betacarote<strong>no</strong> <strong>no</strong>mundo, com uma quantidade três vezesmaior que a ce<strong>no</strong>ura.Uma das principais característicasdos cosméticos da L’Occitane <strong>no</strong> Brasilé o processo produtivo, todo feitode maneira orgânica e com responsabilidadesocioambiental. O buriti écolhido por famílias do município deIgarapé-miri. Há uma atenção especialem preservar os buritizais, evitando oextrativismo predatório e garantindomatéria-prima para o futuro. Cuidadossemelhantes também são tomados<strong>no</strong> extrativismo do cupuaçu e dacastanha-do-pará, realizados, respectivamente,em Tomé-açu e na Ilha deMarajó.“Temos funcionários que acompanhama coleta de todos os produtos.Fazemos um trabalho para que todossaibam quando e onde pegar e comoreplantar”, informa Maria Inês Broise,diretora-técnica da Beraca. “Tambéminvestimos forte em capacitação profissional.Quanto mais preparados forem<strong>no</strong>ssos fornecedores, melhor será o materialque iremos receber”, destaca.Nas fábricas da Beraca, localizadasem Belém e em Santa Bárbara d’Oeste,em São Paulo, a farinha do buriti, amanteiga do cupuaçu e a castanhado-parásão transformadas em óleosessenciais, matéria-prima utilizada nafabricação dos cosméticos. O processoé feito sem uso de químicos. “Todosos produtos que fornecemos para aL’Occitane são orgânicos e certificadospela Ecocert”, aponta Maria Inês.A Beraca fornece cerca de 50 produtospara empresas do Brasil, como a“Temos funcionáriosque acompanham todaa coleta. Fazemos umtrabalho para quetodos saibam quandoe onde pegar e comoreplantar”Maria Inês BroiseNatura, e de 47 países. O mercado exter<strong>no</strong>,segundo Maria Inês, é responsávelpor 70% das vendas. São beneficiados,por a<strong>no</strong>, cerca de 4 mil toneladasde matéria-prima bruta, fornecida por4.500 famílias, reunidas em cerca de500 cooperativas localizadas <strong>no</strong>s Estadosdo Pará (80%), Acre, Amazonas eMaranhão.O cuidado tomado durante toda acadeia produtiva é um importante diferencialde mercado para a empresafrancesa. “Como utilizamos apenas ingredientesorgânicos, <strong>no</strong>ssos cosméticosnão têm filtros químicos e 100%minerais. Isso garante um produto dife -renciado”, afirma Virginia. Segundo a representanteda L’Occitane <strong>no</strong> Brasil, a linhasolar fabricada <strong>no</strong> país é um sucesso28 <strong>Sebrae</strong> Agronegócios


A andiroba (alto) e o buriti (acima) são transformados em óleos essenciais pela Beracade vendas e, a partir de maio, começaráa ser comercializada também na Europae <strong>no</strong>s Estados Unidos.Outro projeto realizado pela multinacionalfrancesa com comunidades daregião amazônica estimula a produçãode velas artesanais. O produto é feitopor uma cooperativa formada por 20mulheres da Ilha de Marajó e tem comomatéria-prima o óleo de andiroba, usadocomo repelente de insetos na regiãohá várias gerações. Uma fábrica estásendo montada <strong>no</strong> local, em terre<strong>no</strong>doado pela Fundação L’Occitane.“O principal objetivo desse projetoé garantir uma renda fixa paraas mulheres da comunidade”, informaAna Asti, consultora da FundaçãoL’Occitane. “O extrativismo da andirobasó ocorre em seis meses do a<strong>no</strong>.Fora dessa época, não há trabalhoe, conseqüentemente, renda. Com afábrica de velas, elas poderão obteruma remuneração constante e garan-tir mais qualidade de vida para suasfamílias”, completa.Contatowww.beraca.com.brwww.loccitane.com.br(11) 5509-3722Sérgio AlbertoFotos: Beracca Ingredients/DivulgaçãoAna Asti (esquerda), Virgínia Nicolaides (centro) e Maria Inês Broise (direita): parceria gera renda para agricultores da Amazônia<strong>Sebrae</strong> Agronegócios 29


ApresentaçãoProdução orgânica é boaalternativa para geração deemprego e renda <strong>no</strong> <strong>campo</strong>PRODUTOS ORGÂNICOSNo Brasil, crescimento do setor é o dobro do que ocorre na Europa. São cultivadas300 mil toneladas de alimentos orgânicos anualmente <strong>no</strong> país, 90%do total por agricultores familiares, que têm hoje mais qualidade de vidaAgência <strong>Sebrae</strong> de NotíciasA qualidade e as características do produto garantem uma rentabilidade 30% maior que a do alimento tradicionalAagricultura orgânica vem semostrando uma boa alternativapara geração de empregoe renda <strong>no</strong> <strong>campo</strong>. Milharesde famílias que antes passavam dificuldadestêm hoje mais qualidade de vidatrabalhando em um setor que cresce, <strong>no</strong>Brasil, cerca de 30% ao a<strong>no</strong> – o dobrodo que ocorre na Europa – e movimenta<strong>no</strong> mesmo período R$ 120 milhões. Sãoproduzidas anualmente 300 mil toneladasde orgânicos <strong>no</strong> país, 90% do totalpor agricultores familiares.“A agricultura orgânica, além deproduzir alimentos seguros e saudáveis,é muito importante do ponto de vistasocioambiental”, afirma Maria Maurício,coordenadora nacional dos projetos deagricultura orgânica do <strong>Sebrae</strong>. “O cultivoorgânico leva em conta a preservaçãoambiental e o uso de práticas de manejoem vez de elementos estranhos ao meiorural, como os agrotóxicos e outros defensivosquímicos. E possibilita melhoriada condição de vida <strong>no</strong> <strong>campo</strong>, fazendocom que as famílias tenham mais rendae se alimentem melhor”, destaca.30 <strong>Sebrae</strong> Agronegócios


Sérgio Alberto“A agriculturaorgânica, além deproduzir alimentosseguros e saudáveis,é muito importantedo ponto de vistasocioambiental”Maria MaurícioAs boas possibilidades criadas pelomercado de alimentos orgânicos incentivaramo <strong>Sebrae</strong> a criar, em 2005,uma carteira exclusiva para o tema.Até o momento, mais de 30 projetosde produção orgânica foram apoiadospela instituição em 17 estados e <strong>no</strong>Distrito Federal. Os principais produtosforam hortaliças, frutas, café, flores,cachaça e mel. “É uma área consideradamuito importante pelo <strong>Sebrae</strong>.O mercado está aquecido tanto paraconsumo inter<strong>no</strong> como para exportação.A qualidade e as característicasdo produto garantem uma rentabilidade30% maior que a do alimento tradicional”,observa Maria.Hoje, o <strong>Sebrae</strong> trabalha com 2,7mil famílias de agricultores orgânicose apóia outras 4,5 mil famílias queutilizam a tec<strong>no</strong>logia social ProduçãoAgroecológica Integrada e Sustentável(Pais), implantada pelo<strong>Sebrae</strong> em parceria coma Fundação Banco doBrasil (FBB) e o Ministérioda Integração Nacional.O apoio é feitode forma coletiva, pormeio de associações,cooperativas, redes, con -sór cios e outras formasassociativas. “O objetivoé ajudar <strong>no</strong> aprimoramentodo trabalho, nabusca por <strong>no</strong>vos produtos,ou seja, que oprodutor esteja semprei<strong>no</strong>vando”, destaca.O <strong>Sebrae</strong> atua pormeio de cursos de capacitaçãoe consultorias,que englobam diferentesáreas, como tec<strong>no</strong>logia, padro nização deembalagens, produção e manejo, acessoa mercado, associativismo, elaboraçãode projetos, gestão financeira e acessoao crédito, entre outros. A instituiçãotambém incentiva a participação dosprodutores em feiras e organiza missõestécnicas necessárias ao desenvolvimentodos negócios.Cerca de 70% da produção brasileirade orgânicos é exportada, e oscompradores estrangeiros aumentamseguidamente as exigências. Hoje, acertificação de produtor orgânico concedidapor empresas legalmente credenciadasé essencial para quem querter sucesso <strong>no</strong> mercado internacional.Já existem <strong>no</strong> país cerca de 15 mil propriedadescertificadas e em processode transição, 70% delas pertencentesa agricultores familiares.Além da capacitação para que osprodutores possam se adequar às exigênciasdo processo de certificação, o<strong>Sebrae</strong> também auxilia com o BônusCertificação, que cobre 50% dos custoscom a empresa certificadora durante oprocesso inicial e <strong>no</strong>s três primeirosa<strong>no</strong>s. “As empresas que conseguem ocertificado passam a ter um diferenciale<strong>no</strong>rme de mercado, pois ganham umbem muito importante, que é a confiançado consumidor”, destaca Maria.O cultivo orgânico leva em conta a preservação ambientale o uso de práticas de manejo em vez de elementosestranhos ao meio rural, como agrotóxicosPara aumentar ainda mais o mercadopara os peque<strong>no</strong>s produtores orgânicos,o <strong>Sebrae</strong> iniciou um trabalhocom o objetivo de agregar valor. A idéiaé apoiar projetos de processamento deprodutos. Em parceria com a Embrapa,estão sendo realizadas diversas capacitações.“O produto orgânico processadotem ainda mais rentabilidade e éimportante incentivar essa ativida de”,afirma.Agricultura orgânicae a saúde do meioambienteAgricultura orgânica é umsistema de produção que tempor objetivo preservar a saúdedo meio ambiente, a biodiversidade,os ciclos e as atividadesbiológicas do solo por meio douso de práticas de manejo emvez de elementos estranhos aomeio rural. A produção exclui ouso de fertilizantes sintéticosde alta solubilidade, agrotóxicos,reguladores de crescimentoe aditivos sintéticos para a alimentaçãoanimal.Agência <strong>Sebrae</strong> de Notícias<strong>Sebrae</strong> Agronegócios 31


