Avaliação da Linguagem - Repositório Institucional da ESEPF ...
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geral), recebe designações distintas conforme os autores.Denominado como período dos «estudos com grandesamostras» (Ingram, 1992), dos «estudos transversais»(Menn e Stoel-Gammon, 1995) ou enfoque <strong>da</strong>s«sequências ordena<strong>da</strong>s de aquisição de sons consideradosisola<strong>da</strong>mente» (Bosch, 1984), este momento éretratado na literatura como primeiro grande esforço decientifici<strong>da</strong>de no âmbito do estudo <strong>da</strong> <strong>Linguagem</strong> <strong>da</strong>criança. A sua emergência é situa<strong>da</strong> no início <strong>da</strong> déca<strong>da</strong>de trinta, tendo sucedido à era dos «estudos de diário»,até então fonte única para o crescente interesse que secriava na comuni<strong>da</strong>de científica em torno do desenvolvimentolinguístico.A par <strong>da</strong>s preocupações com a sistematici<strong>da</strong>de na recolhade <strong>da</strong>dos e <strong>da</strong> ênfase na medi<strong>da</strong> (indissociável dosavanços na Estatística que então se registavam), o traçodominante desta orientação dizia respeito a uma atitudedescritiva essencialmente vira<strong>da</strong> para a obtenção de normasde produção linguística nas crianças. Este tipo deresultados era, então, perseguido através de uma metodologiatransversal que se suportava no grande númerode sujeitos incluído em ca<strong>da</strong> faixa etária pré-defini<strong>da</strong>.No âmbito <strong>da</strong> intervenção na patologia <strong>da</strong> <strong>Linguagem</strong>infantil, o peso deste momento foi decisivo para a consoli<strong>da</strong>ção,na déca<strong>da</strong> de cinquenta, de uma perspectivaque Lund e Duchan (1993) designa de «normativa«,perspectiva esta que então desafiava a abor<strong>da</strong>gemmédico-etiológica à qual o autor se refere enquantovisão «patológica» <strong>da</strong> avaliação e intervenção.Três grandes áreas do desenvolvimento <strong>da</strong> <strong>Linguagem</strong>constituíram objecto central na investigação desteperíodo: o crescimento vocabular, a longitude <strong>da</strong>s frasese a correcção <strong>da</strong> articulação (Ingram, 1992). Incluiram --se, nesta última, trabalhos como os de Templin (1957),que ain<strong>da</strong> hoje constituem referência para a avaliaçãofonético-fonológica feita por muitos clínicos. Partilhandoos objectivos de muitos dos investigadores destaépoca, o autor propôs-se estabelecer normas etárias deaquisição dos vários fonemas <strong>da</strong> língua Inglesa, recorrendo,para tal, a uma amostra de 480 crianças organiza<strong>da</strong>sde acordo com as suas i<strong>da</strong>des.Foi no final <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 60 que a consideração dodesenvolvimento fonológico à luz de uma perspectiva linguísticacomeçou a tomar curso. As preocupações ultrapassaram,então, o enfoque descritivo do períodoanterior e as análises fonológicas vieram servir a procurade uma compreensibili<strong>da</strong>de dos padrões observados deacordo com grelhas linguísticas de análise.As repercussões desta transformação no plano <strong>da</strong> avaliaçãoclínica sentiram-se, de forma particularmente vinca<strong>da</strong>,ao nível <strong>da</strong> análise e interpretação <strong>da</strong>s amostrascolhi<strong>da</strong>s. To<strong>da</strong> a revolução teórico-conceptual trazi<strong>da</strong>pelo enfoque linguístico concentrou-se, num primeiromomento, na formação de duas abor<strong>da</strong>gens do desvio e<strong>da</strong> reeducação fonético-fonológica. Surgiu, inicialmente,uma leitura basea<strong>da</strong> na noção de Traços Distintivos,que se fez acompanhar, com poucos anos de intervalo,pelo enfoque dos Processos Fonológicos. No final <strong>da</strong> déca<strong>da</strong>de 80, uma mutação paradigmática ain<strong>da</strong> interna à Linguísticaviria, num segundo momento, demonstrar asaliência deste domínio no âmbito <strong>da</strong> investigação e praxisclínica <strong>da</strong> Fonologia infantil desviante. Referimo-nosao grande corpo teórico <strong>da</strong> Fonologia não Linear que, a partir<strong>da</strong> tradição generativa clássica de Chomsky e Halle(1968), se ramificaria numa série de formalizações econceptualizações que, de forma ca<strong>da</strong> vez mais proeminente,afectam a avaliação do desenvolvimento fonético-fonológico.Da avaliação tradicional à procura de regulari<strong>da</strong>des sistémicasO peso do conhecimento oriundo <strong>da</strong> Linguística na avaliaçãoviria também a afectar a evolução dos racionaisinerentes à eliciação e análise de amostras de linguagem.Em paralelo com o período de descrição normativa inicialmentereferido, surge um momento que alguns autoresdesignam de «avaliação tradicional» (Yavas, 1988),74