pelo Serviço Nacional de Teatro, num concurso organizado juntocom a União Nacional dos Estudantes (UNE), e que também premiouMário Brasini. Um tio de Dias Gomes, Alfredo como ele, orgulhoso dodesempenho do sobrinho, encomendou a publicação da peça a umagráfica baiana. Foram vendidos 17 exemplares, e a publicação salvoueste texto de sofrer o destino de tantos outros, a lata de lixo do autor.Entre os 17 e 18 anos, tentando não ser um peso para o irmão, e vendoque a carreira militar era a maneira aparentemente mais fácil de tercasa, comida e ainda receber um soldo, fez exame para a Escola Militarno Rio de Janeiro, em Realengo. Não conseguindo fazer a prova deálgebra, exausto por ter virado a noite estudando, entrou com umapetição ao Ministro da Guerra, Eurico Gaspar Dutra, para realizá-lana Escola de Cadetes de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, ondefoi aprovado. Mas, dos dois meses em que ali permaneceu, passouquinze dias na cadeia, tal era sua vocação. O coronel Setembrino,comandante da Escola de Cadetes, um dia o chamou ao gabinete:Meu filho aqui tenho visto muita gente equivocada, sem um mínimode vocação para a carreira militar. Mas igual a você, nunca. Ora, ojovem Alfredo já desconfiava disso desde o início. Abandonou a fardae a desastrada incursão na carreira militar, como se referiu mais tardeao episódio. Retornou ao Rio no mesmo ano, 1939, mas manteve acabeça raspada, para não sair de casa e poder ficar lendo dezenasde livros, influenciado pela Formação da Mentalidade, do autoramericano James Harvey Robinson, leitura obrigatória na época.Lembrando-se dessa fase, revelou Dias Gomes:15A tese central do livro é que existe um determinado momento emnossa vida, momento que deve anteceder à completa formação denossa mentalidade e que é a hora exata de parar e fazer uma completarecapitulação e avaliação de todas as noções adquiridas e de todos osvalores herdados ou assumidos, dado o fato de que tudo isso se deunum período em que passivamente recebíamos sem por em dúvida,sem contestar. Era hora, então, de ter a coragem de duvidar não sódos conhecimentos adquiridos como das crenças, em geral, impostas.O livro me atingiu com um tremendo impacto. E eu resolvi por emprática sua proposta.A partir daí tentou diversos caminhos: fez os preparatórios paraEngenharia na Praia Vermelha e para Direito no Colégio Pedro II. Naépoca de estudante morava num quarto da Pensão Buenos Aires, narua Prado Júnior, e recebia mesada do irmão. Em 1940 chegou a cursardurante algum tempo a Faculdade de Engenharia, desistindo logo.Nesse período escreveu Ludovico, 1940. Pensou em optar pelo Direito,
mas abandonou a Faculdade no terceiro ano, em 1943, ano fatídicoda misteriosa morte do irmão, aos trinta anos de idade, ocorridaenquanto realizava experiências em Realengo.Entre os dezenove e os vinte anos (1941-1942) que Dias Gomes iniciouefetivamente sua carreira de escritor participante da vida política.Aderiu às manifestações lideradas pelo Marechal Rondon e porOswaldo Aranha, em prol da entrada do Brasil na guerra, junto àsforças aliadas. Escreveu então um drama antifascista, como ele mesmoo batizou. Mas a peça Amanhã Será Outro Dia só foi montada doisanos mais tarde, em 1943. Conta ele:Estávamos em plena guerra e nenhum empresário queria searriscar a encená-la quando o nosso ditador de então, GetúlioVargas, demonstrava evidentes simpatias pelo eixo Roma-Berlim.Tive que esperar o Brasil entrar no conflito para vê-la encenada. Epela companhia oficial, inclusive. Vendo que os deuses da guerrase inclinavam para os aliados, Getúlio, como bom oportunista quesempre foi, declarou guerra aos nazi-fascistas.16Antes disso, em 1942, estreou no Teatro Serrador, no Rio de Janeiro,sua primeira peça encenada, Pé de Cabra, com Procópio Ferreira nopapel principal. Paradoxalmente, era uma sátira ao mesmo Deuslhe Pague, de Joracy Camargo, escrita em 1932, que dera projeçãonacional ao ator alguns anos antes. Tinha sido escrita a pedido dorival de Procópio, Jayme Costa, que lera e se encantara com o primeirotexto de Dias Gomes, Amanhã Será Outro Dia. Em 1941, através docartãozinho de uma prima gaúcha, casada com o poeta AugustoMeyer, Dias Gomes tinha sido apresentado a Henrique Pongetti que,por sua vez, o apresentara a Jayme Costa. Mas o ator e empresárioacabou desistindo da idéia de montar a peça que encomendara. E,como diz o escritor, por um desses caprichos do destino, Pé de Cabraveio a se tornar um sucesso de público e de crítica, interpretada porProcópio – que morreu sem saber do complô de que tinha sido vítimae beneficiário. Proibida na noite da estréia, mas liberada uma semanadepois, com cortes, Pé de Cabra ‚ foi encenada por duas temporadasseguidas no Rio e em São Paulo, e rendeu a Dias Gomes, em 1943, umcontrato exclusivo de autoria para a Companhia de Procópio Ferreira.Foi uma irresponsabilidade dos meus dezenove anos, confessa DiasGomes, só perdoável pela minha paixão pelo teatro, um mal crônico,congênito, incurável. Pelo contrato, Dias Gomes ficava obrigado aescrever quatro peças por ano, com direito à recusa de uma, o queo levou a escrever cinco textos em 1943, e ainda a receber um mês
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