Fazenda MalungaFazenda Malunga é referência <strong>no</strong>cultivo de orgânicos <strong>no</strong> DFPRODUTOS ORGÂNICOSTrabalho da propriedade é focado na agroecologia e tem por princípios o comprometimentocom a qualidade e a segurança dos alimentos e o respeito ao meio ambiente. Em 129hectares de área, são produzidas mensalmente 20 toneladas de hortaliças, laticínios, avese ovos caipiras, entre outros produtosAFazenda Malunga é referênciana produção e comercializaçãode alimentos orgânicos<strong>no</strong> Distrito Federal. Em129 hectares de área, localizada a 70quilômetros de Brasília, são produzidasmensalmente 20 toneladas de hortaliças,laticínios, aves e ovos caipiras,entregues em domicílio ou vendidosem feiras, lojas de produtos naturaise supermercados da cidade. O trabalhodesenvolvido na propriedade é focadona agroecologia e tem por princípios ocomprometimento com a qualidade eSérgio AlbertoJoe Valle começou como produtor convencional, masmudou para o cultivo orgânico <strong>no</strong> início dos a<strong>no</strong>s 1980segurança dos alimentos e o respeitoao meio ambiente.O criador e proprietário da FazendaMalunga é Joe Valle, secretário de Ciênciae Tec<strong>no</strong>logia para a Inclusão Socialdo Ministério da Ciência e Tec<strong>no</strong>logia eex-presidente do Sindicato de ProdutoresOrgânicos do Distrito Federal. O empresáriocomeçou <strong>no</strong> agronegócio comoprodutor convencional, mas os mausresultados nas vendas e um problemade saúde em razão do uso de insumosquímicos o motivaram a apostar, <strong>no</strong>início da década de 1980, <strong>no</strong> que naqueletempo era chamadode agricultura alternativa.“Não estava satisfeitocom a agricultura convencional,principalmenteem relação aos problemasambientais e de saúde causadospelo uso de agrotóxicos.Hoje, por exemplo, são75 mil casos de intoxicaçãoregistrados por a<strong>no</strong> <strong>no</strong> Brasile isso porque apenasuma em cada cinco pessoasprocura ajuda médica.E isso sem contar a poluição”,destaca Valle. “Queriatrabalhar de outra maneira,em sintonia com a natureza,produzindo alimentossaudáveis e preservando omeio ambiente”, conta.O início do trabalho,lembra Valle, foi bastantedifícil. Segundo ele, haviapreconceito em relaçãoà agricultura orgânica.“Existia uma idéia de que todo produtororgânico era peque<strong>no</strong> e ineficiente. Então,<strong>no</strong> começo, com forte apoio do <strong>Sebrae</strong>,investimos muito em profissionalizaçãopara garantir qualidade e mostraros benefícios dos produtos orgânicos”,afirma. “Hoje, já está claro que o plantiosem agrotóxicos pode ser feito tantopor grandes propriedades como por produtoresfamiliares”, aponta.“O plantio semagrotóxicos pode serfeito tanto porgrandes propriedadescomo por produtoresfamiliares”Joe ValleUm dos grandes segredos do sucessoda Malunga é a produção própria deinsumos naturais. São usados na fazendaadubos verdes e compostos orgânicosproduzidos com esterco de galinhae palha. Também é produzido um fertilizantede origem japonesa chamadobokashi, que apresenta excelentes resultadosna agricultura orgânica em váriospaíses. “Os insumos são essenciais parao sucesso do <strong>no</strong>sso trabalho. Investimosfortemente em pesquisa e tec<strong>no</strong>logiapara termos compostos adequados acada uma das culturas. Nada é feito deforma empírica”, destaca Valle.32 <strong>Sebrae</strong> Agronegócios


Fazenda Malunga/DivulgaçãoA produção própria de insumos naturais, como adubos verdes e compostos orgânicos, é um dos segredos do sucesso da MalungaNa fazenda, também há um controlealternativo de pragas e doenças.“Desenvolvemos fertilizantes orgânicosque têm dado excelentes resultados em<strong>no</strong>ssas plantações, mas é claro que, àsvezes, o processo não é perfeito”, reconheceValle. “Quando temos algum problema,fazemos um controle biológico.Usamos, por exemplo, fungos e joaninhaspara combater pulgões”, conta oempresário.Todo esse cuidado com a produçãopossibilitou que a Fazenda Malungafosse certificada e pudesse usar, emseus produtos, selos de qualidade orgânicade duas importantes instituições,a Associação de Agricultura Ecológica(AGE) e a Associação de Agricultura Orgânica(AAO). “Essas entidades visitamfreqüentemente a propriedade para fiscalizarse todas as etapas da produçãoestão sendo feitas da maneira correta”,informa Valle.A Malunga é gerenciada, tanto naárea técnica como administrativa, porconselhos gestores, formados por colaboradorescom mais de dez a<strong>no</strong>s decasa. Esses funcionários têm direito aparticipação <strong>no</strong>s lucros, correspondentea 30% do resultado líquido total.A empresa conta com 145 empregados<strong>no</strong> total, sendo 110 na fazenda, e recebeanualmente cerca de 1,2 mil visitantesinteressados em ver de perto ofuncionamento da propriedade.De acordo com Valle, 10% do tempode cada funcionário é utilizado em qualificaçãoprofissional. “São pelo me<strong>no</strong>strês dias por mês. Trabalhamos diversositens, como produção de insumos, técnicasde plantio, padronização de maços,higienização das hortaliças, processosde embalagem e muitos outros”, informa.“A busca pela qualidade e excelênciados serviços e produtos é um objetivoconstante da empresa”, acrescenta.Grande parte da qualificação na FazendaMalunga é realizada em parceria com o<strong>Sebrae</strong>, por meio do Programa de QualidadeTotal Rural (QT Rural).A empresa também desenvolve umtrabalho de educação ambiental comcrianças da Colônia Agrícola Lamarão,onde está localizada a fazenda. “Mostramosprincipalmente a importânciade preservar o meio ambiente, de sealimentar com produtos saudáveis eseguros e dos cuidados básicos de higienena manipulação de alimentos”,ressalta Valle. “Para nós, é muito importantetrabalhar desde já a consciênciadessas crianças, principalmenteporque muitas delas serão <strong>no</strong>ssas funcionárias<strong>no</strong> futuro”, observa.Nos próximos meses, a Fazenda Malungatem pla<strong>no</strong>s de implantar um <strong>no</strong>voprojeto e de lançar <strong>no</strong> mercado outrosdois produtos orgânicos. Segundo Valle,a empresa está desenvolvendo um sistemade franquia para quiosques de saladasprontas <strong>no</strong>s shoppings. “Além disso,venderemos em breve pão de queijo esorvetes produzidos de forma orgânica”,adianta o empresário.Faturamento: R$ 3,5 milhões/a<strong>no</strong>Empregos: 145Volume de produção: 20 toneladas pormês de hortaliças, laticínios, aves e ovoscaipirasContatowww.malunga.com.br(61) 3093-1030<strong>Sebrae</strong> Agronegócios 33


PaisPRODUTOS ORGÂNICOSAgência <strong>Sebrae</strong> de NotíciasTec<strong>no</strong>logia social i<strong>no</strong>vadora trazmelhoria de vida para agricultoresde baixa renda do BrasilProdução Agroecológica Integrada e Sustentável (Pais) tem como objetivo transformara agricultura familiar em um negócio sustentável por meio da produção orgânica dehortaliças, frutas e galinhas. Criada há apenas um a<strong>no</strong> e meio, tec<strong>no</strong>logia foi implantadaem 1.200 propriedades em 36 municípios de 12 estados brasileirosUma tec<strong>no</strong>logia social criadapelo agrô<strong>no</strong>mo senegalêsAli N’Diaye está trazendomelhoria de vida para maisde 1.200 famílias do Brasil. Criada háapenas um a<strong>no</strong> e meio, a ProduçãoAgroecológica Integrada e Sustentável(Pais), traz a essas pessoas aumentode renda e melhores condições alimentares,por meio da produção orgânicade hortaliças, frutas e galinhas.O sistema é simples e barato e temcomo objetivo principal transformara agricultura familiar em um negóciosustentável.Um convênio assinado por <strong>Sebrae</strong>,Fundação Banco do Brasil (FBB) e Ministérioda Integração Nacional possibilitoua implantação da Pais em 36municípios de 12 estados (Alagoas,Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás,Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba,Pernambuco, Piauí, Rio Grandedo Norte e Sergipe). O alvo são famíliasde agricultores prioritariamentede baixa renda. A área média de cadapropriedade é de cinco mil metrosquadrados.Radicado <strong>no</strong> Brasil, N’Diaye teve aidéia da Pais ao morar, após se formarem agro<strong>no</strong>mia, em uma comunidadede 30 famílias próxima a Petrópolis,<strong>no</strong> Rio de Janeiro. “Lá era feito umtrabalho de agricultura orgânica, masde forma desorganizada, sem aproveitartudo o que a propriedade podiaoferecer. Isso se refletia em poucacompetitividade do ponto de vistaeconômico”, conta o agrô<strong>no</strong>mo. “Para34 <strong>Sebrae</strong> Agronegócios


Sérgio AlbertoNa Pais, as hortas são feitas emanéis e o sistema de irrigaçãoé construído com mangueiras, quedespejam a água por gotejamento.No centro, fica o galinheiromudar a situação, fizemos vários projetose deles surgiu a tec<strong>no</strong>logia”,completa.A Pais, que faz parte da Redede Tec<strong>no</strong>logia Social (RTS), traz váriosbenefícios aos agricultores que aimplantam. Ao produzir orgânicos, oprodutor se insere em um mercado quecresce 20% ao a<strong>no</strong> <strong>no</strong> país. Os alimentos,cultivados sem agrotóxicos, sãomais saudáveis e garantem melhoriana alimentação da família. “O excedenteda produção possibilita um aumentona renda e, conseqüentemente,na qualidade de vida. Além disso, aprodução sustentável fixa o peque<strong>no</strong>produtor <strong>no</strong> <strong>campo</strong> e ajuda a reduzir oêxodo rural”, destaca N’Diaye.Nas propriedades que adotam aPais, as hortas são feitas em sistemade anéis, cada um deles destinado a umtipo de cultura, que complementa a quevem na sequência. A estrutura circularfacilita o deslocamento entre os canteiros.As sementes utilizadas <strong>no</strong> plantiosão produzidas pelos próprios agricultores.A policultura é empregada para garantiralimentação variada para as famíliase para aumentar a competitividade<strong>no</strong> mercado de alimentos orgânicos. “Seum produto está em baixa, compensasecom outro, o que não é possível namo<strong>no</strong>cultura”, observa N’Diaye.No centro do círculo formado pelashortas fica o galinheiro. O estercoproduzido pelas aves é utilizado paraadubar as plantas. Além disso, a carnee os ovos contribuem na alimentaçãoda família. “Escolhemos galinhas pelaqualidade do dejeto como fertilizante epelo custo–benefício. A reciclagem denutrientes possibilitados pela interaçãoanimal e vegetal garante uma considerávelredução de custos <strong>no</strong> processo deprodução”, destaca o agrô<strong>no</strong>mo.Um dos segredos para a racionalizaçãodos recursos é o processo deN’Diaye teve a idéia da Pais ao morar em uma comunidade rural de 30 famílias“O excedente daprodução possibilitaaumento na renda ena qualidade de vida.Além disso, a produçãosustentável fixao peque<strong>no</strong> produtor<strong>no</strong> <strong>campo</strong> e ajuda areduzir o êxodo rural”Ali N’Diayeirrigação, que evita o desperdício deágua. O sistema é construído com mangueiras,que despejam água por gotejamentoapenas em cima das plantas.“Hoje, 70% da água doce do mundoé usada na irrigação, e grande partedisso é perdido devido ao uso de sistemasinadequados”, informa N’Diaye.“Implantamos a Pais em diversas propriedadesdo semi-árido <strong>no</strong>rdesti<strong>no</strong>,onde há muita seca. Isso só é possívelporque o produtor gasta apenas o queé necessário”, afirma.Segundo N’Diaye, o sistema degotejamento, além da eco<strong>no</strong>mia deágua, traz ainda outra vantagem parao produtor orgânico. “A irrigação poraspersão costuma furar folhas, o queatrai fungos e bactérias. Além disso,lava a terra, levando embora nutrientesimportantes”, observa. “O sistemade gotejamento utilizado na Pais, alémde barato, não traz esses problemas”,completa.As propriedades também contamcom um quintal ecológico, onde épreservada a flora nativa e são plantadasárvores frutíferas e espécies quenão precisam de irrigação constante,como abóbora. “O objetivo é preservaro meio ambiente e gerar ainda maisalternativas de alimentação saudávelpara os agricultores”, destaca.Os alimentos produzidos pelosagri cultores que utilizam a Pais sãovendidos principalmente para quitandas,supermercados e restaurantes.Os produtores também comercializamdiretamente em feiras de orgânicos.Outro mercado importante são asprefeituras e gover<strong>no</strong>s estaduais, quecompram os alimentos para usarem namerenda escolar.Famílias: 1.200Municípios: 36Estados: 12Produtos: hortaliças, frutas e galinhasContatovaledaspalmeiras@terra.com.br(21) 3641-8963<strong>Sebrae</strong> Agronegócios 35


CooperagrepaCooperativismo garantecompetitividade para produtosorgânicos <strong>no</strong> <strong>no</strong>rte do Mato GrossoPRODUTOS ORGÂNICOSCooperagrepa organiza trabalho de 300 famílias da região do Portal da Amazônia. São1.200 pessoas que produzem e vendem, anualmente, mais de 400 toneladas de produtoscertificados, como guaraná, café e açúcar mascavo. Renda média cresceu 50% desde 2003ACooperativa de AgriculturaEcológica do Portal da Amazônia(Cooperagrepa) é umexemplo de sucesso <strong>no</strong> usodo associativismo para a produção ecomércio, com competitividade, deprodutos orgânicos. A instituição organizao trabalho de 300 famílias emuma área de 60.500 quilômetros quadrados,que incluem dez municípiosdo <strong>no</strong>rte do Mato Grosso. São cerca de1.200 pessoas, que produzem e vendem,anualmente, mais de 400 toneladasde produtos orgânicos certificados,que levam a marca Bioagrepa.A Cooperagrepa foi criada em 2003pelo Projeto de Desenvolvimento RuralSustentável do Território Portal daAmazônia, que contou com apoio do<strong>Sebrae</strong>. “Havia, na região, um êxodomuito grande de jovens <strong>no</strong> meio rural.Era preciso gerar ocupação e renda <strong>no</strong><strong>campo</strong>, que em geral é muito pobre”,conta o presidente da cooperativa, DomingosJarí Vargas. “Em cinco a<strong>no</strong>s,conseguimos realizar um importantetrabalho e trazer diversos benefíciospara a região”, destaca.De acordo com Vargas, a produçãode forma cooperativa melhorou sensivelmentea qualidade de vida dos produtoresdo Portal da Amazônia. “Elesestão comendo melhor, já que produzem,de forma orgânica, boa parte deseus próprios alimentos. Além disso, arenda média das famílias cresceu cercade 50% desde a criação da Cooperagrepa”,destaca. “Isso se dá a um aumentoVargas mostra um dos cinco produtos da cooperativa que são certificados pelaEcocert Brasilna competitividade, possibilitado pelotrabalho coletivo e pela certificação deprodutos”, afirma.A certificação dos produtos da Cooperagrepafoi feita pela Ecocert Brasil,representante da francesa Ecocert,presente em 50 países e uma das maioresempresas do segmento <strong>no</strong> mundo.Até o momento, foram certificados cincoprodutos: guaraná, café, castanhado-pará,açúcar mascavo e melado decana. Mais três – rapadura, óleo decastanha e hortaliças – estão em fasede avaliação. “Também pretendemoscertificar outros, como queijo mussarela,farinha de mandioca, polvilho efrutas”, adianta Vargas.Para terem direito à certificação,as propriedades rurais passaram por“Havia, na região,um êxodo muitogrande de jovens <strong>no</strong>meio rural. Era precisogerar ocupaçãoe renda <strong>no</strong> <strong>campo</strong>,que em geral émuito pobre”Domingos Jari Vargasum extenso processo de preparação.“Fizemos um acompanhamento rigorosodos interessados, que incluiuSérgio Alberto36 <strong>Sebrae</strong> Agronegócios


<strong>Sebrae</strong> MTA castanha-do-pará e o guaraná estão entre as principais matérias-primas usadas <strong>no</strong>s produtos da Cooperagrepamapeamento das propriedades, formaçãode mão-de-obra, treinamentoem cultivo orgânico, preparação deinsumos, conscientização ambientale assistência técnica, entre outros”,conta Vargas. “Ajudamos todos os participantesa adequarem seus processose aumentarem a eficiência e competitividade”,completa.Os produtos da cooperativa (100%orgânicos, certificados ou não), que játiveram presentes em diversas feirasregionais, nacionais e internacionais,têm quatro desti<strong>no</strong>s principais. Metadedo total é comprada pelo Gover<strong>no</strong>Federal, por meio do Programa de Aquisiçãode Alimentos (PAA), e repassadoa escolas públicas, hospitais e instituiçõesde caridade. “Fornecemos 47produtos para seis municípios do Portalda Amazônia”, informa Vargas. “Esse éum mercado que só foi possível atingirgraças ao trabalho coletivo. Nenhumprodutor da região teria condições deatendê-lo sozinho”, ressalta.A outra metade dos produtos écomercializada de três maneiras. Umaparte é destinada ao próprio Portal daAmazônia e vendida <strong>no</strong>s chamados EspaçosBioagrepa. “O primeiro já estáfuncionando em Matupá e até o fim doa<strong>no</strong> estaremos em todas as cidades daregião”, afirma Vargas. Outro mercadoé o restante do Mato Grosso, onde há1,2 mil postos de venda, e a cidadede Belo Horizonte. “Também estamosnegociando para atender as cidadesde São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba,Brasília e Vitória”, acrescenta.O quarto é último foco da Cooperagrepaé o mercado exter<strong>no</strong>. Hoje, acooperativa vende melado, castanhado-paráe açúcar mascavo para empresasda Áustria. Também já há contratosfechados com compradores italia<strong>no</strong>s,que encomendaram dois contêineresde 48 toneladas de açúcar. Em 2009,outros produtos também deverão serexportados, como guaraná e polpa defruta. “Estamos fazendo, com apoiodo <strong>Sebrae</strong>, um pla<strong>no</strong> de negócios até2011, que envolve a exportação de oitoprodutos”, conta Vargas.Famílias envolvidas: 300Volume de produção: 400 toneladaspor a<strong>no</strong>Exportação: Áustria e ItáliaContatowww.bioagrepa.com(66) 3534-1049<strong>Sebrae</strong> Agronegócios 37


NamastêProdução de chás e ervasmedicinais i<strong>no</strong>va agriculturaorgânica <strong>no</strong> Nordeste brasileiroPRODUTOS ORGÂNICOSNamastê Orgânicos, localizada em Sergipe, utiliza produto totalmente <strong>no</strong>vo na região paradesenvolver projeto de agronegócio com foco socioambiental. Cultivo é feito por famílias deagricultores, que obtêm retor<strong>no</strong> melhor que com outras culturas tradicionais da regiãoAcidade sergipana de Santanade São Francisco é sedede um projeto pioneiro deagricultura orgânica do Nordestebrasileiro. Em uma área irrigadade 47 hectares, localizada às margensdo rio São Francisco, a Namastê Orgânicoscultiva ervas medicinais e produzuma linha de chás orgânicos com22 sabores. O empreendimento é umabem-sucedida aposta da empresáriaDébora Lima, que escolheu um produtototalmente i<strong>no</strong>vador na região paradesenvolver um projeto de agronegóciocom foco socioambiental.Namastê/DivulgaçãoA idéia do projeto surgiu em 1999.Nessa época, Débora era proprietáriade uma empresa de informática, mastinha como objetivo iniciar um negócioem que pudesse aliarpreservação ambientale geração de ocupaçãoe renda para comunidadescarentes de Sergipe.“Decidi começarum projeto de produçãoorgânica com foco na agricultura familiar.Inicialmente, pensei em cultivarflores, mas após participar, <strong>no</strong> iníciode 2000, de um congresso sobre ervasProdutos: seis variedades emsachê e 20 em folhas secasVolume de produção: cerca deuma tonelada por mêsA linha de chás da Namastê foi criada em 2007. São seis variedades em sachê e 20 em folhas secasmedicinais, decidi que esse seria o caminho”,conta a empresária.De 2000 a 2003, a empresa funcio<strong>no</strong>uapenas de forma experimental,sem foco comercial.“Fizemos uma parceriacom a Universidade Federalde Sergipe (UFS)para estudar e desenvolverprodutos e implantaro projeto. Foium início difícil. Como éramos pioneiros<strong>no</strong> cultivo de orgânicos na região,nem os agrô<strong>no</strong>mos da UFS tinham experiência<strong>no</strong> assunto”, lembra.Nesse período, a Namastêtestou cerca de 50variedades de plantas e escolheua erva cidreira parao início da operação comercial<strong>no</strong> fim de 2003. “Percebemosque, para con seguirbons resultados, seria necessário,<strong>no</strong> início, dar volumea apenas um produto.Escolhemos a cidreira porse adaptar melhor ao climalocal e ter maior produtividade”,conta Débora.Hoje, além da erva cidreira,a Namastê cultivaem Sergipe outras quatrovariedades – hortelã, carqueja,erva doce e alfazema,que somam, juntas,cerca de uma tonelada pormês. A produção é feitapor agricultores da região.38 <strong>Sebrae</strong> Agronegócios


Sérgio Alberto“Percebemos quepara conseguir bonsresultados, serianecessário, <strong>no</strong> início,dar volume a apenasum produto”Débora LimaSegundo Débora, entre os focos do projeto estão estimular a agricultura familiar egarantir mais renda e qualidade de vida para os produtoresFotos: Namastê/DivulgaçãoFotos: Namastê/Divulgação“Um dos pontos principais do projetoé o estímulo à agricultura familiar. Em<strong>no</strong>sso estado, o homem do <strong>campo</strong> estáacostumado a plantar milho, feijão emandioca, e a renda advinda dessesprodutos é muito baixa. Hoje, as famíliasque trabalham co<strong>no</strong>sco conseguemum retor<strong>no</strong> melhor e garantem maisqualidade de vida”, destaca Débora.A Namastê também estimula aagricultura familiar <strong>no</strong> Estado do Paraná,onde compra ervas medicinaisorgânicas de 20 famílias. “Adquirimoscerca de 20 variedades, todas certificadas.Optamos por produtos quenão cultivamos em <strong>no</strong>ssa propriedade,como calêndola, pata de vaca,Os chás e ervas produzidos pela empresatêm certificação orgânicatomilho e manjerona, entre outras”,informa.Em 2007, após vender por muitosa<strong>no</strong>s as ervas medicinais diretamentepara a indústria, a empresa lançou sualinha própria de chás, com marca Namastê.São seis variedades em sachêe 20 em folhas secas. Os produtos sãovendidos em Sergipe e em outras cincocidades do país – São Paulo, Rio de Janeiro,Belo Horizonte, Vitória e PortoAlegre. Os chás também podem ser adquiridosvia internet, na loja virtual daempresa (www.namaste.ind.br), comen tre ga em todo o país.Este a<strong>no</strong>, a Namastê começou tambéma trabalhar com a venda de pólende abelhas. Para ospróximos dois a<strong>no</strong>s, asmetas são ampliar asvariedades de sachês einiciar a produção e comercializaçãode óleosessenciais e tinturas orgânicaspro duzidos comas ervas medi cinais.Para Débora, os chásorgânicos têm diversasvantagens em relaçãoao produto convencional.“Há um forte apeloecológico, já que a produçãoé feita com respeitoao meio ambiente,Cultivo das ervas é realizado àsmargens do rio São Franciscoprotegendo solos, árvores e florestas emantendo os ciclos das águas limpas eo ar puro”, destaca. “Também há benefíciospara a saúde, já que não são utilizadosnenhum químico <strong>no</strong> cultivo daservas. E, além disso, os produtos sãomais saborosos, pois mantém a energiaprimária que é retirada com o uso deagrotóxicos”, acrescenta. Segundo aempresária, todos os produtos da Namastêsão certificados, o que atesta averacidade dos produtos e as condiçõesideais de produção.Contatowww.namaste.com.br(79) 3255-0960<strong>Sebrae</strong> Agronegócios 39


ApresentaçãoProdução de biocombustível apóiadesenvolvimento sustentável empequenas propriedades ruraisAGROENERGIAMais emprego e renda, redução de custos e trabalho ambientalmente responsável são algumasdas vantagens para os envolvidos com a atividade. Estratégia é importante, sobretudo, emáreas isoladas, nas quais o fornecimento de energia convencional é precário ou inexistenteAprodução de biocombustíveisvem se mostrando umaeficiente ferramenta deapoio ao desenvolvimentosustentável de pequenas propriedadesrurais do país. Mais emprego erenda, redução de custos e trabalhoambientalmente responsável são apenasalgumas das vantagens para osenvolvidos com a atividade. O <strong>Sebrae</strong>incentiva diversos projetos na área,ligados ao cultivo de matéria-primapara produção de combustível e àprodução de biocombustíveis diversoscom resíduos animais e vegetais,como esterco, gordura, bagaços vegetaise óleos usados.O primeiro projeto de agronegócioapoiado pelo <strong>Sebrae</strong> foi na região deSão Raimundo Nonato, <strong>no</strong> Piauí. A instituiçãoatuou na capacitação de produtoresde mamona com foco na indústriade combustível. Hoje, cerca de 4mil famílias de agricultores fornecemmatéria-prima regularmente para aPetrobras e outras distribuidoras. “Éuma garantia de emprego e renda parao peque<strong>no</strong>, que passa a plantar sabendoque a produção já está vendida”,destaca a coordenadora da carteira nacionalde agroenergia do <strong>Sebrae</strong>, WangHsiu Ching.O sucesso da experiência <strong>no</strong> Piauímotivou o <strong>Sebrae</strong> a criar, em 2007, acarteira de agroenergia, que possibilitoua entrada de outros projetos. Nomomento, a instituição atende a cercaO girassol é uma das matérias-primas utilizas na produção do biodieselde 8 mil produtores – 90% deles envolvidosapenas com o cultivo de matéria-primapara a indústria de combustível,com destaque para mamonae pinhão manso e, em me<strong>no</strong>r escala,girassol, soja e outras oleagi<strong>no</strong>sas.O trabalho do <strong>Sebrae</strong> é realizadoem parceria com cooperativas e associaçõesde agricultores. “Identificamosgrupos de produtores com interesse epotencial de produzir a matéria-primapara o biodiesel e fizemos diversasAgência <strong>Sebrae</strong> de Notícias40 <strong>Sebrae</strong> Agronegócios


capacitações. Também auxiliamos <strong>no</strong>diagnóstico e na estratégia de mercado”,conta Wang. “Além disso, trabalhamosem parceria com instituições depesquisa para a identificação e seleçãode variedades com maior quantidadede óleo, mais adaptadas a determinadaslocalidades e mais vantajosas paraa produção de combustível”, informa.Para Wang, o mercado deve continuaraquecido para os produtores deoleagi<strong>no</strong>sas para a indústria de combustível.Hoje, o diesel de petróleoven dido <strong>no</strong>s postos deve ter na mistura2% de biodiesel. A partir de julho,a mistura obrigatória passará de 2%para 3%, segundo a Resolução n° 2,de 13/03/2008, do Conselho Nacionalde Política Energética (CNPE). Tambémestá previsto que o percentual de biodieseladicionado deverá chegar a 5%em 2013, salvo <strong>no</strong>vas antecipações.“O mercado está em franca expansão,portanto é importante dar condiçõespara que mais famílias de agricultorespossam se inserir na atividade”,observa Wang. “Com isso, será possívelfomentar a sustentabilidade das pequenaspropriedades do país”, completa.CONSUMO PRÓPRIOAlém do cultivo de oleagi<strong>no</strong>saspara a fabricação de biodiesel, o <strong>Sebrae</strong>apóia a produção de energia paraconsumo próprio das pequenas propriedadesrurais. “Isso é importante, sobretudo,em áreas isoladas, nas quais ofornecimento de energia convencionalé precário ou inexistente, o que ocorreprincipalmente <strong>no</strong> Norte e Nordeste”,“É uma garantia deemprego e renda parao peque<strong>no</strong>, que passaa plantar sabendo quea produção já estávendida”Wang Hsiu Ching“O mercado está emfranca expansão,portanto é importantedar condições paraque mais famíliasde agricultorespossam se inserir naatividade”Wang Hsiu Chingafirma Wang. “O agronegócio dependede energia para ser competitivo e nesseslocais sem atendimento adequadoé importante que o produtor possa teralternativas”, acrescenta.A produção própria de energiatraz diversas vantagens para o peque<strong>no</strong>produtor. Ele elimina resíduos animaise vegetais, que em muitos casosprejudicam o meio ambiente, e geracombustível que pode ser utilizado emgeradores para a produção de energiaelétrica e para abastecimento de veículos,como carros, tratores e camionetes.Desse modo, é possível reduzircustos e otimizar a produção.”Os biocombustíveis têm umaimpor tância estratégica para o desenvolvimentosustentável do país ea redução das disparidades regionais”,destaca Wang. “É importante que hajapolíticas incentivadoras da produçãoSérgio Albertode biocombustíveis para consumo próprioou em determinadas situações elocalidades, a partir de resíduos deprocessos produtivos”, ressalta.Algumas propriedades também produzembiofertilizantes, usados nasplantações, e biogás, que tem a mesmautilidade do gás de cozinha. A matéria-primasão materiais orgânicos animaise vegetais, que passam por umbiodigestor. Na fabricação do biodiesel,produz-se glicerina, que pode serutilizada para fazer sabão. Ou seja, oprodutor eco<strong>no</strong>miza até na limpeza dapropriedade.Outro ramo da agroenergia apoiadopelo <strong>Sebrae</strong> são as chamadas florestasenergéticas, criadas com o objetivo deproduzir energia. São três projetos emMinas Gerais, nas quais pequenas empresas,que cultivam de forma integradaflorestas de eucalipto para indústrias decelulose, utilizam a madeira descartadana produção de carvão vegetal e paraqueima.O primeiro projeto de agroenergiaapoiado pelo <strong>Sebrae</strong> foi a capacitaçãode produtores de mamona <strong>no</strong> PiauíAgência <strong>Sebrae</strong> de Notícias<strong>Sebrae</strong> Agronegócios 41


Cooperativa PindoramaAGROENERGIACooperativa produz energiaprópria com resíduo da produçãode açúcar e álcool combustívelCom investimentos de R$ 2 milhões, Pindorama criou um sistema que utiliza o bagaçoda cana descartado na usina para a produção de 5 MW, suficientes para a manutençãode todo o processo industrial e de parte da irrigaçãoCooperativa Pindorama, localizada<strong>no</strong> município de Coru-Aripe, em Alagoas, é a maiorcooperativa agroindustrialda Região Nordeste. Com cerca de 2mil associados, cultiva, em uma áreaprópria de 32 mil hectares, cana-deaçúcare frutas – matérias-primas parao funcionamento de uma usina de álcoolcombustível e açúcar e de uma indústriade sucos e derivados de coco.Todos os cooperados, além de forneceremos insumos, são sócios do negócioe participam na divisão dos lucros.Fundada em 1953, a Pindoramainiciou, há quatro a<strong>no</strong>s, um empreendimentoi<strong>no</strong>vador para geração própriade energia. Com investimentos de R$ 2milhões, criou um sistema que utiliza obagaço da cana descartado na usina deálcool e açúcar para a produção de 5MW, suficientes para a manutenção detodo o processo industrial e de parteda irrigação. “Hoje, somos praticamenteauto-suficientes em energia, que é amola propulsora da indústria”, destacao presidente da Pindorama, Klécio Josédos Santos.A produção própria de energia,conta Santos, traz diversos benefíciosà cooperativa. “Antigamente, gastávamoscerca de R$ 200 mil por mês comenergia. Atualmente, esse custo caiupara, <strong>no</strong> máximo, R$ 20 mil”, afirma.Outra vantagem é o reaproveitamentodo bagaço da cana, que anteriormentese acumulava, ocupava espaço e poluíao ambiente. Hoje, 70% do bagaço sãousados para gerar energia e o restante,para produção de papel, de peças deartesanato e de adubo orgânico, queestá sendo usado nas plantações emsubstituição aos agroquímicos.A meta da Pindorama é, até o fimde 2010, dobrar a produção atual, chegandoa 10 MW. A energia extra seráusada na irrigação e também vendida<strong>no</strong> mercado. “No futuro, será mais umafonte de receita para a cooperativa”,conta Santos. Segundo ele, a cooperativaestuda projetos para construir usinasde produção de energia em outrosestados do Nordeste. “É uma iniciativamuito importante que gostaríamos deestender a outros locais. Para nós,os resultados têm sido excelentes erecomendamos que outras cooperativasrealizem projetos semelhantes”,completa.Em 2007, a Pindorama beneficioucerca de 700 mil toneladas de cana-deaçúcar,utilizadas na produção de 38,5milhões de litros de álcool combustívele 700 mil sacos de 50 quilos de açúcar,nas variedades cristal e VHP. A cooperativatambém produziu 400 mil caixasde suco (acerola, maracujá, abacaxi,caju, uva, manga e goiaba), com 24unidades de 500 mililitros cada, e 150Santos: “Hoje, somos praticamente auto-suficientes em energia, que é a molapropulsora da indústria”Sérgio Alberto42 <strong>Sebrae</strong> Agronegócios


Morro da CutiaÓleo de cozinha usadoabastece veículos <strong>no</strong>Rio Grande do SulSérgio AlbertoAGROENERGIAONG Morro da Cutia desenvolve tec<strong>no</strong>logia social que evitao descarte do produto <strong>no</strong> meio ambiente e cria alternativabarata e ambientalmente sustentável de geração de energia.Projeto recebeu prêmio da Fundação Banco do Brasil em 2007Aorganização não-governamentalgaúcha Morro da Cutiaestá implantando, na cidadede Montenegro, a 70 quilômetrosde Porto Alegre, uma i<strong>no</strong>vadoratec<strong>no</strong>logia social <strong>no</strong> <strong>campo</strong>da agroenergia. A ONG desenvolveuum projeto que adapta motores parautilizarem óleo vegetal já usado emfrituras, evitando o descarte <strong>no</strong> meioambiente e criando uma alternativabarata e ambientalmente sustentávelde geração de energia. O combustívelestá sendo utilizado em carros, tratorese caminhões de agricultores filiadosa cooperativas do local.“O desti<strong>no</strong> do óleo de cozinha descartado<strong>no</strong>s restaurantes e nas casas defamília é uma séria preocupação ambiental.Quando ele vai para o ralo dapia, entope a tubulação e pode causarsérios problemas <strong>no</strong>s sistemas de esgotoe <strong>no</strong>s mananciais hídricos”, informaPaulo Lenhardt, diretor da Morro daCutia e criador da tec<strong>no</strong>logia. “É precisotirá-lo da natureza. Estima-se que odescarte seja de um litro por mês paracada pessoa”, afirma.Os óleos vegetais, de acordo comLenhardt, são excelentes combustíveis.Segundo informações da Morro daCutia, combustíveis de óleos vegetaisnão contribuem para o efeito estufa,podem ser produzidos em praticamentequalquer canto do planeta e são 30%mais baratos e 50% a 70% mais limposque o biodiesel. Além disso, podem serfeitos por peque<strong>no</strong>s produtores, sãomais econômicos, têm propriedades lubrificantesque podem aumentar a vidaútil do motor e ajudam a preservar omeio ambiente.“Nosso veículo-piloto, uma camioneteS10, já rodou mais de 100 milquilômetros com óleo vegetal, semnenhum tipo de da<strong>no</strong> ao motor ou aoutro componente”, conta Lenhardt.A Pasteleira, como ficou conhecido oveículo, já eco<strong>no</strong>mizou R$ 20 mil emcombustível para a organização e evitouque mais de 10 mil litros de óleo decozinha fossem parar <strong>no</strong> esgoto.Os veículos que utilizam óleo usadoem frituras precisam ser adaptados esão bicombustíveis. São dois tanques,um para esse combustível e outro para“O desti<strong>no</strong> do óleo decozinha descartado <strong>no</strong>srestaurantes e nas casasde família é uma sériapreocupação ambiental.Quando vai para oralo da pia, entope atubulação e pode causarsérios problemas”Paulo LenhardtA tec<strong>no</strong>logia foi criada por PauloLenhardt, diretor da Morro da Cutiadiesel. O kit de adaptação, feito apenascom peças nacionais, foi criado combase em um modelo <strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong>,doado pela Permacultura America Latina(PAL). Os interessados podem adquiri-lodiretamente com a Morro da Cutia.Para ser utilizado como combustível,o óleo de fritura é filtrado e depoisaquecido a 90 graus, para que tenha aviscosidade reduzida para níveis similaresao do diesel e possa ser aceito peloveículo. Após o uso, é preciso manter omotor funcionando com diesel para limpara máquina, pois o óleo vegetal, apósresfriado, tem sua densidade e viscosidadeaumentadas, o que pode prejudicaro funcionamento do motor. A mudançaé feita de forma automática, como emqualquer motor flexível, como os queusam gás e combustível líquido.O óleo de cozinha usado é recolhidoem 15 a 20 estabelecimentos comer-44 <strong>Sebrae</strong> Agronegócios


Morro da Cutia/DivulgaçãoOs veículos que utilizam óleo usado em frituras precisam ser adaptados e são bicombustíveis. São dois tanques, um para essecombustível e outro para diesel. O kit de adaptação é feito com peças nacionais com base em um modelo <strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong>ciais, como restaurantes e lanchonetes,e em casas de famílias da cidade deMontenegro. “Fazemos um trabalho deconscientização com a comunidade sobrea importância de se reciclar o óleode cozinha. Criamos um Disque Azeitee estamos oferecendo oficinas para ensinaros interessados a fazer coletorescom garrafa pet”, afirma Lenhardt. “Vamosainda iniciar uma campanha paraaumentar o número de famílias participantes”,adianta.Segundo Lenhardt, a idéia é estender,ainda este a<strong>no</strong>, o recolhimentopara outras cidades da região. “Até ofim do a<strong>no</strong>, <strong>no</strong>ssa meta é coletar de 10a 15 toneladas de óleo por mês. Comessa quantidade, será possível atenderintegralmente às necessidades decombustível de cerca de 150 famíliasde peque<strong>no</strong>s agricultores da região”,destaca. O óleo também pode ser usa-do em geradores para a produção deenergia elétrica.Outro objetivo da Morro da Cutia émostrar aos peque<strong>no</strong>s produtores queé possível fazer o próprio combustível.“O investimento para montar a estruturapara tratar o óleo coletado é de cerca deR$ 50 mil. Para uma cooperativa ou gruposde agricultores, não é um valor inviável”,acredita. Para Lenhardt, é possívelproduzir a um custo mais baixo, massem manter a mesma qualidade.Os bons resultados do projeto chamarama atenção da Fundação Bancodo Brasil (FBB). O uso do óleo vegetalcom combustível foi o vencedor do PrêmioFundação BB de Tec<strong>no</strong>logia Social2007 na categoria Aproveitamento/tratamentode rejeitos/resíduos/efluentesde processos produtivos. Foram 782projetos inscritos e apenas oito vencedores.Os critérios usados na seleçãoforam i<strong>no</strong>vação, exemplaridade, transformaçãosocial e potencial de reaplicabilidade.A Morro da Cutia tem como foco principala execução de projetos ambientaise de assistência técnica especializada.É também um centro de formação práticaem Permacultura e Agroecologia.A ONG coordena ainda projetos de reciclagemde resíduos industriais em largaescala, que são convertidos em aduboorgânico para os agricultores da região.“A região do Vale do Caí, ondeestá Montenegro, tem muitas agroindústrias,como curtumes, cervejarias,frigoríficos e fábricas de suco. Logo, háuma produção de resíduos muito grande”,observa Lenhardt.Contatowww.morrodacutia.org(51) 3649-6087<strong>Sebrae</strong> Agronegócios 45


Pork TerraProdutor de suí<strong>no</strong>s ganhacompetitividade e muda cara dafazenda com agroenergiaAGROENERGIAPork Terra, em Caconde (SP), é exemplo de pequena propriedade sustentável. Esterco esubprodutos do frigorífico, como banhas e vísceras, transformam-se em combustível, gás efertilizante. Prática gera eco<strong>no</strong>mia e melhores práticas de trabalho e preservação ambientalOprodutor rural João PauloMuniz cria e abate suí<strong>no</strong>s naFazenda Pork Terra, <strong>no</strong> municípiopaulista de Caconde.Até 2005, a propriedade tinha um maucheirocrônico, em razão dos dejetosdos animais. Além de incomodar os vizinhos,atraia moscas e urubus. Hoje,me<strong>no</strong>s de três a<strong>no</strong>s depois, a fazendaMuniz produz seis a sete botijões de biogás e 10 millitros de biodiesel por mêsé um perfeito exemplo de pequenapropriedade sustentável. Incomodadocom a situação, o produtor transformouo problema em solução. Agora, oesterco e subprodutos do frigorífico,como banha e vísceras, transformam-seem combustível, gás e fertilizante, emum i<strong>no</strong>vador projeto de produção debioenergia.“Até bem pouco tempo atrás, eunão tinha nenhuma preocupação com omeio ambiente em minha propriedade.Achava que era caro, trabalhoso e impossívelde ser feito. Com isso, acabeicriando um problema para minha fazenda.Chegou a uma situação de queeu tinha até vergonha de convidar aspessoas”, conta Muniz. “Vi que precisavatomar uma providência urgente ecomprei financiado um biodigestor. Dessedia em diante, pareide lançar 15 mil litrosSérgio Albertode dejeto por dia nanatureza e transformeiradi calmente o modo degerenciar minha propriedade”,completa.Os dejetos de umplantel formado por 200matrizes são transformadospor mês em seis asete botijões de biogás eem 10 mil a 12 mil litrosde biofertilizantes. O gásé usado <strong>no</strong> aquecimentodas crias e na pequenaindústria de processamentode torresmo, e o fertilizante, naslavouras de milho (90 hectares), usadona alimentação dos animais, e de café(75 hectares), vendido <strong>no</strong> mercado.As vísceras e a banha descartadas<strong>no</strong> abatedouro, juntamente com óleode cozinha usado recolhido na comunidade,são transformados em 10 millitros mensais de biodiesel, usadospara a produção de energia elétrica pormeio de geradores e <strong>no</strong> abastecimento“Gosto de mostrarpelo meuexemplo que paramudar basta querer.Com um trabalhosério e comprometido,é possível teruma propriedadesustentávele correta do pontode vistasocioambiental”João Paulo Munizda frota da fazenda, com carros, utilitáriose tratores. A glicerina resultanteda fabricação do combustível é utilizadana produção de sabão, empregadona limpeza da propriedade e de veículose equipamentos.“A implantação do projeto de agroenergiafoi essencial para a sobrevivênciae a competitividade da Pork Terra,porque gerou eco<strong>no</strong>mia e melhorespráticas de trabalho”, destaca Muniz.“Hoje, produzo 30% da energia usadana fazenda e nunca mais comprei gás46 <strong>Sebrae</strong> Agronegócios


Agência <strong>Sebrae</strong> de NotíciasA banha descartada <strong>no</strong> frigorífico é utilizada na produção de combustível para abastecer a frota da fazendade cozinha, nem fui a posto de gasolina.Além disso, a propriedade tambémteve eco<strong>no</strong>mia de 40% <strong>no</strong> custo comadubação química quando passou a usaro biofertilizante”, completa.O empresário também consideraessencial a mudança de pensamento<strong>no</strong> que se refere à preservação do meioambiente. “Estou muito satisfeito emsaber que estou sendo útil para a natureza,que os dejetos dos porcos não sãomais jogados <strong>no</strong> rio. Sou uma pessoarealizada por ter implantado a agroenergiana fazenda”, afirma Muniz. “Ocusto–benefício para a Pork Terra foi omelhor possível”, acrescenta.Muniz criou uma empresa, a Biocom,para auxiliar outros produtoresrurais a investirem na produção própriade energia por meio de consultorias.“Prestamos serviços consultorianas áreas de elaboração e implantaçãode projetos e de tec<strong>no</strong>logia”, informa.O empresário também dá palestras emdiversos estados do Brasil, nas quaisconta sua experiência e mostra as vantagensda agroenergia. “Gosto de mostrarpelo meu exemplo que para mudarbasta querer. Com um trabalho sério ecomprometido, é possível ter uma propriedadesustentável e correta do pontode vista socioambiental”, acredita.Parte dos investimentos para a produçãode biocombustível, informa Muniz,pode ser financiada por diversas instituiçõesfinanceiras, como Banco Nacionalde Desenvolvimento Social (BNDES),Banco do Brasil, Banco da Amazônia eBanco do Nordeste, entre outros. Os recursossão do Programa de Apoio Financeiroa Investimentos do Biodiesel e doPrograma Nacional de Fortalecimento daAgricultura Familiar (Pronaf).O empresário também desenvolveem Caconde e <strong>no</strong> distrito de Berrânia,pertencente ao município, um projetode arrecadação de óleo usado em frituras,que hoje é matéria-prima parametade do biocombustível produzidona fazenda. “Faço palestras em escolase entidades para conscientizar aspessoas da importância da coleta doóleo de cozinha. Isso evita a poluiçãodo ambiente e prejuízos à rede de esgoto,causando mau-cheiro e entupimentos.Cada litro de óleo contaminaum milhão de litros de água”, afirma.Faturamento: R$ 150 mil/mêsEmpregos: 25 a 30Volume de produção: variávelExportação: em preparação paravender para Itália, EUA e ÁsiaContatowww.biocomporkterra.com.br(19) 3662-8162<strong>Sebrae</strong> Agronegócios 47


Os produtores de uvas do Vale do SãoFrancisco receberam apoio do <strong>Sebrae</strong><strong>no</strong> processo de certificaçãoas empresas melhoram sensivelmente oprocesso produtivo e o gerenciamentodo negócio, o que se reflete em maisprodutividade e qualidade. E isso émuito importante para fidelizar o consumidor”,destaca Hulda Giesbrecht,consultora da Unidade de Acesso àI<strong>no</strong>vação e Tec<strong>no</strong>logia do <strong>Sebrae</strong> Nacionale responsável pelos projetos decertificação.Segundo Hulda, os setores que têmmais interesse na certificação são osprodutores de frutas, com destaque parauva e manga, de café e de cachaça. “Jáapoiamos quase 300 produtores nessessegmentos”, informa. “Este a<strong>no</strong>, selecionaremosmais 50 projetos com valorde até R$ 200 mil”, adianta.INDICAÇÃO GEOGRÁFICAAlém das certificações, o <strong>Sebrae</strong>também apóia projetos de IndicaçãoGeográfica, uma eficiente ferramentatanto na garantia da qualidade e rastreabilidadede produtos como <strong>no</strong> apelomercadológico. O champanhe, o vinhodo porto, o presunto de Parma e o cafécolombia<strong>no</strong> são apenas alguns exemplosda <strong>no</strong>toriedade que algumas IndicaçõesGeográficas têm <strong>no</strong> mercado mundial.“Em vários lugares domundo, as IndicaçõesGeográficas são umfortíssimo diferencial.São a garantia deum produto singular,encontrado apenasnaquele lugar, e que,portanto, tem lugarespecial <strong>no</strong> mercado”Hulda GiesbrechtA Indicação Geográfica compreendedois níveis: a Indicação de Procedênciae a De<strong>no</strong>minação de Origem. Na primeira,o produto é reconhecido como produzidoem determinada região, masa qualidade não tem relação com ascaracterísticas físicas e climáticas dolocal. No caso da De<strong>no</strong>minação de Origem,as qualidades e características doproduto se devem exclusivamente aomeio geográfico.A maior parte das IndicaçõesGeográficas <strong>no</strong> mundo fica na Europa.São 4,2 mil registros para vinhos e bebidasespirituosas e 700 para outrosprodutos. No Brasil, são quatro: Cafédo Cerrado Mineiro, Carne do PampaGaúcho, Vinho do Vale dos Vinhedos eCachaça de Parati.“Em vários lugares do mundo, asIndicações Geográficas são um fortíssimodiferencial. São a garantia de umproduto singular, encontrado apenasnaquele lugar, e que, portanto, temlugar especial <strong>no</strong> mercado. O públicodesses produtos é diferenciado e issopossibilita um custo–benefício muitomelhor”, destaca Hulda. “É importanteque haja um esforço do gover<strong>no</strong>para estimular <strong>no</strong>vas IndicaçõesGeográficas <strong>no</strong> país, que serão muitoimportantes para o reconhecimentodo produto bra sileiro <strong>no</strong> exterior”,completa.Agência <strong>Sebrae</strong> de NotíciasSérgio AlbertoDezessete produtores de cachaça do Rio Grande do Sul receberam certificação de qualidade concedida pelo Inmetro<strong>Sebrae</strong> Agronegócios 49


Weber HausCERTIFICAÇÃOCachaçarias gaúchas certificamprodutos para aumentarparticipação <strong>no</strong> mercado nacionalCom apoio do <strong>Sebrae</strong>, 17 empresas desenvolveram um extenso trabalho de capacitação paraadaptar-se a regras do Inmetro. Preparação envolveu vários pontos do processo produtivo,como gestão empresarial, boas práticas de fabricação e rastreabilidade dos produtosWeber Haus/DivulgaçãoCom a modernização, a empresa aumentou a capacidade produtiva para 380 mil litros de cachaça por safraEm 2003, um grupo de fabricantesde cachaça do Rio Grandedo Sul resolveu unir-se paraaumentar a competitividade eampliar a participação <strong>no</strong> mercado nacionalda bebida. Com o apoio do <strong>Sebrae</strong>,as empresas desenvolveram umextenso programa de capacitação, queenvolveu diversos pontos do processoprodutivo. O trabalho culmi<strong>no</strong>u com aconquista, por 17 produtores, de certificaçõesde qualidade garantidas peloInmetro, por meio do Programa Brasileirode Avaliação da Conformidadeda Cachaça.“Quando pensamos em <strong>no</strong>s certificar,a idéia era buscar uma diferenciaçãopara os produtos. Resolvemosvolun tariamente adaptar <strong>no</strong>ssa produçãoa regras rigorosas que garantissemo máximo de qualidade e de produtividade”,conta Evandro Luiz Weber,proprietário da cachaçaria Weber Haus,localizada em Ivoti, cidade de colonizaçãoalemã localizada a 46 quilômetrosde Porto Alegre. “A certificaçãoacabou sendo apenas um dos benefíciospara as empresas envolvidas. Todosganharam muito com o trabalhode preparação, visto que conseguiram50 <strong>Sebrae</strong> Agronegócios


Sérgio AlbertoPara Weber, certificação ajudouempresas a verem falhas na produçãover o que poderiam melhorar em seusprocessos”, destaca.No início do trabalho, uma equipetécnica formada por especialistas emqualidade e boas práticas de produçãovisitou 23 empresas para diag<strong>no</strong>sticarquais adequações seriam necessáriaspara o cumprimento dos 96 requisitosprevistos <strong>no</strong> Regulamento de Avaliaçãode Conformidade (RAC). Após as“A conquista dacertificação foi acoroação de umtrabalho de parceria,que envolveu a trocade experiência entrediversas empresase beneficiou <strong>no</strong>ssosegmento comoum todo <strong>no</strong>Rio Grande do Sul”Evandro Luiz Weberavaliações, 17 empresas continuaram<strong>no</strong> processo e foram divididas em trêsgrupos, de acordo com o grau de atendimentoàs exigências. Com cada um deles,foi desenvolvida uma série de treinamentosde forma individual e coletiva.A capacitação contou com fortepresença do <strong>Sebrae</strong> e incluiu diversostemas, como gestão empresarial, boaspráticas de fabricação e preenchimentodos registros de controles, que devemtrazer diversas informações que possibilitema rastreabilidade dos pro dutos,como dados sobre o plantio ea colheita, uso de defensivose fertilizantes, entrada de matéria-primae controle de fermentaçãoe envelhecimento,entre outras.Para fortalecer o conceitoda cachaça gaúcha de qualidade,o grupo criou a marcaAlambiques Gaúchos, cujo blendpromocional foi lançado em2006 durante a Expointer, umadas maiores feiras agropecuáriasda América Latina. As empresastambém participaram de feirasnacionais e internacionais,com objetivo de divulgar os produtosda marca e estudar as possibilidades deaberturas de <strong>no</strong>vos mercados.Antes da visitas dos certificadores,as cachaçarias passaram por pré-auditorias,para reduzirem os riscos de apresentaremquaisquer não-conformidadesdu rante as auditorias. O pro cesso decertifi cação correu bem e as 17 empresasforam aprovadas. O evento de entregados documentos ocorreu em marçode 2007. “Foi a coroação de um trabalhode parceria, que envolveu a troca de experiênciaentre diversas empresas e beneficiou<strong>no</strong>sso segmento como um todo<strong>no</strong> Rio Grande do Sul”, resume Weber.Segundo o empresário, os benefíciosdo processo de certificação para suaempresa, a Weber Haus, foram e<strong>no</strong>rmes.Até 2005, a cachaçaria plantava oitohectares de cana e produzia, por safra,60 mil litros da bebida, a uma médiade 50 litros por tonelada de cana. Coma modernização, a empresa passou acultivar uma área de 15,2 hectares eaumentou a capacidade produtiva para380 mil litros por safra. Cada toneladade cana gera agora mais de 100 litrosde cachaça.Outro benefício importante, destacaWeber, é o ganho em credibilidade<strong>no</strong> mercado. “Temos, <strong>no</strong> Rio Grande doSul, uma cachaça de alta qualidade.Mas não adianta dizer, é preciso comprovar.E a certificação <strong>no</strong>s permite nisso”,observa. O selo do Inmetro é umagarantia de que os produtos são rastreáveisem todos os processos, comoA Weber Haus produz 180 mil litrosde cachaça por saframonitoramento documentado da análisede solo, cultivo, maturação, zeloecológico, assepsia e modo de destilação,entre outros.A Weber Haus, que foi criada em1968, tem três produtos com a certificaçãoIbametro, comercializados <strong>no</strong>Brasil e <strong>no</strong> exterior. A empresa tambémconquistou certificação de produtororgânico, concedida pela Ecorcert.“Todo o processo de produção éorgânico. Não usamos nenhum tipo dedefensivo químico e trabalhamos comfoco <strong>no</strong> respeito e preservação ambiental”,afirma o empresário.Empregos: de 6 a 17Volume de produção: 380 millitros por safraExportação: 8 mil litros em 2007Contatowww.weberhaus.com.br(51) 3563-3194Weber Haus/Divulgação<strong>Sebrae</strong> Agronegócios 51


INDICAÇÃO GEOGRÁFICACaccerCerrado mineiro éprimeira região domundo a ter café comIndicação GeográficaDiversos cafeicultores do local também têm suaspropriedades e produtos certificados. Entre as exigências,é preciso atender às obrigações básicas da legislaçãobrasileira em relação a assuntos trabalhistas, meioambiente e práticas agrícolasSérgio AlbertoNo mercado mundial de vinhos,a Indicação Geográficaé um importantíssimodiferencial de venda parafamosas regiões vinícolas. Isso tambémocorre com outros produtos,como o queijo e o charuto. Em MinasGerais, uma estratégia semelhanteestá sendo realizada com outra bebida.O cerrado mineiro é a primeiraregião do mundo a ter uma IndicaçãoGeográfica do café, de acordo com<strong>no</strong>rmas da Organização Mundial dePropriedade Intelectual (Ompi) e doInstituto Nacional da Propriedade Industrial(Inpi). Diversos cafeicultoresdo local também estão com suas propriedadese cafés certificados.Essa conquista é resultado de umtrabalho realizado pelo Conselho dasAssociações dos Cafeicultores do Cerrado(Caccer), que reúne seis associações,oito cooperativas e uma fundaçãode pesquisa. Na região demarcadado cerrado, que reúne 55 municípios,há 155 mil hectares cultivados comcafé e aproximadamente 3,5 mil cafeicultores,que produzem de três a quatromilhões de sacas por a<strong>no</strong>. “É umaregião bastante favorável à planta devidoàs condições especiais de clima”,informa o superintendente da Caccer,José Augusto Rizental.Com apoio do <strong>Sebrae</strong>, a certificaçãodas propriedades e da qualidade docafé começou há apenas dois a<strong>no</strong>s eestá mostrando resultados animadores.Cerca de 100 propriedades, que produzemaproximadamente 500 mil sacas pora<strong>no</strong>, já foram certificadas pela Caccer,de acordo com <strong>no</strong>rmas do Inmetro. Atéjulho deste a<strong>no</strong>, a relação deve aumentarem mais 50 a 70 <strong>no</strong>mes. “Começaremoso próximo semestre produzindo750 mil sacas de café certificado e teremoso maior número de propriedadescafeicultoras certificadas <strong>no</strong> mundo”,destaca Rizental.O processo de certificação começacom a ida do interessado a uma dasassociações filiadas a Caccer. Lá, eleé orientado por um agente de atendimentoe recebe informações sobre asexigências do processo. Após assinarum contrato de intenção, o produtortem a propriedade e o café analisadosde acordo com as exigências do protocolode certificação. Na seqüência, éorientado sobre todos os pontos queprecisam ser adequados. O prazo médiopara as adaptações é de 40 dias a setemeses, de acordo com a propriedadeSegundo Rizental, a Caccer está trabalhandopara obter certificação na <strong>no</strong>rma ISO 9001“Os produtoresque conquistamo selo Café do Cerradoconseguem garantirde fato a qualidadede seu café,visto que todo processoé rastreadoe certificado, e issoabre muitas portaspara omercado exter<strong>no</strong>”José Augusto Rizental52 <strong>Sebrae</strong> Agronegócios


Caccer/DivulgaçãoNa região demarcada do cerrado, há 155 mil hectares cultivados com café e cerca de 3,5mil cafeicultores, que produzem de três a quatro milhões de sacas por a<strong>no</strong>e o grau de certificação, que varia deuma a quatro estrelas.Após tudo pronto, o proprietáriorecebe a visita do auditor contratadopela Caccer. Caso cumpra os requisitosprevistos <strong>no</strong> protocolo, o produtor temsua propriedade certificada. Para o níveluma estrela, é preciso atender às obrigaçõesbásicas da legislação brasileiraem relação a assuntos trabalhistas, meioambiente e práticas agrícolas. Para osníveis de qualificação mais avançados,aumentam os itens a serem verificados,chegando a um máximo de 197 pontospara o nível quatro estrelas.Além da propriedade, há tambéma certificação do café. Os produtoresenviam amostras de seus produtos, quepassam por uma prova de bebida realizadapor juízes da Associação Americanade Cafés Especiais. Quem conquistarum mínimo de 75 pontos recebe acertificação e o direito de usar o SeloCafé do Cerrado. Outro selo que a Caccertrabalha na região, em parceria com aAssociação Brasileira da Indústria deCafé (Abic), é o Cafés Sustentáveis doBrasil. Para recebê-lo, a torrefação temde ser participante do Programa de Qualidadedo Café (PQC) e utilizar <strong>no</strong> mínimo60% de café certificado.Para Rizental, a certificação dapropriedade e do café traz diversos benefíciospara o produtor. “O mercadomundial está exigindo cada vez maisqualidade. E isso só tende a aumentar.E não adianta dizer que o produtoé bom, é preciso comprovar”, afirma.“Os produtores que conquistam o seloCafé do Cerrado conseguem garantir defato a qualidade de seu café, visto quetodo processo é rastreado e certificado,e isso abre muitas portas para o mercadoexter<strong>no</strong>”, acrescenta. Hoje, 70%da produção de café do cerradomineiro são exportadas.Outra vantagem do processode certificação é a melhoria naspropriedades e, conseqüentemente,<strong>no</strong> produto. “No processode adequação, os produtores acabamresolvendo problemas quenem sabiam que tinham”, avaliaRizental. “Há ganhos em váriosaspectos, como organização, produtividade, administração do negócio,práticas agrícolas e muitosoutros”, completa.Tanto quanto as certificações,a conquista da IndicaçãoGeográfica, destaca Rizental,tam bém beneficiará diretamenteos produtores, mas as vantagenssão mais amplas. “A indicaçãogarante que o produto é fabricadonaquela região, por meio deboas práticas agrícolas e que suaqualidade é garantida por diversosprodutores sérios e certificados”,destaca. “Isso beneficiatoda a região, que passa a serreferência do produto, como é ocaso de diversas regiões vinícolasda França, que são conhecidasmundialmente”, afirma.Em parceria com o <strong>Sebrae</strong>,a Caccer está trabalhando para obtera <strong>no</strong>rma ISO 9001. Também está emandamento a construção de um bancode dados com informações detalhadassobre toda a cadeia do café certificado.Outro projeto é a ampliação do númerode turmas do Edu<strong>campo</strong>, projeto criadopelo <strong>Sebrae</strong> para orientar e capacitar,técnica e gerencialmente, grupos deprodutores rurais, com foco <strong>no</strong> aumentoda eficiência e da competitividade.Empregos: 1,5 milhão diretos eindiretos na cafeicultura localVolume de produção: 3 a 4milhões de sacas por a<strong>no</strong>Exportação: 70% da produçãoContatowww.cafedocerrado.org(34) 3831-2096<strong>Sebrae</strong> Agronegócios 53


Salva TerraCertificação abre portas domercado exter<strong>no</strong> a produtores defrutas do Vale do São FranciscoCERTIFICAÇÃOAgência <strong>Sebrae</strong> de NotíciasDesde 2004, mais de 140 propriedades da região realizaram, comapoio do <strong>Sebrae</strong>, trabalho de adequação às exigências de países europeuse <strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong>s em relação à qualidade e rastreabiliade de produtosOVale do São Francisco, comdestaque para os municípiosde Petrolina, em Pernambuco,e Juazeiro, na Bahia, éresponsável por 98% da exportaçãobrasileira de uvas, que tem como desti<strong>no</strong>sprincipais os Estados Unidos e aEuropa ocidental. O sucesso em mercadosconhecidos pela e<strong>no</strong>rme exigênciaem relação à qualidade e rastreabilidadedos produtos adquiridosé reflexo de um eficiente trabalho decertificação, que vem sendo realizadodesde 2004 com apoio do <strong>Sebrae</strong>.Na região, há 2,3 mil produtoresda fruta, alguns de grande porte, comárea superior a 20 mil hectares. Contudo,foi uma pequena fazenda, com apenas6,63 hectares, quem deu o pontapéinicial para o trabalho de certificação,que já inclui mais de 140 propriedades.A Salva Terra, localizada em Petrolina,foi a primeira fazenda produtoras deuvas <strong>no</strong> Brasil a ser certificada peloPIF-UVA, segundo critérios do InstitutoNacional de Metrologia, Normalizaçãoe Qualidade Industrial (Inmetro), e aprimeira pequena propriedade do Valedo São Francisco a receber certificaçãodo Eurepgap (atual Globalgap), exigidapela maior parte dos importado reseuropeus.Na região, há 2,3 mil produtores de uvas. Destes, 140 são certificadosEmpregos: 15 fixos e 50 durantea colheitaVolume de produção: 105,6toneladas em 2007Exportação: 100% da produção54 <strong>Sebrae</strong> Agronegócios


Segundo Giesta, é preciso incentivar maisprodutores da região a buscarem a certificaçãoPara este a<strong>no</strong>, o objetivo da Salva Terra éproduzir 165 toneladas da frutanalmente, como é o caso da Globalgap”,destaca.Em 2004, antes da certificação,a Salva Terra produziu 65 toneladasde uvas. Em 2007, a produção foi de105,6 toneladas. Para este a<strong>no</strong>, a meta“Nosso foco principal sempre foi aexportação e os mercados compradores,<strong>no</strong>s últimos a<strong>no</strong>s, passaram a exigirdos fornecedores a rastreabilidadede seus produtos, de maneira a atestara conformidade, o cumprimento dedeterminadas técnicas e a preservaçãodo meio ambiente <strong>no</strong> processo produtivo”,afirma o engenheiro agrô<strong>no</strong>moMarcelo Giesta, proprietário da SalvaTerra. “E a melhor maneira de provarque cumprimos todos os pré-requisitosé por meio da certificação, do aval deuma empresa reconhecida internacioéchegar a 165 toneladas. Inglaterra,Estados Unidos e Canadá respondempor 90% das vendas da empresa, quetambém exporta para outros países europeus,como Alemanha, Áustria, Bélgica,Espanha, Holanda, Itália, Irlanda,Portugal, Noruega e Suécia. Ainda em2008, a empresa pretende iniciar vendaspara China, Japão e leste europeu.Para Giesta, o trabalho de certificaçãofoi iniciado para cumprir asexigências do mercado internacional,mas as vantagens para a propriedadeforam muito além. Ele destaca comoexemplos a melhoria doprocesso produtivo e daSérgio AlbertoAgência <strong>Sebrae</strong> de Notíciasqualidade do produto, aredução do uso de agroquímicos,maior qualificaçãodos funcionáriosenvolvidos na produção emelhor controle do investimentorealizado.“Com a adoção detécnicas que obedecema critérios de sustentabilidade,competitividadee segurança do alimento,conseguimos frutas dealta qualidade e produtividade”,conta Giesta. “Ea exigência de registrodocumental de todo oprocesso produtivo e dosresultados auxilia bastantenas tomadas de decisãoe, como conseqüência, nagestão do negócio. Commais organização, hámuito mais chance de umresultado econômico melhor”,destaca.Para se adequar àsexigências dos protoco losde certificação, informaGiesta, a Salva Terra precisouadaptar a infra-estruturafísica, implantar umsistema de sinalização na propriedade,realizar diversos cursos e capacitaçõespara adequar a mão-de-obra, elaborarum sistema de controle de cada umadas atividades e fazer análises químicase microbiológicas da água usada na“Com a adoçãode técnicas queobedecem a critériosde sustentabilidade,competitividade esegurança do alimento,conseguimos frutasde alta qualidade eprodutividade”Marcelo Giestairrigação e <strong>no</strong> consumo e <strong>no</strong>s resíduosde agrotóxicos nas frutas, entre outros.Segundo Giesta, o auxílio do <strong>Sebrae</strong>foi muito importante <strong>no</strong> processode certificação, tanto para a Salva Terraquanto para outros produtores de uvado Vale do São Francisco. “Foi um apoioessencial, tanto na adequação das propriedadesquanto na capacitação profissional”,ressalta o empresário. Alémdisso, várias propriedades contaramcom o Bônus Certificação, por meio doqual o <strong>Sebrae</strong> subsidia 50% dos custosda empresa certificadora, tanto <strong>no</strong> processoinicial como na manutenção <strong>no</strong>strês primeiros a<strong>no</strong>s.O número de fazendas produtorasde uva certificadas <strong>no</strong> Vale do SãoFrancisco tem aumentado a<strong>no</strong> a a<strong>no</strong>(32 em 2004, 59 em 2005, 94 em 2006e 141 em 2007), mas, segundo Giesta,ainda há muito espaço para crescer.“As fazendas com certificação representamum universo ainda peque<strong>no</strong> secomparado ao número de propriedadesexistentes <strong>no</strong> local”, avalia. “Estamostrabalhando para levar a certificaçãoaos demais produtores da região. Dessemodo, nós ganhamos em qualidadee escala e aumentamos bastante <strong>no</strong>ssacompetitividade <strong>no</strong> mercado internacional”,ressalta.Contatogiestamercelo@gmail.com(87) 3861-6164<strong>Sebrae</strong> Agronegócios 55


ApropampaAgência <strong>Sebrae</strong> de NotíciasINDICAÇÃO GEOGRÁFICASetor de gado de corte apostaem tradição e qualidadeda carne do pampa gaúchoRegião, que inclui área de 1,3 milhão de hectares e 13 municípios do Rio Grande do Sul,obteve a primeira Indicação Geográfica de carne do mundo. Trabalho foi coordenado pelaApropampa, que reúne produtores rurais, indústria frigorífica, empresas de varejo e outrosagentes ligados à cadeia da bovi<strong>no</strong>culturaAcriação de gado faz parte dacultura do pampa gaúcho.Desde 1633, com a chegadade bovi<strong>no</strong>s e eqüi<strong>no</strong>s trazidospelos jesuítas, muitos homens daregião ganham a vida com o comérciode carne, de leite e dos próprios animais.Essa tradição garantiu ao criadorgaúcho um extenso domínio do negócioe ajudou a posicionar a carne doRio Grande do Sul entre as melhoresdo país e do mundo. Hoje, o estadocolhe os frutos com a primeira IndicaçãoGeográfica de carne do mundo,que inclui uma área com 1,3 milhão dehectares e 13 municípios localizada naregião de Bagé.Concedida pelo Instituto Nacionalda Propriedade Industrial (Inpi), aIndicação Geográfica é uma conquistada Associação dos Produtores de Carnedo Pampa Gaúcho da CampanhaMeridional (Apropampa), que reúneprodutores rurais, indústria frigorífica,empresas de varejo e outros agentesligados à cadeia da bovi<strong>no</strong>cultura decorte na região. O processo contoucom o apoio do <strong>Sebrae</strong> e de outrasinstituições, como o Serviço Nacionalde Aprendizagem Rural (Senar) e a Federaçãode Agricultura do Rio Grandedo Sul (Farsul).“A Indicação Geográfica certificaque a carne do pampa gaúcho é diferenciadapor ter sido produzida naregião, devido a características geográficaspróprias. A exemplo do queacontece com o vinho na França, éElias EberhardtNo varejo, a receita com o comércio decortes certificados é 20% a 35% maior56 <strong>Sebrae</strong> Agronegócios


Sérgio AlbertoHá cerca de 50 produtores incluídos naIdentificação Geográfica, que abatem50 cabeças semanaisum importante diferencial <strong>no</strong> mercadointernacional”, afirma o presidentedo Conselho Regulador da Apropampa,Fernando Adauto Loureiro de Souza.“Em um mercado cada vez mais exigenteem relação à qualidade e à origemda carne, mostrar ao compradorinformações relevantes do caminhopercorrido do pasto ao prato faz muitadiferença”, completa.As vantagens para o produtor incluídona Indicação Geográfica sãomuitas. Em primeiro lugar, é possívelassegurar a qualidade da carne, já quea rastreabilidade permite que o compradortenha acesso on-line a todas asinformações sobre o produto que eleirá consumir. Entre os dados disponíveisestão os <strong>no</strong>mes do proprietário, dapropriedade de origem e do frigoríficoque realizou o abate, o registro <strong>no</strong>Conselho Regulador da Apropampa, onúmero do Sisbov, o sexo do animal, araça e a data do abate.De acordo com os dados da Apropampa,<strong>no</strong> abate a remuneração doprodutor certificado cresce de 2% a5%. No varejo, a receita com o comérciode cortes é 20% a 35% maior.“A IndicaçãoGeográfica certificaque a carne dopampa gaúcho édiferenciada por ter sidoproduzida na região,devido a característicasgeográficas próprias.A exemplodo que acontece como vinho na França,é um importantediferencial <strong>no</strong> mercadointernacional”Fernando AdautoLoureiro de Souza“O produto diferenciado traz vantagensfinanceiras para o produtor. O mercadoestá preocupado em ter produtos confiáveis,de qualidade, e paga a mais porisso”, observa Souza.Para ter direito a participar daIndicação Geográfica, as propriedadestêm de cumprir diversos requisitos.Inicialmente, é preciso localizar-se naárea delimitada do pampa gaúcho dacampanha meridional. O gado deve serdas raças Angus e Hereford (ou cruzaentre as duas) e seguir diversas característicaspredeterminadas pela Apropampa.Na alimentação, pode ser usadaapenas pastagem nativa. A procedênciada carne e derivados deve estartotalmente rastreada e os frigoríficosnecessitam ter inspeção federal. Alémdesses, muitos outros itens tambémdevem ser cumpridos.Hoje, são cerca de 50 produtoresincluídos na Identificação Geográfica,que abatem 50 cabeças semanais. Atéo fim do a<strong>no</strong>, a meta é dobrar o númerode produtores e de animais abatidos.Em 2009, a Agropampa quer chegar a200 propriedades certificadas. “Estamosfazendo um trabalho de conscientizaçãopara mostrar as vantagens daindicação. Há mais de mil produtoresna região, logo, o potencial é bastantegrande. Precisamos atrair maisparticipantes para ganhar em escala ecompetitividade”, destaca Souza.Em razão exatamente da faltade escala, toda a produção de carnecertificada é vendida a apenas umcomprador, a Casa de Carnes Moacir,em Porto Alegre, uma das mais importantesdo estado. “Por enquanto, nãotemos volume suficiente para atendera mais empresas”, informa Souza.“Nossa meta é ampliar mercado ecomeçar a exportar, mas para isso éessencial atrairmos mais produtoresinteressados. Não dá nem para fazermarketing sem ter produto para entregar”,afirma.Produtores certificados: 50Número de animais abatidos:50 cabeçasNúmero de municípios: 13Área: 1,3 milhão de hectaresSegundo Souza, hoje há 50 produtores incluídos na Indicação Geográfica. Meta édobrar o número até o fim do a<strong>no</strong> e chegar a 200 propriedades em 2009Contatowww.carnedopampagaucho.com.br(51) 3214-4400<strong>Sebrae</strong> Agronegócios 57


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